Dia 28 de outubro tem ato nacional e, em dezembro, nova plenária

Atenção, tudo é perigoso. Por isso, é preciso estar atento e forte – como alerta os versos da vigorosa canção de Caetano e Gil (Divino, Maravilhoso de 1968) –, nesta conjuntura de profundos ataques aos direitos do povo, aos serviços públicos e aos servidores. Se o governo Bolsonaro está endurecendo é necessário dar respostas contundentes. Esta percepção permeou a primeira plenária nacional virtual da Fasubra, realizada nos dias 15, 16 e 19 de outubro.

Inicialmente esse fórum privilegiado da categoria estava previsto para ocorrer em dois dias, mas diante da gravidade da conjuntura, os debates políticos se intensificaram. O importante é que houve consenso sobre a necessidade de mobilizar as bases para a construção de uma greve conjunta do serviço público. 

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, a plenária contou com 166 delegados credenciados e eleitos pelas suas bases. A categoria na UFRJ foi representada por 8 companheiros indicados pelas forças políticas e que compuseram a chapa única referendada na assembleia virtual do Sintufrj, no dia 13 de outubro. 

Delegação do Sintufrj: Walmir Penedo, Francisco de Paula, Milton Madeira, Marli Rodrigues, Rafael Raposo, Gerly Miceli, Jesse Moura e Fabrício Caseiro.

Deliberações

Os encaminhamentos e avaliações ainda estavam sendo tabulados nesta terça-feira, 20, explicou a coordenadora da Federação, Rosângela Costa. Mas ela antecipou que a plenária reafirmou a proposta de construção de uma greve ampla, no mínimo com o setor de Educação, e entre as resoluções destacava-se o esforço em ampliar a mobilização com os trabalhadores do serviço público estadual, municipal e das empresas estatais.

Calendário

A princípio a plenária havia definido algumas datas para lutas conjuntas, mas tudo indica que haverá mais discussão até o fechamento definitivo desse calendário. São elas:

. 28 de outubro: Dia Nacional de Mobilização, com atos presenciais onde for possível, adotando-se todos os cuidados que o momento pandêmico exige.

. Rodada de assembleias gerais entre 16 e 30 de novembro.

. Próxima plenária: na primeira quinzena de dezembro. 

(Mais informações, assim que for divulgado o relatório da plenária)

Todo mundo junto 

“É hora de envolver as entidades de base e intensificar a mobilização, porque o governo está endurecendo. Então vamos precisar dar respostas contundentes e de conjunto. Além disso, é necessário ampliar a articulação com outros setores, tanto dos servidores públicos federais, quanto das outras esferas. E,  mais do que nunca, é hora de realizar atividades e ações que façam o contraponto, para a sociedade, da propaganda que o governo tem feito contra o serviço público e contra a educação. São ataques em cima de ataques”, avaliou a coordenadora Rosângela.

“O governo ataca, a reforma administrativa agrava a situação e ainda há a pandemia como pano de fundo. Precisamos sair da defensiva, mas não com uma greve corporativa, ou um movimento isolado. Ações isoladas não têm grande êxito. Precisamos é de unidade nacional para resistir aos ataques do governo”, complementou a dirigente.

 

O segundo dia do Sintufrj Itinerante toda a atenção foi dada às trabalhadoras e trabalhadores da Maternidade Escola. A vã equipada para o atendimento presencial e on line, sob o comando da coordenadora-geral do Sindicato, Gerly Miceli, abriu os trabalhos às 10h e só encerrou o atendimento às 17h. 

“Foi muito bom. Esclarecemos dúvidas, encaminhamos demandas, enfim, estivemos com nossa equipe de profissionais à disposição das companheiras e companheiros desta importante unidade de saúde da UFRJ”, disse Gerly ao fazer um balanço do trabalho realizado pelo Sintufrj Itinerante, nesta terça-feira, 20.

Mas, segundo a dirigente, o que vale mesmo é a avaliação dos servidores: “É muito gratificante ouvir dos nossos sindicalizados que a nossa presença ali os aproximava mais não apenas do Sindicato, mas da UFRJ. E por isso estavam felizes com a iniciativa desta gestão sindical de levar o Sintufrj até os trabalhadores. E já estão agendando o nosso retorno à unidade”, contou Gerly.

Depoimento (veja também o vídeo)

Elaine Vieira foi uma das servidoras que teve suas necessidades atendidas pelo Sintufrj Itinerante, e fez um elogio comovente à iniciativa da direção: ‘Parabéns ao Sintufrj pela ideia brilhante do Sintufrj Itinerante. Eu precisava muito falar com o jurídico e consegui falar com o advogado, que me orientou nas questões que estava precisando. Nós aqui da Maternidade Escola, por estarmos longe da Reitoria, às vezes a gente se sente um pouco isolados dos acontecimentos e o Sintufrj foi muito feliz nessa atitude de chegar até nós, tirar nossas dúvidas, conversar. Estamos vivendo uma época em que o servidor está sendo muito maltratado, principalmente os que estão na linha de frente (da pandemia), e a gente precisa de um apoio para continuar servindo bem a população. Eu sinto que o Sintufrj está ajudando a gente nisso”.  

