Diante dos fatos reais levantados pela comissão, o reitor ainda continuará defendendo a adesão da UFRJ a essa empresa?

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) não resolveu os problemas dos 41 hospitais universitários federais, nesses 10 anos em que assumiu a gestão dessas unidades de saúde, ensino, pesquisa e extensão. Isso é o que revela o relatório levado à sessão do Conselho Universitário (Consuni), no dia 9 de novembro, pela comissão criada pelo reitor para fazer esse levantamento.

Alguns dados saltam aos olhos, como a não ampliação significativa de leitos, conforme a empresa havia prometido, e o crescimento de contratações pela CLT e a diminuição vertiginosa do pessoal RJU (contratados pelo Regime Jurídico Único). Ao se comparar os números, o fiasco vem à tona: quase dobrou a quantidade de pacientes enquanto o de leitos caiu.

Obstinado

Mesmo diante desta realidade, o reitor da UFRJ Ricardo Medronho continua firme na defesa da Ebserh. Ele quer que a adesão da universidade à empresa seja aprovada ainda este ano sob o argumento bizarro de que “o objetivo é ampliar o número de leitos e melhorar o atendimento à sociedade”.

Na reunião com as entidades sindicais e estudantil, Medronho se comprometeu em realização uma consulta pública e debates paritários. Além, é claro, da divulgação da minuta do contrato que a Reitoria pretende assinar com a Ebserh.

Todos à assembleia do Sintufrj!

Para debater os efeitos da Ebserh nos HUs da UFRJ e para que a categoria entenda como essa empresa afeta a autonomia universitária, deprecia o RJU e as relações de trabalho, o Sintufrj convoca todas e todos técnicos-administrativos a participarem da assembleia nesta quarta-feira, 22, às 9h30, no auditório Quinhentão (CCS).

A discussão sobre a Ebserh e suas consequências para os servidores, a população e a instituição será o primeiro ponto da pauta. Integrantes da comissão criada pela Reitoria participarão do debate.

Veja alguns pontos do relatório sobre os 41 HUs administrados pela Ebserh

Redução de leitos – No conjunto dos hospitais, houve redução de 8% dos leitos (de 7.660 em 2012 para 7.022 em 2022). Somente houve crescimento de leitos no setor de terapia intensiva (de 762 para 958), mas nem todos os HUs oferece essa modalidade e tratamento à população.

Cerca de um terço (1/3) dos hospitais reduziu leitos; em outro terço não houve mudança significativa. Entre os que ampliaram o número de leitos, sete são de menor porte e só um é de grande porte.

Redução de servidores RJU – Houve um aumento expressivo de pessoal (82%) entre 2012 e 2022: de 43.870 para 79.956 trabalhadores. Só que, contraditoriamente, houve redução de servidores RJU. Apenas médicos e enfermeiros celetistas foram contratados. A redução entre os RJU foi de 11,37% entre enfermeiros e 26,28% entre médicos.

Más condições das unidades — Na percepção de pacientes e acompanhantes registrada pelas ouvidorias dos 41 HUs, se multiplicaram as queixas de más condições das instalações físicas das unidades, o que revelaproblemas de infraestrutura predial persistentes.

Salários — Houve uma discreta perda dos valores dos salários de contratados pela Ebserh, mas em magnitude muito inferior à de servidores do executivo. Mas, segundo a tabela de cargos da empresa, o superintendente recebe mensalmente R$27.984,32.

O crescimento dos postos de trabalho não correspondeu a ampliação de leitos, mas apenas a um discreto aumento da produção de atividades de alta complexidade. As despesas e investimentos aumentaram, mas em proporção mais modesta do que a verificada para a ampliação de pessoal.

Falhas graves — As percepções de pacientes e acompanhantes registradas pelas ouvidorias incluem a ocorrência de eventos que devem ser considerados como alarmantes (processos que podem agravar problemas de saúde). Destacam-se reclamações sugestivas de falhas graves em processos assistenciais e problemas de infraestrutura física. São relevantes as queixas sobre: cancelamento de cirurgias, dificuldades para agendamento e atingimento de cota para exames diagnósticos.

No que se refere a infraestrutura, destacam-se problemas de climatização e mal funcionamento de geradores (que podem ou não estar associados a condições prediais inadequadas).

