O Grupo de Trabalho destinado a examinar o impacto orçamentário-financeiro decorrente da implementação de pisos salariais para os profissionais de Enfermagem, fixados no Projeto de Lei nº 2564/2020, aprovou, nesta quarta-feira, 23, por unanimidade, o relatório do deputado Alexandre Padilha (PT-SP) 

A proposta fixa o piso salarial de enfermeiros em R$ 4.750,00; o de técnicos de enfermagem em R$ 3.325,00; e o de auxiliares e de parteiras em R$ 2.375,00. 

São mais de 2,5 milhões de profissionais da ciência do cuidado em todo o Brasil, isto é, a Enfermagem, sendo a maioria mulheres. 

O impacto financeiro do projeto é de R$ 16,31 bilhões e o GT foi unânime em destacar a necessidade de reconhecimento da categoria, ainda mais após a sua atuação na pandemia, assim como defender a viabilidade do pagamento. São mais de 30 anos de luta da Enfermagem pelo piso. A reunião virtual foi acompanhada por cerca de 6 mil pessoas.

Na UFRJ

A universidade tem nove hospitais que agrega centenas de profissionais da saúde.

“A aprovação do piso traz sim seus benefícios, mas não é o que a categoria precisa diante das suas necessidades. No entanto é muito importante. É uma luta de muitos anos e pode tirar muitos colegas daquela situação de vulnerabilidade salarial. Porque muitos trabalham recebendo abaixo do piso e até mesmo abaixo do salário-mínimo, atuando com cargas horárias extensas e em mais de um emprego para conseguir sustentar sua família”, avaliou o técnico de enfermagem do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), a maior unidade hospitalar da UFRJ, Marcos Padilha. 

Marcos vai fazer cinco anos no HUCFF em setembro. Já passou pela Clínica Médica e pela Infectologia. Agora trabalha na Psiquiatria atuando em cuidados clínicos de atenção ao paciente.

8 de Março: todos a Brasília!

A pressão aumenta para a aprovação do PL no plenário da Câmara dos Deputados. O projeto já foi aprovado no Senado e se aprovado na Câmara segue para sanção presidencial. Para 8 de março — Dia Internacional da Mulher, data incorporada para mobilização dos movimentos sociais e trabalhadores, incluindo os servidores públicos federais em campanha salarial unificada — os enfermeiros de todo o país irão a Brasília para reivindicar a aprovação do piso salarial.

Piso é viável

Na apresentação do relatório, no dia 22, Alexandre Padilha, ex-ministro de Lula e ex-ministro da Saúde de Dilma, afirmou que a estimativa encontrada buscou reduzir divergências entre os levantamentos apresentados ao grupo de trabalho pelo Ministério da Saúde, pelos conselhos de secretários estaduais e municipais de saúde, por entidades do setor e por institutos de pesquisa.

“Chegamos a um número bastante consistente. Tanto que a entidade que representa o fórum de enfermagem e os estudos apresentados por hospitais privados chegam a mesma escala de valor. No entanto, não chegamos a nenhum valor superior a R$ 20 bilhões e, muito menos, a valores acima de R$ 40 bilhões, como chegaram a apresentar aqui”, disse o deputado. 

Segundo Padilha, o impacto previsto representa 2,7% do PIB da Saúde em 2020, 10,88% do orçamento do Ministério da Saúde no mesmo ano e um acréscimo de apenas 2,02% na massa salarial anual dos contratantes. Ele destacou ainda que, no setor privado, o aumento de despesa corresponde a 4,8% do faturamento dos planos e seguros de saúde em 2020.

“È possível pagar”  

A estimativa do grupo de trabalho teve como premissas o uso da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2020; a separação por setores econômicos; o cálculo integrado (piso de enfermeiros, técnicos, auxiliares e parteiras); a inclusão de encargos; e a diferença entre a remuneração atual e o novo piso, desconsiderando trabalhadores que já recebem o piso ou mais.

