Qual a marca das duas primeiras semanas do governo Bolsonaro? Evidenciam-se, face aos acontecimentos, duas características muito bem definidas: a combinação explosiva de ímpeto destrutivo dos pilares fragilizados do Estado brasileiro e a confusão digna de um time de várzea, sem esquema tático, a correr pelo campo distribuindo caneladas, com pequenos lances dignos de figuração nas “videocassetadas” das tardes de domingo na TV.

Em poucos dias, o governo Bolsonaro, através do MEC, alterou um edital permitindo publicidade, erros de português e ausência de bibliografia em livros didáticos, para voltar atrás no dia seguinte e anular a aberração; por meio do chefe da Casa Civil, na ânsia de produzir símbolos ideológicos e falsos de “desaparelhamento da máquina pública”, exonerou até os responsáveis pelas exonerações e travou o governo, impedindo novas demissões; e, por intermédio da equipe econômica, desmentiu o próprio presidente eleito, que anunciou medidas ainda não combinadas entre o mercado e seus subordinados.

Em paralelo, um show de pequenas chinelagens explicitou a inépcia e a desfaçatez: o filho do vice-presidente foi alçado a um posto na carreira de um banco público com remuneração exorbitante, em um claro indício do que conhecemos por nepotismo; a titular do Ministério da Família condenou a teoria da evolução das espécies, de Darwin, em grotesca manifestação contra a ciência; o “Caso Queiroz” continua sem explicações, com nova falta ao depoimento marcado e a mudança de parentes para São Paulo.

Assusta, no entanto, que este combo espantoso de incompetência e a fome de dez leões para impulsionar uma agenda recessiva mantenha-se bailando livre pelo campo. A anestesia das forças democráticas parece ser de efeito prolongado, aumentando a confusão provocada pela avalanche de declarações destrambelhadas e atos grotescos. Persiste, no entanto, a disposição anunciada de destruir o patrimônio nacional, entregar os bancos públicos ao comando do rentismo, dilapidar a aposentadoria dos trabalhadores, incinerar os serviços públicos, atacar a ciência e a cultura e enterrar as relações internacionais.

Já dizia o ditado: “quem tem que torcer é quem apostou no cavalo”. O nosso papel é outro: é preciso, mais do que nunca, reacender o debate sobre o direito ao trabalho digno, recolocar a questão distributiva e o combate às desigualdades sociais no centro da agenda, proteger o emprego, defender os serviços públicos, a educação crítica e emancipadora e enfrentar os ataques aos direitos do povo trabalhador e à soberania nacional.

 

Inaugurada em 19 de outubro, no Museu da República, no Catete, a exposição “Museu Nacional Vive” apresenta charges, desenhos e fotografias de Carlos Latuff. Como  se sabe, o Museu Nacional foi atingido por um incêndio devastador em setembro de 2018.

A exposição exibe desenhos que reproduzem imagens do acervo que atraía o público, especialmente, o infantil, quando o garoto Latuff frequentava o museu com seu pai.

O artista também doou as charges sob o episódio e as fotografias foram tiradas por ele na semana seguinte ao incêndio. São registros do que restou do prédio do museu e do trabalho de rescaldo dos bombeiros.

O Museu da República, que abriga a exposição, funciona de terça à sexta-feira, de 10 às 17h e sábados, domingos e feriados, de 11 às 18h. Às quartas-feiras e domingos, a entrada é franca. Nos outros dias, o ingresso custa 6 reais, sendo professores, maiores de 60 anos e crianças até 10 anos não pagantes. Já estudantes e menores de 21 anos têm 50% de desconto. O Museu da República fica na Rua do Catete, 143, no Catete.

O artista

Carlos Latuff é carioca, nascido em 1968 e, além de chargista, é conhecido pelo seu ativismo político. Publicou sua primeira charge em 1990, num boletim do Sindicato dos Estivadores e até hoje trabalha para a imprensa sindical. Tem trabalhos expostos pelo mundo e a primeira charge brasileira participante do Concurso Internacional de Caricaturas sobre o Holocausto, organizado em 2006 pelo jornal iraniano Hamshahri, foi de sua autoria. Boa parte de seu portfólio é dedicado à causa palestina, a qual aderiu em 1999, após uma viagem aos territórios ocupados da Cisjordânia.

Impressões. Latuff expõe desenhos de objetos do Museu Nacional na leitura de criança

Com bravatas típicas de redes sociais, presidente da extrema direita mantém discurso de campanha como cortina de fumaça para esconder a violência do retrocesso econômico e social 

“É melhor Jair se acostumando”. O trocadilho que virou bordão entre apoiadores de Bolsonaro ganhou novos contornos com a posse do presidente eleito. A verborragia ideológica, o tratamento truculento aos que não seguem a mesma cartilha do governo e os retrocessos revezam-se no topo da pauta das ruas e redes, criando um ambiente tóxico: desde a recepção aos jornalistas que cobriram o ato de posse, submetidos aos mais diversos níveis de constrangimento, passando pela inexplicável invasão e revista de gabinetes de deputados do PT, PSOL e PCdoB, o autoritarismo fez-se presente.

