Os estudantes da UFRJ que tiveram sua viagem de campo do curso de Geologia para Uberaba (MG) interrompida pela ação de bandos bolsonaristas fascistas num bloqueio na Via Dutra, altura de Barra Mansa, na noite de segunda-feira (31), chegaram pouco antes das 16h desta terça-feira, dia 1º, ao Centro de Ciência Matemáticas e da Natureza (CCMN), no Fundão.
Do grupo faziam parte 36 estudantes, dois docentes e quatro motoristas dos quadros da universidade.
Abalados depois de tantas horas de tensão, foram recebidos pela reitora Denise Pires que divulgou nota de repúdio à violência que feriu o direito constitucional de ir e vir e atingiu como um alvo seletivo da instituição UFRJ – identificada pelos bolsonaristas como inimiga passível de retaliação.
“Além dos sucessivos bloqueios orçamentários que a UFRJ atravessou por todo o ano de 2022 levando a um estado de penúria financeira, ter, agora, que encarar bloqueios terrestres que impedem o livre tráfego para produzir pesquisas é surpreendente para uma instituição centenária como a UFRJ”, registrou a nota.
Como foi
O grupo de bolsonaristas fascistas que, de forma marginal, se recusam a reconhecer a vitória de Lula (como o genocida Bolsonaro), prendeu no fim da tarde de segunda-feira, 31, a van e o ônibus da UFRJ num bloqueio na altura de Barra Mansa.
O grupo de pessoas da universidade teve que sair do local a pé (ônibus e van ficaram retidos), só com a roupa do corpo e documentos, até uma hospedagem para pernoitar no centro da cidade. Durante o caminho, foram filmados e hostilizados pelos manifestantes.
“Estamos com muito medo. É uma situação muito humilhante e perversa. Eles estão filmando o ônibus, perguntando se votamos em Lula e nos xingando” ou “Eles começaram a cercar o ônibus, passavam filmando, depois um homem começou a circular carregando um pau com uma bandeira, e fomos sentindo que o clima estava muito ruim”, contaram estudantes nas redes.
Motoristas continuaram lá
No momento em que o ônibus foi retido, os responsáveis tentaram dialogar com os líderes do bloqueio, sem sucesso. Os estudantes conseguiram sair em pequenos grupos em busca de hospedagem sem bagagem. Mas os motoristas permaneceram no bloqueio até 1h40, quando o ônibus e a van foram liberados. Foram ao encontro do resto do grupo e hora pela manhã, e, por volta das 11h, anunciaram o retorno ao Rio.
Apesar de tudo, a volta foi tranquila, segundo o técnico-administrativo Wanderlei Souza, motorista do Instituto de Geociências. Ele foi um dos quatro que conduziu o grupo e conta um pouco do que passaram.
DCE se pronuncia
“Sabemos que o que esses grupos querem é gerar uma atmosfera de medo na população, tática antiga dos fascistas, porém o DCE seguirá firme na denúncia do caráter antidemocrático desses movimentos que não querem aceitar o resultado de uma eleição que envolveu mais de 120 milhões de brasileiros no último domingo, mesmo com todo uso indevido do aparato estatal por parte de Bolsonaro. Não só nesse caso que atingiu diretamente nossos estudantes, queremos que as polícias e entidades responsáveis tomem as devidas providências para garantir do respeito ao resultado das eleições”, disse Lucas Peruzzi, coordenador-geral do DCE