O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ), que desistiu do seu terceiro mandato por causa de ameaças de morte, foi um dos parlamentares que, por meio de emendas parlamentares, com regularidade mobilizava recursos para a UFRJ. De 2013 a 2018 o montante de recursos destinados à universidade por meio de Wyllys alcançou a cifra de R$ 7 milhões.
Parte desses recursos foi aplicada em reformas e aquisição de equipamentos para o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). Outra parte foi investida na ampliação de leitos e reforma no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Outra fatia das verbas ficou com projetos na área cultural da universidade.
“Por muito tempo lutamos para que a UFRJ sobreviva em sua missão!”, declarou em seu twitter quando da prestação de contas de suas emendas à UFRJ em 3 setembro de 2018. Na ocasião do incêndio no Museu Nacional, ocorrido dia 2 de setembro, Jean reafirmou a luta por reverter o descaso com os investimentos públicos na área de cultura.
Vida ameaçada
“Preservar a vida ameaçada é também uma estratégiada luta por dias melhores”, assim despediu-se do Brasil o parlamentar. Eleito com 24.295 votos na última eleição, em outubro, o parlamentar abriu mão de seu terceiro mandato consecutivo devido a ameaças a própria vida recebidas nos últimos meses, já se encontrando fora do país. Quem assumirá a cadeira é seu suplente, David Miranda, também militante da causa LGBT.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo o deputado justificou a decisão. Afirmou viver sob escolta policial desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018. De acordo com ele, as ameaças de morte aumentaram após o crime e se intensificaram nos últimos meses, comandada por apoiadores de Jair Bolsonaro. A relatora da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a advogada chilena Antonia Urrejola Nogueira, afirmou que o Brasil falhou ao garantir a segurança em condições básicas ao deputado.
Entre as provas enviadas pelo deputado à Comissão Interamericana no ano passado, estão avisos: “Sua hora vai chegar. Falta pouco viadinho. Sai fora do Brasil enquanto dá tempo. Lixo escroto”, dizia um deles. E que se agravaram com o novo governo de Jair Bolsonaro. “Vou te matar com explosivos”, “já pensou em ver seus familiares estuprados e sem cabeça”, “vou quebrar seu pescoço”. Disparadas pelas redes sociais, no e-mail e telefone do gabinete em Brasília, ou no e-mail pessoal do próprio Jean, os textos levaram a Polícia Federal a abrir cinco investigações sobre as ameaças e obrigaram o deputado a andar com escolta policial, desde o assassinato de Marielle. A saída de Jean, no novo governo, é uma das primeiras baixas no grupo de defensores das minorias (negros, mulheres, gays, lésbicas, travestis e transexuais). Um representante intransigente dessas minorias historicamente oprimidas num país que mais mata LGBTs no mundo.
O presidente do Brasil Jair Bolsonaro comemorou em um post numa rede social a saída do parlamentar, ignorando a posição que ocupa como representante máximo do país e dando às favas a importância do deputado. Wyllys ganhou por três vezes o Prêmio Congresso em Foco de melhor deputado. Foi um dos dois brasileiros incluídos pela Revista “The Economist” na lista das 50 personalidades de mais destaque na defesa da diversidade no mundo.
Para a UFRJ ele tinha significado especial. Jean Wyllys foi um dos parlamentares que destinou regularmente emendas para a UFRJ. De 2013 a 2018 o deputado destinou cerca de 7 milhões de reais em projetos, sobretudo de atendimento à população, que envolveram obras, reformas e aquisição de equipamentos no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, ampliação de leitos e reforma no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, e verbas para projetos na área cultural da universidade.
“Por muito tempo lutamos para que a UFRJ sobreviva em sua missão!”, declarou em seu twitter quando da prestação de contas de suas emendas à UFRJ em 3 setembro de 2018. Na ocasião do incêndio no Museu Nacional, ocorrido dia 2 de setembro, Jean reafirmou a luta por reverter o descaso com os investimentos públicos na área de cultura.
“Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”, despediu-se Jean.