Na terça-feira, 27 de abril, foi dada a largada para a Jornada de Lutas e Solidariedade com a Classe Trabalhadora.

Diversas ações vão acontecer até o dia 1 º de Maio com doações de alimentos, máscaras, botijões de gás, ações de agitação e propaganda, simbólicas e carreatas.

Vamos nessa! Compartilhe os virais da campanha e use a tag #VacinaNoBraçoComidaNoPrato.

Mobilize e participe das atividades

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Sinal de alerta: enquanto no Senado explode a CPI do genocídio, na Câmara, quase que silenciosamente, a proposta de reforma administrativa (PEC 32/2020)  do governo Bolsonaro que desfigura o serviço público no país tem sua tramitação acelerada. 

Desde segunda-feira, 26, o projeto está em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sob o empenho direto do presidente da Casa, deputado Artur Lira (PP-AL), cacique do Centrão. O cronograma prevê  audiências públicas até 14 de maio.

Para as audiências futuras, os parlamentares encaminharão indicações das entidades que serão convidadas. O ministro da Economia, banqueiro e privatista radical, é esperado para uma dessas sessões Paulo Guedes.

Veja as etapas da tramitação

A CCJ decide sobre a admissibilidade da proposta do governo, decisão que é política. Admitida pela CCJ, o mérito da PEC é analisado por uma comissão especial, que pode alterar a proposta original. A comissão tem o prazo de 40 sessões do Plenário para votar a proposta. O prazo para emendas se esgota nas dez primeiras sessões.

Depois, a proposta é analisada pelo Plenário. A aprovação depende dos votos favoráveis de 3/5 dos deputados (308), em dois turnos de votação. Em geral, os deputados aprovam o texto principal do projeto e “destacam” alguns trechos para votação posterior. 

Esses trechos são chamados destaques. Normalmente, essas votações posteriores servem para confirmar ou retirar alguns trechos do texto da proposta. Também podem ser destacadas emendas, para alterar o texto.

Com a votação concluída na Câmara a PEC é enviada para o Senado. E nele inicia-se também o rito de tramitação. 

Se o texto for aprovado nas duas Casas sem alterações, é promulgado em forma de emenda constitucional em sessão do Congresso Nacional. 

Se houver modificação substancial (não apenas de redação), ela volta obrigatoriamente para a Casa onde começou a tramitar, a Câmara dos Deputados. A alteração em uma Casa exige nova apreciação da outra Casa, sucessivamente. É possível haver a promulgação “fatiada” (apenas da parte aprovada pelas duas Casas).

Especialistas criticam reforma em audiência 

(Com Agência Câmara de Notícias) 

Na primeira audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) nesta segunda-feira, 26, especialistas criticaram pontos da reforma administrativa como o fim da estabilidade para alguns cargos, a criação do vínculo de experiência e a ampliação dos poderes do presidente da República.

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal (Anape), Vicente Braga, lembrou que a proposta, em alguns pontos, atinge os atuais servidores, como a parte que trata da dedicação exclusiva dos servidores, e proíbe que servidores tenham qualquer outra atividade remunerada, mesmo que sem relação com o serviço público. A exceção é para o ensino e atividades de profissional de saúde.

Braga também considerou “um grande retrocesso” a previsão de um vínculo de experiência, após a aprovação em prova de concurso, com duração mínima de um ano para cargos que não sejam típicos de Estado, e dois anos para os típicos de Estado, para determinar a classificação final e os aprovados no concurso público.

Segundo Braga, um aprovado em concurso, cumprindo vínculo de experiência, não teria condições de praticar atos estratégicos de carreiras típicas de Estado.

O procurador também criticou as mudanças previstas na estabilidade do servidor, que pelo texto fica restrita a servidores ocupantes de cargos típicos de Estado, cumpridos o vínculo de experiência e mais um ano no cargo.

“Não se pode falar em Estado Democrático de Direito com instituição fragilizada. Não se pode admitir que se utilize o discurso de que a estabilidade é utilizada como um escudo para o servidor público. Ela não é um escudo para o servidor público. Ela é um escudo para o cargo daquele servidor, para blindá-lo de qualquer interesse ilegítimo por parte de quem quer que seja: um cidadão, um gestor, um superior ou quem for”, disse Vicente Braga.