O deputado Mauro Nazif (PSB-RO), chegou inclusive a comparar o valor ao Orçamento Secreto. “Só o orçamento secreto é R$17 bilhões. Não tenho dúvida sobre a sua aprovação. É fazer justiça para a Enfermagem”.

A deputada do Rio de Janeiro, Jandira Feghali (PCdoB), reforçou que a tarefa agora é aprovar o piso no Congresso.

“Temos agora de fazer o trabalho político para esse relatório ser aprovado no plenário da casa. Vão surgir argumentos de regionalizar, mas piso é piso. Precisamos garantir que esse projeto seja aprovado. É uma demanda antiga e já está abaixo da expectativa da categoria. São décadas de luta, estou desde 1991 acompanhando-os lutando por isso. É necessário ter uma vitória agora.”

Feghali, na reunião anterior, enalteceu a categoria. “A enfermagem é a maior categoria na saúde, num SUS que atende milhões de brasileiros sendo o maior sistema de saúde universal do mundo. A análise do relator é justa, tendo como base a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), dados do Dieese e do próprio Ministério da Saúde. O impacto é distribuído e soma 16 bilhões e 300 milhões. É possível pagar. Queremos pautar, votar e aprovar o projeto. E se for vetado vamos trabalhar para derrubar o veto”, declarou Jandira Feghali.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que já foi dirigente da Fasubra, defendeu a convocação imediata pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), para a votação do PL. 

“Agora vamos cobrar a urgência para a votação no Plenário da Câmara”. Segundo Alice, o impacto significa 12% da folha do setor privado e no setor federal 004%. 

“O relatório apresentado pelo deputado Alexandre Padilha é muito sólido e demonstra que não há exorbitância: O piso é possível! Na verdade R$ 16 bilhões para um país de trilhões e para o serviço que é prestado por esse segmento não é algo absurdo. A verdade é que mais de 800 pessoas perderam as vidas nas cabeceiras dos leitos e a atuação dos profissionais da enfermagem tem sido indispensável para que o povo brasileiro venças uma sanha negacionista que tenta contaminar nossa gente. Na saúde ninguém tem piso. A Enfermagem, a maior categoria que leva nos seus ombros o dia a dia dos hospitais, UPAS, Postos de Saúde, tem sido ponta de lança na defesa dos interesses multidisciplinares da saúde. Portanto, essa é uma questão de justiça social, trabalhista e de reconhecimento no momento de emergência saúde e que a enfermagem respondeu com muita dignidade. Vamos solicitar a votação no plenário em regime de urgência”, afirmou a deputada Alice Portugal.

A coordenadora do GT, Carmen Zanotto (Cidadania-SC), ressaltou que a aprovação do piso é uma questão de justiça para a categoria.

“Todos foram unânimes em que deva existir um piso salarial. A arte de cuidar e assistir é uma escolha de vida. A enfermagem foi descoberta pelos brasileiros nessa pandemia. O que se aprovou aqui é o mínimo de dignidade que podemos dar a um conjunto de trabalhadores que não mediu esforços. Vamos buscar os caminhos para sua aprovação. Não serão os recursos que vão nos derrubar na aprovação do projeto”.

Com Agência Câmara de Notícias

 

Profissionais de saúde fazem manifestação por reajuste salarial em Três Corações (MG) — Foto: Reprodução/EPTV

 Pressionada pela alta das despesas com educação e alta dos preços da alimentação e transportes, inflação medida pelo IPCA-15 subiu 0,99% em fevereiro, segundo o IBGE

Por: Redação CUT/ 23 de fevereiro de 2022 

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,99% em fevereiro. Foi a maior variação para o mês desde 2016 (1,42%), segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (23).

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 1,58% e, em 12 meses, de 10,76%.

De acordo com o IBGE, oito dos nove grupos pesquisados tiveram alta em fevereiro. A exceção foi Saúde e Cuidados Pessoais, com variação de -0,02%. Caíram os preços médios de planos de saúde (-0,69%) e itens de higiene pessoal (-0,16%), enquanto aumentaram os de produtos farmacêuticos (0,65%).

