Plenária das centrais sindicais aprova manifesto e plano de ação

Matéria extraída do site da Fasubra. Veja aqui na íntegra.

As oito centrais sindicais do país: CGTB, CSB, CSP Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical e NCST promoveram na terça-feira, 26, a “Plenária em Defesa dos Serviços Públicos Municipais, Estaduais e Federais, do Brasil e dos Trabalhadores”, no Teatro do Sindicato dos Bancários, em Brasília/DF. Representantes de entidades sindicais de todas as esferas e parlamentares participaram da plenária. A Fasubra estava presente.

Foi aprovado um manifesto contra as privatizações, a retirada de direitos dos trabalhadores(as) e os ataques aos servidores públicos, além de um plano de ação unificado para os próximos meses que prevê, entre outras medidas, a discussão da necessidade de uma greve geral no país. Ao final da plenária representantes sindicais e parlamentares realizam um ato político criticando a venda de grandes estatais e o desmonte do Estado.

No manifesto, as centrais destacam que o “governo Bolsonaro quer destruir tudo que é público, quer acabar com o SUS, entregar a Educação para empresas privadas, privatizar os Correios e tantas outras empresas estatais que devem estar à serviço de atender com qualidade a população trabalhadora”. O documento informa que as Medidas Provisórias lançadas nas últimas semanas não combatem privilégios e buscam, mais uma vez, retirar direitos, precarizar as condições de trabalho e manter o desemprego.

“O governo ataca nossos sistemas de saúde e ensino públicos e gratuitos, retiram direitos, querem acabar com a estabilidade dos servidores públicos para transformar a educação e a saúde em mercadorias, em serviços privados pagos, para beneficiar apenas que tem capital e que pode transformar esses setores em lucrativo negócio para os seus interesses”, afirma o manifesto.

Calendário de Lutas

O plano de ação prevê já para a próxima semana, de 2 a 6 de dezembro, uma campanha de agitação e panfletagem contra a MP 905, as PECs 186, 187 e 188 e o Pacote de ajustes do Guedes.

No dia 12 de fevereiro de 2020 está agendada uma atividade no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados e no dia 8 de março a orientação é reforçar o Dia Internacional das Mulheres.

O dia 18 de março foi escolhido como uma data nacional de paralisação, mobilização, protestos e greves.

O ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, passou de todos os limites. Em entrevista ao “Jornal da Cidade On Line”, Weintraub afirmou que as universidades públicas possuem “plantações extensivas de maconha” e que os laboratórios de Química produzem drogas sintéticas em larga escala. Weintraub não parou por aí: afirmou que as universidades são “madraças (escola muçulmana) de doutrinação” e que a autonomia universitária, prevista no artigo 207 da Constituição Federal, é uma falácia.

 

Weintraub deixou de ser “apenas” um bufão incompetente a disfarçar a própria indigência intelectual com fanfarronices nas redes sociais. O ministro cruzou uma perigosíssima fronteira ao atacar as universidades públicas – responsáveis por 95% da pesquisa científica produzida no país – e tentar transformá-las em organizações a serviço do tráfico internacional de drogas.

 

Weintraub merece todo o repúdio da sociedade. Não bastasse tentar destruir o ensino superior federal com a fraude do Future-se, o malfadado “projeto” de entrega das universidades ao capital financeiro, o ministro se comporta como um miliciano terraplanista nas redes sociais.

 

O discurso é criminoso – e isso não é apenas uma acusação retórica: a entrevista de Weintraub configura CRIME DE RESPONSABILIDADE, DIFAMAÇÃO, IMPROBIDADE e PREVARICAÇÃO. E não há diálogo possível com um bandido que não tem o menor pudor em cometer crimes para extravasar o ódio que sente da produção científica, do conhecimento, da comunidade acadêmica e da educação pública.

 

O Sintufrj reafirma seu repúdio ao ministro Weintraub e a defesa radical da universidade pública, gratuita e de qualidade, indispensável à soberania nacional e ao desenvolvimento econômico. Seguiremos em luta contra os porta-vozes do atraso e os inimigos do povo!

 

Sintufrj – Gestão Ressignificar

Nota da Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ

No dia 11 de novembro, nós, antigos e atuais membros da Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ (CMV/UFRJ), ao lado de apoiadores, militantes de memória, verdade e justiça e representantes de organizações de direitos humanos, estivemos reunidos para debater as perspectivas futuras para o órgão, criado pela portaria 4966 de 2013.