Conheça os deputados do Rio que estão na CCJ e que devem ser pressionados

Carlos Jordy (PSL) – titular

Christino Aureo (PP) – suplente

Gurgel (PSL) – suplente

Hugo Leal (PSD) – suplente

Sóstenes Cavalcante (DEM) – suplente

Aureo Ribeiro (Solidariedade) – suplente

Chico D´Angelo (PDT) – suplente

 

 

Roberto Medronho, infectologista, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ e coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Coronavírus da UFRJ, responde sobre as principais dúvidas dos servidores da universidade. Confira:

Como as pessoas devem se comportar depois de tomar a vacina contra a Covid-19?

Roberto Medronho: Da mesa forma que antes da vacina, ou sjea, com distanciamento social, uso de máscara e higienização frequente das mãos. A vacina tem a função de se a pessoa pegar Covid não adoecer de forma grave. Por isso a gente recomenda a  quem estiver vacinado manter as mesmas regras de antes da vacina.

Com a vacina a pessoa pode se infectar, mas, se adoecer, vai ser de forma branda. No entanto, ela pode transmitir a doença para quem ainda não se vacinou, e esta pessoa, sim, pôde adoecer de forma grave. Portanto, enquanto todos não estiverem vacinados as medidas de prevenção da transmissão da Covid são as mesmas.

Quem toma as duas doses da vacina fica livre da Covid-19?  

Roberto Medronho: Não está livre, não. Mas a probabilidade é bem maior de, caso adquira a doença, ter a forma branda.

Nesse caso (já tendo tomado as duas doses), a pessoa ainda transmite a doença?  

Roberto Medronho: Mesmo vacinado, se a pessoa pegar a Covid ela pôde transmitir. E se o conato se der com outra pessoa não vacinada, a doença nela pode evoluir de forma mais grave. 

Mesmo a pessoa estando vacinado ela pôde ser infectada? 

Roberto Medronho: Ela não está livre disso, mas a  probabilidade é bem maior de, em sendo infectada a doença evoluir de forma branda. Há gente que, mesmo vacinada, evolui de forma mais grave. Mas é um percentual muito, muito pequeno, graças a Deus.

Está reduzindo os casos de internação por Covid-19 na faixa etária que é alvo da vacinação?

Roberto Medronho: Felizmente temos números de internações nas idades mais avançadas menores que antes. Não é que não tenha a ver com o aumento de casos em jovens, e tem a ver com uma cepa muito contagiosa, a P1, e o comportamento daqueles que não estão seguindo as medidas de mitigação preconizadas, como o distanciamento social e ouso de máscaras. Estão aglomerando e como essa cepa é mais infectante, está tendo muitos casos de evolução para formas mais graves. 

Muita gente não está voltando aos postos para tomar a segunda dose da vacina. Quais são as consequências para a pessoa que está agindo assim?  

Roberto Medronho: Infelizmente este é um comportamento muito frequente em vacinas com mais de uma dose mesmo para outras doenças. Quem não tomar a segunda dose não terá a proteção adequada. Portanto, não será considerado vacinado.

Qual a diferença de eficácia entre a vacina da Astrazêneca e a Coronavac?

Roberto Medronho: A diferença é pequena. Alguns estudos falam que está em torno de 70% e 72%, no caso da AstraZeneca, 50% no caso da Coronavac. Mas há um estudo do Chile que diz que a eficácia da Coronavac é em torno de 70%. O que temos visto é que a Astrazeneca está tendo um pouco mais de reações do que o esperado. Mas são reações na maioria dos casos leves, no máximo moderada. A repercussão maior é para a saúde do indivíduo. Mas, como ocorre com toda vacina, há sempre o risco, embora muito raramente, de haver uma reação um pouco mais intensa.

Porque entre as duas vacinas há a diferença de prazo para a aplicação da segunda dose? 

Roberto Medronho: Estudos apontaram que quatro semanas de prazo para a segunda dose, no caso da Coronavac, e três meses, no caso da AstraZeneca, como sendo o momento ótimo para que a proteção seja maior. Os estudos feitos concluíram que os prazos adotados são os melhores. 

As reações são diferentes entre a Coronavac e a Astrazeneca? Por quê? 

Roberto Medronho: São dois tipos de formulação e (as reações) podem ter a ver com isso. Mas o mais importante é que as duas vacinas protegem bem contra a Covid-19 e as reações são, na maioria das vezes, leves e algumas um pouco moderadas, como febre, mal-estar, mas que cedem com o uso de analgésicos e antitérmicos normalmente em 24 horas. Muitas vezes (com esses medicamentos) cedem na hora.

