Brasil tem média de quase 100 mil novos diagnósticos por dia, muitos deles graves, e médicos afirmam que o kit covid pode agravar as consequências da Covid-19 e levar à morte

Matéria retirada do site da CUT. 

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) segue ignorando a ciência, sugerindo medicamentos que, ao invés de prevenir ou tratar a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, pioram a saúde dos pacientes e contribuem até para aumentrar o número de mortos, a pandemia segue descontrolada no Brasil.

Em 24 horas, entre a quarta e a quinta-feira (25), o país registrou mais 2.639 mortes, totalizando 303.726 vidas perdidas desde o inicio da pandemia no ano passado.

A média móvel de mortes no país nos últimos sete dias chegou a 2.276, variação de +29% em comparação à média de 14 dias atrás, de acordo com cálculos do consórcio de imprensa.

Há 64 dias seguidos o país registra média móvel de mais de mil mortes por dia, e há nove dias a média está acima de duas mil vidas perdidas por dia.

O número de novos diagnósticos também não para de crescer. Em 24 horas foram registrados quase 100 mil novos casos da doença, totalizando 12.324.765 pessoas contaminadas desde fevereiro de 2020.

Aumento do número de mortes pode ter como causa o Kit Covid

Apesar do caos, e mesmo com evidências científicas de que o chamado “tratamento precoce”, principal estratégia de Bolsonaro para combater o coronavirus, está aumentando o número de mortes de pacientes graves e levando outros à fila de espera por transplante de órgãos como fígado e rins, vários médicos continuam prescrevendo remédios como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Nenhum deles funciona contra a Covid-19. A ciência comprovou, a Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, já alertou para efeitos adversos.

Médicos contrários ao uso do medicamento por não terem eficácia comprovada alertam que quando usados em doses inadequadas e contínuas, ou por pessoas com algumas doenças prévias, esses remédios podem causar efeitos graves como insuficiência renal, arritmia e hepatite medicamentosa, que são lesões no fígado, órgão que metaboliza drogas, ou agravar as consequências da Covid-19 e levar à morte.

À BBC News Brasil, médicos de hospitais de referência  afirmaram que a defesa e o uso do “kit covid” contribui de diferentes maneiras para aumentar as mortes no país.

Para 15% a 20% das pessoas que contraem a forma grave da doença e precisam de internação, essas drogas podem prejudicar o tratamento no hospital e contribuir para a morte de pacientes, disse à reportagem da BBC o médico intensivista Ederlon Rezende, coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo.

“É nesses pacientes que os efeitos adversos dessas drogas ocorrem com mais frequência e esses efeitos podem, sim, ter impacto na sobrevida”, disse o médico, que é ex-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

O “Kit covid” também mata de maneira indireta, ao retardar a procura de atendimento, absorver dinheiro público que poderia ir para a compra de medicamentos para intubação, e ao dominar a mensagem de combate à pandemia, enquanto protocolos nacionais de atendimento sequer foram adotados, complementaram médicos intensivistas do Hospital das Clínicas, Albert Einstein e Emilio Ribas.

Além disso, têm as sequelas de quem consegue sobreviver. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o Hospital das Clínicas da Unicamp constatou que uma pessoa saudável desenvolveu hepatite medicamentosa após contrair o coronavírus em dezembro e ser medicada com as drogas do “kit Covid”. Esse paciente entrará para a lista de transplante de fígado, segundo Ilka Boin, professora da Unicamp e diretora da unidade de transplante hepático da universidade.

 

 

 

De janeiro a março deste ano já morreram 234 profissionais, metade dos 468 óbitos registrados em todo ano de 2020. Entidade internacional alerta para a exaustão e escassez de trabalhadores

Matéria retirada do site da CUT. 

Na linha de frente do combate à Covid-19, os profissionais de enfermagem mortos pela doença no Brasil equivalem a  23% dos  óbitos na categoria no mundo.

Segundo o Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), que analisou 60 dos 130 países, 3 mil profissionais morreram com complicações da Covid-19 em um ano de pandemia no mundo.

De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), 702 enfermeiros, enfermeiras, auxiliares e técnicos e técnicas de enfermagem morreram no Brasil em 365 dias.

Só entre janeiro e março deste ano, morreram 234 profissionais de enfermagem. Esse número representa metade dos 468 óbitos em todo ano de 2020 no Brasil.

A técnica de enfermagem, Roberta Garcia, que não atua diretamente com o combate à Covid no hospital privado em que trabalha, afirma que é nítida a exaustão e o impacto do dia a dia hospitalar na vida dos colegas e das colegas de profissão. Segundo ela, não teve mortes de profissionais da enfermagem onde ela trabalha, mas a mãe de uma delas faleceu esta semana.

“Quando não somos uma de nós, alguém da família ou um amigo pode ser contaminado. O que vejo em meus colegas é muito cansaço e sobrecarga com muito trabalho, pouco insumos para o atendimento aos pacientes e a empresa continua dando cada vez mais serviço e menos amparo para gente. A gestão do hospital não valoriza os funcionários e a gente não teve nenhuma gratificação. No final de ano não deram um panetone sequer”, disse Roberta.

