“As universidades poderão ser extintas por decreto presidencial”, alerta Rudi Cassel, no debate “Reforma Administrativa e as Universidades Públicas: verdades não ditas” promovido pelo Sintufrj e transmitido nos  canais da entidade do YouTube e Facebook nesta quinta 17.

O advogado do Escritório Cassel Ruzzarin que presta assessoria jurídica ao sindicato se refere aos superpoderes nas mãos do presidente se as mudanças nas regras que organizam o serviço público propostas pelo governo forem aprovadas pelo Congresso.

A mesma linha de alerta aos atuais servidores sobre o impacto da proposta desta reforma – a PEC 32/2020 – é dada pelos demais convidados.

“Todos serão colocados em carreiras em extinção”, anuncia Pedro Pontual, presidente da Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (Anesp). “Essa PEC permite que o setor privado assuma as funções de Estado em todas as áreas o máximo que puder. É uma bomba para o Brasil!”, sustenta.

“Tem muita gente que está iludida com a mentira de que a reforma administrativa não vai atingir os atuais servidores. Fizeram isso na reforma da Previdência e vimos o resultado. Se essa reforma passar, não haverá nem futuros servidores”, observa Sérgio Ronaldo, secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público (Condsef).

O dirigente conclama à mobilização já chamando para a agenda programada para o fim do mês pela CUT e entidades do serviço público. “Chegou a hora de tirarmos nossa panela da geladeira e colocar no fogo. Tá na hora de fazê-la ferver. Essa turma (governo e parlamentares) só se para pela pressão”.

A mediação do debate coube a Marisa Araújo, coordenadora do Sintufrj e secretária de Cultura da CUT-Rio. Marisa teceu comentários e pontuou questões importantes para a realidade dos servidores no governo Bolsonaro. Ela destacou a relevância da campanha conjunta das entidades do serviço público e seus sindicatos para barrar a reforma administrativa.

Confira a íntegra do debate “Reforma Administrativa e as Universidades Públicas: verdades não ditas”:

 

 

 

 

“Não dá para ser somente o secretário do colegiado. Precisamos ser voz ativa e ser atores nos colegiados da universidade”. A frase partiu não de um dirigente do Sintufrj, mas do assistente em administração da UFRJ, Luiz Felipe Cavalcanti, em sua apresentação on line na quarta-feira, 16 de setembro, segundo dia do curso de extensão “O Ser e o Fazer Técnico-Administrativo em Educação na Universidade Pública”, organizado pelo Núcleo de Bioética e Ética Aplicada (Nubea).

Luiz Felipe, que trabalha na Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ), participa do curso com colegas da UFRJ e de outras instituições de ensino do país. Para mostrar a diversidade e a qualidade do trabalho técnico-administrativo na universidade ele reproduziu o vídeo do Sintufrj Retrato do Trabalho na UFRJ. “Simpatizo com o vídeo pela apresentação dos técnico-administrativos em seus variados locais de trabalho e as suas narrações sobre o seu fazer diário”, elogiou.

O assistente em administração, que é também representante da categoria no Conselho de Ensino de Graduação (CEG) da UFRJ, fez a apresentação “O fazer técnico-administrativo e a luta contra a alienação do trabalho. Quem garante o funcionamento da universidade”. Luiz Felipe apresentou dados traçando o perfil da categoria, discorreu sobre o trabalho do técnico-administrativo, a identidade deste trabalhador em educação, o seu lugar dentro da instituição (colegiados) e as relações de poder existentes: reconhecimento e alienação.

Luiz Felipe abriu sua fala informando sobre a intervenção na UFRGS, com a nomeação de um reitor não eleito pela comunidade universitária, como forma de alerta para a conjuntura adversa que vive a universidade pública com a política empreendida pelo atual governo.

Ao tratar da reforma administrativa, ele fez outro alerta: “Vai gerar castas. Vamos ser submetidos a uma lógica policialesca, de quem trabalha mais ou trabalha menos, produz ou não produz, que nos colocará na lógica de mercado. Precisamos entender que a reforma vem para nos colocar em uma situação de mais vulnerabilidade”.

Ao analisar a hierarquização da categoria afirmou que “todos os técnicos e de todos os níveis são fundamentais para o funcionamento da universidade”. E enaltecendo a diversidade da categoria, observou: “Temos uma pluralidade enorme. Isso que dá a riqueza de nossa categoria e sua relevância.”

Em suas considerações finais, Luiz Felipe falou aos seus pares que o momento é de resistência para os trabalhadores da educação: “Precisamos garantir que não se retroceda, pois infelizmente estamos num governo que trilha o caminho para a extinção do serviço público e a sua privatização.”

E finalizou conclamando à tradição combativa da categoria: “Não importa o governo. Não vamos nos dobrar aos desvarios da lógica mercantilista e neoliberal.”

Reflexão

As reflexões e o debate da categoria técnico-administrativa sobre a sua realidade e o seu papel na universidade é uma importante iniciativa neste momento delicado da vida pessoal e profissional dos servidores públicos decorrente da pandemia, a maioria está em trabalho remoto, ainda mais diante da proposta de mudanças profundas para o serviço público e para seus trabalhadores na reforma administrativa do governo Bolsonaro.

O curso de extensão “O Ser e o Fazer Técnico-Administrativo em Educação na Universidade Pública”, que se realiza através da plataforma AVA@UFRJ, é transmitido pelo canal do Nubea no YouTube, semanalmente, às quartas-feiras, 14h. Ele foi iniciado no dia 9 de setembro, já com o acúmulo de debates na categoria com a realização do 1º Fórum Técnico-Administrativo da UFRJ promovido pelo Sintufrj nos dia 1º , 2 e 3 de setembro.