Educação sobe 5,64%

A maior variação (5,64%) e o maior impacto (0,32 p.p.) vieram do grupo Educação, com destaque para a alta de 6,69% nos cursos regulares, “com os reajustes praticados no início do ano letivo”, lembra o IBGE. As maiores taxas foram registradas no ensino fundamental (8,03%), pré-escola (7,55%) e ensino médio (7,46%).

Alimentação sobre 1,20%

O segundo grupo com maior alta de preços foi o de Alimentação e bebidas (1,20%, com impacto de 0,25 p.p. no indíce). O IBGE destaca aumentos de produtos como cenoura (49,31%), batata inglesa (20,15%), café moído (2,71%), frutas (1,75%) e carnes (1,11%). Por outro lado, caíram os preços do frango inteiro (-1,97%), arroz (-1,60%) e frango em pedaços (-1,31%).

Transportes sobe 0,87%

O terceiro grupo que registrou alta foi o de Transportes, que subiu 0,87% e contribuiu com 0,19 p.p. em fevereiro. Os demais grupos ficaram entre o 0,15% de Habitação e o 1,94% de Artigos de residência.

Custo da energia cai

Com queda de 0,82% na energia elétrica (impacto de -0,04 ponto), o grupo Habitação também subiu menos (0,15%) neste mês. O IBGE apurou aumento do aluguel residencial (1%) e do condomínio (0,87%), além da taxa de água e esgoto (0,33%), com reajustes em Fortaleza e Goiânia.

Por fim, em Artigos de Residência (1,94%), os destaques foram as altas de eletrodomésticos e itens de mobiliários. Somados, contribuíram com 0,06 ponto o resultado da inflação.

Entre as áreas pesquisadas, o IPCA-15 de fevereiro caiu apenas na região metropolitana de Porto Alegre (-0,11%). A maior taxa foi apurada em São Paulo (1,20%). No acumulado em 12 meses, o índice varia de 9,68% (Belém) a 13,28% (Grande Curitiba). Chega a 11,72% em Salvador, 11,68% em Goiânia, 10,60% em São Paulo e 9,77% no Rio de Janeiro.

 

Em 1932, após muita pressão das sufragistas, Vargas publica o Código Eleitoral que assa a prever o voto feminino. Mas a luta vem de muito antes.

Fontes: Portal Geledés/ 22 de fevereiro de 2022.

 

Durante o século XIX as mulheres brasileiras começaram definitivamente a percorrer o longo caminho para a transformação de seus destinos. As brasileiras tiveram que lutar por mais de 40 anos para que o direito de votar e serem votadas fosse aprovado. Entre as brasileiras uma pergunta imperava: “por que não votamos?”. Manter meninas e pessoas escravizadas no berço da ignorância justificava-se com preconceituosos ditos populares: “mulher que sabe latim não tem marido e nem bom fim” e “escravos que sabem ler acabam querendo mais do que comer”.

Passos da luta

Para contribuir com as comemorações pelos 90 anos de conquista do voto para as mulheres a REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano, em parceria com o Laboratório de Direitos Humanos (LADIH) da UFRJ e apoio da Laudes Foundation preparou uma Linha do Tempo que remonta a luta empreendida pelas feministas para a conquista desse direito e os principais fatos em torno da luta por igualdade de gênero e raça nas 09 (nove) décadas seguintes. As décadas estão divididas em três momentos do processo histórico de conquista do voto e da democracia neste país: de 1824 à 1932; 1932 à 1982, com o início do processo de democratização; e 1982 até hoje! Conheça a linha do tempo no site https://www.votofemininonobrasil.com/

Alguns trechos:

Em 2022, todes nas ruas por um Brasil sem racismo, sem machismo e sem fome e Fora Bolsonaro!

