Relator, que discutiu o texto da PEC com a equipe econômica do governo, anunciou nesta sexta (26) que vai retirar a desvinculação dos gastos mínimos com saúde e educação para facilitar aprovação de auxílio

Matéria retirada do site da CUT. 

A reação de senadores de oposição, sindicalistas e representantes dos movimentos social e estudantil obrigaram o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 186, chamada de PEC Emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC), a recuar e retirar do texto o dispositivo que acabava com os gastos mínimos para a saúde e a educação, como queria o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), em troca da aprovação do novo auxílio emergencial.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já havia se comprometido com representantes da CUT e demais centrais sindicais, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), do Movimento dos Sem Terra (MST), da União Nacional dos Estudantes (UNE), e  secretários estaduais de educação e da saúde, a negociar com os demais senadores a retirada do texto da PEC o parágrafo que estabelecia que estados, municípios e União ficariam desobrigados de investirem o mínimo em saúde e educação, como prevê a Constituição, e priorizar a aprovação de um novo auxílio emergencial.

Na manhã desta sexta-feira (26), o senador bolsonarista Márcio Bittar finalmente reconheceu em entrevista que o projeto não será aprovado caso o fim do piso de gastos nessas áreas seja mantido e, por isso, fará o ajuste no texto, a ser apresentado na próxima semana, segundo reportagem publicada no UOL.

Contrários à ideia de desvincular os gastos da saúde e educação, os senadores da oposição, independentes e até da base do governo,  não deixaram sequer que o relatório da PEC fosse lido em plenário do Senado,  na quinta-feira (25).

A desistência em relação ao fim do piso de investimento mínimo em saúde e educação, tem o objetivo de preservar os demais dispositivos de controle de despesas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse a aliados que não pretende votar a proposta para criar o novo auxílio emergencial, sem que o texto inclua medidas de ajuste fiscais nas contas públicas, prejudiciais à população, como quer o ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes.

 

 

“O Decreto 10.620 é mais um com foco em descentralizar e extinguir o serviço público aos poucos, e, em especial, as autarquias e fundações”, afirmou o assessor jurídico do Sintufrj, Rudi Cassel, ao abrir a live promovida pela direção sindical, na sexta-feira, 26, para esclarecer aos técnicos-administrativos em educação sobre o que pretende o governo Bolsonaro com mais este ataque aos direitos dos servidores públicos federais. No caso, ao regime próprio de aposentadorias. A iniciativa sindical foi conduzida pela coordenadora-geral da entidade, Gerly Miceli.

De acordo com o advogado, o Sintufrj entrará com uma ação coletiva em nome dos sindicalizados contra o decreto, que, segundo analisou, “é cheio de contradições e inconstitucionalidades”. Rudi apontou que “não existe estrutura no INSS para administrar as aposentadorias dos servidores e, também, por enquanto, o decreto não afeta quem já está aposentado ou é pensionista”.

Risco é concreto 

O assessor fez um alerta: “É um risco concreto que o serviço público desapareça e que as universidades – se passar a PEC 32 da reforma Administrativa –, sejam todas ocupadas por empresas privadas alinhadas ao governo”, acrescentando que “o decreto é mais uma etapa do conjunto de absurdos que vem ocorrendo e, independente da vinculação política do servidor, exige uma atuação comum”.

Medidas do Sintufrj 

Gerly Miceli encerrou a live afirmando que o Sintufrj está tomando providências com relação ao decreto no campo jurídico e também fará pressão política. A dirigente sindical aproveitou a oportunidade e reforçou a convocatória para a assembleia geral da categoria, online, no dia 3 de março, quarta-feira, às 10h, com inscrição pelo link divulgado pela entidade. 

“A assembleia é importante para tomarmos posição e nos organizarmos para lutar contra a reforma administrativa e alguns conteúdos da PEC Emergencial que trata sobre o serviço público. Sobre o Decreto 10.620/21, o Sintufrj está dando o encaminhamento jurídico, conforme já informado. Em relação ao que faremos politicamente, decidiremos no nosso fórum deliberativo, que é a assembleia. A expectativa é que seja cheia, porque os ataques são muitos”, afirmou Gerly.

Assista a live na íntegra: