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“Os desafios das universidades federais” foi o tema da primeira mesa do Festival do Conhecimento, evento que celebra o centenário da instituição que começou nesta terça-feira, 14, e seguirá 24 de julho. Participaram o presidente e o vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Ifes (Andifes), João Carlos Salles e Edward Madureira Brasil, respectivamente.

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi o palco da abertura, pela reitora Denise Pires de Carvalho e o vice-reitor Carlos Frederico Leão Rocha. Mas, as cadeiras vazias não tiraram o brilho do festival que, em virtude da pandemia, tornou-se virtual, numa demonstração inequívoca de que a instituição continua produzindo e transmitindo conhecimento, cujo slogan do evento faz jus: “Universidade viva”.  

Resistência 

Os desafios das universidades públicas federais no Brasil foi o centro do debate na mesa de abertura das atividades programadas para o festival. “A UFRJ segue com suas atividades em ambiente remoto, porque fomos capazes de nos reinventar e estamos hoje brindando a produção e a geração do conhecimento que acontece nas nossas universidades públicas no Brasil. Mais de 95% da produção intelectual do país é produzida nos laboratórios, nas salas de aula, nos escritórios das nossas universidades. Estão todos de parabéns. E essa casa de quem produz conhecimento não há nada que possa nos tolher, impedir a liberdade de pensamento e de ação. Lutaremos sempre e defendermos as instituições públicas que são a casa do saber”, acrescentou a reitora.

O presidente da Andifes, João João Carlos Salles, afirmou: “Enfrentamos o absurdo extremo do obscurantismo, negacionistas, manifestações tão extremas de autoridades que vemos estimular o descontrole de uma pandemia como está até esquecemos que a crise na universidade é anterior, e tem dimensões mais antigas. A universidade está em perigo já há algum tempo”. 

Segundo o reitor da UFBA, a universidade não é apenas um lugar de produção de conhecimento, mas também um espaço de solidariedade e por isso incomoda num contexto obscurantista e de práticas autoritárias. “A universidade tem histórico de luta por liberdade democrática, contra a ditadura militar. Logo, é uma instituição que incomoda quem quer atacar a democracia, o estado democrático de direito”.  

Na avaliação de Salles, independente de reagir a ataques de diretores e ministros, reitores e estudantes têm desafios ainda maiores, que é fazer com que mais pessoas interajam na vida da universidade, compondo seus quadros. “Uma universidade é enriquecida quando se enegrece, quando tem o talento de sua gente bem acolhido, quando pessoas em condições niveladas têm os recursos para mostrar seu talento e podem, assim, enfrentar ameaças extremas, orçamentárias e políticas”, disse.  

O vice-presidente da Andifes, Edward Madureira Brasil, lembrou que atualmente o sistema federal de ensino conta com 69 universidades, mas até bem pouco tempo eram cerca de 30. Esse aumento ocorreu, disse, graças às políticas públicas que capilarizaram por todo país. “Não é mais privilégio de determinadas cidades ou estados. Chega ao Brasil inteiro”. “Peguei (entre 2006 e 2013) um momento em que a universidade pode sonhar de fato. Pode se projetar, se expandir e dar vazão ao seu projeto de se interiorizar. A universidade, naquela época, mais que dobrou de tamanho, fruto de políticas de expansão. Um momento em que olhavam para a gente com mais generosidade”,  observou o reitor da UFG, se referindo aos ataques atuais às instituições de ensino federais, que ele considera que se intensificaram a partir de 2019. 

Brasil lembrou que, em 2003, a Andifes entregou ao então presidente Lula o projeto de expansão do sistema federal que se materializou no Projeto de Reestruturação de Expansão das Universidades Públicas Brasileiras, com a criação de campus e interiorização da universidade. “Hoje temos mais de 300 campi espalhados pelo país”, contabilizou. 

“Eu diria que talvez o maior desafio com o qual a gente convive é o de  fazer valer aquilo que o artigo 207 da Constituição traz, ou seja autonomia universitária. E que neste momento é atacada a todo momento por agentes públicos da mais diferentes instituições”, apontou, referindo-se às instruções normativas e medidas provisórias com as quais o governo tenta intervir nas universidades. 

