O Quilombo IFCS/UFRJ, uma iniciativa da comunidade universitária do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais articulada por docentes, estudantes e técnicos-administrativos(as), será lançado nesta quinta, 18 de novembro. O objetivo é organizarnegros e negras da universidade e fomentar debates acerca das relações raciais presentes na UFRJ.

A ideia surgiu a partir da comissão de sindicância instaurada para apurar o caso envolvendo o professor Wallace de Moraes, do Departamento de Ciência Política (DCP/IFCS), impedido de compor uma banca de concurso para preenchimento de vaga para professor adjunto do departamento, sob a justificativa de que “para ele, tudo é racismo”. O professor Wallace é o único docente negro do DCP e um dos dois únicos professores negros dos setenta e oito professores do IFCS.

A criação do Quilombo IFCS/UFRJ surge em um momento de grande polarização no país, onde as pessoas se sentem à vontade para serem racistas.  O Quilombo pretende ser um espaço de organização, debate e formulação para a universidade, para acabar com o argumento de que “não há racismo na UFRJ”, como explica a técnica-administrativa Sonia Reis, secretária executiva do Programa de Pós-graduação em Filosofia (PPGF): “Tenho 34 anos de universidade e sempre vivenciei as experiências dediscriminação sozinha e, conversando com os outros membros mais novos na UFRJ, reconheci o que sofri neles. Muitas vezes precisamos chegar ao limite para que alguma atitude seja tomada. Queremos interromper esse ciclo”.

O Quilombo, composto em igualdade de representação entre técnicos, docentes e discentes, pretende formar comissões para atuar no IFCS como núcleos permanentes de promoção de debates, seminários e acolhimento, além de formular disciplinas e demais atividades acadêmicas para a graduação e pós-graduação. “A gente quer conversar sobre isso, queremos ser ouvidos. A gente quer que o IFCS seja antirracista. Quanto mais esse assunto é debatido, mais resistência ele fomenta. A importância é de resistir, de continuar, de seguir em frente”, diz Sonia.

SERVIÇO

O lançamento do Quilombo IFCS/UFRJ será transmitido pelo canal do YouTube do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias (CPDEL/UFRJ)e contará com a participação do professor e idealizador da iniciativa, Wallace de Moraes, da técnica-administrativa Sonia Reis, da diretora do Sintufrj e integrante da comunidade do IFCS, Damires França, além de lideranças e intelectuais dos movimentos sociais e de negritude. Confira a programação abaixo e não perca!

O sábado, 20 de novembro (20N), Dia da Consciência Negra será celebrado em todo o país com atos de protestos articulados pelo movimento Convergência Negra e o Comitê Nacional Fora Bolsonaro. No Rio de Janeiro a programação começa às 7h, com a lavagem do busto de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, culminando com a tradicional Marcha da Periferia em Madureira, às 13h.

Para mais informações acesse CT Comunicação/atividade https://chat.whatsapp.com/BRHDdF8ERsLG0KkXohN3m3

 

 

 

Atos já estão marcados no Brasil e do exterior para este feriado de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e também de dizer #ForaBolsonaroRacista. Confira onde tem ato e participe

17 Novembro, 2021. Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Marize Muniz

 

REPRODUÇÃO

“Fora Bolsonaro Racista”. Este será o grito que se ouvirá nas ruas de todas as capitais e várias cidades do país e do exterior neste sábado, 20 de novembro, feriado em que se celebra o Dia da Consciência Negra. Confira abaixo a lista de cidades onde já tem atos marcados.

Este ano, no Dia da Consciência Negra, os manifestantes vão levar às ruas as pautas da classe trabalhadora e as da luta antirracistano Brasil. As mobilizações organizadas pelos movimentos negros serão unificadas com os atos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

“Trabalhadores e trabalhadoras estarão nas ruas porque não aceitam mais este governo que já ceifou a vida de mais de 600 mil pessoas, um governo que promove a fome, o ódio e a cada dia, provoca mais tragédias e destruição”, diz o presidente da CUT, Sérgio Nobre, convocando a classe trabalhadora a participar dos atos.

