Ato foi realizado em várias cidades do país e fazem parte das manifestações “Fora, Bolsonaro”, que vem sendo realizadas ao longo dos anos. Em São Paulo, mais de quatro mil mulheres ocuparam a Avenida Paulista

Publicado: 6 Dezembro, 2021/Escrito por: André Accarini | Editado por: Rosely Rocha

ROBERTO PARIZOTTI

O 4 de dezembro, data escolhida para mais uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um dia de levante das mulheres de todo o país. O movimento ‘Bolsonaro Nunca Mais’, encabeçado pelos coletivos de mulheres da CUT, centrais e de várias entidades que integram a Campanha Nacional Fora Bolsonaro ocupou as ruas de várias cidades brasileiras em todos os estados.

Além de São Paulo, onde mais de quatro mil mulheres fizeram um ato seguido de marcha na Avenida Paulista,  foram registrados atos em diversas cidades locais, como Recife (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Campinas (SP), Ubatuba (SP), Santos (SP), Brasília (DF), Palmas (TO), Fortaleza (CE), Juazeiro do Norte (CE), Florianópolis (SC), Chapecó (SC) e João Pessoa (PB).

“Nossa marcha foi um grito em defesa da vida, contra a fome, de fila do osso, contra o genocídio e a violência. Fomos às ruas dizer chega de violência contra as mulheres na sociedade, no trabalho, na política e dentro de casa”, disse Juneia Batista, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, que participou dos atos em Aracaju, capital de Sergipe.

A dirigente destaca o engajamento e a representatividade dos protestos, que contaram com adesão das várias entidades e de representantes de partidos políticos de esquerda. Além de mulheres, homens que defendem o fim da violência contra a mulher também estiveram presentes às manifestações.

Juneia reforça também que a marcha foi parte de um grande movimento da sociedade que, durante todo ano foi às ruas protestar contra o atual governo “Nós mulheres fomos às ruas para fazer a nossa parte e lutarmos pelos nossos direitos, para gritar ‘Fora, Bolsonaro’. Foi do tamanho que seria, depois de oito manifestações durante o ano”, diz a dirigente.

Ainda de acordo com Juneia, os protestos deste 4 também são um anúncio de como serão os atos do dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher, que reforçarão o ‘Fora, Bolsonaro’, no próximo ano.

ROBERTO PARIZOTTI

Queremos a ser felizes

Assim como em 2018, quando as mulheres deram início ao movimento #EleNão, alertando para os retrocessos que viriam nos anos seguintes se Bolsonaro fosse eleito, o movimento Bolsonaro Nunca Mais também representa uma ‘vanguarda’ na luta para derrubar o fascismo que se instala em nosso país.

Em entrevista para o Brasil de Fato, Sônia Coelho, integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF) e da Marcha Mundial de Mulheres (MMM) afirmou que “é importante tirar o Bolsonaro, nem que seja um dia antes dele terminar o governo dele”. Para ela, “é impossível continuar convivendo com um governo que destrói vidas e direitos todos os dias”.

Também lembrando 2018, em São Paulo, a secretária das Mulheres da CUT São Paulo, Márcia Viana, convocou as mulheres a permanecerem em luta. “Estamos nas ruas contra o desemprego, contra a fome e a miséria. Não dá mais para suportar a situação que vivemos com cerca de 20 milhões de pessoas, inclusive crianças, passando fome, não podemos esquecer também as cerca de 620 mil vítimas da Covid-19”, disse a dirigente em referência à atuação de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

Nós, em 2018, estivemos no ‘ele não’ para alertar quem era Bolsonaro. As mulheres avisaram e estão nas ruas novamente. Nosso compromisso é retirar esse fascista do poder

– Marcia Viana

ROBERTO PARIZOTTI

 

“Por mim, vacina é opcional”, diz o presidente; no Brasil, 8 a cada 10 mortos por covid não se vacinaram

Publicado: 6 Dezembro, 2021- Escrito por: Caroline Oliveira | Brasil de Fato

TANIA REGO/AGÊNCIA BRASIL

O presidente Jair Bolsonaro (PL) pretende enviar uma Medida Provisória (MP) ao Congresso Nacional a fim de restringir ao governo federal a decisão pela obrigatoriedade do passaporte da vacina contra a covid-19. O anúncio foi feito neste domingo (5), em Brasília. 

“Tem uns itens [na lei] que falam das medidas a serem adotadas por qualquer agente sanitário, estado e município. Quero trazer para agente federal. Por mim, vacina é opcional. A lei era da pandemia, não falava de vacina ainda”, afirmou Bolsonaro  

O presidente se referia à Lei 13.979, sancionada em fevereiro de 2020, que estabelece as medidas para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. O trecho específico citado por Bolsonaro permite aos agentes de saúde locais, nos âmbitos estadual e municipal, a adoção de medidas profiláticas, como a vacinação. 

A legislação estabelece que “para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus”, poderá ser adotada, entre outras medidas, “a determinação de realização compulsória de vacinação e outras medidas profiláticas”.

Bolsonaro disse que poderia “partir para uma vacinação obrigatória, mas jamais faria isso porque, apesar de vocês não acreditarem, eu defendo a verdade e a democracia. Agora, não pode dar para prefeitos e governadores essa liberdade. Sei que a maioria não está adotando isso, mas tem alguns que já estão ameaçando, ameaçando demissão”. 

A exigência do passaporte vacinal está vigente em pelo menos 16 capitais do país, de acordo com um levantamento feito pelo G1: Brasília, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Teresina. 