Ele concluiu sua participação no debate ressaltando que cabe à sociedade ser a avalizadora da universidade na certidão da autonomia. “Se temos uma meta a perseguir é a conquista de mais autonomia, se apoiando na importância do papel da universidade, como agora, na pandemia e quando especialistas da universidade são chamados a opinar em questões complexas. A palavra serena da ciência contra o negacionista, contra tudo que temos visto de tão ruim na nossa sociedade”.

Evento 

O evento prossegue nos próximos dias com a sua proposta de promover uma profunda reflexão sobre os desafios que as universidades federais, notadamente a UFRJ, têm pela frente, e não apenas por conta da pandemia do novo coronavírus, mas por conta dos tremendos retrocessos que a sociedade enfrenta neste momento. Estão previstas mais de duas mil atividades gravadas e ao vivo,  num festival que se propõe a ser plural, e contando com mais de 16 mil inscrições de ouvintes, entre alunos, professores, técnicos administrativos e trabalhadores terceirizados e do público em geral.  

 

 

CUT e movimentos sociais entregaram documento a parlamentares da oposição que o encaminharão à mesa diretora da Câmara. Próximo passo, diz Sérgio Nobre, presidente da CUT, é mobilizar sociedade pelo impeachment.

Matéria retirada do site da CUT. 

O pedido de impeachment de Jair Bolsonaro (ex-PSL), assinado pela CUT, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras sem Terra (MST) e União Nacional dos Estudantes (UNE) e mais de mil organizações da sociedade civil, foi entregue nesta terça-feira (14) a parlamentares da bancada de oposição, em Brasília. Os deputados vão protocolar o documento no Congresso Nacional.

Durante o ato simbólico em frente ao Congresso Nacional que marcou a entrega do documento, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que as entidades não têm a ilusão de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dê andamento ao pedido de impeachment. Maia já havia anunciado publicamente que “impeachment se dá por clamor popular”, lembrou Sérgio que explicou que o pedido é apenas o primeiro passo da campanha “fora, Bolsonaro”.

“Não temos ilusão de que eles vão aprovar o pedido se não tiver pressão popular. O passo mais importante vem agora e é mobilização com o povo brasileiro pedindo nas ruas para que o Brasil volte a ter esperança e volte a crescer”, disse Sérgio Nobre.

“Os crimes de responsabilidade [cometidos por Bolsonaro] são inúmeros e o maior deles, que estamos apontamos desde o início da pandemia, é que se o governo não tomasse medidas de proteger a vida, teríamos um genocídio, o que está se confirmando hoje”, disse o presidente da CUT reafirmando os motivos do pedido de impeachment e ressaltando que o Brasil já tem mais de 73 mil mortos pela Covid-19.

“Se Bolsonaro não for impedido, vai haver uma crise social sem precedentes no Brasil. É condição para a classe trabalhadora o ‘fora Bolsonaro’”, disse Sérgio, se referindo não só à crise sanitária, mas também à crise econômica que o Brasil enfrenta.

Um Brasil diferente, com geração de emprego não dá com Bolsonaro no governo

– Sérgio Nobre
Os deputados federais Erika Kokay (PT-DF), Natália Bonavides (PT-RN), Paulo Pimenta (PT-RS) e Carlos Zarattini (PT-SP) receberam o documento entregue pelas lideranças dos movimentos e se comprometeram a entregá-lo à mesa diretora da Câmara.

“Vamos encaminhar o documento e lutar para que, dentro do Congresso, o pedido siga em frente, seja analisado, que Maia abra o processo, e para isso, precisamos de mobilização popular contra esse genocida entreguista que quer acabar com o povo brasileiro”, afirmou Zarattini.

A deputada Erika Kokay reforçou o empenho dos deputados para que o pedido tramite na Câmara. “É um pedido para que o país possa apurar os crimes desse [Bolsonaro], que estufa o peito do fascismo para se perpetuar no poder e só se preocupa em dominar o Estado brasileiro, colocando-o a serviço de seus interesses”.

Bolsonaro tem que tirar o joelho do pescoço do Estado brasileiro

– Erika Kokay
O deputado Paulo Pimenta também apontou a necessidade de mobilização para que o processo de impeachment vá em frente na Câmara.

“Não existe outro caminho que não seja da luta, da organização e da resistência popular para derrotar esse governo genocida e criminoso de Bolsonaro e da gangue de milicianos que tomaram de assalto o país”, disse o deputado.