A unificação das lutas neste ato #20NForaBolsonaroRacista, que tem também pautas como a geração de emprego decente, pelo fim da fome e da miséria e contra a política econômica do governo Bolsonaro foi consenso entre as entidades que integram a Campanha Nacional Fora Bolsonaro e as que organizam, já há alguns anos, os atos de 20 de novembro. Entre elas, a Coalizão Negra por Direitos.

A secretária-Adjunta de Combate ao Racismo da CUT, Rosana Fernandes, reforça que as principais pautas da classe trabalhadora, que tornam urgente o impeachment de Bolsonaro, são pautas que, na verdade, impactam mais a população negra. “A fome e a miséria estão nas periferias, onde a maioria da população é negra, discriminada e historicamente com menos oportunidades na sociedade”, diz a dirigente.

Os protestos já estão organizados em mais de 60 cidades até o momento – tanto no Brasil quanto em cidades do exterior. Ainda há coletivos, sindicatos e organizações que estão em processo de preparação de atos, que posteriormente serão divulgados.

Nas redes

Além ruas, os protestos serão feitos também nas redes sociais com a hashtag#20NForaBolsonaroRacista. O secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa convoca todos que não tiverem condições de ir às ruas neste sábado a se mobilizar nas redes sociais protestando contra o desgoverno Bolsonaro.

“Todos aqueles e aquelas que acreditam que uma sociedade mais justa, igualitária, sem discriminação e preconceito é possível, têm de fazer sua parte neste dia – exigir o fim do governo Bolsonaro. Um Brasil melhor só é possível com este genocida fora do poder”, diz o dirigente.

Confira a lista de cidades onde já tem atos marcados.

 

RJ – Rio de Janeiro – Viaduto Negrão de Lima (Viaduto de Madureira) | 13h

 

Norte

AP – Macapá – Praça Veiga Cabral | 15h

RR – Boa Vista – Praça do Centro Cívico | 8h

Nordeste

BA – Itabuna – Jardim do O Centro | 9h

BA – Salvador – Campo Grande | 13h

CE – Fortaleza – Praça da Bandeira | 8h

MA – Santa Inês | Praça da Matriz (em frente a Caixa Econômica) | 7h30

MA – São Luís – Praça do Viva Liberdade | 15h

PB – João Pessoa – Lyceu Paraibano | 9h

PB – João Pessoa – Teatro Santa Rosa | 14h (Ato em 19/11)

PE – Afogados da Ingazeira – Ato Unificado Sertão do Pajeú – Concentração STR | 7h30

PE – Recife – Pátio do Carmo | 14h

PI – Teresina – Praça da Liberdade | 16h

PI – Teresina – Parque da Cidadania | 16h

RN – Mossoró – Praça da Pax | 8h

RN – Natal – Midway | 15h

SE – Aracaju – Praça da Abolição (Bairro América/Nos fundos da Loja Havan) | 15h

Centro-Oeste

DF – Brasília – Museu Nacional | 15h

GO – Formosa – Praça Rui Barbosa | 16h    

GO – Rio Verde – Praça da Vila Promissão | 15h30

MS – Campo Grande – Praça Ary Coelho | 9h

MT – Cuiabá – Beco do Candeeiro | (Aguardando infos)

Sudeste

ES – Pedro Canário – (Aguardando infos)

ES – Sapê do Norte – Região das Comunidades Quilombolas de Linharinho | 8h

ES – Vitória – Ato na Quadra da Escola de Samba Independente de São Torquato | 10h

ES – Vitória – Praça de Gurigica | 15h

MG – Alto Jequitibá – (Aguardando infos)