Desde que surgiram notícias sobre efeito colateral raro da AstraZeneca, como formação de coágulos, algumas pessoas estão hesitantes em tomar qualquer uma das vacinas. Isso se justifica?

Roberto Medronho: Se não tomar, não vai ter reação à vacina, mas pode ter uma forma grave da doença e morrer. O risco de tomar a vacina e ter alguma reação grave é infinitamente menor do que não tomar a vacina e ter a Covid. E é por isso que a gente preconiza que todos se vacinem. Como vacinas alcançam milhões de pessoas, sempre tem um ou outro caso que apresenta reação, mas se considerarmos a quantidade de doses aplicadas o número (de reações) é insignificante.

As redes sociais têm prestado um desserviço ao repercutir fake News do movimento antivacina mostrando com exagero uma reação à vacina. O risco é ínfimo. Há mais risco de não tomar a vacina e ter doença grave. 

“Eu tomei as duas doses, mas o resto da minha família está contaminada. Como eu devo me comportar em casa? Devo usar máscara, me isolar?”, pergunta um sindicalizado do Sintufrj.

Roberto Medronho: A vacina não é passaporte para a imunidade. Quem tomou deve manter distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos até que todo mundo esteja vacinado. Quem tomou a vacina pode se infectar e adoecer de forma branda, mas pode contagiar alguém que ainda não está vacina e pode ter a forma grave. 

“A minha mulher teve alta nesta segunda (19) de Covid do HU. Quando ela chegar em casa precisa ficar isolada?”, quis saber outro sindicalizado da entidade.

Roberto Medronho: Depende de quanto tempo ela ficou internada. Se não tem mais nenhum sintoma e foi dada alta, se já passou o período infectante que vai até 14 dias do início dos sintomas, já não é mais transmissível (desde que esteja assintomática) e não precisa ficar mais isolada (dos demais) na casa.

Quando, em meio à vacinação para a Covid-19, deve-se tomar a vacina da gripe?

Roberto Medronho: Isso é um grande nó que estamos vivendo. A recomendação é para que na época do grupo indicado para  tomar a vacina da Covid, que é a doença que está circulando, internando e é a mais grave, a prioridade seja para essa vacina. Mas quem ainda não está no grupo indicado para se imunizar contra a Covid-19, deve tomar a vacina da gripe.

“Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você da Covid. Mas não ache que, porque tomou a vacina pode tirar a caminha e ir pro boteco pedir uma gelada e ficar conversando. não! Você precisa continuar fazendo o isolamento, continuar utilizando máscara e utilizando álcool em gel. Pelo amor de Deus”, recomendou o ex-presidente Lula no seu discurso logo após o STF anular suas condenações pela Lava Jato do falso juiz Sergio Moro.

 

 

 

Confirmação do senador alagoano para o cargo é derrota de Bolsonaro e sua base aliada que tentaram até liminar na Justiça para impedir a indicação de Renan

Publicado: 27 Abril, 2021-Escrito por: Redação CUT

Os onze senadores titulares que formam a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar ações e omissões do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) na pandemia do novo coronavírus, elegeram nesta terça-feira (27) Omar Aziz (PSD-AM) presidente e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) da chamada CPI da Covid.

A eleição oficializa a instalação da CPI e de acordo costurado nos últimos dias sobre quais parlamentares assumiriam o comando do colegiado. Liberado pela justiça para assumir a relatoria, Renan Calheiros (MDB-AL) foi confirmado no posto por Omar Aziz, selando uma derrota de Bolsonaro e sua base que brigou, inclusive na Justiça para impedir o senador alagoano, crítico do governo, de assumir o posto.

Atendendo a uma ação impetrada pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, o juiz Charles Renaud, da 2ª Vara Federal de Brasília concedeu liminar impedindo a indicação de Renan para a relatoria da CPI. Na decisão, o juiz acolheu o argumento da deputada de que, por responder a processos no Supremo Tribunal Federal (STF), Renan Calheiros não tem imparcialidade para assumir a relatoria. Outros governistas diziam que ele não podia ser relator porque é pai do governador de Alagoas e os repasses a estados e municipios foram colocados na lista do que deve ser investigado.

Mas, o desembargador federal e Vice-Presidente no exercício da Presidência do TRF-1ª Região, Francisco de Assis Betti, derrubou a liminar minutos antes do início da sessão que instalou a CPI nesta terça.

