Manifestação no Consuni apoiada pelo Sintufrj e a Fasubra garante agenda com Roberto Medronho

Fotos: Renan Silva

“Para sarar a CPST, Fora Sara!” e “SOS servidores da CPST”. Essas palavras de ordem expostas nos cartazes levados à sessão do Conselho Universitário (Consuni) desta quinta-feira, 13, resumiu o sentimento dos servidores da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador da UFRJ, que exigem uma atitude urgente da Reitoria para pôr fim aos desmandos que estão ocorrendo na unidade, desde agosto de 2024, com a nova gestora.
A intenção dos servidores era que fosse lida no Consuni a carta aprovada em reunião interna deles, na qual relatam para a comunidade universitárias as atitudes adotadas pela gestora de fragilização e perseguição dos profissionais e de desmonte do serviço essencial prestado pela CPST a todo corpo social da universidade. O Sintufrj e a Fasubra estavam presentes apoiando a manifestação.
“Viemos junto com as trabalhadoras e trabalhadores da CPST para falar da situação de assédio e de todos os outros problemas muito sérios que estão acontecendo na unidade. Como conselheira neste colegiado e coordenadora-geral do Sintufrj, solicitei a palavra para a direção do sindicato, mas não houve fala da entidade no expediente. Mas como representante dos técnicos-administrativos em educação nesta instância, manifesto a solidariedade e reafirmo o compromisso da direção da entidade à luta das companheiras e companheiros da CPST, falou no Consuni Marta Batista.
Reunião com o reitor
A mobilização no Consuni resultou numa agenda com o reitor. Na segunda-feira, 17, às 16h, Roberto Medronho se reunirá com os servidores da CPST e, provavelmente, estará presente a atual coordenadora da unidade. “Em nenhum momento ele quis nos ouvir durante esse processo conflituoso que começou em agosto do ano passado. Agora temos um caminho pela frente e acredito que vamos progredir”, comemorou a enfermeira Jacqueline Amaral, com 28 anos de UFRJ, dos quais 24 dedicados à CPST.
“A direção do Sintufrj estará presente nesta reunião exigindo a solução desse problema e um ambiente saudável e seguro para todas as trabalhadoras e trabalhadores”, informou a dirigente sindical Marta Batista.

Carta dos trabalhadores(as) da DPST à comunidade universitária

Vimos fazer um pedido de socorro e apoio à luta dos trabalhadores da CPST, a qual vem sofrendo um violento processo de desmonte do serviço prestado sobretudo desde agosto de 2024, quando a nova gestão assumiu a unidade.
Através de um argumento pautado na necessidade de reestruturação com vistas a uma “nova CPST”, ocorreu a destituição de metade do corpo de peritos e posterior deslocamentos da equipe para os chamados novos polos de atendimento, sem planejamento prévio, deixando o serviço prestado na UFRJ descoberto.
Ao lado disso, a precarização ainda maior das condições de trabalho, ameaças constante de transferência para outros locais de trabalho para aqueles que discordarem das decisões tomadas; disseminação de intrigas entre os colegas de trabalho por parte da coordenação, impedimento a alguns colegas de uso da ferramenta principal de trabalho na perícia que é o acesso ao sistema Siass, dentre outras coisas, que de acordo com alguns estudos atuais configurariam um caso típico de assédio moral no trabalho.
Tal processo atinge em larga escala a Divisão de Perícias em Saúde (DPST) e tem resultado no maior adoecimento físico e psíquico dos trabalhadores. Estamos aqui porque temos amor ao que fazemos e entendemos nosso compromisso ético, político e técnico com este trabalho. Entendemos essa luta como de todos e por isso nos dirigimos a esta instância. Não somos 3, 5 ou 10, mas representamos cada servidor desta casa à qual também somos gratos!
Apesar de todo o quadro adverso, toda a equipe da DPST tem resistido às mudanças, organizando o serviço internamente de forma coletiva, de tal forma que vimos realizando entre 20 e 30 perícias diárias, entre exames admissionais, avaliações para concessão de licenças de tratamento de saúde ou acompanhamento de familiar, avaliação pericial para concessão de benefícios previstos da Lei 8112 e legislação federal de atenção à saúde do servidor. Além do que estabelecemos um diálogo que fortalece a dimensão interdisciplinar e a abordagem psicossocial no atendimento diário aos servidores.
Pedimos respeito e melhores condições de trabalho. E para que sejam apuradas as questões expostas neste Conselho, reiteramos a necessidade de afastamento da gestora, a qual hostiliza, persegue e vem operando mudanças internas que resultam na desarticulação dos eixos da atenção integral à saúde do trabalhador. Sabemos como esse serviço é importante na Universidade e não queremos que chegue ao fim!

O grito de carnaval do Sintufrj marcado para sexta-feira, 14 de fevereiro, tem uma atração especial. É a bateria do Bloco “Comuna que Pariu!”, bloco oficial do PCB que une diversão e política.
O “Comuna Que Pariu!” se organizou em 2009 por iniciativa da UJC (União da Juventude Comunista) e tomou forma mais definitiva em 2013, aquecido pelas lutas na cidade do Rio de Janeiro. Este bloco é uma celebração da resistência e da luta, com muita música e energia.
“Nosso bloco revolucionário do proletariado nasceu com algumas missões, dentre elas atuar como mais uma arma da crítica na luta de classes, na construção de uma sociedade socialista, sem perder o gingado e a cadência do samba. Uma das outras missões que abraçamos, desde o início de nossa história, foi a luta antifascista”, escreve em sua página no Facebook o Bloco Comuna que Pariu.
“O bloco tornou-se uma iniciativa da base de cultura do PCB, hoje denominada de célula de cultura, que reúne militantes do partido, ainda que o bloco tenha aglutinado militantes de diversos campos da esquerda de forma bem ampla. Sua proposta inicial era apenas de ser um espaço de confraternização e encontro de companheiros e camaradas, mas foi assumindo uma identidade própria, uma qualidade artística e uma irreverência que lhe dão a feição que hoje assumiu. O traço principal desta identidade é a união entre a irreverência e a política”, descreve Mauro Iasi, professor da Escola de Serviço Social da UFRJ, pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas e integrante do Comitê Central do PCB.
Para se ter uma ideia, os temas que foram se apresentando nestes anos são significativos: no carnaval de 2010, a tônica foi a luta pelo petróleo; no de 2011, uma homenagem ao MST; em 2012, a luta contra as remoções e os mega-eventos; em 2013, uma homenagem a Oscar Niemayer; em 2014, a lutas de massas contra as remoções e a Copa do Mundo; em 2015, a luta feminista sob o lema “lugar de mulher é aonde ela quiser”; e no ano de 2016, a luta do movimento negro com o lema “na raça contra o racismo”. “Caiu o primeiro mito e os fascistas se fuderam” Foi assim que em 2020 o comuna que pariu conclamou a resistência contra a ofensiva fascista.
O samba enredo desse ano mostra a que veio: “Sem anistia para fascista”. Em seu 16º carnaval o Comuna convoca o povo para lutar contra o fascismo.
Veja trecho do samba:
“Já passou da hora
De pegar o capitão
Eu vou deixar um bilhete
Na porta da prisão
Pra que a nossa voz
Ele tenha que ouvir:
Nós ainda estamos aqui!”