Aproximar a entidade dos seus sindicalizados é o objetivo com o Sintufrj Itinerante. Neste primeiro momento, a prioridade é atender as necessidades dos servidores das unidades de saúde da universidade, locais onde a maioria dos trabalhadores está atuando presencialmente.   

Próxima parada: IG

Depois do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e da Maternidade Escola, nesta quarta-feira, 21 de outubro, o Sintufrj Itinerante faz sua parada no Instituto de Ginecologia. A partir das 10h. Lá está previsto ainda uma reunião da direção com os enfermeiros para solução de conflito. 

Na quinta-feira, 22, o Sintufrj Itinerante vai estar no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG). 

 

 

 

Diretor técnico do Dieese explica que desestruturação do mercado de trabalho e o avanço da automação contribuem para quadro de instabilidade

Matéria retirada do site da CUT.

Seis em cada 10 trabalhadores brasileiros têm medo de perder o emprego nos próximos 12 meses, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos a pedido do Fórum Econômico Mundial (FEM). O Brasil está entre os dez países que têm a maior proporção de empregados com este temor.

O levantamento mostra que a Rússia possui mais trabalhadores com medo do desemprego (75%), seguida pela Espanha (73%). Em nono, o Brasil possui 63%. Entretanto, os brasileiros possuem um nível alto de preocupação, e 32% se disseram muito preocupados com a ameaça de demissão.

Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, afirma que o medo dos brasileiros de perder o emprego está vinculado à estruturação do mercado de trabalho. “Os países como Brasil e Rússia, que possuem um mercado desestruturado, levam um receio muito grande para seus trabalhadores em relação à perda do emprego”, explicou, em participação no Jornal Brasil Atual.

No Brasil, a elevada taxa de desocupação tem aumentado ainda mais desde o início da pandemia. Na penúltima semana de setembro, o Brasil atingiu a marca de 14 milhões de brasileiros sem emprego, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Automação do emprego

Segundo o especialista do Dieese, o baixo crescimento que já existia mesmo antes da pandemia é um fator importante para explicar o aumento do desemprego, mas os trabalhadores formais também começam a perder espaço com o avanço da tecnologia e automação da mão de obra, processo que pode ter se acelerado nos último meses.

“Existe a tecnologia chegando e substituindo a mão de obra dos trabalhadores formais e uma alta vulnerabilidade no setor informal. Tudo isso diante de uma desaceleração econômica com ampliação da taxa de desemprego, o que não permite às pessoas entrarem no mercado de trabalho. Elas passam a viver uma instabilidade grande”, explica o diretor técnico do Dieese.

A pesquisa mostra ainda que o temor pelo desemprego é em parte superado pela expectativa de requalificação profissional, promovida pelo próprio empregador, para atender às novas demandas. No Brasil, 79% dos trabalhadores disseram estar confiantes com a possível requalificação no trabalho.

Fausta acredita que a requalificação é importante, porém, é insuficiente diante do quadro atual. “A qualificação profissional sempre foi vendida como um mecanismo para o trabalhador se reintegrar ao mercado, mas não vemos isso. As pessoas que estão na base da pirâmide estão voltando em condições de maior vulnerabilidade e menos renda”, apontou.

 

 

Milhares de matemáticos assinaram uma carta aberta pedindo que a categoria não colabore mais com a polícia no desenvolvimento de softwares de vigilância

Matéria retirada do site do Portal Geledés

 

Mais de dois mil matemáticos assinaram uma carta concordando em boicotar toda a colaboração com órgãos policiais e aconselhando seus colegas a fazerem o mesmo. O objetivo é eliminar as tecnologias policiais em sua origem. Os autores do documento citam “profundas preocupações sobre o uso de aprendizado de máquina, IA e tecnologias de reconhecimento facial para justificar e perpetuar a opressão”.,

O policiamento preditivo é uma área chave onde alguns matemáticos habilitaram algoritmos racistas, que agora dizem aos policiais para tratar locais específicos como “pontos críticos” para potenciais crimes. Ativistas criticam o preconceito inerente a essas práticas há muito tempo. Algoritmos treinados em dados produzidos por um policiamento racista tendem a reproduzir esse preconceito.

“Os dados não falam por si, não são neutros”, diz Brendan McQuade, autor de um livro sobre o assunto. Dados policiais são dados “sujos”, porque não representam um crime, e sim policiamento e prisões, segundo McQuade. “Então, quais são as suas previsões? Que a polícia deve distribuir seus recursos no mesmo lugar que a polícia tradicionalmente distribui seus recursos”.