Em seu primeiro discurso, Renan disse que a cruzada da CPI “será contra a agenda da morte.”O senador fez um longo discurso sobre como atuará na comissão. “A CPI não é uma sigla de comissão parlamentar de inquisição, é de investigação. A CPI tampouco será um cadafalso com sentenças prefixadas ou alvos selecionados. Não somos discípulos de Deltan Dallagnol nem de Sérgio Moro”, disse, se referindo ao procurador e ex-juiz do Paraná que perseguiram e condenaram Lula por conviccão, sem crimes e sem provas no caso do mtríplex do Guarujá.

“Quem fez e faz o certo não pode ser equiparado a quem errou e estes devem ser punidos emblematicamente”, completou.

“O negacionismo em relação à pandemia ainda terá que ser investigado e provado, mas o negacionismo em relação à CPI da Covid já não resta a menor dúvida. Não estaremos investigando nomes ou instituições, mas fatos e os responsáveis por eles. Evidentemente que as gestões do Ministério da Saúde podem ser investigadas a fundo”, defendeu.

Com informações do Congresso em Foco.

 

 

Epidemiologista diz que negacionismo, falta de lockdown e de planejamento dos governos farão o Brasil prolongar pandemia.  Efeito será devastador na economia e a responsabilidade é de Bolsonaro, diz Vagner

Publicado: 27/4/2021-Escrito por: Rosely Rocha/Site CUT Nacional

O lockdown, isolamento social mais restrito recomendado pelas autoridades da área da saúde para conter a disseminação do novo coronavírus, não contribui para aumentar o número de desempregados e prolongar a crise econômica no Brasil. O que aumenta as taxas de trabalhadores sem emprego e sem renda e derruba a economia é a falta de ação efetiva do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) no combate à pandemia.

Em diversos países do mundo o lockdown imposto por até três meses, aliado a vacinação em massa e controle da doença, não só combateu a pandemia como contribuiu para a expansão rápida das atividades econômicas. Nos Estados Unidos, até a população com menos de 16 anos já começa a ser vacinada. Na Nova Zelândia, na Oceania, onde a economia está crescendo, tem eventos com mais de 51 mil pessoas sem máscaras porque a pandemia está controlada.  

Esses países também vivem uma crise econômica com o fechamento do comércio e a proibição de eventos, mas a diferença é que os governos locais, além de obrigar a população a ficar em isolamento social, deram condições financeiras aos trabalhadores e empresas para que isto ocorresse.

prefeito de Araraquara, Edinho Silva, do PT, decretou lockdown de 15 dias e também viu o número de casos e mortes por Covid-19 caírem e a economia começar a voltar ao normal.

Apesar de todas essas experiências exitosas, o presidente continua discursando contra medidas como essa, demorou mais de um ano para criar um comando nacional de combate à Covid-19, zomba das medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uso de máscaras e recomenda medicamentos sem eficácia comprovada. Pior, ameaça até usar o Exército, numa clara afronta à Constituição, contra governadores que decretaram toques de recolher ou lockdown para conter a disseminação do vírus que já contaminou mais de 14 milhões de pessoas no país.

Bolsonaro, e não o lockdown, é o culpado da situação dos brasileiros que, um ano após a OMS decretar a pandemia, convivem diariamente com o descontrole da doença, que tem provocado falta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), falta de medicamentos até para intubação, com hospitais amarrando pacientes às camas porque eles acordam durante o procedimento.  

A economia, claro, sofre com as idas e vindas de governadores que, pressionados pelos apoiadores de Bolsonaro, protestam contra medidas de isolamento social. O abre e fecha do comércio e serviços deixam milhões de brasileiros sem ver uma luz no fim do túnel, que traga esperança. E as experiências internacionais mostram que o lockdown funciona inclusive para aquecer a economia com a volta da vida ao normal.

Sem lockdown, até classe média, que apoia Bolsonaro, sofre. A crise chegou a até a classe média, que foi atingida negativamente com menos renda. Estudo do IDados, a partir da Pesquisa Nacional de Domicílios, diz que no fim do ano passado, oito em 10 famílias de renda média vivem com menos. A maior parte perdeu entre 10% e 50% da renda do trabalho. Para duas em 10 famílias, a pandemia levou entre 50% e 80% da renda familiar. E um em 10 domicílios a fonte de renda caiu entre 80% e 100%.