E a realidade destes profissionais também foi constatada por um estudo sobre as condições de trabalho na saúde feito pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) em todo território nacional. De acordo com os resultados da pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19”, a pandemia alterou de modo significativo da vida de 95% desses trabalhadores e quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo desta crise mundial de saúde, com jornadas para além das 40 horas semanais.

Os participantes da pesquisa também relataram o medo generalizado de se contaminar no trabalho (18%), a ausência de estrutura adequada para realização da atividade (15%), além de fluxos de internação ineficientes (12,3%).  Mais de 10% dos profissionais denunciaram a insensibilidade de gestores para suas necessidades profissionais.

A enfermeira e conselheira-secretária do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT), Lígia Cristiane Arfeli, afirmou em um artigo que a enfermagem sempre trabalhou acima do limite e do não cumprimento das normas técnicas por parte dos gestores públicos e privados. Segundo ela, com a pandemia do novo coronavírus isso tomou outra dimensão.

O adoecimento precoce e a morte iminente são cada vez mais reais, diz ela. E as causas disso são as condições precárias de trabalho diante da hiperlotação das unidades de saúde, pronto atendimento, enfermarias e Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tanto as públicas quanto as privadas. Sem contar o esforço sobre-humano para proporcionar atendimento aos doentes de Covid-19, muitas vezes em macas, cadeiras e bancos. A profissionais conta que tem locais onde deveriam ser atendidos  18 pacientes e que tem hoje estão atendendo  cerca de 40. O sentimento dos profissionais é que todo esforço, dedicação e assistência parecem insuficientes, o que causa frustrações significativas e abalo emocional, afirma.

“Enfatizamos que as ações de fiscalização foram intensificadas. Gestores têm sido constantemente notificados para que cumpram as normativas. Porém, não temos o poder sobre as organizações públicas e privadas e recorremos à intervenção do Ministério Público através das Ações Civis Públicas. A sociedade precisa reconhecer nosso trabalho e os gestores garantirem condições adequadas e o dimensionamento mínimo de profissionais nas unidades de saúde”, disse Lígia, que informou que o Cofen também busca com os governantes leis para proteger a categoria.

A coordenadora do estudo da FioCruz, Maria Helena Machado, disse para uma reportagem publicada no site do Cofen que após um ano de caos sanitário, a pesquisa retrata a realidade dos profissionais que atuam na linha de frente, marcados pela dor, sofrimento e tristeza, com fortes sinais de esgotamento físico e mental.

“Eles e elas trabalham em ambientes de forma extenuante, sobrecarregados para compensar o elevado absenteísmo e ainda em gestões marcadas pelo risco de confisco da cidadania do trabalhador, como perdas dos direitos trabalhistas, terceirizações, desemprego, perda de renda, salários baixos, gastos extras com compras de EPIs, transporte alternativo e alimentação”, detalhou.

OBSERVATÓRIO DE ENFERMAGEMObservatório de Enfermagem

Escassez de trabalhadores

Entidade internacional alerta sobre escassez de trabalhadores

Exatamente um ano depois que a Organização Mundial da Saúde descreveu a Covid-19 pela primeira vez como uma pandemia, o Conselho Internacional de Enfermeiras disse que o esgotamento e o estresse levaram milhões de enfermeiras a pensar em abandonar a profissão.

O presidente-executivo do ICN, Howard Catton, disse que as enfermeiras passaram por “traumatização em massa” durante a pandemia, sendo levadas à exaustão física e mental. “Eles chegaram a um ponto em que deram tudo o que podiam”, disse ele aos repórteres do Japan Times.

Em um relatório, o ICN disse que a pandemia “pode desencadear um êxodo em massa da profissão”, já no segundo semestre de 2021. A escassez global de enfermeiros pode aumentar para quase 13 milhões, acrescentou.

“Podemos estar no precipício”, disse Catton, lembrando que levou de três a quatro anos de treinamento para produzir uma enfermeira novata.

Demissão em massa e falta de medicamento

O trabalho estressando, a falta de medicamentos e os hospitais superlotados levaram 27profissionais da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, no interior de São Paulo,a pedir demissão em massa esta semana. Eles chegaram a uma “situação limite”, de acordo com uma matéria publicada no Jornal O Globo.

Sem trabalhadores, o hospital afirma que não tem mais, no estoque, analgésicos para intubação de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e solicitou a transferência de 60 pacientes com intubação, parte deles com Covid-19.

Em entrevista ao portal G1, o infectologista e gerente médico da Santa Casa, Roberto Muniz Júnior, disse que aguarda resposta do sistema do governo do estado que gerencia a transferência de pacientes, o Cross. Segundo ele, o hospital não recebeu do Ministério da Saúde os remédios que estavam previstos.