Este curso abordará temas como a história da categoria, carreira, a homofobia e o sexismo entre outras diferentes formas de violência no local de trabalho, organização, a defesa da universidade pública e a Universidade para os Trabalhadores, dentre outros. A previsão de término está marcada para 2 de dezembro. Participam técnico-administrativos de todo o país.

 

Situação é pior no Norte, onde apenas 43,0% das casas tinham acesso regular aos alimentos e no Nordeste (49,7%)

Matéria retirada do site da CUT.

Em 2017-2018, a insegurança alimentar (IA) afetou os lares de 10,3 milhões de brasileiros que, em alguns momentos entre os dois anos após o golpe de estado de 2016, viveram com fome ou medo de inanição. Dos 68,9 milhões de domicílios do país, 36,7% estavam com algum nível de insegurança alimentar, atingindo, ao todo, 84,9 milhões de pessoas.

Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil, do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (17).

Na comparação com 2013, a última vez em que o IBGE investigou a situação da fome no país, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a insegurança alimentar aumentou 62,4% nos lares do Brasil.

De acordo com o IBGE, a insegurança vinha diminuindo ao longo dos anos, desde 2004, quando aparecia em 34,9% dos lares, 30,2% na PNAD 2009 e 22,6% na PNAD 2013.

Depois do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff acabando com a agenda dos governos petistas de desenvolvimento social, com justiça e inclusão social, e combate à fome, impondo novamente ao Brasil uma agenda de  investimentos e de direitos sociais e trabalhistas, a insegurança alimentar subiu para 36,7%, ou seja, tem mais brasileiros passando fome ou comendo menos.

De acordo com a pesquisa, dos 68,9 milhões de domicílios no Brasil, 25,3 milhões (36,7%) estavam com algum grau de insegurança alimentar no período 2017-2018. Deste total, 16,4 milhões (24%) com insegurança leve; 5,6 milhões (8,1%) moderada; e 3,1 milhões (4,6%) grave.

Na população residente, estimada em 207,1 milhões de habitantes, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com segurança alimentar, enquanto 84,9 milhões habitavam aqueles com alguma insegurança alimentar – 56 milhões em domicílios com insegurança leve, 18,6 milhões moderada e 10,3 milhões grave.

No Norte, apenas 43,0% das casas tinham pleno e regular acesso aos alimentos. No Nordeste, 49,7%; no Centro-Oeste, 64,8%; no Sudeste, 68,8%; e, Sul, 79,3%.

Os domicílios onde os homens predominam têm mais segurança alimentar (61,4%). Já onde as mulheres são as pessoas de referência da casa, a insegurança alimentar é maior e pode chegar a 51,9% de domicílios com IA grave.

O recorte por cor ou raça mostra que nos domicílios com pessoa de referência autodeclarada parda, em 36,9% tinham segurança alimentar, mas em mais de 50% foi constatado todos os níveis de insegurança alimentar (50,7% para IA leve, 56,6% para IA moderada e 58,1% para IA grave).

Insegurança alimentar grave atingiu 3,1 milhões de domicílios, onde viviam 10,3 milhões de pessoas

A condição de Segurança Alimentar (SA) reflete o pleno acesso dos moradores dos domicílios aos alimentos, tanto em quantidade suficiente como em qualidade adequada, de tal modo que a pessoa entrevistada sequer relata preocupação ou iminência de sofrer qualquer restrição alimentar no futuro próximo.

Já na Insegurança Alimentar Leve (IA leve) há preocupação com o acesso aos alimentos no futuro e já se verifica comprometimento da qualidade da alimentação, ou os adultos da família assumem estratégias para manter uma quantidade mínima de alimentos disponível aos seus integrantes.

Nos domicílios com Insegurança Alimentar Moderada (IA moderada), os moradores, em especial os adultos, passaram a conviver com restrição quantitativa de alimentos no período de referência.

O nível de Insegurança Alimentar Grave (IA grave) significa que houve ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo, quando presentes, as crianças.

Em 2017-2018, a POF estimou a existência de 68,9 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil. Deste total, 63,3% (43,6 milhões) estavam em situação de Segurança Alimentar, enquanto os outros 36,7% (25,3 milhões) estavam com algum grau de Insegurança Alimentar: leve (24,0%, ou 16,4 milhões), moderada (8,1%, ou 5,6 milhões) ou grave (4,6%, ou 3,1 milhões).

Esse cenário foi proporcionalmente mais expressivo nos domicílios na área rural: lá, a proporção de IA grave foi de 7,1% (676 mil domicílios), acima do verificado na área urbana (4,1%, ou 2,5 milhões de domicílios).

Aquisição de grãos, farinhas, massas e pescados cresce segundo a insegurança alimentar

Quanto maior a gravidade da insegurança alimentar ( IA), menor aquisição alimentar domiciliar per capita anual de hortaliças, das frutas, dos produtos panificados, de carnes, de aves, de ovos, dos laticínios, dos açúcares, doces e produtos de confeitaria, de sais e condimentos, óleos e gorduras, bebidas e infusões e dos alimentos preparados e misturas industriais.

No sentido oposto, o aumento da IA refletiu diretamente apenas na aquisição de três grupos de alimentos específicos: os cereais e leguminosas, as farinhas, féculas e massas, e os pescados.

Confira aqui a íntegra da pesquisa.