Os cerca de 950 vigilantes patrimoniais terceirizados da UFRJ estiveram na iminência de entrar em greve. A situação foi contornada na tarde desta terça-feira, 24, o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp, e o prefeito universitário, Marcos Maldonado, se reuniram com os representantes das quatro empresas de segurança contratadas pela UFRJ e ficou acertado o pagamento de uma das três faturas em atraso pela Reitoria, num total de R$ 4 milhões.

Segundo Raupp, esses R$ 4 milhões foram antecipados do montante que o governo prometeu desbloquear para a UFRJ, que ele não sabe de quanto será. “Foi um adiantamento do desbloqueio e já gastamos. Pagamos um mês de contrato atrasado,  mas já está vencendo outro mês”, disse o pró-reitor sem disfarçar a apreensão em relação as outras contar a pagar, como limpeza, alimentação, luz e transporte (ônibus internos).

Há dez dias foram iniciadas as negociações com os vigilantes, que já não suportavam mais a pressão por falta de dinheiro para pagar aluguel, pensões, conta de luz, entre outras despesas pessoais. “Por enquanto ainda não houve pagamento às empresas, mas deve ocorrer entre hoje ou amanhã, e o repasse para as contas dos trabalhadores é imediato”, informou o diretor do Sindicato dos Vigilantes do Município do Rio de Janeiro, Leandro Siqueira, que também participou da reunião entre a UFRJ e as terceirizadas. Ao final, ele acrescentou: “Sabemos que esse atraso da UFRJ é por culpa do bloqueio que acontece de forma covarde pelo governo”,

O ódio à educação

O total do bloqueio financeiro imposto pelo governo à UFRJ era de R$ 112 milhões, dos quais foram antecipados os R$ 4 milhões  pagos às empresas de vigilância. Mensalmente, UFRJ necessita ter em mãos R$ 33 milhões para cobrir as despesas de custeio, caso contrário, as atividades da universidade param.

Celebrados com homenagens a quem constrói o dia a dia do maior centro acadêmico da UFRJ

Na sessão solene do Conselho de Coordenação do Centro de Ciências da Saúde (CCS) em comemoração ao jubileu de ouro do maior centro da UFRJ, dia 16, no auditório Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão), foram muitos os momentos de emoção para o público presente com as homenagens aos trabalhadores “invisíveis” que garantem as condições para a realização das aulas, das pesquisas e dos projetos de extensão, e a ex-decanos. Um pouco da história do Centro foi contada no vídeo com depoimento de dirigentes e professores eméritos. O Sintufrj foi representado pela coordenadora-geral Neuza Luzia, servidora da Faculdade de Medicina.

A solenidade foi aberta com a apresentação do projeto de extensão Sons do Silêncio, composto de músicos e coral, sob a regência do maestro e doutorando do CCS, Erivaldo Braga. O tom dos discursos da reitora Denise Pires, ex-aluna e professora do Centro; do decano Luiz Eurico Nasciutti; da dirigente do DCE Mário Prata, Juliana Junto; e do presidente da comissão organizadora do jubileu, Antônio Ledo era de protesto aos ataques às universidades públicas e à produção científica no país.

“Enaltecer a pessoa humana é fundamental, e nós somos o produto de cada um que se dedica a essa instituição”, disse Denise Pires.

 

Homenagens

Ana Esteves, que por 21 anos chefiou a secretaria do gabinete da Decania, fez parte da mesa da solenidade representando os técnicos-administrativos em educação e foi uma das homenageadas. No seu discurso, ela destacou o profissionalismo dos que “construíram e constroem o dia a dia do CCS, trabalhando nos bastidores, quase invisíveis para a maioria”, garantindo a infraestrutura necessária para a realização dos trabalhos acadêmicos e o atendimento ao público.

Também receberam certificado de reconhecimento os servidores mais antigos: o marceneiro Nero José do Nascimento, o assistente em administração da biblioteca José Carlos da Silva Paz, o mestre de ofício Jorge Pierre da Costa e o engenheiro do Escritório de Planejamento Judas Tadeu Siqueira Rodrigues. E foram homenageados pela dedicação e excelentes serviços prestados ao CCS o técnico de audiovisual Sylvio Petrônio Rocha Lopes e o administrador Sebastião Amaro Coelho.

Os ex-decanos receberam placas de agradecimento pelas contribuições acadêmicas ao Centro. Nasciutti e Denise Pires inauguraram a placa comemorativa dos 50 anos do Centro. O evento foi encerrado com a apresentação da Companhia de Dança da Escola de Educação Física e Desportos.