Variante ômicron 

Algumas autoridades passaram a exigir o comprovante para o acesso a alguns espaços dos municípios após a descoberta da variante ômicron, identificada pela primeira vez por cientistas da África do Sul. Descobriu-se depois que a nova cepa já havia sido encontrada em infectados da Holanda.

Hoje ainda não dá estudos concretos sobre os riscos apresentados pela ômicron, mas é de conhecimento que a nova variante possui uma quantidade expressiva de mutações e que tem chances elevadas de ser mais transmissível do que as outras.  

No dia 12 de novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enviou um pedido ao governo federal a fim de determinar o comprovante de vacinação para a entrada de passageiros vindos do exterior no Brasil. A solicitação, no entanto, até o momento não foi atendida pelo capitão reformado. 

Diante da postura negacionista do governo, o partido Rede Sustentabilidade entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) cobrando a exigência do comprovante. “O governo federal vem, mesmo nos momentos de maior crise, menosprezando os controles fronteiriços recomendados pelos órgãos técnicos e adotados pelos demais países que tiveram sucesso no controle da pandemia, especialmente no que tange às viagens aéreas”, defende a sigla na ação. 

“Certamente, não se quer que o número de mortes causado pela variante delta em território brasileiro, responsável por um cenário apocalíptico na cidade de Manaus, se repita com a nova variante recém-descoberta na África do Sul.” 

Vacinas salvam vidas 

Um estudo feito pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), a pedido do UOL, mostrou que oito a cada 10 pessoas que morreram por covid-19 no Brasil não tomaram nenhuma dose de vacina contra a doença. 

Desde março deste ano, quando a segunda dose começou a ser aplicada, a quantidade de óbitos diminuiu em 94%. De 306.050 brasileiros que faleceram devido à doença, 243 mil não tomaram nenhuma dose. O número representa 79,7% dos óbitos. 

 

General Augusto Heleno autorizou 81 operações ilegais de mineração na Amazônia desde 2019. Sem nenhum controle, atividade representa danos à natureza, perigo às comunidades e saqueamento das riquezas naturais

Publicado: 6 Dezembro, 2021/ Escrito por: Redação CUT | Texto: André Accarini | Editado por: Rosely Rocha

DIVULGAÇÃO / EXÉRCITO

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, General Augusto Heleno, tem se comportado de acordo com as expectativas do presidente que dizem respeito a permitir a destruição de nossos ecossistemas, como vem sendo observado com o avanço do desmatamento da Amazônia.

E é na região que vêm sendo tocados projetos de exploração de riquezas naturais que não só representam riscos às comunidades indígenas próximas, mas também um verdadeiro saqueamento dessas riquezas. Desde 2019, o militar já autorizou 81 projetos considerados danosos ao meio ambiente.

Somente este ano, em uma região específica – São Gabriel da Cachoeira (AM) – o general autorizou sete projetos de pesquisa e exploração de ouro. A região, situada próximo à fronteira entre Brasil e Venezuela é praticamente intocada. Lá vivem 23 etnias indígenas.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, da CUT, Daniel Gaio, esse tipo de mineração é realizada sem nenhum controle, nenhuma tipificação dos materiais e é comercializada sem que órgãos de controle possam sequer fiscalizar.

Para Daniel a atuação do general Heleno está em consonância com as características do atual governo. “É um governo que constrói sua agenda política por meio de ações ilegais não só por corrupção e pela tomada de espaços públicos, mas também pela associação a organizações criminosas”, diz o dirigente.

Ele cita como exemplo o escândalo que evolveu o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, denunciado por facilitar a remessa ilegal de madeira da Amazônia ao exterior.

Heleno é um dos principais conselheiros de Bolsonaro e cabe a ele autorizar ou não a esses projetos de mineração.

Ilicitudes federais

O secretário de Meio Ambiente da CUT ainda lista outras agravantes que demonstram o caráter predatório do governo Bolsonaro à natureza e que vão além: colocam a segurança e a saúde de povos nativos em risco.

Ele explica que não há controle sobre a forma como são realizados os garimpos nem informação de como vão operar. E mesmo assim, essas operações são facilitadas pelo governo federal.

“A invasão com patrocínio do governo em áreas de preservação ambiental e reservas indígenas é caso para julgamento em cortes internacionais. É um crime grave porque contamina os rios e solo da região trazendo prejuízos às comunidades que sobrevivem da natureza, que dependem desses rios para sobrevivência. Adoece e mata pessoas”, diz Daniel Gaio.

Outro ponto levantado pelo dirigente da CUT envolve segurança e direitos humanos. As organizações que operam essas explorações de riquezas naturais, diz, em geral estão armadas e prontas para atacar quem se opuser a elas.

“Em um governo que tem essa característica de armar toda a população. Esses grileiros e garimpeiros fazem verdadeiras operações de guerra contra quem vier pelo caminho, sejam entidades que organizações que defendem o meio ambiente, sejam as populações nativas, ou sejam servidores públicos que tentam fiscalizar, autuar e coibir as atividades, cumprindo com as responsabilidades de suas funções. Eles são ameaçados e ficam reféns da situação já que o governo federal beneficia operações ilegais”, pontua Daniel.

Protestos

As autorizações das atividades ilegais foram noticiadas pelo Jornal Folha de SP, nesta segunda-feira e são consideradas inéditas na história do Conselho de Defesa Nacional, órgão liderado pelo general Heleno.

De acordo com reportagem do Diário do Centro do Mundo, somente na manhã desta segunda-feira, foram mais de quatro mil menções nas redes sociais, em especial no Twitter, criticando o militar.

Entre as postagens, o senso comum dos internautas é de que a destruição da floresta é projeto do governo. Elas citam Heleno como “general decrépito” e mencionam o governo Bolsonaro como “desgoverno da destruição”.