Em abril de 2019, na eleição para a reitoria, a comunidade acadêmica da UFRJ chancelou um novo projeto para a universidade, e com a legitimidade das urnas, a nova reitora e sua equipe propuseram mudanças nas diferentes instâncias da universidade. Para valorizar e fortalecer a estrutura da CMV/UFRJ, o Núcleo de Memória e Direitos Humanos, antes vinculado ao Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), foi incorporado à Comissão.

No contexto atual, marcado pelo avanço do negacionismo e da apologia à ditadura e à tortura, o trabalho da CMV/UFRJ ganha um papel ainda mais importante, e por isso entendemos de maneira consensual que a incorporação deste Núcleo representa um passo importante para uma maior institucionalização da Comissão.

Reconhecendo as iniciativas e os trabalhos realizados nos anos anteriores, estamos certos de que as mudanças na estrutura da Comissão permitirão que suas atividades tenham uma coordenação mais descentralizada que incentive a ampliação da participação e da corresponsabilidade dos diferentes atores envolvidos, e que o órgão se consolide como um importante espaço de interlocução entre a Universidade, familiares de mortos e desaparecidos políticos, ex-presos políticos, movimentos sociais e aqueles que construíram as diferentes políticas de memória e verdade que existiram no Brasil nos últimos trinta anos.

O que nos move é o desejo de seguir produzindo pesquisas e iniciativas públicas em torno da memória, verdade, justiça e reparação, e esperamos construir, com o conjunto da comunidade acadêmica, uma Comissão da Memória e da Verdade pautada na transparência e no compromisso com as lutas sociais, com a democracia e contra o esquecimento.

José Sergio Leite Lopes (membro da CMV-UFRJ desde 2016)
Luiz Pinguelli Rosa (membro da CMV-UFRJ desde a sua criação em 2013)
Cristina Riche (membro da CMV-UFRJ desde a sua criação em 2013)
Maria Paula Araújo (membro da CMV-UFRJ desde 2016)
Andrea Queiroz (membro da CMV-UFRJ desde 2016)
Damires França (membro da CMV-UFRJ desde 2016)
Tatiana Roque (membro da CMV-UFRJ 2016-2018, reconduzida em 2019)
Regina Novaes (membro da CMV-UFRJ 2019)
Paulo Fontes (membro da CMV-UFRJ 2019)
Nadine Borges (representante da OAB/RJ, membro da CMV-UFRJ 2016-2019)
Luciana Lombardo (Núcleo de Memória e Direitos Humanos da CMV/UFRJ e membro da CMV/UFRJ 2019)
Vera Vital Brasil (Fórum de Reparação e Memória RJ)
Lygia Jobim (Fórum de Reparação e Memória RJ)
Ana Bursztyn-Miranda (Fórum de Reparação e Memória RJ)
Virna Plastino (Núcleo de Memória e Direitos Humanos da CMV-UFRJ)
Lucas Pedretti (Núcleo de Memória e Direitos Humanos da CMV-UFRJ)

A escadaria do Centro de Ciências da Saúde (CCS) foi palco do debate “O Negro na Universidade”, na roda de conversa promovida pelo Sintufrj, na manhã de terça-feira, 19. A atividade fez parte do calendário de eventos pelo Dia da Consciência Negra, data celebrada a 20 de novembro.

A política de cotas raciais, a permanência do negro na universidade e os mecanismos de aferição da autodeclaração estiveram no centro da discussão, da qual participaram a secretária de Combate ao Racismo da CUT nacional, Rosana Fernandes, o sociólogo e doutorando do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, Wescrey Pereira, e o estudante de História da UFRJ e integrante do Coletivo Enegrecer, Ygor Martins.

Ygor apontou os desafios à permanência do negro no espaço universitário e criticou o processo de desmonte dos avanços sociais obtidos nos governos do Partido dos trabalhadores, e concluiu que “não é por acaso que os jovens negros têm 2,5 vezes mais chances de morrer que jovens brancos, que mulheres negras recebem menos que homens e mulheres brancas.” Segundo o estudante, é preciso defender o sistema de cotas e reivindicar a aferição dos autodeclarados negros e pardos para evitar fraudes, principalmente para o ingresso aos cursos de graduação considerados de elite, de modo a garantir que as vagas sejam de fato reservadas a quem de direito.