Algoritmos perpetuam o excesso

Esse modelo de policiamento começou a ser usado em 2013, e hoje sua implementação é vasta e obscura. Acredita-se que a maioria dos estados e grandes cidades dos EUA, como Chicago, Los Angeles e Nova York, use algum modelo de policiamento preditivo.

Pessoas negras enfrentam maiores taxas de homicídios causados pela polícia, assim como taxas de detenção desproporcionalmente altas. Dados raciais não podem ser usados como um fator em modelos de policiamento preditivo, mas a localização e fatores socioeconômicos substituem facilmente esses dados.

Segundo Tarik Aougab, professor assistente de matemática do Haverford College, o uso de tecnologias racistas para o policiamento não é surpreendente. O professor afirma que a principal motivação da polícia não é servir e proteger, mas “preservar uma ordem social que é estabelecida pela vontade das elites de proteger a propriedade. A instituição nunca se afastou dessa função básica durante toda a sua existência nesse país”.

Para McQuade, “a vigilância não envolve apenas policiamento, mas formas mais sutis de controle social”. Assim como a redução da população carcerária levou a um aumento do monitoramento domiciliar, também há o risco de a redução do número de policiais em patrulha leve a um aumento no uso da tecnologia de policiamento preditivo.

Boicote

Para grande parte dos matemáticos que assinaram a carta, os recentes assassinatos de pessoas negras por policiais nos EUA, que levaram às manifestações do “Black Lives Matter”, foram o estopim para o movimento.

Na carta aberta, os matemáticos propuseram um boicote generalizado. Eles prometem recusar toda e qualquer colaboração com a polícia. Dentre os que assinaram, está uma fundação matemática que permitiu ao fundador da PredPol, empresa de policiamento preditivo, hospedar um workshop patrocinado encorajando matemáticos a colaborar com a polícia.

A PredPol não é uma ferramenta neutra para fornecer dados, e sim uma empresa de policiamento que compara seu software com a polêmica estratégia de policiamento de “janelas quebradas”, na qual um departamento age fortemente contra violações incômodas, acreditando que isso coíbe crimes mais graves.

Em vez disso, tornou-se uma ferramenta de encarceramento em massa, enviando milhões de homens (especialmente jovens negros) para a cadeia por crimes não violentos. Ainda assim, a PredPol incentiva os departamentos de polícia a expandir o uso da tecnologia preventiva.

Parte do objetivo do manifesto é criar materiais éticos para cursos e conferências, além de criticar o policiamento e as tecnologias usadas nele. Igualmente importante é desenvolver uma cultura em torno da comunidade matemática, onde aqueles que cooperam com a polícia são marginalizados.

“Queremos que as pessoas sejam politizadas”, explica Aougab. “Isso é raro em matemática, porque existe essa crença amplamente difundida e falsa de que os matemáticos têm algum tipo de superpoder para serem objetivos e não influenciados por considerações políticas como qualquer outro ser humano”. A carta aberta é o primeiro passo para isso.

“Verniz científico”

Um algoritmo só pode ser tão bom quanto seus dados e, neste caso, os dados são derivados de ações tendenciosas de departamentos policiais.

Um estudo conduzido pelo Instituto AI em 2019 examinou departamentos de polícia e seus sistemas de policiamento preditivo. “Em várias jurisdições, esses sistemas são construídos em dados produzidos durante períodos documentados de práticas e políticas imperfeitas, racialmente preconceituosas e, às vezes, ilegais”, diz o resultado da pesquisa. No mesmo ano, uma auditoria descobriu uma séria falta de supervisão ou procedimentos em torno das ferramentas, tornando-as praticamente inúteis.

Segundo Aougab, “agora há um verniz científico para o que a polícia faria de qualquer maneira”, já que era esperado que a corporação não mudasse seu comportamento. A tecnologia virou apenas uma justificativa legítima para o que eles já faziam antes. Por isso, os matemáticos exigem que qualquer algoritmo passe por uma auditoria pública antes de ser implementado.

A ameaça da IA

Conforme pedidos de retirada de fundos da polícia se espalham pelos EUA, ativistas ficam atentos a aumentos no policiamento e vigilância baseada em algoritmos. Usar inteligência artificial é mais barato do que pagar salário para patrulheiros, mas é tendencioso e com resultados imprevisíveis.

Tecnologias de reconhecimento facial são usadas em todo o país para identificar, rastrear e prender manifestantes do BLM por uma suposta atividade criminosa, como forma de dissuadir outros a fazerem o mesmo. O movimento dos matemáticos busca equilibrar forças com a polícia, pelo bem do povo.