A ouvidoria do hospital da Universidade de Santa Maria registrou denúncia de assédio moral.

Sindicatos que concentraram demandas em torno do veto à contratação dos hospitais pela Ebserh, passaram a dar destaque a problemas da coexistência de regimes de trabalho diferenciados e critérios de escolha para superintendentes.

Caminho sem volta – O relatório mostra que a adesão à Ebserh, ao contrário do que é dito, é um caminho sem volta. Quando se reduzem estatutários (como consta do relatório) se a UFRJ decidir romper com a empresa, terá profissionais suficientes para tocar seus hospitais?

Consuni especial sobre Ebserh no CCMN.
Rio, 16/11/23

 

País é liderança no quadro de medalhas e se consolida como potência no paradesporto

O Brasil se isolou na liderança do quadro de medalhas nos Jogos Parapan-Americanos, no Chile, com mais de 120 medalhas. Nas quatro últimas edições o Brasil terminou na liderança do quadro de medalhas.

Somente nesta segunda-feira, 20 de novembro, a equipe brasileira brilhou na natação, conquistando nove ouros. Entre os destaques os nadadores Gabriel Araújo, Gabriel Bandeira e Gabriel Cristiano.

No judô, Brenda Freitas foi o destaque levando sete medalhas.

Além disso, os atletas também se destacaram no tênis de mesa, no tiro esportivo e no levantamento de peso. Neste dia 20 o Brasil se encontrava com 55 ouros, 38 pratas e 34 bronzes.

São 339 atletas brasileiros em 17 modalidades, a maior delegação da história do país em Jogos Parapan-Americanos, com atletas de 24 das 27 unidades da federação. Do total de esportistas, 294 atletas são apoiados pelo Bolsa Atleta do Ministério do Esporte (86,72% da delegação).

Força feminina

O Brasil está representado por 190 homens e 130 mulheres. Três equipes têm mais mulheres do que homens no time brasileiro: badminton, taekwondo e ciclismo. O atletismo é a modalidade com o maior número de representantes do sexo feminino, com 25 atletas para as provas de pista, salto e campo.

Perfil

Os atletas com deficiência física representam a maior parte dos integrantes da delegação: 247, ou 76,5% do total dos atletas do país na competição.

Entre eles estão nomes como o velocista paraibano Petrúcio Ferreira, tricampeão mundial e bicampeão paralímpico da classe T47 (com deficiência nos membros superiores).

Os atletas com deficiência visual somam 65 esportistas, ou 20,1% da delegação. Entre eles estão a nadadora pernambucana Carol Santiago (classe 12), dona de oito medalhas, sendo cinco ouros, no último Mundial de natação, em Manchester 2023; a velocista acreana Jerusa Geber (T11), atual campeã mundial; e o jogador brasiliense de goalball Leomon Moreno, tricampeão mundial e ouro nos Jogos de Tóquio 2020, estão entre os destaques.

Os atletas com deficiência intelectual representam o menor grupo, com 11 atletas. Entre eles estão a fundista piauiense Antônia Keyla, medalhista de prata nos 1.500m pela classe T20 no Mundial de Paris 2023; o velocista paulista Samuel Conceição, campeão mundial nos 400m T20 em Paris 2023; e o nadador paulista Gabriel Bandeira, campeão paralímpico e mundial pela classe S14.(com informações da Ag.Gov).

Reprodução da Internet

 

 

 

 

 

Seis estados e 1.260 cidades terão feriado neste dia em 2023

O Dia da Consciência Negra é comemorado em todo país na próxima segunda-feira, 20 de novembro. A data faz referência ao dia da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, cuja vida foi marcada pela luta contra a escravidão, assassinado em 1695. Não é feriado nacional, mas em alguns estados ou municípios há legislação específica tornando a data feriado.

A mais recente foi em São Paulo, onde uma lei de setembro definiu que é feriado estadual (antes era só na capital e em cidades do estado). é feriado também em todos os municípios dos estados de Alagoas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro. No Distrito Federal, é decretado ponto facultativo, e as repartições públicas distritais não funcionam.

No entanto, há estados em que nenhum município terá feriado no dia 20 de novembro: Acre, Ceará, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe.