Wesley Pereira reconhece que hoje se consegue ver pessoas negras transitando nos campi e o aumento dos coletivos negros nos cursos de graduação, e pela primeira vez na história, os negros como maioria nas universidades públicas, o que é importante comemorar. Mas, esse avanço da presença da população negra estudantil não se reflete de forma homogênea em todas as graduações, frisou. “Há que se pensar em políticas de permanência do jovem negro e é preciso levar as políticas afirmativas também aos concursos docentes”, propôs.

Mercado de trabalho

“Quando a gente pensa na inserção da população negra no sistema educacional e nas universidades públicas, isso se reflete no mercado de trabalho”, pontuou Rosana Fernandes. Segundo a dirigente cutista, os trabalhadores com menos acesso aos cursos de graduação são os que conseguem os piores trabalhos e com mais baixa remuneração. “Estamos falando da maioria dos trabalhadores que são domésticos; tem um recorte racial do trabalho doméstico no país”, disse.

“A gente precisa ter de fato uma política que seja de Estado e não de governo para não acontecer o que está ocorrendo agora com o governo Bolsonaro, que adotou, como um de seus primeiros projetos, tirar recursos da Educação e da Saúde, e desconstruir políticas de permanência e de acesso ao ensino fundamental à universidade, e isso reflete diretamente no mercado de trabalho”, concluiu Rosana.

O debate foi mediado pela coordenadora de Esporte e Lazer e do Departamento de Raça e Gênero do Sintufrj, Noemi Andrade, que foi recém-eleita para a executiva da CUT-RJ. Segundo a dirigente, o Sindicato tem construído ações com o movimento negro que culminaram com a constituição de mecanismos de aferição das autodeclarações no processo de ingresso pelo sistema de cotas na UFRJ, e do qual fazem parte pessoas da entidade.  “Entendo que a política a ser tocada na universidade é a regulamentação da Lei de Cotas. Estamos avançando em relação ao aumento da população negra na universidade, mas essa é uma questão que não pode ser simplesmente uma política sem fiscalização”, ponderou Noemi.

Cultura e resistência

O evento contou com uma oficina de turbante orientada pelo  bailarino afro, modelo e turbanista Alexandre Fercar, morador do Complexo da Maré. Ele ensinou as diversas formas de amarração dos coloridos tecidos em torno da cabeça. Por terem conotação religiosa, uma das funções dos turbantes é proteger o Ori (cabeça em Iorubá) dos maus pensamentos e da negatividade. Mas na visão do artista, o turbante continua como símbolo de resistência mesmo com a apropriação cultural e a popularização entre brancos.

Debate na terça-feira, 26, Quinhentão

“As múltiplas violências no trabalho contemporâneo: racismo, machismo, lgbtfobia e assédio moral” é o tema do debate na terça-feira, 26, às 14h, no auditório do Quinhentão, no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Debatedores: Renata Souza, deputada estadual do Psol; Guilherme Almeida e Ludmila Fontenele, da Escola de Serviço Social da UFRJ.

MOMENTO AFRO. o bailarino modelo e turbanista Alexandre Fercar, morador do Complexo da Maré, conduziu oficina de turbante

 

 

 

 

 

 

Depois de três dias de votação, o processo eleitoral para escolha dos representantes titulares e suplentes dos servidores técnico-administrativos em educação da UFRJ nos quatro colegiados superiores terminou com o seguinte resultado: 501 votos para a chapa 1 – Manifeste-se: por um futuro sem o Future-se (23.83%) e 1.601 votos para a chapa 2 – Unidade e Autonomia – TAEs pela UFRJ (76.17%).

A apuração foi realizada na tarde desta segunda-feira, 18 de novembro. Foram às urnas 2.158 eleitores. Votos em branco: 15. Nulos: 41. Como foi uma eleição proporcional haverá uma divisão entre as chapas nas bancadas do Conselho Universitário (Consuni) e do Conselho de Ensino de Graduação (CEG). Nos Conselhos de Ensino para Pós-Graduação (CEPG) e Conselho de Extensão (CEU) a Chapa 1 não terá representação devido a porcentagem dos votos quanto as vagas disponíveis no critério da proporcionalidade.