Perfil das mortes

Segundo o observatório de enfermagem, site do Cofen que registra os números de casos e mortes na categoria, São Paulo, Amazonas e Rio de Janeiro são os estados recordistas de óbitos entre os profissionais.

OBSERVATÓRIO DA ENFERMAGEMObservatório da Enfermagem

Dentre os 702 óbitos de profissionais de enfermagem levantados pelo observatório, 204 eram enfermeiros, 407 técnicos e 91 auxiliares com idade média de 48 anos e, em sua grande parte, mulheres.

A Região Sudeste é onde estes profissionais mais morrem e a Sul a que menos morre.

OBSERVATÓRIO DE ENFERMAGEMObservatório de Enfermagem

Casos de infecção

O número de casos entre a categoria também é grande. Das mais 12.324.765 casos de Covid-19 na população como um todo, mais de 50 mil são profissionais da enfermagem que já tiveram contato com o vírus.

São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro são os estados onde a categoria mais se contaminou. As mais infectadas são as mulheres (85,25%).

SOS Médicos: os maiores especialistas do Brasil gravaram um vídeo pedindo ajuda para os brasileiros para combater a Covid-19, que já matou mais de 300 mil pessoas, assista:

 

 

 

Ciência e tecnologia, saúde e educação têm previsão de investimentos menor que os valores executados em 2020

Matéria retirada do site Brasil de Fato. 

O Congresso Nacional aprovou, na noite desta quinta-feira (25), o Orçamento da União para 2021. Em meio à maior pandemia do século, o valor previsto para ser usado com saúde é de R$ 136,3 bilhões. Deputados e senadores aumentaram em cerca de R$ 10 bilhões o valor proposto pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) para a área. Em 2020, o valor executado com saúde foi de R$ 160 bilhões.

O Orçamento 2021 tem um teto de gastos de R$ 1,48 trilhão. O texto final do PLN 28/2020 foi aprovado, na Câmara dos Deputados, por 346 votos a favor, 110 contra e uma abstenção. Já no Senado Federal, foram 60 votos a favor, 12 contrários e também uma abstenção. O documento aprovado segue agora para sanção presidencial.

C&T é uma das áreas mais afetada

A área de Ciência e Tecnologia teve o segundo maior corte de orçamento, com diminuição de 28,7% em relação a 2020. Diminuir investimentos em inovação e pesquisa afetam diretamente o combate ao coronavirus, já que o país ainda não possui tecnologia própria para vacinas e tem menos de 8% da população vacinada.

No entanto, o relator-geral do projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021, senador Marcio Bittar (MDB-AC), avalia, em entrevista à Agência Senado, que o congresso conseguiu fazer um orçamento que preserva o setor.

“Do projeto que chegou às minhas mãos, por mais que alguém diga que não, nós aumentamos o dinheiro para educação e para saúde, garantimos os recursos para a continuidade da pesquisa sobre a vacina brasileira, que vai acontecer ainda este ano”, analisou o senador.

Segundo o relator, o orçamento prevê mais de R$ 20 bilhões para que o governo federal continue comprando as vacinas e 200 milhões para que a vacina nacional seja desenvolvida.

Educação sofre corte de 27%

O deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), em entrevista à Agência Câmara, criticou o texto final aprovado e disse que esse deveria ser um momento para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele pediu mais recursos para geração de empregos, agricultura familiar, assentamentos da reforma agrária e quilombolas.

“O orçamento corta os recursos das universidades, da educação. Nós não podemos concordar com isso. Nós temos que fortalecer a educação e criar oportunidades para as pessoas estudarem. Esse orçamento corta recursos do seguro-desemprego em um período em que estão desempregados 15 milhões de brasileiros e numa crise econômica que vai aumentar o desemprego no país. O Congresso Nacional não pode ser conivente com essa política de forma nenhuma”, disse o deputado à Agência Câmara.

O orçamento destinado à educação é de R$ 74,56 bilhões, um corte de mais de 27% em relação ao ano passado.

Em carta divulgada ainda na quarta-feira, antes da aprovação do texto final, deputados de oposição já apontavam os efeitos desse corte para a educação pública brasileira: “Para que escolas, universidades, institutos federais e instituições de pesquisa possam atuar no enfrentamento da pandemia, no desenvolvimento nacional e na recuperação do país, é imprescindível que elas tenham os recursos mínimos necessários”.

“A pandemia mudou a vida dos brasileiros e já matou quase 300 mil pessoas, impactando milhões de outras. Mas, também, explicitou a inegável importância da ciência, da saúde, da educação e dos serviços públicos para a vida do povo. É a ciência que cria meios efetivos de enfrentamento da pandemia, como testes, sequenciamento genético, equipamentos hospitalares, fármacos etc. É a ciência que possibilitará o retorno à normalidade, por meio da vacinação em massa. É a educação que, por meio de professoras e professores, vem criando alternativas para a manutenção de vínculos educativos e para a garantia do direito ao ensino”, disse ainda a carta.

 

 

 

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