Na Bahia, é feriado em apenas cinco municípios do estado: Alagoinhas, Lauro de Freitas, Cruz Das Almas, Camaçari e Serrinha.

Dia de conscientização

O Dia Nacional da Consciência Negra, lembra a CUT, é data de celebração mas, também, de conscientização sobre a força, a resistência e o sofrimento que o povo negro viveu no Brasil desde a colonização. Mas também sobre o protagonismo da luta dos ex-escravizados por liberdade, e de reflexão sobre questões raciais.

A data marca a importância de discussões e ações para combater o racismo e a desigualdade social. sobre avanços na luta do povo negro e a celebração da cultura afro-brasileira.

Segundo a CUT, durante o período colonial, aproximadamente 4,6 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil para servirem na condição de escravos.

Pode vir a ser feriado nacional

Segundo a CUT, o 20 de novembro foi incluído no calendário escolar nacional em 2003, porém, apenas em 2011, a presidenta Dilma Rousseff (PT) sancionou a Lei 12.519 que instituiu oficialmente a data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

Para ser decretado feriado, cada estado ou cidade precisa aprovar uma lei.

O Senado já aprovou projeto de lei (PLS 482/2017)de autoria de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que torna o Dia Nacional da Consciência Negra feriado nacional. No entanto, a decisão ainda tem de passar pela Câmara Federal e ser sancionada pelo presidente da República.

 

MARCHA DAS MULHERES NEGRAS realizada em setembro Foto: Elisângela Leite #MarchadasMulheresNegras #Copacabana #Negras #Mulheres #Rio #Brasil

O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos) divulga nesta sexta-feira (18/11), uma publicação especial acerca das dificuldades da população negra no mercado de trabalho. A publicação, como é óbvio, está relacionada ao 20 de novembro Dia da Consciência Negra.

Os dados referem-se ao 2º trimestre de 2023. O boletim informa que mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo desigualdades sociais.

Os trabalhadores negros enfrentam mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos formais de trabalho com melhores salários.

E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens.

Veja: https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2023/conscienciaNegra2023.html

A situação dos hospitais da UFRJ, objeto da contratualização com a Ebserh, foi discutida na sessão extraordinária do Conselho Universitário desta quinta-feira, 16, convocada pelo Reitor Roberto Medronho.

Na sessão anterior do Consuni, a comissão que estudou o desempenho de 41 hospitais universitários sob a égide da Ebserh, expôs relatório que revelou problemas como a redução de leitos.

A coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista, explicou que há um acumulo na categoria que unifica todos os coletivos da comunidade universitária: a pauta em defesa do Complexo Hospitalar e contra a adesão à Ebserh.

No seu pronunciamento, a dirigente voltou a insistir numa reivindicação básica do movimento que se opõe à adesão à empresa: ampliação dos debates e que eles ocorram de forma democrática.

“Nos debates (que têm sido feitos) apenas uma comissão, a que tem negociado o contrato (com a Ebserh), tem tido espaço privilegiado de fala o que neutraliza o contraditório.  Temos muitos argumentos sobre o quanto a Ebserh é problemática e não garante o financiamento dos HUs”, disse ela.

Marta também cobrou o compromisso com a realização de uma consulta pública e debates paritários por parte da Reitoria e a exposição da minuta do contrato que está sendo negociado com a Ebserh.

Ela questiona como a universidade poderá fazer um debate tão importante para o seu futuro, que afeta tantas vidas, seu futuro e o funcionamento do seu complexo hospitalar, se até hoje a comunidade não teve acesso à minuta do contrato.

Criticou, também, a determinação da Reitoria de pôr em votação no Consuni a adesão à Eberh ainda este ano.

Avaliação

Laura Gomes, coordenadora-geral do Sintufrj, logo após o diagnóstico de problemas expostos pelos diretores de hospitais na sessão do Consuni, avaliou que, da forma como apresentaram, parece que a Ebserh será a ponte salvação para todos os problemas.

“A gente sabe que não é assim que funciona. No relatório da comissão e em pesquisas de outras instituições os dados mostram que há hospitais precarizados, com redução de número de leitos”, ponderou.