Se aproxima o 8M, oito de março, Dia Internacional da Luta das Mulheres, momento de voltar às ruas contra Bolsonaro, reivindicando empregos e direitos, enfrentando o racismo, o machismo e a LBTIfobia.  

Todos os anos, dezenas de organizações, entidades e coletivos feministas constroem coletivamente as mobilizações populares deste dia em todo país e, historicamente, a data dá largada a um calendário de lutas sociais por uma sociedade justa e igualitária.

O coletivo 8M RJ convoca a todes para o ato do dia 8, às 17h na Candelária: “Convoque no seu local de trabalho, moradia e estudo e vem com a gente”, chama a organização.

“No 8 de março de 2022, nós, da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), vamos ocupar ruas, redes e roçados pela vida das mulheres”, com o lema: “Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem Fome!” 

Manifesto nacional

Essas lutas estão expressas em um manifesto coletivo das organizações empenhadas na construção do 8 de março nacional. A íntegra está em: https://www.marchamundialdasmulheres.org.br/organizacoes…/

No manifesto unificado da Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais fica reforçado o caráter feminista, anti-imperialista, anticapitalista, democrática, antirracista e antiLGBTQIA+fóbica da luta contra o governo Bolsonaro, que passa por uma série de reivindicações para a melhoria das condições de vida do conjunto da sociedade. 

“É uma luta em defesa da vida das mulheres, contra a fome, a carestia, a violência, pela saúde, pelos nossos direitos sexuais, direitos reprodutivos e pela justiça reprodutiva. É uma luta em defesa do SUS e dos serviços públicos, gratuitos e de qualidade. É uma luta com a maioria que tem sofrido com a fome, com a perda de seus entes queridos, com a violência e com o desemprego”, aponta o documento.

No documento mais de 40 entidades pedem um Brasil sem machismo, racismo e fome e chamam atenção para as ações deste governo: “Mais de 630 mil brasileiras e brasileiros perderam suas vidas. O Brasil é o país com o maior número de mortes maternas causadas pela COVID-19. Fomos nós, as mulheres trabalhadoras e pobres, em especial mulheres negras, as mais afetadas pelo desemprego, sobrecarregadas por cuidar das crianças, das/os idosas/os e de quem adoecia. Fomos as primeiras a morrer. Quando morre uma mulher negra, que não teve o direito de se isolar para não perder o emprego, morremos todas nós!”, diz o texto.

Uma mulher é morta a cada duas horas: 66% delas são negras

O documento informa que a violência contra as mulheres e meninas se amplia a cada dia, “pois o discurso de ódio de Bolsonaro se espalha e nos faz alvo preferencial dos machistas, racistas e LGBTQIA+fóbicos. Uma mulher é assassinada a cada duas horas em nosso país, sendo 66% destas mulheres negras. Também somos o país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo e 6 mulheres lésbicas são estupradas por dia. A violência contra as mulheres com deficiência cresceu 67,9% durante a pandemia. A violência obstétrica ou seja, todos os tipos de violências que ocorrem no pré-natal, parto, pós-parto e aborto – atinge uma em cada quatro mulheres no nosso país; dessas, 65,9% são negras. Frente a tantas violências, bradamos: não somos números, somos vidas!”

O texto, aponta entre inúmeras outras questões: “Num país com raízes tão profundamente racistas, o bolsonarismo encontrou terreno fértil para amplificar as políticas e o discurso de ódio. As brutais chacinas nas periferias e favelas das nossas cidades são parte do genocídio da população negra no nosso país, onde 75% dos homicídios são contra pretos e pardos”. 

E convoca: “Por tudo isso, nós, mulheres, convocamos cada uma e cada um que se compromete com a luta contra o machismo, o combate à feminização da pobreza, ao racismo, à LGBTQIA+fobia e a todas as ações que agravam a situação das mulheres no Brasil, a ocupar as ruas no dia 8 de março”.

Manifesto – O documento também está disponível em  https://www.marchamundialdasmulheres.org.br/organizacoes…/