Confira como ficará a representação nas bancadas:

Vagas no Consuni: Chapa 1 – 1; Chapa 2 – 4

Vagas CEG: Chapa 1 – 1; Chapa 2 – 2

Vagas CEPG: Chapa 1 – 0: Chapa 2 – 1

Vagas CEU: Chapa 1 – 0; Chapa 2 – 2

Eleição tranquila

De acordo com o presidente da Comissão Eleitoral, Paulo Caetano, a eleição foi tranquila, mas ele lamentou os problemas de infraestrutura. “A eleição transcorreu de forma tranquila apesar de dificuldade de termos mesários indicados pelas unidades para atender o universo de votantes”.

O técnico administrativo elogiou o apoio do Sintufrj e fez uma observação sobre o processo eleitoral em relação aos colegiados superiores.

CONTANDO VOTOS. Apuração na tarde desta segunda-feira 18, no prédio da Reitoria.

“Espaço educacional no ambiente de trabalho” foi o tema da comunicação oral apresentada por Valquíria Felix Gonçalves, mestra em Tecnologia para o Desenvolvimento Social, no VII Seminário de Integração dos Servidores Técnico-Administrativos em Educação (Sintae).

A iniciativa da servidora foi a forma que ela encontrou para divulgar entre a comunidade universitária o recém-criado Núcleo de Educação Permanente dos Trabalhadores da Prefeitura Universitária. Em dezembro, os 81 primeiros alunos receberão seus certificados.

Apoio – O projeto é da Assessoria de Recursos Humanos da Prefeitura Universitária, da qual Valquíria faz parte, e a criação do Núcleo visa preparar os servidores da unidade para os desafios para os quais novos saberes são fundamentais. No entanto, faltava um espaço específico para as aulas, problema solucionado na atual gestão do prefeito Marcos Maldonado, que tem dado todo apoio para a consolidação da proposta.

Segundo a técnica-administrativa, a intenção é também tornar o Núcleo um estímulo para os trabalhadores concluírem sua educação formal, e um espaço de reflexão sobre os fazeres e as relações no ambiente de trabalho. “O Núcleo tem que ser um espaço de referência na UFRJ onde os trabalhadores possam estudar, com inspiração na teoria de Paulo Freire de uma educação pautada no diálogo”, acrescentou Valquíria.

Perfil – Trabalham na Prefeitura mais de 370 trabalhadores e, segundo dados da Pró-Reitoria de Pessoal, a maioria homens (80%): 40% na classe D e 48% no nível IV de capacitação. Cerca de metade deles (48%) tem 30 anos ou mais de trabalho na UFRJ, 42% possuem o ensino médio, 31% ainda não concluíram a educação básica, e 74% estão na condição de cargos extintos.

Cursos oferecidos

As atividades no espaço próprio começaram no dia 5 de setembro (fica no prédio anexo à sede da Prefeitura, no Fundão). Os cursos oferecidos são três: A Importância da Leitura e da Escrita; Matemática e A Importância da História da UFRJ para a Educação no Brasil, com duração de um mês e aulas duas vezes por semana com duas horas e meia de duração. Além de uma das idealizadoras da proposta, Valquíria divide com Teresinha Costa a coordenação do Núcleo e também dá aulas. O projeto conta com a colaboração de outros técnicos-administrativos, que atuam como professores voluntários, como Júlio Oliveira e Vera Valente.

Alfabetização e informática

No próximo ano, o Núcleo pretende oferecer curso de alfabetização de adultos e de informática. Também estão nos planos da coordenação a formação de um grupo de estudos em Metodologia da Pesquisa para aqueles que desejam ingressar no mestrado ou no doutorado, atendendo, assim, à diversidade de perfis dos profissionais que atuam na Prefeitura Universitária.

A aclamada romancista, contista, poeta e ativista dos movimentos de valorização da cultura negra e ex-aluna da Faculdade de Letras da UFRJ, Maria da Conceição Evaristo de Brito, foi a homenageada na Semana da Consciência Negra do Centro de Tecnologia (CT), manhã de quarta-feira, 13, no salão nobre da Decania.

Emocionada, Conceição Evaristo agradeceu a homenagem afirmando que é essencial cobrar o lugar de pertencimento dos negros e negras na universidade: “É importante questionar o nosso espaço na literatura e na academia”.