MG – Barbacena – Praça do Rosário | 15h

MG – Belo Horizonte – Praça da Liberdade | 15h

MG – Divinópolis – Quarteirão fechado da Rua São Paulo | 8h30

MG – Governador Valadares – Praça Principal do Bairro Conquista | 8h

MG – Ipatinga – Em frente à escola Arthur Bernardes | 8h30

MG – Juiz de Fora – Praça da Estação | 10h

MG – Luz – Atos no Município | 13h

MG – Montes Claros – Praça Doutor Carlos | 8h

MG – Ouro Preto – Praça em frente ao Barroco | 9h30

MG – Pará de Minas – Praça da Matriz | 10h

MG – Pouso Alegre – Praça da Catedral | 10h

MG – Santos Dumont – Praça Cesário Alvim | 10h

MG – São João del Rei – Coreto | 15h30

MG – São Sebastião do Paraíso – Praça da Abadia | 10h

MG – Uberaba – Quadra de Esportes Uberaba I | 9h30

SP – Guarulhos – Praça do Stella | 8h30

SP – Ilhabela – Praça da Mangueira | 15h

SP – Jacareí – Ato Praça Marielle Franco | 18h (Ato em 19/11)

SP – Jundiaí – Praça do Gabinete de Leitura Rui Barbosa | 9h

SP – Marília – Ilha da Galeria Atenas | 10h

SP – Mauá – Praça do Relógio, Próx. Estação CPTM | 10h

SP – Pindamonhangaba – Rua Antifascista, Travessa Rui Barbosa, 37 | 9h

SP – Praia Grande – Praça Helena Cardozo Bernardino (Pça P1 – Samambaia) | 14h30

SP – São Carlos – Mercadão | 9h

SP – São Paulo – MASP | 12h

Sul

PR – Curitiba – Largo da Ordem/Praça João Candido | 15h

PR – Londrina – Calçadão, entre a Hugo Cabral e Pernambuco | 9h

RS – Porto Alegre – Largo Glênio Peres | 15h

SC – Florianópolis – Praça da Alfândega | 9h

SC – Lages – Praça João Costa (Calçadão) | 9h

No Exterior

Alemanha – Berlim – Pariser Platz | 12h até 13h40 (horário local)

Itália – Roma – Piazza della Repubblica | 17h (horário local)

Itália – Roma – Via Monte Testaccio 22 | 20h (horário local)

Portugal – Porto – Centro Português de Fotografia ( Largo amor de Perdição) l 15h

Suiça – Genebra – Quai Wilson, 1201 enface du Palais Wilson, cotê lac | 11h às 13h (horário local)

 

 

 

Percentual de crianças que se alimentam três vezes ao dia caiu de 76% antes do golpe para 26% com Bolsonaro

Publicado: 17 Novembro, 2021. Escrito por: Redação CUT

Imagem: ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL

Um dia após a divulgação dos dados sobre o crescimento da fome entre as crianças brasileiras, que aumentou depois do golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT), o relato de uma professora publicado pela BBC News Brasil, revela a rotineira tragédia brasileira.

Uma garota de 8 anos desmaiou de fome em uma escola da rede pública do Rio de Janeiro, contou uma professora à reportagem da BBC Brasil.

“Fui pegar algo para ela na minha mochila — porque eu sempre levo um biscoitinho ou uma fruta para mim mesma. Mas não deu tempo. Ela desmaiou em sala de aula“, disse a professora.

A garota é mais uma das milhares de crianças  vítimas da destruição de políticas públicas desde 2015.

Percentual de crianças que se alimentam 3vezes ao dia caiu de 76% antes do golpe para 26% com Bolsonaro

O percentual de crianças de 2 a 9 anos que têm café da manhã, almoço e jantar todos os dias no Brasil caiu de 62%, em 2018; para 28%, em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro; e para 21%, no ano passado, patamar mais baixo dos últimos seis anos. Este ano, o percentual é de 26%.

Antes do golpe, 76% das crianças brasileiras faziam as três principais refeições ao dia. Em 2016, com o ilegítimo Michel

Temer (MDB-SP) na presidência, o percentual caiu para 42%. Em 2017, passou para 46% e, em 2018, subiu para 62%.

As informações foram divulgadas pela GloboNews, que com os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde, por meio da Lei de Acesso à Informação.