O discurso de Bolsonaro é um capítulo à parte: pela primeira vez, desde o fim da ditadura militar, um presidente nem sequer menciona o combate às desigualdades sociais. Não faltaram, no entanto, espantalhos e bravatas políticas, como o “combate à ideologia de gênero” e outras invenções useiras e vezeiras das correntes de WhatsApp.

Na sequência, uma enxurrada de medidas retrógradas, anunciadas em tempo recorde, sempre acompanhadas de discursos em tom de campanha eleitoral: a máxima “vamos limpar o país do marxismo” foi a cortina de fumaça perfeita para a garfada de 8 reais no valor do salário mínimo aprovado pelo Congresso; a transferência da demarcação de terras indígenas e quilombolas da Funai para o Ministério do Agronegócio, abrindo margem para a grilagem de terras e o assassinato dos índios; uma reforma da Previdência que pode acabar com a aposentadoria; o anúncio da privatização da Eletrobras, entre outros retrocessos.

O governo já assume também descumprindo promessas de campanha: a redução de ministérios para 17 e o combate à corrupção. Na prática, Bolsonaro extinguiu apenas os Ministérios do Trabalho e da Cultura. De um lado, acena aos patrões, acabando com o espaço de mediação entre capital e trabalho; do outro, mantém sua perseguição aos artistas e o seu menosprezo às políticas culturais. Além disso, pelo menos um terço dos novos ministros é investigado ou responde a algum processo na Justiça, e desde o final de 2018 paira sobre a família do presidente a nuvem do “Caso Queiroz” (o motorista e capanga cuja movimentação financeira milionária é incompatível com a própria renda).

Por fim, o PSL, partido de Bolsonaro, já anunciou um acordão para reeleger Rodrigo Maia, do DEM, como presidente da Câmara. Reorganiza-se, sob “novo” comando, o velho arco de ruralistas, empresários, corruptos e demais inimigos da classe trabalhadora, prontos a passar nossos direitos na faca e entregar o país aos interesses dos EUA e das empresas estrangeiras.

Se este é o rumo do novo governo, nós não vamos nos acostumar. Nem hoje e nem nunca. Em defesa da democracia, da educação pública, das conquistas históricas da classe trabalhadora, pela liberdade e contra a desigualdade social e todas as formas de preconceito, seremos resistência solidária e luta incansável.

 

Autora de livro sobre Bolsa Família, diz que o maior programa de combate à miséria feito no Brasil foi reconhecido mundialmente pelas melhorias nos indicadores de desenvolvimento humano

Por meio da Lei 10.836, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva instaurava, no dia 9 de janeiro de 2004, o programa Bolsa Família, que unificava quatro programas sociais e criava o maior programa de transferência de renda do mundo. Em 15 anos, o programa foi reconhecido internacionalmente pela contribuição no combate à pobreza, a autonomia dada à população e a melhoria de indicadores de desenvolvimento humano.

Em entrevista à TVT, a socióloga Walquiria Leão Rego, autora do livro Vozes do Bolsa Família: autonomia, dinheiro e cidadania, lembra que o Bolsa Família foi o primeiro programa efetivo de combate à miséria feito no Brasil, com grande repercussão no mundo e na vida das pessoas. “Em termos de ampliação do seu espectro, o programa chegou a atingir 50 milhões de pessoas, tornando-se referenciado mundialmente”, afirma.

Ela conta que, durante a produção de seu livro, foi discutida a importância do programa repassar dinheiro à população, dando mais autonomia e liberdade à população. “Nós discutimos o significado positivo da bolsa ser em dinheiro. É mais livre a pessoa receber em dinheiro do que em cesta básica ou algo semelhante, pois é como são tratados os pobres, geralmente”, afirma.

O relatório do Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud) de 2015 apontou crescimento de 10,5% do IDH brasileiro entre 2000 e 2014, siando de 0,683 para 0,755. Além disso, de 2006 a 2014, a pobreza multidimensional caiu de 4% para 2,9%. O dado representa a porcentagem de brasileiros sem acesso a itens básicos de assistência social.

A socióloga relembra que foi possível notar melhoria também na vida material das pessoas. “Elas tinham dinheiro para investir na casa, melhorar a nutrição, diminuir a mortalidade infantil. O programa recebeu muitos prêmios internacionais, que nunca foram divulgados pela nossa mídia, mas recebeu da própria ONU, por exemplo”, relembra.

A ONU, por exemplo, reconheceu a participação do programa na melhoria desses indicadores. Já o Banco Mundial recomendou ao governo que ampliasse o orçamento previsto do Bolsa Família para conter o aumento do número de “novos pobres”.