A deputada Natália Bonavides reforçou que “nesses momentos é que o povo brasileiro dispensa suas maiores energias em defesa da democracia”.

 

Ato que deu exemplo

O gramado da Esplanada dos Ministérios não foi tomado pela militância de forma a causar aglomerações, mas teve a presença de representantes dos vários movimentos que apoiam e assinam o pedido de impeachment de Bolsonaro.

Sérgio Nobre, presidente da CUT, afirmou que o objetivo do ato era ser simbólico para respeitar as recomendações de autoridades médicas e sanitárias de isolamento e distanciamento social para evitar a propagação e contágio pelo novo coronavírus.

Para a Secretária-Geral da CUT, Carmen Foro, o ato mostrou que mais uma vez a CUT e os movimentos sociais cumprem seu papel histórico de defender a democracia e a soberania no país. “Estamos mais uma vez, aqui no centro do poder, fazendo resistência, mostrando que somos de luta e não vamos aceitar o Brasil ser destruído por esse genocida que não tem a menor preocupação com o povo trabalhador brasileiro”

MST, UNE, representantes de outras entidades como União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Marcha Mundial das Mulheres e entidades representativas de religiosos também participaram do ato.

“Quem tem fé é favor da democracia e da vida”, foi a frase dita pela pastora Romi Bencke, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

O ato também contou com representantes de povos indígenas, LGBT´s e até mesmo de torcidas de futebol que lutam por democracia.

Para Alexandre Conceição, do MST, a entrega do pedido de impeachment é “um passo para vencer Bolsonaro, destruir o governo e construir democracia e vida no Brasil”.

“Estamos aqui contra um governo que destrói nossa soberania, nosso meio-ambiente, nossa Amazônia, que assassina indígenas, negros e quilombolas e que não se comove com as mais de 73 mil mortes no Brasil. Ao contrário, espalha mais o vírus”, disse.

Iago Montalvão, presidente da Une, afirmou ser porta-voz de mais de 200 entidades naquele momento, que se somaram à iniciativa e apoiaram o pedido de impechment.

“No Brasil, os estudantes já entendem que não há mais possiblidade de continuar com esse governo, da morte, em meio à pandemia. Não é possível que haja um governo que não se preocupa com a vida do povo”, disse Iago.

No ato, ele citou as mobilizações dos estudantes em 2019, quando Bolsonaro cortou investimentos na educação, o que levou milhões de estudantes às ruas em todo o país.

“A bandeira da educação uniu o Brasil. E um ano e meio desse governo foi só destruição da educação, das universidades, por isso não há mais condição. Acreditamos que essa é mais uma etapa de conclamar o povo à luta e tirar de lá todo esse governo”.

Para Vilmara do Carmo, da Marcha Mundial das Mulheres, o pedido de impeachment é um passo essencial na luta contra o governo Bolsonaro, mas a mobilização é necessária para que o processo tramite na Câmara.

“Temos certeza que ao nos livrarmos da pandemia seremos milhares em todas as cidades do Brasil para derrubar o governo que ataca direitos de mulheres, crianças, ataca a questão ambiental desrespeitando indígenas. Mas hoje estamos aqui para exigir que a chapa Bolsonaro/Mourão seja caçada e vamos seguir em marcha até que o país esteja livre desse tipo de gente.

Ainda durante o ato, o advogado Gustavo Ramos, do escritório Mauro Menezes Advocacia, que junto com o escritório LBS Associados foi um dos muitos a prestar assessoria jurídica para a elaboração do pedido de impeachment, explicou os principais pontos do documento.

Para ele a ação da CUT e movimentos, em conjunto com as dezenas de denúncias e outros pedidos de i impeachment chamam a atenção, mais uma vez, para que o Congresso Nacional dê andamento ao processo contra Bolsonaro.

Ele destacou a importância do documento por ser assinado por entidades representativas da sociedade civil de diversos setores que, segundo ele, dão ainda mais força ao pedido de impeachment.

Entidades de todo o país preparam denúncia por crimes de responsabilidade de Jair Bolsonaro 

O pedido de impeachment, que faz parte da Campanha Fora Bolsonaro, que teve início na última sexta-feira (10), com atos e panelaços em todo o país.