O processo de heteroidentificação (confirmação sobre a autodeclaração do candidato negro) dos candidatos à graduação na UFRJ pelo sistema de cotas raciais começou nesta segunda-feira, 10, na Cidade Universitária, e prosseguirá até quarta-feira, 12. Na quinta-feira, 13, será no campus UFRJ-Macaé.

Os selecionados na primeira reclassificação se apresentarão na UFRJ-Macaé no dia 17 de fevereiro, e nos dias 18 e 19, no campus Cidade Universitária.

Esta é a primeira vez que a universidade faz a aferição dos autodeclarados pretos e pardos, e isso está ocorrendo antes da efetivação da matrícula no curso para o qual o estudante foi aprovado.

Passo a passo

Os candidatos convocados recebem as boas-vindas da reitora Denise Pires no anfiteatro do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), onde assistem a uma palestra que explica a importância das políticas afirmativas para a sociedade brasileira e como as universidades públicas, entre elas a UFRJ, enegreceram com essa conquista histórica do movimento negro.

Em seguida, preenchem uma folha com sua autodeclaração e aguardam para serem conduzidos individualmente pelos fiscais a uma sala para a heteroidentificação. Integrantes da comissão explicam como se dá o procedimento, que é filmado, e a possibilidade de recurso, caso sejam considerados inaptos.

São os candidatos que leem para a comissão a sua autodeclaração e apresentam seu documento de identidade. O resultado é divulgado no mural no mesmo dia e os considerados inaptos se questionarem a avaliação devem entrar com recurso imediatamente e serem encaminhados à comissão encarregada de receber recursos.

Cota é coisa séria

“Não podemos deixar que as fraudes diminuam a importância das cotas”, disse a coordenadora do Sintufrj, Noemi de Andrade. Em 2019, por demanda dos coletivos negros de estudantes, a UFRJ criou uma Comissão Especial de Heteroidentificação para apurar as centenas de denúncias de fraudes no sistema de cotas raciais.

De acordo com Noemi que integrou a comissão no ano passado e faz parte da atual, a metade dos estudantes denunciados e heteroidentificados foram considerados inaptos, ou seja, não eram pretos e pardos como se autodeclararam. O que ocorrer com esses alunos da UFRJ quem dirá é a Procuradoria da universidade.

PREPARAÇÃO. Grupos participaram de treinamento para realizar a avaliação de cotistas

 

Sem negociação com a Petrobras, petroleiros recorrem ao Congresso

Trabalhadores estão em greve há dez dias contra as demissões e privatização. Dirigentes ocupam sala da sede da estatal

Matéria retirada do site da CUT. 

Representantes dos trabalhadores da Petrobras estão em Brasília (DF) nesta semana para conversar com líderes de partidos no Congresso Nacional sobre a situação dos funcionários frente ao processo de privatização da estatal.

Os servidores da estatal estão em greve há dez dias e dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) ocupam uma das salas da sede da empresa no Rio de Janeiro. De acordo com a FUP, cerca de 20 mil trabalhadores aderiram à greve, paralisando 91 unidades da empresa em 13 estados.

Eles querem que a direção da Petrobras não efetive o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Farfen-PR) e a consequente demissão de mil trabalhadores. Os funcionários da empresa alertam para o desmonte, que segundo eles, é uma estratégia para justificar a privatização da estatal.

O petroleiro, Deyvid Bacelar, que integra a Comissão de Negociação Permanente, afirma o movimento grevista está buscando outras formas de articulação, já que a Petrobras não abriu nenhum canal de comunicação.

“A pauta é bem explícita, ela já é conhecida pela sociedade, pela direção da empresa e pelo Tribunal do Trabalho. Por isso que nós estamos tentando outras articulações, tendo em vista que não há sucesso algum, infelizmente, na gestão da empresa, que é arbitrária, truculenta e não abre nenhum canal de diálogo negociação como havia antes. Isso é ruim até mesmo para a imagem da empresa. Essa greve poderia ser resolvida apenas com a suspensão das medidas que foram impostas e o retorno à mesa de negociações.”

Restrições à alimentação

Durante o fim de semana a direção da Petrobras chegou a tomar medidas para dificultar a entrada de alimentação para os dirigentes que ocupam. Eles foram informados de que não poderiam mais deixar a sala em que estão para pegar os alimentos trazidos por apoiadores e de que a empresa ficaria responsável por levar os produtos.

Na ocasião, Dayvid Bacelar ressaltou que os dirigentes não iriam aceitar a mudança e que temiam até mesmo pela saúde dos ocupantes. “É óbvio que não vamos confiar na gestão da empresa ou nos seguranças que estão cumprindo tarefa porque alguma coisa pode ocorrer. Eles estão doidos para que saiamos daqui. Podem colocar algum tipo de medicação ou produto que dê diarreia, por exemplo, a pessoa fique doente e tenha que sair.”

O dirigente informa que a situação já foi revertida, mas ressalta que o clima na sede da Petrobras é de intimidação. Restrições semelhantes ocorreram anteriormente, numa tentativa de enfraquecimento da ocupação.

No dia primeiro de fevereiro, a petrolífera proibiu a entrada de alimentos e cortou o fornecimento de água e energia no andar ocupado. Além disso, a Petrobras chegou a pedir a retirada dos trabalhadores na justiça, mas a reintegração foi negada pela juíza Rosane Ribeiro Catrib, da Justiça do Trabalho.

Contratações de emergência

Na sexta-feira (7) a Petrobras anunciou que iria iniciar um processo contratação emergencial para continuidade operacional das unidades. Segundo a empresa, a ação teve autorização da Justiça.

No dia em que a estatal divulgou o plano, o presidente da petrolífera, Roberto Castello Branco, publicou um vídeo na rede de comunicação interna da empresa, pedindo que os grevistas retomem as atividades.

Os trabalhadores ressaltam, no entanto, que não houve indicação de que a empresa iria abrir o diálogo ou suspender as demissões previstas.

Desde a quinta-feira (6), o Brasil de Fato aguarda respostas da Petrobras acerca das denúncias de descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho e da recusa em abrir canais de diálogo com os trabalhadores em greve. Até a publicação desta matéria, não houve retorno.