Apresentação de Roda de Jongo, grupos de Afromix, Charme e Samba, feirinha de artes africanas, entre outras atrações, constaram da programação. Os coordenadores do Sintufrj Noemi Andrade e Ruy Azevedo, e a presidenta da Adufrj, Eleonora Ziller, participaram da mesa da solenidade.

Dívida eterna

Segundo Conceição Evaristo, a dívida da sociedade brasileira com a população negra é impagável. “Uma política pública de educação pode reparar, mas a dívida é eterna, porque a defasagem é muito grande. Seria preciso mudar o resultado da história. Contudo, nem por isso a comunidade negra vai deixar de buscar e afirmar a necessidade de uma política reparativa, não só com os afrodescendentes, mas com os indígenas também, os verdadeiros donos da terra”, disse a ativista.

Para Noemi Andrade, a UFRJ é um espaço de transformação, e se  antes os negros só entravam nesse espaço enquanto mão de obra, hoje em dia ocupam a academia, e isso deve ocorrer cada vez mais. “Lugar de negro não é nas prisões, nos manicômios, onde nos colocam. É na universidade pública, produzindo conhecimento.”

A Faculdade de Letras da UFRJ onde Conceição Evaristo cursou sua graduação é apontada como um dos espaços mais enegrecidos da universidade. Na concepção da escritora, “isso é um grande avanço, mas, quando falamos de enegrecer o espaço, não podemos esquecer o currículo. Quais são os autores e autoras que estão sendo estudados e sob qual perspectiva? Por exemplo, sempre estudaram Machado de Assis, mas nunca falaram que ele era negro. Então, não é só a presença física, mas o que é valorizado”.

Com a exibição do vídeo “Retratos do Trabalho na UFRJ” – uma produção do Sintufrj que reúne depoimentos de servidores sobre seu fazer na universidade – teve início nesta segunda-feira, 11, no auditório do Centro Cultural Horácio Macedo (CCMN), o VII Seminário de Integração dos Servidores Técnicos-Administrativos em Educação (VII Sintae).

Até quinta-feira, 14, último dia do seminário, estão previstas apresentação de 162 trabalhos orais e 54 pôsteres de trabalhadores da UFRJ e de outras 18 instituições federais de ensino superior. Esta é a edição do Sintae com maior número de produções inscritas, informou a coordenadora-geral do evento, Karla Simas,

“A universidade tem sido muito atacada e precisamos de seus trabalhadores para defendê-la e buscar mais aliados. Mas também é preciso que a universidade valorize seus trabalhadores. Muitas vezes os técnicos-administrativos não são respeitados pelo seu trabalho cotidiano e ainda não podem tornar pública sua produção acadêmica e intelectual”, afirmou a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia, que participou da mesa de abertura do VII Sintae.

Saudações

“A universidade é a casa que produz e transfere conhecimento e os técnicos-administrativos são elementos fundamentais dessa engrenagem, porque conhecem as rotinas e são a memória da instituição,” saudou a categoria o reitor em exercício Frederico Leão Rocha na instalação do VII Sintae. Mas lamentou que a estrutura da instituição ainda seja “feudal com barões e desigualdades”.

“O vídeo “Retratos do Trabalho na UFRJ” é importante porque mostra o amor que temos pela UFRJ e que todos, do pintor ao doutor, têm importância para a instituição”, destacou a pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo, acrescentando que a “comunidade conseguirá vencer as tormentas.”

Para a decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Cácia Turci, “estudantes, técnicos-administrativos, professores e trabalhadores terceirizados são importantíssimos para que essa máquina (a UFRJ) produza os frutos que tem potencial para produzir”. Ela manifestou interesse em tornar permanente a exposição de fotos que acompanha o vídeo “Retratos do Trabalho na UFRJ” permanente no CCMN, “porque é um convite a todos para conhecerem um pouco melhor a nossa UFRJ.”

Vídeo emociona

O vídeo produzido pelo Sintufrj emocionou os presentes no auditório do Centro Cultural Horácio Macedo ao mostrar técnicos-administrativos de diferentes áreas nas suas rotinas de trabalho. “Esses trabalhadores põem em movimento essa complexa máquina de produção de saberes que é a universidade pública, com competência e muito carinho. Parabéns a nós e a vocês que ajudam a construir e fortalecer a nossa UFRJ”, disse Neuza Luzia.