(Redação Brasil Atual)

 

Para uma diretoria que assumiu no fim de 2017 com o desafio de recuperar a confiança da base da categoria, garantir o direito dos trabalhadores, defender a educação pública, os solavancos de 2018 exigiram do Sintufrj ações firmes, trabalho intenso e criatividade.
O ano de 2018 também marcou os 25 anos de existência do sindicato, celebrados em evento onde também prestamos duas homenagens: Marcílio Lourenço de Araújo, que foi o primeiro dirigente do Sindicato, e Regina Loureiro, a primeira técnica-administrativa a receber o título de emérita, uma conquista antiga da categoria.

 

QUINTA-FEIRA, 10 DE MAIO. O Sintufrj reivindica, e o Conselho Universitário aprova resolução que manteve os 26,05% na folha na ocasião. Foi um dos momentos em que a ação do Sindicato adiou o corte do percentual

 

Ação articulada
Todas as coordenações (Geral, Comunicação, Educação Cultura e Formação, Organização e Política, Políticas Sociais, Esporte e Lazer, Aposentados e Pensionistas, Administração e Finanças) atuaram conjuntamente, oferecer novos serviços e fazer frente à política devastadora do governo federal contra o funcionalismo e a universidade pública.
Em benefício da transparência, a prestação de contas do Sindicato passou a ser feita periodicamente.
Os dirigentes se dividiram na execução de tarefas e na participação de fóruns deliberativos nacionais e estaduais importantes para a classe trabalhadora (plenárias e encontros da Fasubra, fóruns dos servidores públicos, Conepe, Conape, FEERJ, FNPE, Fórum Social Mundial, entre outros), de reuniões e articulações que reuniram as centrais sindicais, e de todos os atos e mobilizações em defesa da democracia e de direitos.
Perto da base
O Sintufrj intensificou uma agenda voltada para o dia a dia dos servidores, como a defesa da insalubridade, a discussão sobre a jornada das 30 horas, o combate à imposição do ponto eletrônico.
Muitos profissionais da área da saúde foram privados de seus direitos, mesmo com decisões judiciais que reconhecem a licitude da acumulação de cargos garantida na Constituição. O Sintufrj realizou ações para reverter essa situação absurda.
Foram abordados diversos temas, como assédio moral e sexual na UFRJ. Em março, dentro da programação da Semana da Mulher, o sindicato promoveu rodas de conversas em todos os campi para debater este tema.

 

 

Ação em várias frentes

Em maio, mês do trabalhador, o sindicato promoveu uma exposição e um vídeo ressaltando o trabalho na UFRJ. O resultado foi o mais abrangente inventário de imagens e depoimentos das múltiplas atividades dos técnicos-administrativos na universidade.
No plano orgânico, a direção sindical consolidou o Conselho de Delegados Sindicais de Base. O departamento jurídico sofreu mudanças e uma nova assessoria passou a cuidar das ações coletivas. A comunicação, área estratégica da ação sindical, ganhou mais agilidade, com ênfase nas plataformas digitais.
Os aposentados e pensionistas conquistaram em 2018 acesso às novas mídias sociais, graças à parceria que o Sintufrj selou com o Curso de Apropriação Digital, do Laboratório de Informática para Educação (Lipe). As aulas foram ministradas em salas no Centro de Tecnologia (CT, no Fundão), e terão continuidade este ano.
O Projeto Universidade para os Trabalhadores, iniciado em 1986 e que serviu de base para o projeto Universidade Cidadã para os Trabalhadores da Fasubra, entrou em nova fase. A direção criou cursos preparatórios para mestrado e doutorado.
O Espaço Saúde Sintufrj foi o local mais frequentado pelos trabalhadores em busca de qualidade de vida. O programa Saúde na Medida Certa, realizado em parceria com o Instituto de Nutrição Josué de Castro, bateu recorde de adesões: 82,8% das vagas oferecidas foram preenchidas.
Racismo e qualquer outro tipo de preconceito exigiram a intervenção política e prática. No mês da Consciência Negra, em novembro, a direção organizou mesas de debates com especialistas no assunto no IFCS, Praia Vermelha e Fundão e inaugurou o Departamento de Raça e Gênero. O Departamento de Comunicação produziu um encarte especial sobre o tema (“Brasil Racista”).
Implementamos uma política de comunicação mais dinâmica integrando as diversas plataformas e mantendo a informação sempre atualizada. Um novo site, que estará no ar a partir da próxima semana, para melhor atender os sindicalizados. O portal da transparência fará parte do conteúdo.
Encerrando o ano, realizamos a maior festa de confraternização com os sindicalizados promovida pelo Sintufrj.

Ações judiciais
As diversas frentes de ação envolveram, por exemplo, atenção permanente às ações judiciais. Nesse item, boa notícia: a execução dos atrasados dos 26,06% do Plano Bresser, de 1987. Mas na parte desfavorável da gangorra, o sequestro dos 26,05% do Plano Verão, há mais de 20 anos nos contracheques. A direção sindical empreendeu verdadeira saga para manter o percentual. O TCU mandou cortar os 26,05% desde fevereiro de 2018. O corte veio neste janeiro de 2019.
Se perdemos a ação coletiva, agora estamos partindo para as ações individuais na justiça em busca de nossos direitos.