A celebração pelo Sintufrj do Mês da Consciência Negra, nesta terça-feira, 22, no Espaço Cultural da entidade, foi aberta pela coordenadora-geral do Sintufrj Marta Batista, e pelo  coordenador de Administração e Finanças, Vander de Araújo. E o principal destaque do evento foi a reabertura do Grupo de Trabalho (GT)-Antirracista da entidade. O anúncio foi feito coordenadora de Comunicação Marli Rodrigues.

“Hoje, terça-feira, 22 de novembro, aconteceu a retomada do GT – Racial do Sintufrj e nós, como direção, estamos muito felizes, porque esse era um compromisso nosso de campanha”, destacou Marta.

“Pelo trabalho que construímos dentro da universidade de autoafirmação da mulher e do homem preto, esse resgate do GT-Antirracismo para dar continuidade a essa luta na instituição é fundamental”, afirmou Vander, que coordena o projeto Criolice.

A atividade reuniu técnicos-administrativos – muitos dos quais com representatividade na luta antirracista na UFRJ em suas comunidades -, uma representante do DCE Mário Prata e vários convidados do projeto Criolice – movimento cultural nascido na Zona Oeste que tem o samba como baluarte.

Na parte da manhã, o evento foi encerrado com um canto e dança coletiva, “em homenagem as guerreiras e aos guerreiros dessa terra”, puxados pela indígena Carolina Potiguara, e com uma feijoada.

Depoimentos

“Depois de quatro anos de retrocessos retomar essa pauta do movimento negro tem que ser saudado”, elogiou Francisco de Assis, colaborador da direção sindical. “Significa resgatar a aproximação da categoria com o Sintufrj e a entidade a essas políticas, como a de mulheres e LGBTQIA+”, explicou.

“O Brasil foi forjado nas costas do povo negro e do povo indígena. Na UFRJ, a categoria que tem mais negro é a dos terceirizados, porque nós, negros, fomos empurrados para a pobreza. Tenho 10 anos de UFRJ e faço parte do Movimento Negro Evangélico e estou à disposição para agregar nesse trabalho do sindicato”, se apresentou o técnico-administrativo Hilem Moises, da Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6).

“Estou há 20 anos na UFRJ e vim de uma permuta da universidade federal da Bahia, e digo que a solução para o racismo passa também pela cultura”, avaliou o técnico-administrativo também da PR-6 José Carlos, após concordar com outras falas sobre o preconceito racial existente em Salvador, embora seja o estado brasileiro com maior número de negros e pardos.

“Sou do ex-território do Amapá, originária dos índios Tucujus, e sofro muito com a discriminação porque venho das matas”, queixou-se Sueli Maria Pereira Viana, da Coppe.

“A gente (negros e pardos) não se identifica com os participantes das manifestações antidemocráticas, que são brancos de olhos azuis e têm carros de 45 mil reais”, disse Eliezer Higino Pereira, da Macrobiologia.

“O racismo está em toda parte. É uma construção ideológica. No movimento estudantil fizemos muitas reflexões sobre o tema. As cotas raciais é uma política pública de reparação que impacta, uma conquista da luta dos estudantes e dos movimentos sociais e sindical”, observou a dirigente do DCE, Jeovana Almeida.

“É muito importante que o Sintufrj reative o GT – Antirracismo e se coloque parceiro na formulação política nesta pauta, onde a Câmara de Políticas Raciais, os Coletivos Negros Universitários, o coletivo de Docentes Negros e o Neabi (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas) já ocupam espaços de discussão na academia e são efetivamente atores no controle social e administrativo das políticas públicas de democratização de acesso ao nível superior”, afirmou Denise Goés, coordenadora da Comissão de Heteroidentificação e da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ.

“É muito importante esse espaço para refletir sobre o negro na UFRJ. Há 40 anos atrás não tínhamos o negro na disputa do saber na instituição. Os negros existentes aqui eram escondidos dos espaços de saber”, constatou Noemi Andrade, da Diseg. Ela acrescentou que o processo político em curso no país legitimou o racismo e a homofobia.

“Junto com a Jupiara (técnica-administrativa da USP e ex-coordenadora da Fasubra) escrevemos o 1º documento para que na Fasubra e nas suas entidades de base tivesse discussão antirracista”, informou Luciane Lacerda, psicóloga da UFRJ e militante antirracista.

MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Sintufrj celebra data com a reabertura do GT-Antirracismo num evento que reuniu dirigentes e ativistas no Espaço Cultural

Ele parte no mesmo mês que Gal Costa, mas além do horizonte, suas músicas ficam para sempre

Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | |

Erasmo Carlos, um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira (MPB), morreu aos 81 anos, no Rio de janeiro, após ser internado às pressas nesta terça-feira (22) em um hospital da Barra da Tijuca

O eterno parceiro de Roberto Carlos havia sido hospitalizado em outubro para tratar da síndrome edemigênica, uma doença vascular. A causa da morte ainda não foi divulgada. O diretor da TV Globo Boninho se despediu de Erasmo em sua conta no Instagram.

