A luta na UFRJ contra a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) ganha fôlego. Reunião híbrida com Sintufrj, DCE, “Movimento a UFRJ não está a venda”, professores e integrantes da comissão paritária de análise da Ebserh avança na organização de resistência a mais um processo de privatização da universidade.
Desta vez o foco são nossos hospitais universitários. Mas apenas três deles, os que auferem lucro para a empresa. O contrato (uma minuta está sendo elaborada) é nebuloso e há muitas dúvidas sobre o destino dos servidores que lá trabalham, a manutenção do ensino de qualidade para os estudantes e a assistência à população.
Decidiu-se por uma série de ações para dialogar com a comunidade universitária e com os conselhos de centro da universidade. A mais imediata será no dia 30 de outubro quando acontecerá a reunião do Conselho de Centro de Ciências da Saúde, a maior unidade da UFRJ e que agrega todas as suas unidades de saúde. A UFRJ é uma resistência nacional à Ebserh.
As reuniões setoriais realizadas pelo Sintufrj fazem parte da maratona de encontros com trabalhadores com o objetivo de ampliar a representatividade da entidade
Nesta terça-feira, 17, dirigentes do Sintufrj e da Fasubra realizaram reunião, às 10h30, com servidores da Coordenação de Atenção à Saúde do Trabalhador da UFRJ (Cast) que no momento passa por um período de transição de chefias.
Em meio às mudanças que deverão ocorrer na unidade, uma das dúvidas manifestadas pelos trabalhadores foi sobre “como ficará a escala de trabalho” com o PGD (Programa de Gestão e Desempenho da UFRJ).
Outro questionamento foi em relação à saúde do trabalhador da universidade, uma instituição que administra o maior hospital universitário do país, cujas portas são fechadas à comunidade interna. Mesmo a Cast tem dificuldade de encaminhar servidores para atendimento no HU.
A suplementação de plano de saúde paga pelo governo varia entre R$101 a R$ 120, dependendo da idade e do salário.
PGDE
“As reuniões setoriais realizadas pelo Sintufrj são para debater o cotidiano de trabalho e reforçar a representatividade do trabalhador, que deve culminar com eleição de seu representante de base”, explicou o coordenador da Fasubra e colaborador da gestão sindical Francisco de Assis ao abrir a reunião.
Assis, que faz parte da comissão institucional que elaborou a minuta da Instrução Normativa (IN) para implantação do PGD da UFRJ, junto com representantes indicados pelo GT Carreira-Sintufrj e pelas outras entidades que participam do movimento sindical na universidade, e pelo DCE Mário Prata, esclareceu aos servidores que a organização do trabalho deve ser tarefa dos trabalhadores.
Segundo o coordenador da Fasubra, a Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) aprovou a minuta da IN somente como texto base, e incluiu vários anexos.
Um deles determina que se as pró-reitorias tiverem dificuldade de aprovar o PGD nos colegiados das unidades quem decidirá é o Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE).
“O governo é popular, mas defende o trabalho nos moldes do ex-ministro Bresser Pereira, isto é, a produtividade”, disse Assis.
“Por isso é muito importante a mobilização dos trabalhadores da Cast, que, apesar de ser vinculada à PR-4, suas demandas são muito diferentes. Portanto, se organizem para dar visibilidade aos que da pró-reitoria estão atuando com o PGD. O Sintufrj (GT Carreira), a Fasubra e a comissão institucional da IN estão à disposição para quaisquer esclarecimentos”, informou a coordenadora de Políticas Sociais do sindicato Vânia Godinho.
“Juntos somos mais fortes”
Assis orientou para que os servidores da Cast consolidassem uma posição coletiva sobre a organização do seu trabalho para evitar riscos e até para resistir a mudanças. “Porque juntos, somos mais fortes”, lembrou. “A luta do movimento sindical é permanente”, acrescentou.
Participaram também da reunião os coordenadores Nivaldo Holmes (Comunicação) e Carlos Daumas (Educação, Cultura e Formação Sindical)
Saúde do trabalhador em questão
Outro ponto importante da reunião foi a discussão sobre a saúde do servidor na UFRJ, já que esses trabalhadores não contam com o atendimento gratuito do Hospital Universitário (HU) e a suplementação do governo é um valor irrisório, que não cobre custos com planos e saúde.
“O elo mais importante dessa universidade é o servidor, e os cuidados com sua saúde fica muito aquém do necessário”, reconheceu a coordenadora-geral do Sintufrj, Laura Gomes, lotada no Serviço de Saúde do Trabalhador (Sesat/HU). Segundo a dirigente, a preocupação atual em relação ao HU é que o atendimento à população, a formação de novos profissionais da área da saúde e a pesquisa ganhem outro rumo se a UFRJ aprovar entrada da Ebserh no Complexo Hospitalar.
“Matando um leão por dia a unidade funciona e bem. Soubemos que nos hospitais onde a administração foi entregue para a Ebserh, cirurgias eletivas e outros procedimentos que não dão muito lucro para a empresa, não são feitos imediatamente. A ex-CPST, atual Cast, tinha vagas no HU, mas elas sumiram. Todas essas questões o GT Saúde-Sintufrj está relacionando e depois de uma ampla discussão com os servidores, vai entregar à direção da unidade hospitalar”, se comprometeu a coordenadora.