Francisco de Assis, coordenador da Fasubra, reiterou a importância de debate e, principalmente, da apresentação do contrato. Perguntou o que, no que se refere à UFRJ, poderia ser diferente dos demais contratos entre a empresa e outras universidades que aderiram, diante das várias críticas já apresentadas. Lembrou que já há até judicialização por parte de algumas instituições na busca de cumprimento – pela Empresa – do que foi pactuado.

O coordenador do Sintufrj e representante técnico-administrativos Carlos Daumas parabenizou os gestores pela atuação diante de todas as dificuldades, mas apontou a necessidade de que se apresente a minuta do contrato, por enquanto, obscuro.

A estudante Camile Paiva apontou a necessidade de ampliação do debate – que os que ocorreram nos conselhos locais envolveram poucas pessoas – longe de atingir a comunidade universitária. Ela apresentou à mesa proposta de composição de comissão para organização da consulta pública pedindo a aprovação na sessão. Mas o reitor retrucou que o ponto de pauta previa apenas a apresentação dos diretores e que não haverá aprovação de proposta.

Sintufrj e DCE se reuniram com o reitor após a sessão buscando a garantia do que fora acordado na reunião dias antes. O reitor garantiu que o que ficou estabelecido será cumprido.

Diretores

Foram convocados o diretor do Complexo Hospitalar Leôncio Feitosa, o diretor do HU, Marco Freire, o do IPPMG, Guiuseppe Pastura, da Maternidade Escola, Jofre Amim, e do Instituto de Doenças do Tórax, Alexandre Cardoso, que reiteraram problemas decorrentes da falta de pessoal e recursos. Todos relataram as dificuldades de administrar unidades de saúde com poucos recursos. As palavras de Feitosa podem resumir o que disseram todos. “O setor de saúde da UFRJ passa por uma crise inédita. Nunca estivemos tão próximos ao caos na área da saúde desta universidade”, disse.

COORDENADORA-GERAL DO SINTUFRJ, Marta Batista disse que há acumulo na comunidade universitária sobre a defesa do Complexo Hospitalar e resistência à Ebserh FOTOS Elisângela Leite
COORDENADOR DA FASUBRA, Francisco de Assis, questionou sobre supostas diferenças do contrato da Ebserh com a UFRJ em comparação com outras universidades
PLENÁRIO DO CONSUNI CHEIO. Comunidade não quer a Ebserh
CARLOS DAUMAS. Elogiou gestores mas quer acesso ao contrato

 

 

 

 

 

Nadilene Nascimento Sales, secretária adjunta de Combate ao Racismo da CUT, diz que é preciso compreender que o racismo é o que faz com que a classe trabalhadora seja explorada da maneira como é no Brasil

Escrito por: Carolina Servio (CUT Nacional)

Na próxima segunda-feira (20), é o dia Dia da Consciência Negra, data que marca a resistência do povo negro no Brasil. Para falar sobre a luta antirracista, o Portal CUT ouviu a pedagoga e secretária-adjunta de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Nadilene Nascimento de Sales, que conta como aliou a militância no movimento negro à luta sindical.

Nadilene nasceu na cidade baixa de Salvador, num lugar periférico e com índices altos de violência e morte de pessoas negras. Hoje, ela vive no bairro Tancredo Neves, que também faz parte da periferia soteropolitana, algo que importa dizer. “Fui criada pelas minhas irmãs, que fizeram questão de me dar estudo, algo que elas não tiveram a chance de ter”, conta.

Bem cedo, Nadilene estudou inglês e foi dar aulas. Foi assim que tomou gosto pela Educação, que mais tarde a levaria para graduação em Pedagogia. “Foi ali, estudando Paulo Freire, que desenvolvi o senso crítico. A vida já tinha me mostrado muita coisa, mas ali eu fui entender o mundo.”

Em 2011 entrou para a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). Em 2012 se juntou ao movimento sindical, e em 2013 foi chamada para a direção executiva do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sindae), onde ela “organizou a sua atuação política”. “Eu já tinha a militância a respeito do povo negro, mas ali eu aprofundei essa atuação política, de forma direta”, conta.

De que maneira o racismo atinge e atravessa a classe trabalhadora? 