A importância de Erasmo para a música brasileira foi imensa. Natural da Tijuca, no Rio de Janeiro, Erasmo cresceu e se envolveu com a música na virada da década de 1950 para os anos 60. Ele fez parte da turma que contava com Roberto Carlos, Tim Maia e Jorge Ben – antes de trocar o nome para Benjor – um quarteto que iria definir os rumos da MPB.

Como muitos de sua geração, se apaixonou pelo rock de Elvis Presley e, em 1965, deu início ao programa de TV Jovem Guarda, com Roberto Carlos e Wanderléa. No ar por três anos, a atração foi “a cara” da juventude brasileira da época: rebelde, rockeira e sem muito envolvimento político. Nos primeiros anos da ditadura militar (1964-85), o lado apolítico da Jovem Guarda foi intensamente combatido por outra facção da MPB, que pregava o engajamento.

Mas junto com Roberto, Erasmo capturou o sentimento da época, escrevendo canções que se tornaram eternas: Quero Que Tudo Vá Para o InfernoÉ proibido FumarFesta de Arromba e O Calhambeque.

A mesa “Nosso Futuro é Ancestral”, com a participação de Denise Góes,  coordenadora da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ, e de Monica Cunha, vereadora eleita do PSOL, abriu, na segunda-feira 21 no auditório 1 do Bloco A do Centro de Ciências da Saúde (CCS),  o evento “Novembro Negro” do Coletivo Negro Ẹbí, de estudantes e ex-estudantes negros do Instituto de Biologia (IB) da UFRJ, com apoio do Centro Acadêmico do Instituto de Biologia e do próprio IB.

Segundo os organizadores, os encontros debatem a negritude nos diversos espaços ocupados na sociedade”, compartilhando saberes sobre educação, poder, saúde mental, nossa história e resistência”.  O evento, com  palestras, oficina e debates,  está em sua sexta edição e conta com 50 inscritos. vai até o dia 1º de dezembro..

Gabriela Trindade, do Coletivo Negro EBI, avalia que a mesa de abertura foi inspiradora. Além de comemorar a primeira reunião presencial do coletivo depois da pandemia, no debate em torno do tema “futuro ancestral”, Denise e Mônica fizeram uma reflexão sobre movimento negro no brasil, os caminhos até hoje, vitórias  e projeções para o futuro. O ex-coordenador do Sintufrj Franscisco de Assis participou do evento.

Veja o restante da programação

  • 22/11, às 17h, no Salão Azul, bloco A, CCS: Roda de Conversa “Educação Popular e Antirracista”, com Matheus Favrat (Movimento de Educação Popular +Nós)
  • 23/11, às 17h, no Salão Azul, bloco A, CCS: cinedebate “Raça e Poder”, com Jorge Marçal (Professor de Ciências e Biologia – CAp UFRJ e Mestre e Doutorando em Educação – PPGE UFRJ) e a exibição do primeiro episódio da série documental “O Enigma da Energia Escura”.
  • 25/11, às 16h, no Centro Acadêmico de Biologia, no bloco A do CCS – Oficina de Charme com Carolini Azeredo (monitora de aulas de dança Charme no Comunidança – EEFD/UFRJ) e confraternização.

01/12, às 17h, no Salão Azul, bloco A, CCS: roda de conversa “Saúde Mental dos Estudantes Negros da Biologia UFRJ”, com o Coletivo Preto Virgínia Leone Bicudo, da Psicologia da UFRJ. Atenção: a  organização lembra que este espaço será o único restrito a pessoas negras. Atenção: este espaço será o único restrito a pessoas negras.

Saiba mais:

https://www.instagram.com/coletivonegroebi/

https://www.facebook.com/coletivonegroebi

Os convidados:

Monica Cunha é vereadora eleita no Rio de Janeiro pelo PSOL (2023-2026). Cofundadora do Movimento Moleque. Defensora dos direitos das crianças e dos adolescentes. Técnica em Educação.

Denise Góes é membra da Câmara de Políticas Raciais da UFRJ e do Movimento Negro Unificado (MNU/RJ).

Matheus Favrat é educador e coordenador do Movimento de Educação Popular +Nós. Professor Licenciado em Ciências Biológicas pela UFRJ e membro do Coletivo Negro Ẹbí.

Jorge Marçal é Professor de Ciências e Biologia (CAp UFRJ) e Mestre e Doutorando em Educação (PPGE UFRJ). Integrante do Coletivo de Docentes Negras e Negros da UFRJ. Foi membro do GT Ações Afirmativas do CEPG que instituiu cotas obrigatórias em todos os cursos de pós-graduação stricto sensu da UFRJ. Foi membro fundador do Coletivo Negro Ẹbí.

Carolini Costa Azeredo, a Carol Black, é Licencianda em Biologia (UFRJ), Integrante do Coletivo  Negro Ẹbí, Monitora de aulas de dança Charme no Comunidança (EEFD/UFRJ).

MESA DE ABERTURA de uma maratona de reflexão acerca de nossa ancestralidade