 

O maior

Luiz Eurico Nasciutti recomendou firmeza neste momento de agressão à UFRJ: “O CCS tem cumprido esse papel, com suas 26 unidades trabalhando e produzindo conhecimento importante para toda área da saúde”, disse. A  professora Diana Maul lembrou que o Centro reúne não apenas o maior número de unidades, mas algumas das mais antigas para a formação de profissionais da saúde e de colaboração às pesquisas científicas em várias áreas. Antônio Ledo acrescentou que o CCS atua para o bem maior do ser humano, que é a saúde em várias perspectivas: “Da microbiologia à saúde coletiva e, nestes 50 anos, também formando profissionais competentes, realizando pesquisas básicas e aplicadas de alta qualidade, ações de extensão e cumprindo seu papel social”.

Trajetória

O CCS foi criado no dia 4 de setembro de 1969 como Centro de Ciências Médicas e aos poucos foi sendo integrado à Faculdade de Medicina, Escola de Enfermagem Anna Nery, Faculdade de Farmácia, Faculdade de Odontologia, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Instituto de Microbiologia Paulo de Góes, Instituto de Nutrição Josué de Castro e Instituto de Ciências Biomédicas.

Mais tarde passou a responder pela Escola de Educação Física e Desportos e pelo Instituto de Biologia, e implantou o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (atual Instituto Nutes). Em 2003, 2004, 2005 e 2006 vieram os recém-criados Instituto do Coração Edson Saad, Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (Nupem) e o Núcleo de Pesquisa em Produtos Naturais Walter Mors (Instituto NPPN), respectivamente. Em 2013, o Centro Nacional em Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio), e, em 2018, o Núcleo de Biotética e Ética Aplicada (Nubem).

Também fazem parte da estrutura acadêmica do CCS as unidades do Complexo Hospitalar: Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e os Institutos de Atenção à Saúde São Francisco de Assis (Hesfa); Doenças do Tórax; Estudos em Saúde Coletiva; Neurologia Deolindo Couto; Ginecologia; Psiquiatria;  Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira e a Maternidade Escola.

Números

“Somos 26 unidades com cerca de 1.500 professores (cerca de 140 eméritos) e cinco mil técnicos-administrativos. Temos 13 mil estudantes de graduação distribuídos pelos 31 cursos, que representam cerca de 32% do total de cursos da UFRJ. Esses números, bastante significativos, estão diretamente relacionados com a excelência das atividades realizadas no Centro”, contabilizou o decano Luiz Eurico Nasciutti.

O CCS oferece 29 programas de pós-graduação, a grande maioria com as maiores notas na avaliação da Capes (agência de fomento do MEC). Nos últimos anos foram criados seis mestrados profissionais, além de dois no campus Aloísio Teixeira, em Macaé, e no campus Geraldo Cidade, em Duque de Caxias, e há ainda 113 cursos lato sensu.

A grandeza do CCS, aponta o decano, também está relacionada à excelência das atividades de pesquisa realizadas nos seus 395 laboratórios. Além disso, o Centro sedia cinco instituições nacionais de ciência e tecnologia e quatro ramos  de pesquisa Faperj (entidade de financiamento de pesquisa) da rede Zika e de outros vírus, todas lideradas por pesquisadores do CCS, que conta com 62 biotérios. Nos últimos cinco anos, foi cadastrada na Pró-Reitoria de Extensão  uma média anual de 250 projetos, 150 cursos e 75 eventos de extensão.

Brigadas

O decano destacou o trabalho que as Brigadas Voluntária de Incêndio e de Produtos Perigosos e a Coordenação de Biossegurança realizam. Cerca de 130 pessoas foram treinadas para atuar em situações de emergência. “O trabalho voluntário dessas pessoas tem possibilitado nossa segurança e a não interrupção das atividades acadêmicas”, ressaltou Nasciutti, que também elogiou a atuação do Setor de Humanização e Acolhimento.

Depoimentos

“Esse universo que é o CCS não pode parar”

“Foi uma honra ser escolhida para representar os técnicos-administrativos na solenidade”, disse, emocionada, Ana Esteves, exibindo com orgulho o certificado que recebeu em reconhecimento à sua dedicação e ao excelente serviço prestado ao CCS por mais de duas décadas. E mesmo aposentada, ela continua servindo à comunidade do Centro, ministrando aulas de ioga como voluntária no Setor de Humanização e Acolhimento.

Todos os trabalhadores do CCS são dignos de homenagens, segundo Ana. “São pessoas que muitas vezes não são vistas, mas que sempre estiveram nos bastidores e carregam literalmente o piano quando é necessário, porque o espetáculo não pode parar. Tudo deve estar em ordem. Nada pode dar errado. O contrarregra não pode falhar. Esse universo que é o CCS não pode parar”.