Nadilene Sales: Ser antirracista precisa ser um princípio dos trabalhadores e trabalhadoras. É necessário que a classe trabalhadora compreenda onde nascem os problemas próprios da classe trabalhadora. É comum que se pense nos problemas com imediatismo, como o acesso econômico, mas agir assim não vai resolver todos os nossos problemas. Já passou da hora de nossa gente entender, do ponto de vista histórico, da construção do nosso país, o que é que faz com que a classe trabalhadora seja explorada do jeito que é no Brasil.

E é assim porque o processo da organização social nosso não leva em consideração como o racismo e o machismo funcionam como sustentáculo dessa relação de exploração. 55% da população do Brasil é negra. Precisamos atacar tudo o que faz com que tenhamos uma organização social injusta, do contrário, não vamos avançar.

E o que está errado na abordagem sobre o racismo? 

Nadilene Sales: Não podemos mais ficar na discussão moral. De dizer que fulano ou ciclano é racista. A gente precisa olhar para a reparação. Para a construção de oportunidades iguais. Existe um acúmulo de riqueza de uma parcela da população e isso aconteceu na base da exploração dos trabalhadores e trabalhadoras.

Por isso, não dá para que uma jovem que trabalha o dia todo, mora na periferia, passa horas no ônibus, se alimenta mal, não tem tempo para estudar, dispute a mesma vaga que pessoa que está bem nutrida, que tem acesso à moradia boa, que fez cursos e mais cursos. Não dá.

 

É possível pensar processos de formação que contribuam com o anti-racismo? 

Nadilene Sales: O processo de formação precisa acontecer a partir do Estado. Tem que ter tantas pessoas pretas nos espaços de influência, e a partir daí as pessoas vão se preocupar. Porque só disponibilizar informação não resolve. As pessoas precisam querer estar bem informadas, e isso só acontece quando a gente provoca. Precisa ter movimento, porque a informação está aí. O comportamento racista é expresso, todo mundo vê. Não é falta de ver.

Com a urgência de medidas que possam frear o aquecimento global, expresso em desequilíbrio ambiental cada vez mais flagrantes, o conceito do racismo ambiental está em debate. Como você explica o que é racismo ambiental? 

Nadilene Sales: É a falta de acesso à condições básicas. O que livra a população de doenças? Não ter água potável de qualidade e em quantidade adequada, não ter acesso a esgoto, a tratamento da água. É viver em áreas de encosta, com risco de deslizamento de terra, ou em áreas com o solo contaminado. Basta uma pesquisa simples todos vão confirmar que as pessoas que não tem esse acesso são as pessoas negras. E por que é assim? Porque as pessoas negras não estão nos lugares de poder, de decisão, nas mesas das grandes instituições.

Como vocês, trabalhadores e trabalhadoras do setor do saneamento básico, estão avaliando a privatização de recursos naturais como a água? 

Nadilene Sales: Quando existe desigualdade, existe uma conta a pagar, e quem paga essa conta é povo preto, são as pessoas mais pobres, vulneráveis, é o Sul Global. Não tem como olhar para o problema do clima sem se fazer algumas perguntas elementares.

Quais são os países que estão provocando o aquecimento global? Quem está, de fato, sofrendo com o impacto do desequilíbrio ambiental? Os países estão cumprindo os acordos para frear o aquecimento global? E há quem queira pagar essa conta usando recursos naturais de outros países.

Veja o que está acontecendo na Amazônia, no Cerrado. Temos um problema de recursos e de soberania nacional. No saneamento mesmo nós estamos agora sobre ataque com a privatização ao acesso a água. Água virou mercadoria, lucro, e não um insumo básico de sobrevivência que deve estar ao alcance de todos.

No saneamento nós estamos agora sobre ataque com a privatização ao acesso a água, mercadoria. Existe uma sanha sobre as nossas riquezas, sobre os nossos recursos. Água é soberania, conclui.

 

Na reunião com entidades, Reitor se compromete com a realização de consulta pública sobre a adesão da UFRJ à empresa

Mesmo diante das argumentações de representantes do Sintufrj e do DCE Mário Prata para ampliação do tempo de debate com o fim de maior compreensão do que está em jogo numa eventual decisão de adesão da UFRJ à Ebserh, o reitor Roberto Medronho manteve a votação para esse ano no Conselho Universitário.