A estudante que desmaiou de fome no Rio é negra e estuda em uma escola próximo a um complexo de favelas na Zona Norte da capital fluminense.

Segundo a professora, o episódio aconteceu em setembro, quando a menina chegou à sala de aula “bem atrasada” e com as mãos geladas, embora o tempo estivesse quente.

“Ela sentou e abaixou a cabeça na mesa. Eu estranhei e chamei ela à minha mesa. Ela veio e eu perguntei se ela estava bem. Ela fez com a cabeça que estava, mas com aquele olhinho de que não estava. Perguntei se ela tinha comido naquele dia, ela disse que não”.

“Eu fiquei realmente sensibilizada por essa situação”, conta a professora. “Por que é isso: a fome. Uma fome que a criança não sabe expressar a urgência. E que envolve muitas vezes a vergonha. Para ela é algo humilhante, por isso ela não consegue expressar.”

Cenário se repete em todo o país

A reportagem ainda traz dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando que o que ocorreu no Rio de Janeiro se repete em todo o país.

“Professores da rede pública de todo o Brasil relatam episódios semelhantes, num momento em que o país soma 13,7 milhões de desempregados e a inflação de alimentos consumidos em domicílio acumula alta de mais de 13% em 12 meses”, diz o texto.

Segundo professores de todo o país ouvidos pela jornalista Thais Carrança, os alunos com fome sofrem com perda de motivação e apresentam episódios de agressividade com colegas e educadores.

“A gente respira fundo e vai fazer campanha para cesta básica, para coleta de alimentos, para mantê-los em sala de aula. Eu me sinto às vezes cansada, mas me sinto na obrigação de me manter firme e fazer algo por essas crianças, para que eles sintam que podem contar conosco, que não seremos mais um a abandoná-los”, disse uma professora de língua portuguesa na rede estadual do Paraná, com quase 30 anos de profissão.

Em outro caso na Zona Oeste do Rio, relatado por um conselheiro tutelar, uma menina de 7 anos agrediu um colega e xingou a professora.

“Ela havia agredido uma colega, depois desafiou a professora e, por fim, acabou tentando agredir a direção. A escola nos chamou para conversar com essa criança e sua família, para saber se se tratava de uma reprodução de violência [quando uma criança agredida reproduz a violência que sofre]. Mas, conversando com essa criança, ela nos relata vontade de comer”, contou.

Em Sumaré, a cerca de 100 quilômetros da capital paulista, uma professora de Educação Física relata que alunos desmaiam de fome durante as aulas.

“Com a volta às aulas presenciais, depois da pandemia, temos observado vários casos de alunos passando por necessidade. Casos de fome mesmo, de que o único alimento que o aluno tem é na escola”.

Em um dos casos, a professora diz que o aluno desmaiou em uma aula à tarde porque estava sem comer o dia todo.

“Nós percebemos na educação física, porque o aluno desmaiou na quadra. Aí, conversando, ficamos sabendo que ele ainda não tinha se alimentado naquele dia e já era o período da tarde”, relata aeducadora, explicando que, na escola estadual, há apenas uma refeição por turno, na hora do intervalo (10h para os alunos da manhã e 16h para os da tarde).

Deixando o estudo para trabalhar

Outra realidade enfrentada nas escolas é a evasão dos alunos, que têm deixado as aulas para trabalhar e ajudar no sustento da família.

“A partir dos 13, 14 anos está acontecendo essa evasão, que é ainda mais grave no Ensino Médio. Acredito que, com o fim do auxílio emergencial, isso pode aumentar”, relatou a professora de Sumaré.

“Tenho um aluno do 7º ano e a irmã dele está no Ensino Médio no mesmo colégio. Eles foram criados pela avó e, no ano passado, ela faleceu devido à covid e eles simplesmente ficaram órfãos. Eles não têm nenhum recurso, ficaram na casa de parentes. E nós temos vários casos assim, são muitos casos por turma. A escola está tentando monitorar para ver se essas crianças estão bem, quem ficou responsável por elas e se elas contam com alguma rede de proteção”, contou uma professora da rede pública do Paraná.