Esta quarta-feira, 28 de outubro é especial. Porque mesmo sob o domínio de um governo de extrema direita e inimigo das trabalhadoras e trabalhadores deste país, comemora-se o Dia do Servidor Público. Uma categoria de vieses tão múltiplos e por isso mesmo tão necessária à sociedade. Principalmente neste momento tão atípico em que o país e o mundo sobrevivem a uma pandemia sem precedentes na nossa história recente.
Nunca se precisou tanto dos servidores públicos como agora e em todas as frentes de trabalho. O destaque maior fica com as áreas da saúde e da pesquisa, mas o que seria de todos nós sem os funcionários das empresas públicas coletoras de lixo, por exemplo? Então, uma pergunta que não quer calar: por que os profissionais a serviço da sociedade estão ameaçados de extinção pela reforma administrativa do governo?
O Boletim Dia a Dia do Sintufrj inicia hoje uma série de três reportagens com fogo no protagonismo do servidor da UFRJ especialmente na frente da saúde.
Acesso universal
A enfermeira Aline Muniz trabalha no setor de apoio e suporte para dependentes químicos e alcoolismo no Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis (ex-Hesfa).
Servidora federal há 18 anos, ela afirma: “O serviço público tem que ser prestado com equidade, porque é um serviço prestado para todos e o direito é universal, independente de classe social. A partir desta lógica, como servidora pública do Sistema Único de Saúde sei que o serviço público nos dá algumas garantias que permitem que façamos um trabalho de qualidade. A partir do momento que temos estabilidade, trabalhamos não para servir como cargo político, mas para atender aos interesses da população de forma adequada”.
Marcos Padilha é técnico de enfermagem no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho há mais de três anos, atuando nos setores de internação clínica e acadêmico. Para ele, os servidores públicos são fundamentais para manter a máquina pública viva: “Sem nós, a população estaria padecendo nas mãos dos empresários. Eu, enquanto servidor e atuante no SUS, defendo o serviço público gratuito, universal e de qualidade”.
Padilha não tem dúvidas de que a atuação dos servidores no Hospital Universitário foi de fundamental importância para salvar vidas durante os momentos mais críticos da pandemia. “Tivemos medo, na verdade, muito medo… Encarar o novo e perigoso nos trouxe incertezas e preocupações. Mas como bons profissionais assumimos a missão que nos foi dada desde, que é servir ao povo brasileiro”, fala emocionado o profissional.
Para ele, o anúncio da reforma administrativa é um golpe no estômago por parte de alguém que deveria estar atuando ao lado dos servidores. “A reforma desvaloriza todo o nosso esforço e empenho durante a pandemia!”, lamenta.
Seguir em frente
“Essa mudança (se a reforma administrativa for aprovada pelo Congresso Nacional) será triste. Estamos trabalhando há tantos anos e não muda para melhor o atendimento para quem precisa. Mas como a gente gosta do que faz, o importante é saber que o que fazemos importa demais. São vidas e lutamos com todo sacrifício por elas, e estamos aqui para trabalhar”, define Laura Santos, técnica em enfermagem há 34 anos no IPPMG. Ele faz parte das centenas de profissionais de saúde da UFRJ que foram contaminados pelos vírus, por estar de frente no combate à pandemia.
“Não desistimos, mesmo com medo a gente tem que seguir em frente. Ficamos infelizes porque perdemos muitas pessoas. mas não deixamos de dar nossa assistência. É muito triste essa reforma administrativa anunciada. Eu estou saindo (se aposentando), mas qual será o futuro dos servidores que estão começando agora? Será que terão algum futuro?”, pergunta.