Escolhida para coordenar os testes para verificar os efeitos da BCG na prevenção da Covid-19, a diretora do Instituto de Doenças do Tórax (IDT) da UFRJ, Fernanda Melo, disse que estudos mostram que pacientes previamente vacinados com a vacina utilizada em todo mundo contra a tuberculose não desenvolveram a forma mais grave da Covid-19.

Segundo ela, esse é o ponto de partida da pesquisa que reúne três unidades de saúde – o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), Pedro Ernesto (UERJ), e o Hospital Municipal de Barueri (SP) Dr. Francisco Moran.

“Existem estudos que demonstraram esse benefício (redução da gravidade da infecção pelo coronavírus), entre eles um publicado em agosto de 2020, que incluiu em sua análise 173 países, cujo resultado demonstrou que a cobertura vacinal com BCG estaria associada com menor mortalidade por Covid-19”, explica Fernanda Melo, que é professora de Tisiologia e Pneumologia do IDT.

Do ponto de vista prático, explica a pesquisadora, a investigação dos cientistas busca avaliar se a vacina BCG poderia ser útil até que uma vacina específica para a Covid-19 esteja disponível para a população.

Fernanda explica que a hipótese do uso da BCG para neutralizar a carga viral da Covid-19 surgiu de estudos que evidenciaram que países que mantiveram a vacinação universal com BCG, para prevenção de formas graves de tuberculose na infância, apresentavam uma incidência menor de Covid-19.

Outros estudos, informa a pesquisadora, demonstram o efeito da BCG na redução das taxas de infecções respiratórias bacterianas e virais em crianças.

A pesquisa começa agora. Haverá uma fase de recrutamento de voluntários por dois a três meses. O estudo será realizado com profissionais de saúde das três unidades envolvidas. Cada voluntário será acompanhado por 12 meses através de contatos telefônicos, visitas clínicas presenciais e coletas de exames laboratoriais.

 

Fernanda Melo, à esquerda, na inauguração da sala dos testes clínicos no sexto andar do HU

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