“A renda da classe média caiu por que não tem consumo. Bolsonaro paralisou a economia, já antes da pandemia, ao quebrar o sistema de proteção da Previdência Social, com a reforma, ao acabar com a política de valorização do salário mínimo do governo Lulaque fortaleceu a classe média e a classe C, estimulando o consumo. Ele nem cumpriu a sua promessa de campanha eleitoral de aumentar o do valor dado aos beneficiários do Bolsa Família”, diz o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas.

O dirigente reforça que a crise vivenciada hoje pela classe média, que abriu seu pequeno negócio por ter acreditado em palavras como “empreendedorismo” e “meritocracia”, é resultado não apenas da pandemia, mas do atual governo que não combate seus efeitos, seja imunizando a população com vacinas, seja investindo em tecnologias para que o Brasil fabricasse o seu próprio imunizante e, após essas medidas, a população pudesse ir e vir e manter seus empregos.

Para Vagner Freitas, as pessoas precisam voltar a trabalhar, mas sem recursos de um auxílio emergencial decente, sem isolamento social, sem programas de apoio aos micro e pequenos empresários, sem garantia de manutenção do emprego, a população não pode ir às ruas, a economia não gira, e os efeitos são devastadores para todas as classes sociais, exceto os mais ricos que estão cada vez mais ricos.

 “A falta de consumo destrói a classe média, aumenta a miséria nas classes D/E, e aumenta a violência. Mas entendemos que para isso é preciso que seja feito um lockdown de verdade. E, por isso que o 1º de Maio da CUT e das demais Centrais abordarão medidas que a gente sabe que são eficientes, como auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, vacina para todos, e em defesa da democracia e do emprego, e lockdown de pelo menos 21 dias, como defendem os cientistas”, afirma Vagner.

O negacionismo da ciência é visto como tragédia pelo  epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Diego Xavier. Para ele, as quase 400 mil mortes por Covid-19 têm a ver com as decisões errôneas da autoridade máxima do país e de seus seguidores, incluindo alguns prefeitos e governadores.

Para ele há uma grande confusão gerada pelo argumento de que lockdown destrói a economia, como se a pandemia não tivesse nada a ver com isso.

“O lockdown é uma das alternativas para enfrentar a pandemia que o mundo todo está sofrendo. A pandemia não é um comportamento do mercado financeiro que quer prejudicar candidato X ou Y. Isto é argumento de narrativa da bolha negacionista”, diz o epidemiologista.

O vírus da Covid-19 se transmite de pessoa a pessoa. Com menos contato, menos contágio. O lockdown não é para destruir a economia, é para ser usado como fim à pandemia para reativar a economia e pôr um fim às mortes- Diego Xavier

A valorização à ciência é defendida pela CUT por que já foi demonstrado cientificamente em todo o mundo, que o uso de máscaras, de álcool gel e o lockdown, junto com recursos públicos para manter a renda dos trabalhadores, é a única forma de sair da pandemia.

“Bolsonaro não ouve a ciência, os médicos, estimula a população a descuidar da saúde. Portanto, é mentirosa a afirmação de que o presidente quer reativar a economia. Sem medidas sanitárias já preconizadas pelas autoridades de saúde, a economia não vai voltar a crescer”, afirma Vagner Freitas.

Já, segundo o epidemiologista, não há forma segura de voltar a funcionar, neste momento, alguns setores econômicos como muitos comerciantes querem. Um exemplo é o setor de eventos, os cinemas, as academias e as Igrejas.

“Nesses locais as pessoas se aglomeram, é um comportamento que só prejudica o fim da pandemia. Alguns setores econômicos deveriam ser olhados com mais seriedade pelo governo federal, com uma ajuda financeira. Mas o governo só tenta alternativas de narrativas que culpem governadores e prefeitos pelo isolamento social e a crise econômica”, diz Xavier.

Para ele, a visão de que o lockdown, uma medida sanitária, é responsável pela crise econômica é uma visão simplista do colapso econômico em que vivemos.

“Nunca houve uma dicotomia entre saúde e economia e a política acabou sobrepondo esses dois pontos. É político culpando uns aos outros, e ninguém toma as medidas necessárias em conjunto”, afirma o epidemiologista.

