O programa Linha Direta do Sintufrj desta segunda-feira, 1º de junho, debateu o trabalho remoto na UFRJ durante a pandemia. Os convidados foram dois representantes dos técnicos-administrativos no Conselho Universitário, Joana de Angelis e Roberto Gambine; a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia; e a técnica-administrativa Ana Maria Ribeiro.

A transmissão foi pela página do Sintufrj no Facebook e pelo canal do Sindicato no Youtube, redes nas quais o programa está disponível.

O centro da proposta considera a falta justificada como referência na organização do trabalho remoto, argumento com lastro em prerrogativas legais.

A sessão do Conselho Universitário em sessão remota extraordinária tem início previsto para as 9h30.

Acompanhe pelas redes do Facebook e YouTube.

 

CONFIRA NA ÍNTEGRA O PROGRAMA DESTA SEGUNDA, 1:

 

“Eles têm compulsão e gozo pelo jorro do nosso sangue. Eles não nos deixam respirar, quebram nosso pescoço e se regozijam com nossa dor. Eles atiram em nossos meninos rendidos dentro de casa, pelas costas.

Eles fazem publicidade do genocídio como mecanismo de controle, de domesticação dos corpos negros-alvo.

Eles nos matam por prazer e sadismo, investidos da condição de heróis, exterminadores do inimigo gestado nos porões de seu imaginário branco, podre e encurralado.

Nós emudecemos. O abate tem mesmo essa função, é diuturno, imparável, incansável, é disparado de todas as direções em nossa direção.

Nós portamos um alfanje para incisões precisas e profundas, uma cabaça com ervas para cuidar da úlcera, punhados de pólvora e sabedoria para fazer fogo, para explodir em fogo esse mundo que nos aniquila.

Nós somos búfalos, uma manada de búfalos. Nós temos a força que faz o leão chorar, e o esmaga, feito barata”.

Esses versos-desabafos são de Cidinha da Silva, autora de # Parem de nos matar! e abrem a série de reportagens e opiniões do site Geledés sobre João Pedro Mattos Pinto, 14, assassinado por agentes das polícias Federal e Civil, dentro de sua casa, na favela do Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 18 de maio, e de outro negro por um policial branco, George Floyd, 46 anos, em 25 de maio, em Minneapolis, nos Estados Unidos.

Reação

Em pelo menos 30 estados americanos – com direito a repercussão em outras capitais estrangeiras, como Berlim – a comoção explodiu em sucessivas manifestações, com centenas de prisões e duas mortes até agora, no fim de semana. O presidente americano, Donald Trump, utilizou as mídias sociais com retóricas racistas.

A cena do segurança George Floyd, 46, sendo asfixiado pelo policial Derek Chauvin, chocou a todos. “Mais grave ainda perceber que a história se repete e a vítima continua sendo negra. Não só na megapotência norte-americana, como também no Brasil. A cada 23 minutos, morre um jovem negro no nosso país, segundo levantamento feito pela Anistia Internacional na campanha Jovem Negro Vivo”, registra a diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck – feminista negra, médica, autora e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ.

“A reação das autoridades também se repete, tanto lá, quanto aqui. Quando as forças de segurança ao invés de proteger os cidadãos, são responsáveis por suas mortes, os governantes se esquivam de suas responsabilidades. No Brasil, a morte de João Pedro, 14, numa operação policial conjunta entre as polícias Federal e Civil causou indignação. E teve mais uma vez o Estado como responsável por encurtar a vida de negros. Por causar dor e sofrimento à família e a toda a comunidade.”

“O que mais falta para que assumam e implementem políticas de segurança pública que respeitem os direitos humanos e que sejam fundamentalmente antirracistas? O uso excessivo da força por agentes do Estado, inclusive o uso desnecessário da força letal, agride os direitos humanos de todas as pessoas, inclusive dos próprios policiais, desrespeita leis e protocolos, e precisa ser controlado com seriedade por todas as autoridades responsáveis pela segurança pública”, indaga, Jurema em seu artigo publicado no site Geledés.

“Não há nada de natural nas incursões das polícias em favelas e periferias brasileiras, sem mandado judicial, sem justificativa plausível de segurança pública e sem resultados efetivos além de mortes evitáveis. O Estado é responsável por essas mortes”, observa. Jurema chama a atenção, também, para o fato de que “muitas vítimas são alvejadas nas costas, à curta distância e nos membros superiores, indicando que estavam fugindo ou rendidas no momento em que foram mortas. Não é raro que, durante essas operações, pessoas que não trabalham no tráfico de drogas também sejam mortas e provas sejam forjadas contra elas. O que vemos, nos dias de hoje, cinco anos depois, é que nada, ou muito pouco mudou”.