O painel do trabalho na universidade se completa com a exposição de fotos está instalada no hall do salão nobre do CCMN. As imagens capturadas em todos os campi pelo fotógrafo Renan Silva e as fotos do acervo histórico do Sintufrj revelam o cotidiano da produção da categoria na UFRJ. “É o Sindicato mostrando um pouco do que somos”, legendou a coordenadora sindical.

Revista

A superintendente de Pessoal, Rita Anjos, comemorou o aumento da participação dos técnicos-administrativos na atual edição do Sintae. Segundo ela, é mais que o dobro do primeiro seminário, em 2013, quando foram inscritos apenas 106 trabalhos. Ela lembrou também que a categoria conta, desde 2017, com a Revista Práticas de Gestão Pública Universitária (PGPU) para publicação de seus trabalhos, e que a publicação está bem conceituada na Capes (agência de fomento do MEC).

Desde o dia 1º de outubro, o Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC) tem um diretor pro tempore. O coordenador do Complexo Hospitalar da UFRJ, Leôncio Feitosa, foi designado para o cargo pela Reitoria com incumbência de promover mudanças na parte assistencial e acadêmica e sanear as contas e administrativamente a unidade – que já foi referência no país dentro da sua especialidade. A verba do INDC é de R$ 3 milhões, somando recursos do SUS e da própria universidade.

Uma das primeiras medidas do diretor vai ser abrir a enfermaria com 12 leitos de internação, com todos os equipamentos necessários prontos para funcionar, que encontrou fechada. “É tudo novo, ambiente climatizado, sala de médicos e sala de enfermagem, pronto para ser usado. Só faltava pessoal para cuidar dos internos”, disse Feitosa. Ele também está negociando com a Secretaria Estadual de Saúde a implantação do Projeto Atenção ao Portador de AVC Recuperável.

Eleição

Segundo Feitosa, a Reitoria não determinou tempo para sua permanência à frente do INDC, mas ele pretende convocar eleição para a direção geral da unidade tão logo conclua o trabalho para o qual foi convocado. Ele calcula que isso deverá ocorrer somente no próximo ano. “O importante é que a universidade está viva, tomando providências”, disse.

Na gestão do ex-reitor Roberto Leher, Leôncio Feitosa também assumiu pro tempore a direção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), que passava por uma crise séria de desabastecimento, com cancelamento de cirurgias por falta de material e redução de leitos de internação. Os problemas foram resolvidos pelo interventor e a comunidade hospitalar pôde eleger um novo diretor. Nos últimos 15 anos, o INDC foi dirigido por José Luiz de Sá Cavalcanti, que se aposentou.

Metas

Com a ajuda de dois colegas do Hospital Universitário, Carlos Peixoto e Nelson Cardoso, Feitosa informou que já está praticamente concluído o estudo sobre a gestão de pessoal e do financeiro, e no momento está sendo colocado em dia a parte de contratos. “Quase todos os contratos terão que ser alterados, porque foram feitos com dispensa de licitação”, informou o diretor. No INDC, segundo ele, “não tinha nenhum especialista em nada”.

Todas as mudanças pelas quais está passando o INDC foram comunicadas aos servidores na assembleia convocada pelo diretor. “Eu expliquei a eles qual era a situação do instituto e também cobrei mais responsabilidades para o cumprimento das metas estabelecidas”, disse Feitosa. A próxima reunião será com a área médica. “Com os médicos, eu vou discutir um novo planejamento de trabalho, visando ampliar o horário de atendimento aos pacientes”, antecipou o diretor.

Paralelamente à abertura da enfermaria, disponibilizando inicialmente 10 dos 12 leitos para internação de pacientes, Feitosa e sua equipe promoverão mudanças no ambulatório: “O  atendimento médico à população tem que ser a prioridade. Oferecemos fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia. Não existe, no Estado do Rio, esse tipo de atendimento para doenças neurológicas crônicas, como esclerose lateral amiotrófica, epilepsia, neuropsicologia, esclerose múltipla,  demência, mal de Parkinson e distrofia muscular”.

Nos planos a médio prazo, está a abertura de mais 20 leitos na enfermaria e, se as negociações avançarem com o governo do Estado do Rio, em breve o INDC incluirá na sua grade o Projeto Atenção ao Portador de AVC Recuperável.