A reunião com todas as entidades da comunidade universitária, na qual participaram as dirigentes do Sintufrj, Marta Batista, Laura Gomes, Carmen Lúcia e Ana Mina, teve como objetivo, segundo o reitor, dirimir divergências e realizar um diálogo construtivo em relação ao processo com a Ebserh.

Mesmo não tendo êxito em obter do reitor o compromisso de mais tempo para o debate, os representantes das entidades conseguiram dar um passo a mais para democratizá-lo, ampliá-lo e envolver a comunidade. O reitor comprometeu-se institucionalmente a buscar ampliar a discussão.

Para isso, três ações foram consensuadas com as entidades: socializar toda a documentação produzida, relatórios, decisões, principalmente o contrato, que ficarão hospedadas um hotsite; realizar debates e audiências públicas nos centros com garantia do contraditório em relação a adesão da UFRJ; e a realização de uma consulta pública com toda a comunidade, técnico-administrativos, estudantes e professores, sobre a adesão ou não a Ebserh, com o acompanhamento de uma comissão representativa das entidades.

“Para nós é importante a garantia enquanto entidade sindical que esse debate de fato aconteça, e que ele não seja apenas protocolar. Reconhecemos a legitimidade do Conselho Universitário, mais acreditamos que um debate desse porte que altera uma universidade dessa maneira precisa acontecer de forma mais democrática e ampla”, afirmou a coordenadora-geral do Sintufrj, Marta Batista.

Laura-Gomes, que divide a coordenação-geral do Sintufrj com Marta Batista, expôs para o reitor a preocupação com o pessoal extraquadro. Ela é técnica de enfermagem do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), a maior unidade de saúde da UFRJ e que está no centro do debate em relação a Ebserh.

“Nossa posição sobre a Ebserh é contrária como todos sabem. Mas o que mais me preocupa é como ficará a situação dos extraquadros. Eles já trabalham com contrato precário, a maioria há mais de 20 anos, mas é o seu ganha pão. Muitos estão com mais de 60 anos e não vão passar em concurso da Ebserh, caso a empresa seja contratualizada pela UFRJ.”

Três unidades de saúde

Na negociação da adesão à Ebserh, a contratação com a UFRJ envolve apenas três hospitais dos nove que fazem parte do Complexo Hospitalar da UFRJ. São eles HUCFF, Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) e Maternidade Escola.

Aliás, a escolha dos maiores hospitais do Complexo Hospitalar e que podem auferir lucro para a Ebserh, é mais um dos questionamentos à adesão feito pelo Sintufrj.

A coordenadora de Administração e Finanças do Sintufrj, Carmen Lúcia, que é técnica de enfermagem do Instituto de Atenção a Saúde São Francisco de Assis – Hesfa, tocou exatamente neste ponto.

“Está fazendo 35 anos daquela enchente no Rio de Janeiro que nós do Hesfa trabalhamos como voluntários. Estamos sempre falando dos maiores hospitais, mas não podemos esquecer da saúde básica e da excelência que praticamos nos nossos outros hospitais. O São Francisco é uma referência no centro da cidade e que sempre foi um hospital de reabilitação. E percebemos que a cada dia está diminuindo a quantidade de atendimento”, observou.

Carmen Lúcia colocou também a preocupação com os NES inquirindo o reitor sobre a situação dos demais hospitais do Complexo Hospitalar.

“Fala-se que com a Ebserh abrirá mais vagas através de concursos. Como ficará a situação dos NES que trabalham há mais de 20 anos nas unidades hospitalares da UFRJ sem perspectiva nenhuma? Temos essa preocupação de imediato. Outra questão, só serão contratados pela Ebserh três hospitais – HUCFF, IPPMG e Maternidade Escola. Como ficarão os outros hospitais? São muitas questões envolvidas e não é com a Ebserh que resolveremos o problema estrutural dos nossos hospitais”, finalizou a dirigente.