Xavier cita o exemplo de cidades vizinhas no Rio de Janeiro cujos prefeitos tomaram medidas diferentes, e o resultado foi negativo no combate à Covid e a população acabou por entender que isolamento social não funciona.

Ele conta que Niterói adotou um lockdown, mas a cidade vizinha, São Gonçalo, não adotou o isolamento. Com o ir e vir de pessoas, os leitos ocupados com pacientes de Covid nos hospitais da cidade em isolamento continuaram altos e o contágio também, por que a população de São Gonçalo continuou a ir para Niterói por depender dos hospitais da cidade vizinha. Sem baixar os números de contágio e mortes, os moradores de Niterói passaram a achar que a medida não resolve. O mesmo aconteceu com a capital do Rio e cidades próximas.

“Essas medidas descentralizadas, sem protocolos, planejamento e instrução apenas transferem responsabilidades. O vírus não respeita limite de política administrativa. Quando a medida é errada, por que prefeitos não conversam entre si, nada dá certo”, critica Xavier.

Outra crítica que o epidemiologista faz ao abre e fecha é que os governos locais não testam a população para a covid. Com todo mundo saindo às ruas, após um lockdown, sem saber quem está infectado, os benefícios do isolamento terminam em três, quatro dias.

“Muitos só falam retoricamente em união, mas não têm um plano conjunto e, por isso os municípios onde há leitos ficam sobrecarregados. Apenas 13% têm leitos para atender casos graves. São pouco  mais de 700 municípios num universo de mais de 5.500 em todo o país”, alerta.

 *Edição: Marize Muniz

EDSON RIMONATTO

 

Estudo da UNB mostra rejeição ao tratamento precoce e preocupação maior com Saúde (30%) do que com a Economia (3%)

Igor Carvalho. Brasil de Fato | São Paulo (SP) |27 de Abril de 2021

Defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para tratamento precoce contra a covid-19, a cloroquina foi rejeitada pelos brasileiros.

De acordo com a Pesquisa Saúde Brasil, realizada pelo Comunicação Política e Saúde Pública (CPS) da Universidade de Brasília (UnB) e pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), apenas 3% da população afirma ter ingerido o medicamento.

Os pesquisadores perguntaram, também, sobre outros medicamentos que fazem parte do chamado “kit-Covid”, defendido por bolsonaristas.

ivermectina foi tomada por 19% dos entrevistados; 12% afirmaram ter ingerido azitromicina; e 2% consumiram hidroxicloroquina. Ao todo, apenas 27% da população aderiu aos remédios recomendados por Bolsonaro para combater o coronavírus. Outros 73% ignoraram o tratamento preventivo.

Desde março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia do coronavírus, Bolsonaro tem insistido que a Saúde não pode ser a maior preocupação do governo, mas sim a economia.

A Pesquisa Saúde Brasil mostra que apenas 3% da população acha que a economia seja o principal problema do Brasil atualmente. Para 36%, é a corrupção; 30% disseram que é a saúde; 22% apontaram a política; e 4% indicaram a educação.

Em dezembro de 2020, 38% dos entrevistados afirmavam estar muito preocupados com a covid-19. Agora, são 52%. Entre os que disseram estar um pouco preocupado, houve uma queda de 22% para 17%. Os que estavam nada preocupados, caiu de 6% para 4%.

A pesquisa mostra, ainda, que 86% dos brasileiros conhecem alguém que morreu por covid-19. Desses, 17% afirmaram que perderam um membro da família para a doença; 22% disseram que um amigo próximo foi a óbito; e 63% indicaram que a morte foi de uma pessoa não tão próxima.

A Pesquisa Saúde Brasil foi realizada entre os dias 31 de março e 16 de abril, com 1.232 pessoas em todos os estados brasileiros. A margem de erro do levantamento é de 3%.

Tratamento precoce

Não há comprovação científica da eficácia do uso de cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as instituições de saúde brasileiras.

A ivermectina, assim como a cloroquina e hidroxicloroquina foram adotadas, pelo próprio governo federal, como tratamento para prevenir o coronavírus — parte do chamado “kit covid”, com drogas que supostamente (e sem comprovação científica) seriam eficazes no “tratamento precoce da doença”.

Diversos especialistas já se pronunciaram acerca do uso da Ivermectina no combate e prevenção da covid-19. Médicos têm relatado casos em que o uso da substância levou pacientes à falência hepática, ou seja, o paciente precisa de um transplante de fígado para sobreviver.

Edição: Leandro Melito