O posto drive thru para vacinação contra Covid-19 que funcionaria este sábado na Cidade Universitária, resultado de parceria da UFRJ com a prefeitura do Rio foi cancelado. O prefeito da UFRJ, Marcos Maldonado, explicou que, embora estivesse tudo pronto nos procedimentos de logística a cargo da universidade, a coordenação da Secretaria Municipal de Saúde que cuida da vacinação na região na qual o Fundão está inserido decidiu pela adiamento da operação. Outra reunião entre UFRJ e prefeitura do Rio está prevista para quarta-feira, dia 4, para encaminhar a operação.

A ideia do drive trhu (posto no qual as pessoas são vacinadas em seus carros) resulta do plano integrado para o qual a UFRJ foi convocada no esforço de acelerar a imunização na cidade. A universidade vai ceder espaço, estudantes voluntários e material para a instalação do posto no Polo de Biotecnologia (antiga BioRio, ao lado do CCS). Pode ser também que se instale outro posto na Praia Vermelha, próximo ao Instituto de Neurologia.

 

 

Quando a oferta é menor do que a demanda, vence quem tem maior poder de barganha, isto é, detém o poderio financeiro. É assim no capitalismo e assim está sendo na disputa mundial por vacinas para imunização para combater a pandemia de Covid-19. 

No Brasil, país em que o seu presidente minimizou a doença, gastou milhões em “remédio” milagroso, não apoiou as medidas de segurança para conter a expansão da pandemia, colocou um ministro que não entende nada de saúde pública, e deu de ombros para os esforços para produção e compra de vacinas, esta história beira ao absurdo.

Em meio a várias ações que vem ocorrendo pelo país para burlar a fila da vacina, autoridades dando carteiradas e clínicas privadas querendo um naco – apesar dos critérios de prioridade oficializados por um comitê científico -, recentemente empresários brasileiros, tendo o apoio do presidente Jair Bolsonaro, propuseram a compra de vacinas diretamente com os laboratórios! Eles se valem da incompetência governamental e da subserviência ao capital. Que o digam pesquisadores.

“Essa proposta é completamente indecente. Os empresários vão obter lucro com a venda de vacina, mais ainda os da saúde. Se isso for para frente vão obter um lucro enorme graças a incompetência do governo, principalmente do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. E vão criar um sistema paralelo de vacinação”, declara o pesquisador da Fiocruz Christovam Barcellos que é vice-diretor do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz).

Em post na internet Christovam é muito claro sobre as ações para furar a fila da vacina. Que existem 3 maneiras:  vacina quem tem mais prestígio – a famosa carteirada e o uso de padrinhos políticos; vacina quem tem mais poder – a pressão de corporações e ações na justiça; e vacina quem tem mais dinheiro – a privatização das vacinas nas clínicas particulares. E isso está limitado a uma parcela ínfima da população, pois 95% dos brasileiros não tem prestígio, poder e nem dinheiro.

O pesquisador explica ainda que a compra de vacinas pelo empresariado seria até admissível para outras doenças onde não existe competição e existe uma fartura de insumos. “A compra de alguns medicamentos e a realização de exames podem ser feitos amparados pela legislação do sistema de saúde brasileiro, o SUS, a Lei 8080, o que é feito na saúde suplementar”, esclarece. 

Mas no caso da pandemia de Covid-19 existe uma competição internacional por vacina entre os países e o Brasil está atrás. “Infelizmente nós vemos que alguns países da África e da Ásia estão ficando para trás. Os países da Europa, EUA e Canadá e alguns da América estão vacinando com mais velocidade. E a gente perde muito com essa competição”, observa o pesquisador.

“Imagina se uma parte das vacinas que poderiam ir para o SUS fossem para entidades privadas para vacinar pessoas que não têm prioridade? É importante lembrar que a lista de prioridade foi elaborada por um comitê científico que estabeleceu como critério salvar pessoas que poderiam morrer nos próximos meses. Esse é o critério principal”, observa. 

“Indígenas, pessoas mais idosas, portadoras de doenças crônicas, trabalhadores da saúde são pessoas que estão muito expostas a se contaminar e apresentam um risco muito grande. A gente aprendeu durante a pandemia que alguns grupos populacionais têm maior perigo de morrer. Esse é o objetivo dessa primeira fase da campanha”, coloca. 

O pesquisador informa que depois numa segunda fase, quando houver mais oferta de vacina, o objetivo será outro: o bloqueio da circulação do vírus. “Mais ainda não chegamos a essa fase e o número de vacinas disponíveis no mundo é muito pequeno”.

E no Brasil nem se fala. Atualmente, o governo Bolsonaro disponibilizou pouco mais de 12 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. Dessas, dois milhões são da vacina da Oxford, e 10,1 milhões da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan. 

O número, no entanto, não é suficiente para dar conta nem da primeira fase da imunização no país. Segundo estimativa do próprio governo, para isso seriam necessárias cerca de 31,1 milhões de doses. O Brasil tem mais de 220 milhões de pessoas.

A indefinição do governo Bolsonaro em relação à aquisição de mais doses de vacina levou governadores a pressionarem o governo federal e afirmarem que vão se movimentar para adquirir suas próprias doses. Quinze estados já tentam negociar a compra de imunizantes. 

 

 

Cortes de 70% prejudicam ações de combate à pandemia feitas pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz. Para senador Humberto Costa e o sanitarista Pedro Tourinho, só impeachment de Bolsonaro é solução para o país

Matéria retirada do site da CUT. 

