O presidente Lula participou, no fim da tarde do dia 12, quinta-feira, de cerimônia de celebração da devolução do Manto Sagrado Tupinambá ao Brasil, no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista. O retorno do objeto raro e sagrado ao Povo Tupinambá (com penas de pássaro vermelhas e medindo 1,2 metros, usado em rituais e com quase 400 anos) foi em julho, depois de mais de 335 anos no Museu Nacional da Dinamarca, articulado entre instituições daquele país e do Brasil. Está em um espaço de guarda na Biblioteca Central do Museu preparado para sua preservação. E hoje, na cerimônia organizada pelo Ministério dos Povos Indígenas, em conjunto com o MEC, contará com representantes do povo Tupinambá, da ministra Sônia Guajajara. O manto será destaque em 2026 na reabertura das exposições do Museu.
O presidente reformou, como prioridades do governo, o reconhecimento e o respeito aos direitos dos povos originários. Destacou a criação do Ministério dos Povos Indígenas e a iniciativa continuada de desintrusão (retirada de pessoas que estão ocupando uma área de forma ilegal) de territórios ocupados por não indígenas e homologação de novas terras. “E tenho certeza que faremos muito mais, sempre enfrentando os desafios, que são muitos e precisam ser tratados de forma negociada, com diálogo e transparência”, disse, segundo registrou a Agência Gov.
Foto: Ricardo Stuckert / PR; Agência Gov
Carta sobre situação da UFRJ que seria entregue a Lula sequer vai a voto no Consuni
Aproveitando a vinda do presidente Lula à UFRJ surgiu, na sessão do Conselho Universitária, na manhã da mesma quinta-feira da visita, a proposta de que representantes da comunidade acadêmica entregassem ao presidente uma carta sobre a gravidade dos problemas que a instituição enfrenta, informando que podem acontecer novos desastres como o incêndio que destruiu a sede do Museu (em setembro de 2018) e que o funcionamento da instituição pode vir a cessar, até o final do ano, por falta de recursos.
A proposta da carta foi apresentada pelo conselheiro Frederico Leão Rocha. Foi bem aceita por grande parte dos conselheiros e, ao final da sessão, entrou em debate, suscitando uma breve discussão e algumas sugestões. No entanto, uma conselheira pediu contagem de quórum, àquela altura, com uma pessoa abaixo do necessário para uma votação. Assim, quando se encaminhava para a conclusão da apreciação do documento, a sessão foi suspensa de modo repentino, sem que a carta – para a qual já confluíra diversas contribuições importantes – fosse sequer votada.
A carta lembrava que a UFRJ está entre as instituições lideres, entre latino-americanos, em diferentes rankings publicados por organizações internacionais e nacionais. “Os projetos se desdobram em vacinas, soluções para tratamento de doenças endêmicas, construção de soluções de um futuro mais sustentável, respeitando o meio ambiente, garantindo redução da pobreza e da desigualdade e permitindo a diversidade cultural, sexual e racial na sociedade”. Mas que, com tristeza, viu parte dos recursos anunciados inicialmente pelo governo para sua recomposição desviados para outros fins. E, depois, o bloqueio do limite de empenho e restrições ao uso de recursos próprios arrecadados pela universidade.
A carta pretendia abordar ainda a dificuldade do pagamento de contas de água e luz, de terceirizados, comprometimento de construções, algumas dás quais históricas e que poderão a sofrer novos desastres como o incêndio do Museu que o presidente visitava naquele dia. Isso tudo para solicitar atenção para a possibilidade da instituição ver cessar seu funcionamento até o final do ano. Perdeu-se uma oportunidade de ouro.