“As vidas de George, de João Pedro e de tantos outros negros e negras assassinados pelo Estado, importam e merecem justiça. Enquanto as práticas racistas não forem transformadas em políticas públicas de inclusão e não forem punidas com rigor, as autoridades continuarão a ter suas mãos manchadas de sangue”, conclui Jurema.

 

 

 

 

 

Cresce adesão ao #Somos70porcento, e fim de semana tem ainda dois manifestos, de artistas e de juristas, além de ato de torcidas antifascistas na Avenida Paulista

Escrito por: Redação RBA

O economista Eduardo Moreira comemorou neste sábado (30) a adesão popular à campanha #Somos70porcento, lançada por ele. “A hashtag #Somos70porcento imediatamente após o lançamento subiu para o primeiro lugar no Brasil. Fomos terceiro no mundo num dia onde muitas coisas estão acontecendo”, afirmou. Além da adoção imediata nas redes por pessoas conhecidas do campo democrático , a campanha rompeu a bolha e foi replicado por celebridades como Xuxa Meneghel.

A apresentadora levantou a hashtag #Somos70porcento em seu perfil no instagram ao lado de um vídeo antigo, de 1998, quando estava grávida de sua filha Sasha. A barriga à mostra exibe uma bandeira do Brasil e a apresentadora, com figurino e cenário com as cores da bandeira, canta “Estamos chegando”. A postagem tem amplo apoio de seguidores.

A ideia de Eduardo Moreira transforma em marca uma probabilidade estatística. É baseada nas pesquisas que apontam um contingente de pessoas que ainda aprovam o governo Bolsonaro na casa dos 30%. Moreira observa que as pesquisas mostram a rejeição ao governo Bolsonaro subindo muito. E indicam também o apoio ao isolamento social se mantendo em patamares altos.

“Estamos chegando”

A sacada de Moreira, como o “estamos chegando” de Xuxa, faz alusão ao fato de que o crescimento da reprovação a Bolsonaro é uma tendência. E que o #Somos70porcento pode chegar a 80% em breve.

Segundo o Datafolha, além de chegar a uma rejeição recorde (ruim péssimo) de 43%, Bolsonaro já vê crescer em pouco mais de um mês e meio os que defendem sua renúncia ou o impeachment. Do início de abril para cá, caiu de 59% para 50% os que acham que ele não deve renunciar, enquanto subiu de 37% para 48% os que acham que devem.

A rejeição ao modo como o governo Bolsonaro conduz a crise do novo coronavírus alcança 50%, enquanto a aprovação está em 27%. A frase dita na reunião ministerial de 22 de abril pelo presidente, sobre distribuição de armas para a “população”, é reprovada por 72%.

“A ficha caiu. Fiquei impressionado que as pessoas estavam desanimadas, olhando para o outro lado e falando ‘poxa, mas é impressionante eles ainda têm 30%’. Foi então que eu percebi que os 30% estavam agindo cheios de firmeza e agressividade, como se fossem 70%. E nós que somos os 70%. Nós, que queremos um país democrático, somos a maioria”, observa, neste vídeo abaixo, postado pelo coletivo Mídia Ninja.

“Fora Bolsonaro”

O #Somos70porcento se soma a outras ações de oposição a Bolsonaro de forte impacto neste fim de semana. Ainda ontem circulou um “Manifesto Estamos juntos“, assinado por personalidades com posições que vão da esquerda à direita.

Assinam nomes como Luciano Huck, Flávio Dino, Fernando Haddad, Fernando Henrique Cardoso, Fernanda Montenegro, Antonio Fagundes, MARCO Nanini, Paulo Coelho, Fernando Meirelles, Oded Grajew, Luiza Erundina, Maria Alice Setúbal, Cristovam Buarque, Jean Willys, Nelson Jobim, Celso Lafer, Tostão, Casagrande, Vahan Agopyan, Marcos Palmeira, Eliane Brum, João Paulo Capobianco, Frei Betto, Lobão, entre outros.

Já neste domingo (31), alguns dos principais jornais do país publicam manifesto de página inteira. No texto, intitulado “Basta!”, os juristas afirmam que “o Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático.”

Também neste domingo, uma articulação de torcidas organizadas de futebol pela democracia fará ato de repúdio aos “ativistas” bolsonaristas. Alguns grupos têm ocupado, impunemente e sem serem contestados, faixas da Avenida Paulista para hostilizar as instituições, atacar as medidas de isolamento social contra a covid-19 e pedir intervenção militar.

Coletivos do Corinthians, Palmeiras, Santos, São Paulo – se reuniram durante a semana para organizar um ato antifascista, com concentração a partir do meio-dia, no Masp.