ENTIDADES NA REUNIÃO COM o reitor Roberto Medronho nesta terça-feira (14)
CARMEN E ANA MINA, dirigentes do Sintufrj: questionamentos
Reunião Reitor, DCE, Sintufrj e Adufrj sobre Ebserh
MEDRONHO, LAURA E MARTA. Resistência à Ebserh na mesa

Faltam apenas duas semanas para a abertura do XI Seminário de Integração dos Técnico-Administrativos em Educação da UFRJ (de 27 de novembro a 1º de dezembro). O Sintae já se consolidou, ao longo de 11 edições, no calendário institucional da UFRJ como uma verdadeira vitrine da relevante produção técnico-administrativa nas mais diversas áreas de conhecimento.

O Sintufrj, representado pela coordenadora-geral Marta Batista, estará na cerimônia de abertura, presencial, no dia 27, às 9h, no Salão Nobre do CCMN (que contará com o reitor Roberto Medronho, com a pró-reitora de Pessoal Neuza Luzia, com a Superintendente da Coordenação de Dimensionamento e Desenvolvimento de Pessoal, Rejane Barros e com Gustavo Cravo, representante da Comissão Organizadora. O mediador é o superintendente geral de Pessoal Rafael Pereira.

Pesquisa

A coordenadora do Sintufrj também participa da mesa de abertura (às 9h30), que abordará “O papel dos técnicos-administrativos na pesquisa e na produção acadêmica da UFRJ”. Essa mesa contará ainda com Flávio Chedid (NIDES/UFRJ) e João Sérgio dos Santos Assis (Representante dos Técnicos no CEPG/UFRJ), e o debate será mediado por Fernando Pimentel (PR3/UFRJ).

“A escolha é motivada pela urgência em debater com mais efetividade o tema bem como produzir dados que expressem essa produção. O bom nível de debates dentro do Grupo de Trabalho (GT) TAEs na Pós, organizado pelo Sintufrj, a partir de demandas da categoria, foi um grande motivador para a escolha da mesa”, informa texto da Comissão Organizadora, ponderando: “Há técnicos com produção acadêmica de qualidade. E desejamos que estes sejam reconhecidos e valorizados”.

A Comissão informa que, além de debates e exposição de trabalhos, ocorrerão dois painéis. O primeiro com o debate “Relações de Trabalho na UFRJ”, composto por trabalhadoras da Seção de Acompanhamento das Relações de Trabalho (SART). O segundo apresentando pesquisas em andamento de estudantes do Curso de Especialização em Administração Universitária Federal.

O evento, que conta com apoio do Sintufrj, está pela primeira vez organizado em grupos de trabalho, e acontece pela segunda vez, em formato híbrido (embora, segundo os organizadores, haja atividades exclusivamente presenciais e outras remotas). Serão apresentados 137 trabalhos de servidores de diferentes universidades, institutos, colégios e centros federais.

São 23 GTs abordando temas como Artes e Cultura; Arquivos e Gestão de Documentos; Assistência Estudantil; Atividades Físicas e Esportivas; Carreiras Públicas; Os Técnicos em Assuntos Educacionais nas universidades brasileiras: da ordem normativa ao campo de possibilidades; Gerenciamento e Acompanhamento Acadêmico; Gestão de Pessoas; Governança: boas práticas de governança na gestão universitária; Saúde do Trabalhador e Qualidade de Vida, entre outros.

Conheça os trabalhos

A programação, caderno de resumos (com mais de 140 páginas de programação e apresentações de mais uma centena de trabalhos e seus autores) e demais dados do podem ser consultados em https://conferencias.ufrj.br/index.php/sintae/SINTAE11.

A Decania do Centro de Tecnologia (CT) realizou reunião extraordinária de seu Conselho de Centro nesta segunda-feira, 13, para debater a proposta de adesão a Ebserh. O representante do grupo de trabalho criado pela Reitoria para negociar o contrato, Amâncio Paulino de Carvalho, mais uma vez não esclareceu, de forma satisfatória, as dúvidas dos participantes, tanto que o decano do CT, Walter Suemitzu, que externou também suas dúvidas, irá convocar nova reunião sobre o tema.

Como em outras apresentações, mais uma vez Amâncio repetiu a  defesa da adesão da UFRJ à Ebserh, destacando um suposto aumento do número de leitos e verbas, mas o teor do contrato,  cobrado pelo Sintufrj, estudantes e o movimento Fora Ebserh, não apresentou.