10 pacientes por turno

Os pacientes são encaminhados para o INDC pelo Sistema de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS). O ambulatório atende de segunda a sexta-feira e conta com sete neurologistas (no momento, dois estão de licença) e quatro anestesistas, que dão apoio em exames que exigem contraste. “Vamos ampliar o  atendimento no ambulatório para 10 pacientes por turno (manhã e tarde)”, prometeu o diretor. A média mensal de pacientes atendidos no ambulatório tem sido de 1.000.

Outro projeto do diretor é reativar a neurocirurgia de baixa complexidade para desafogar o Hospital Universitário. “O INDC tem um centro cirúrgico com duas salas e três leitos de recuperação pós-anestésico para pôr para funcionar”, disse Feitosa. A unidade também conta com um tomógrafo – “que funciona muito bem” – e um laboratório, mas atualmente o material é colhido do paciente e enviado para o Hospital Universitário.

Parte acadêmica

Caberá também ao atual diretor recuperar o prestígio acadêmico da unidade, o que, segundo ele, é uma tarefa fácil, porque o INDC continua sendo uma referência em neurologia no país, só precisando de alguns ajustes. “Temos 20 pesquisas em andamento, e o Comitê de Ética em Pesquisa fica aqui. Recebemos estudantes de graduação em fonoaudiologia, fisioterapia e neurologia, e a residência médica em neurologia e neurociência tem hoje nove vagas”, resumiu Feitosa.

LEÔNCIO FEITOSO assumiu a direção provisória do Instituto Deolindo Couto com a missão de recuperá-lo.

 

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, disse que a prevalência do individualismo como projeta as mudanças na sociedade ameaça as políticas públicas de saúde como a conhecemos hoje. Ele deu o exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS) que, segundo Nísia, foi construído com base na solidariedade.
Ela fez a afirmação na conferência “O Brasil que falta: políticas públicas, saúde e cidadania” que fez hoje (dia 4) na V Semana de Saúde Coletiva (IESC) da UFRJ, dia 4 de outubro, no Instituto de Estudos e Saúde Coletiva (IESC).
“O SUS se construiu com base na solidariedade. Esse é o seu princípio. Com a crise houve rupturas e mudanças, numa escala mundial, e os laços de solidariedade se tornaram mais desafiadores”, observou.
“Estamos retrocedendo na proposta de uma sociedade mais universalista e democrática, pois se faz imperioso ir na direção contrária a esse projeto de sociedade inclusiva e solidária”, acrescentou a presidente de uma das mais prestigiosas fundações científicas no âmbito da saúde pública.
Para ela o desafio está posto. “Estamos diante desse desafio, de preservar essa solidariedade diante de uma sociedade que vem sendo pressionada para o exercício do individualismo. E de como preservar o SUS como um valor fundamental”, finalizou.

Reflexão
Segundo a vice-diretora do IESC, Maria de Lourdes Cavalcanti, a semana de saúde coletiva promove a reflexão diante da conjuntura atual e fortalece o papel da universidade como instituição de formação e reflexão.
“O tema desta edição da semana de saúde coletiva – “30 anos de saúde coletiva na UFRJ: saúde, democracia e cultura” – é muito importante no atual contexto do país. O evento contribui para nos fortalecer enquanto universidade como polo de políticas públicas e laços de solidariedade.
“O nosso SUS, seus valores de fato, são os laços de solidariedade social e esses valores estão fragilizados diante do individualismo crescente agregado aos valores do neoliberalismo que exacerba esse individualismo”, observou Maria de Lourdes Cavalcanti.
Participaram da mesa de abertura o diretor do IESC Antonio José Leal; o representante da Comissão de 50 anos do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Antônio José Ledo; a vice-decana do CCS, Russolina Zingali; e a presidente da Abrasco – Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Gulnar Azevedo.

Evento
A V Semana de Saúde Coletiva, de 4 a 7 de novembro, comemora também 30 anos de IESC e 50 anos do Centro de Ciências da Saúde (CCS). O evento busca o encontro entre academia, serviços e movimentos sociais em saúde com o objetivo de integrar a formação de sanitaristas em diferentes níveis com a comunidade externa da UFRJ.
Participam mais de 200 pessoas, entre alunos, professores, pesquisadores e técnicos atuantes e interessados na área de saúde coletiva. O evento contará com palestras, minicursos, oficinas e mesas-redondas. Na quinta-feira, 7, às 16h, a compositora e ex-ministra da cultura, Ana de Hollanda, profere a palestra “As perspectivas da cultura nos dias atuais”.