Os olhos do Centro

Com 31 anos de UFRJ, Sebastião Amaro Coelho, administrador do CCS, também foi homenageado. “É legal quando a gente é lembrado por procurar fazer o melhor para o Centro funcionar, e bem. A administração são os olhos do prédio, porque tem que estar atenta a tudo que ocorre, independente da hora. Mas também nada acontece sem a limpeza, manutenção e a área técnica atuando”, reconheceu Sebastião.

Presente de Deus

O técnico em audiovisual Sylvio Petrônio Rocha Lopes, outro trabalhador homenageado, é quem comanda o Setor Audiovisual do CCS desde 2011, quando ingressou na UFRJ. Suas ferramentas de trabalho são projetores, data show e equipamentos de som. Sem esse profissional seria difícil (ou impossível) realizar atividades acadêmicas (conferências, cursos, seminários) e eventos festivos (como formaturas) nas cerca de 60 salas de aula, auditórios, teatro de arena, entre outros espaços do Centro. “Foi muito importante para a minha vida profissional entrar na universidade. Um presente de Deus”, definiu o servidor”.

Homenageados

  

 

*Reproduzimos matéria publicada no jornal Correio Braziliense. Lembramos que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 6/2019), da Reforma da Previdência, vai ser submetida, em dois turnos, ao plenário do Senado. O primeiro turno está previsto para esta quarta-feira, dia 25.

 

Das 77 mudanças à PEC 6/2019, apenas uma foi acatada pelo relator da matéria na CCJ do Senado. Alteração permite aposentadoria integral a funcionário que ingressou no serviço público antes de 2003. Votação na comissão está prevista para terça-feira

Por Alessandra Azevedo

postado em 20/09/2019 06:00 / atualizado em 20/09/2019 07:43

O senador Tasso Jereissati rejeitou 76 emendas
(foto: Marcos Oliveira/Agencia Senado)

Servidores públicos foram os únicos beneficiados pela mais recente versão da reforma da Previdência, anunciada nesta quinta-feira (19/9) pelo relator no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE). Das 77 emendas apresentadas no plenário com sugestões de mudanças no texto, apenas uma foi aceita: a que permite a quem ingressou no serviço público antes de 2003 e recebe, além do salário, gratificação por desempenho, tenha direito a aposentadoria integral.

Com a mudança, proposta pelo senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o tempo mínimo de contribuição deixa de ser exigido constitucionalmente nesses casos de rendimento variável. Para receber os valores integrais, os funcionários em questão não vão mais precisar completar 35 anos de serviço, no caso dos homens, ou 30, se forem mulheres, como estava previsto no parecer anterior. Continua valendo a regra de hoje: cada estado decide o critério de proporção para o cálculo desse tipo de aposentadoria.

A mudança vale para servidores federais, estaduais e municipais e não prejudica a economia esperada com a reforma em 10 anos, que continua estimada em R$ 876,7 bilhões. No relatório, Jereissati afirma que “o impacto é virtualmente nulo para a União”, porque trata de casos em que o servidor tem vantagens que variam de acordo com os indicadores de desempenho ou produtividade — critérios de avaliação incomuns, segundo ele, em âmbito federal.

Por ser uma emenda de supressão, que apenas retira um trecho e não altera o mérito, pode ser votada apenas pelo Senado, sem precisar voltar para a Câmara em seguida. Se os senadores concordarem, o trecho suprimido pode ser inserido na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 133/2019, a chamada PEC paralela, que também muda as regras previdenciárias e já começou a tramitar no Senado.

O relator rejeitou as outras 76 emendas dos senadores, que sugeriam desde mudanças em regras de cálculo de benefícios até diminuição de idade mínima de aposentadoria. Mas aproveitou para fazer um ajuste de texto a fim de manter a criação de uma alíquota mais baixa para trabalhadores informais e acabar com a controvérsia sobre se essa mudança tocaria no mérito da reforma, o que obrigaria que a reforma voltasse à Câmara.

Para resolver o impasse, Jereissati substituiu o termo “os que se encontram em situação de informalidade” por “trabalhadores de baixa renda”. Com isso, “não cabe mais a interpretação de que seja um grupo adicional”, explicou.

  • Paralela
  • Os senadores já apresentaram 189 emendas à PEC paralela, que reúne mudanças excluídas da original para que a tramitação não atrasasse. A presidente da CCJ, Simone Tebet, disse nesta quinta-feira (19/9) que negocia um plano de trabalho para tratar do assunto. A primeira fase de tramitação da PEC paralela foi simultânea à da PEC 6/2019. As duas passaram pelo plenário em conjunto e, agora, se separam: a original vai ser votada pela CCJ, na próxima terça-feira, e segue para avaliação do plenário. Já a paralela precisa ser avaliada pela Câmara quando acabar o trâmite no Senado.