A situação dos hospitais da UFRJ, objeto da contratualização com a Ebserh, foi discutida na sessão extraordinária do Conselho Universitário desta quinta-feira, 16, convocada pelo Reitor Roberto Medronho.
Na sessão anterior do Consuni, a comissão que estudou o desempenho de 41 hospitais universitários sob a égide da Ebserh, expôs relatório que revelou problemas como a redução de leitos.
A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, explicou que há um acumulo na categoria que unifica todos os coletivos da comunidade universitária: a pauta em defesa do Complexo Hospitalar e contra a adesão à Ebserh.
No seu pronunciamento, a dirigente voltou a insistir numa reivindicação básica do movimento que se opõe à adesão à empresa: ampliação dos debates e que eles ocorram de forma democrática.
“Nos debates (que têm sido feitos) apenas uma comissão, a que tem negociado o contrato (com a Ebserh), tem tido espaço privilegiado de fala o que neutraliza o contraditório. Temos muitos argumentos sobre o quanto a Ebserh é problemática e não garante o financiamento dos HUs”, disse ela.
Marta também cobrou o compromisso com a realização de uma consulta pública e debates paritários por parte da Reitoria e a exposição da minuta do contrato que está sendo negociado com a Ebserh.
Ela questiona como a universidade poderá fazer um debate tão importante para o seu futuro, que afeta tantas vidas, seu futuro e o funcionamento do seu complexo hospitalar, se até hoje a comunidade não teve acesso à minuta do contrato.
Criticou, também, a determinação da Reitoria de pôr em votação no Consuni a adesão à Eberh ainda este ano.
Avaliação
Laura Gomes, coordenadora-geral do Sintufrj, logo após o diagnóstico de problemas expostos pelos diretores de hospitais na sessão do Consuni, avaliou que, da forma como apresentaram, parece que a Ebserh será a ponte salvação para todos os problemas.
“A gente sabe que não é assim que funciona. No relatório da comissão e em pesquisas de outras instituições os dados mostram que há hospitais precarizados, com redução de número de leitos”, ponderou.
Francisco de Assis, coordenador da Fasubra, reiterou a importância de debate e, principalmente, da apresentação do contrato. Perguntou o que, no que se refere à UFRJ, poderia ser diferente dos demais contratos entre a empresa e outras universidades que aderiram, diante das várias críticas já apresentadas. Lembrou que já há até judicialização por parte de algumas instituições na busca de cumprimento – pela Empresa – do que foi pactuado.
O coordenador do Sintufrj e representante técnico-administrativos Carlos Daumas parabenizou os gestores pela atuação diante de todas as dificuldades, mas apontou a necessidade de que se apresente a minuta do contrato, por enquanto, obscuro.
A estudante Camile Paiva apontou a necessidade de ampliação do debate – que os que ocorreram nos conselhos locais envolveram poucas pessoas – longe de atingir a comunidade universitária. Ela apresentou à mesa proposta de composição de comissão para organização da consulta pública pedindo a aprovação na sessão. Mas o reitor retrucou que o ponto de pauta previa apenas a apresentação dos diretores e que não haverá aprovação de proposta.
Sintufrj e DCE se reuniram com o reitor após a sessão buscando a garantia do que fora acordado na reunião dias antes. O reitor garantiu que o que ficou estabelecido será cumprido.
Diretores
Foram convocados o diretor do Complexo Hospitalar Leôncio Feitosa, o diretor do HU, Marco Freire, o do IPPMG, Guiuseppe Pastura, da Maternidade Escola, Jofre Amim, e do Instituto de Doenças do Tórax, Alexandre Cardoso, que reiteraram problemas decorrentes da falta de pessoal e recursos. Todos relataram as dificuldades de administrar unidades de saúde com poucos recursos. As palavras de Feitosa podem resumir o que disseram todos. “O setor de saúde da UFRJ passa por uma crise inédita. Nunca estivemos tão próximos ao caos na área da saúde desta universidade”, disse.