O epidemiologista da UFRJ e coordenador do GT Covid-19, Roberto Medronho, acha que a decisão da universidade de determinar atividades remotas vai se estender para além do dia 31 de janeiro. Ele disse que a reavaliação da situação por parte do GT e da Reitoria será frequente, “mas é muito pouco provável que a gente saia desta resolução no dia 31. Ao longo do mês ainda teremos muitos e muitos casos”, acredita.
Segundo o cientista, “a situação é bastante preocupante”. Ele disse que nunca viu um vírus se espalhar tão rapidamente quanto essa variante ômicron. “E a expectativa é que sobrecarregue bastante os serviços de saúde”.
Medronho observa que, embora menos letal, a ômicron tem capacidade de impactar o sistema de saúde, porque tem infectado muitos profissionais de saúde e o estado já enfrenta dificuldade de reposição de pessoal. “E ainda nem chegou no pico”, alerta.
O GT Covid da UFRJ recomendou inclusive a suspensão da cerimônia de formatura da turma de Faculdade de Medicina que estava programada para o dia 12, no Riocentro, reunindo centenas de pessoas. A festa de formatura, segundo Medronho, homenagearia ele, a reitora Denise Pires e a professora Terezinha Marta, pela atuação na linha de frente na pandemia.
“Foi uma pena a suspensão da cerimônia, diante de uma turma com metade dos alunos cotistas, e que certamente seria um momento de glória para as famílias”. Mas, disse, a ciência falou mais alto. “O momento não permite aglomeração, seja em locais públicos ou fechados”.
Carnaval
Para o epidemiologista da UFRJ, como o pior ainda não chegou é uma temeridade manter os desfiles na Sapucaí. Portanto, não basta suspender blocos: é preciso suspender todos os festejos, defendeu. Essa posição ele levaria à reunião do comitê científico do estado do Rio.
Da mesma forma que no município do Rio, o número de casos explodiu no Centro de Triagem Diagnóstica da UFRJ (de zero para 43% na primeira semana de janeiro, segundo ele). “E nós estamos com a expectativa de que na próxima semana a situação só piore”. Por isso, explicou, a decisão de suspensão das atividades presenciais foi acertada e teve o apoio do GT Coronavírus. Para ele, a Reitoria, subsidiada pelo GT, foi pioneira e corajosa na deliberação, até porque foi de encontro da determinação judicial de retorno presencial. “Já demos dados para a Reitoria para que possa se posicionar perante o juiz sobre o motivo para esta atitude”, disse ele, esperando que a Justiça perceba que seria absurdo forçar o retorno.
A reitora Denise Pires também citou dados indicadores de agravamento do quadro. Mas disse que a UFRJ está atuando de forma muito consciente, utilizando o princípio da precaução. Ela explica que ainda não é um alarme sanitário: “é apenas uma preocupação para a gente diminuir a circulação do vírus”.