Enquanto aumenta em 20% o valor gasto com alimentos para a Presidência, ministérios e órgãos do governo, num total de R$ 1,8 bilhão, em plena pandemia, Jair Bolsonaro (ex-PSL) corta em 68,9% a cota de importação de equipamentos e insumos,  livres de impostos, de outros países destinados para a pesquisa científica.

Bolsonaro retirou R$ 1,1 bilhão que poderiam ser utilizados, principalmente, nas ações desenvolvidas pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no combate à pandemia da Covid-19. Como este governo tem uma lógica genocida, de negacionismo da doença, a cota de importação caiu de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão, em valores atuais), no ano passado, para apenas US$ 93,29 milhões (R$ 499,6 milhões), neste ano de 2021.

O valor da cota de importação é definido por duas leis de 1990. O critério está a cargo do Ministério da Economia, comandado pelo banqueiro, Paulo Guedes, que declarou que só volta a pagar algum benefício a mais do que os previstos atualmente, se o Brasil atingir 1.500 mortes diárias e o plano de vacinação não der certo, durante um evento online, nesta semana, do banco Credit Suisse.

Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE), que também é médico, os recursos para a ciência e tecnologia vêm diminuindo significativamente desde o governo Temer, inclusive para a obtenção de insumos necessários para a vacinação. Em 2014, o valor da cota foi de US$ 700 milhões. Já no ano seguinte ao golpe contra Dilma Rousseff (2017), com Michel Temer (MDB-SP) no poder, e em 2019 e 2020, com Bolsonaro, caiu para menos da metade, US$ 300 milhões.

Ainda assim, diz o senador, o Brasil poderia ter muito menos perdas de vida por ter um sistema universal e gratuito de saúde, uma estrutura muito grande, e que mesmo sem comando, tem conseguido enfrentar a pandemia graças aos seus profissionais.

“Como médico é frustrante ver que temos o melhor sistema de vacinação do mundo, não só no número de doses aplicadas, mas pela produção, pela  experiência do pessoal, e não estamos fazendo nada disso por que este governo bate cabeça o tempo inteiro”, diz.

Para o médico sanitarista, Pedro Tourinho, que trabalha na linha de frente ao combate da Covid-19, em hospitais de Campinas e Piracicaba, interior de São Paulo, este corte é completamente fora de propósito, especialmente num contexto de pandemia.

“Este tipo de política deveria ser feita quando há necessidade de fortalecer a produção nacional, o setor local, quando este setor tem capacidade de atender a demanda interna, o que não é o caso atual, e não no meio de uma pandemia. O Brasil já está fragilizado no setor da pesquisa, sem insumos para tratamento da covid-19”, critica Tourinho.

Já Humberto Costa afirma que esta atitude é mais demonstração clara do total descompromisso do governo Bolsonaro com a saúde da população e no combate à pandemia. Ele ainda lembrou que recentemente, o governo aumentou os impostos sobre o oxigênio e a decisão só foi revogada pela pressão da sociedade devido à situação caótica em Manaus (AM), com os doentes morrendo asfixiados, por causa da falta do produto.

Poderíamos agir de uma forma diferente, inclusive na vacinação, se o governo Bolsonaro tivesse minimamente um compromisso com a vida

– Humberto Costa

A atuação do governo na pandemia é para o sanitarista Tourinho, apenas um exemplo da imensa fragilidade do atual governo federal em garantir a soberania brasileira. Para ele, o Brasil está à mercê dos governos da China e da Índia, resultado do desmonte da pesquisa e da produção de vacinas, cuja capacidade sempre tivemos para atender a população.

“É hora de importar, de ampliar e não de reduzir , para realizar medidas necessárias para avançar e produzir localmente nossas vacinas e remédios e defender o nosso povo”, defende o sanitarista.

O senador petista concorda que o descaso de Bolsonaro com a pandemia, com a saúde da população e a ciência compromete a soberania nacional. E é preciso atuar politicamente para que o corte da cota de importação de insumos e equipamentos para pesquisas seja revisto.

“Vou consultar nossa assessoria jurídica para que dentro do Congresso Nacional possamos reverter, se possível, via decreto legislativo, esses cortes. Para isso, é importante que este caso seja denunciado e o governo volte atrás”, ressaltou Costa.

Só o Fora Bolsonaro garante combate à covid-19

O governo Bolsonaro é um obstáculo pra todas as formas possíveis para o povo se defender, seja para a obtenção de vacinas, seja por seus vetos à toda iniciativa de combate a pandemia, acredita o sanitarista Pedro Tourinho.

“A vocação deste governo é genocida, sem compromisso com quem trabalha na saúde, com a cidadania. O Brasil é campeão mundial no número de mortes de trabalhadores e trabalhadoras da saúde para o coronavírus. É o segundo em maior em mortes no mundo. É um horror”, afirma o médico.

O país não tem saída a não ser pelo impeachment de Bolsonaro. O Fora Bolsonaro é imprescindível para o Brasil retornar a economia e a saúde da população. Este governo é uma tragédia, sem o mínimo de compromisso com o povo brasileiro

– Pedro Tourinho

O impeachment do presidente também é visto pelo senador Humberto Costa como a única saída para o país superar esta crise sanitária, econômica e social.

Bolsonaro é incompetente politicamente, não tem nenhum compromisso social, e é completamente indiferente ao sofrimento da população. Não acredito que o país tenha saída sem que a gente tire o presidente do poder

– Humberto Costa