Diante da insistência da cobrança, informou que apresentará a minuta do documento em dois dias. Direção do Sintufrj, técnico-administrativos e diretores do Instituto de Química e do Nides presentes à reunião externaram suas críticas, preocupações e opiniões.

Redução de leitos

As coordenadoras-gerais do Sintufrj, Marta Batista e Laura Gomes, tiveram a oportunidade de expor a posição do sindicato.

“Estou lendo o relatório feito pela comissão (que avaliou a Ebserh) com cuidado”, relatou Laura Gomes. “Nele destaquei  reclamações de falhas graves em processos assistenciais. Problemas de infraestrutura, cancelamentos de cirurgias, dificuldade de agendamento de exames e aumento dos casos de assédio”, relacionou a dirigente. “Sem tem tanto problema o que a Ebserh vai trazer de bom? Se diminui a assistência, se diminui o número de exames, se aumenta os casos de assédio. Inclusive no relatório está informado que um 1/3 dos hospitais reduziu o número de leitos. E os que ampliaram a capacidade de leitos, sete são de menor porte. Apenas um, que é de grande porte, teve aumento de leito. Então o que está escrito é que diminui o número de leitos. Não aumentou. Temos de aprofundar esse debate para ver o melhor para a universidade”, sustentou Laura Gomes.

Marta Batista foi incisiva. “Somos contrários a adesão a Ebserh por várias razões. Temos compreendido por  meio de relatórios e debates que a Ebserh não resolve o problema do nosso Complexo Hospitalar e do custeio do hospital. Há a venda de ilusões pelos corredores de uma falsa ideia de que sobraria mais dinheiro para a universidade, mas percebemos que não, observou a dirigente do sindicato.

Ela acrescentou: “Existe um contrato que não tivemos acesso e não há nenhuma garantia de que uma suposta sobra de verbas permaneça com a universidade podendo ser contingenciada pelo governo mais uma vez. Não resolve o problema de pessoal e agrava a relação de trabalho com dois regimes diferentes num mesmo hospital”, disse. Não resolve o problema de financiamento dos hospitais universitários e do nosso e do HUCFF. E o que acontece com o restante das unidades como Hesfa, IDT e Neurologia? Nada está claro. Precisamos aprofundar esse debate”, disse Marta Batista.

Contrato padrão

O coordenador da Fasubra, Francisco de Assis, informou que a Federação está realizando um levantamento da situação dos hospitais universitários que aderiram à Ebserh e verificou muitos problemas.

“Há problemas com os contratos. Informações que não foram cumpridos pela Ebserh. Além de descumprimento de contrato pela Ebserh há informações sobre perda de autonomia, como mudança dos diretores dos hospitais. Há problemas de falhas nos contratos dos hospitais universitários do país inteiro com a Ebserh”, afirmou o coordenador da federação.

O superintendente do CT, Agnaldo Fernandes, esclareceu sobre a natureza do contrato da Ebserh e revelou algumas de suas consequências.

“Quando mais a gente debater é melhor para as coisas ficarem mais explícitas. Muitas coisas não ficam explícitas. Foi importante Amâncio colocar aqui a proposta. Ela existe, está na página da Ebserh, e é absolutamente igual a todos os outros contratos. Não haverá proposta aqui de contrato diferente para a UFRJ. E não há indícios de que haverá diferenciação, mas não se fala sobre isso. Um primeiro aspecto que temos de chamar a atenção, o hospital deixa de ser da UFRJ juridicamente. Haverá alteração estatutária e ele deixa de ser um hospital de ensino. É a característica principal de nossos hospitais, que os diferencia dos outros, e isso está muito explicito no contrato. Deixa de ser uma unidade acadêmica e passa a ser um hospital de assistência.E no primeiro ano, em 2024, não terá concurso para o ano que vem. É a realidade concreta. Então há uma série de aspectos. E a questão de pessoal está nebuloso”, questionou Agnaldo.

MARTA BATISTA E LAURA GOMES defenderam a posição do Sintufrj diante da mesa mediada pelo decano do CT ladeado de Amâncio Paulino e Leôncio Feitosa
AGNALDO FERNANDES disse que não há contrato diferente para hospitais da Ebserh
DIRIGENTE DA FASUBRA, Francisco de Assis, disse que investigação da federação aponta para falhas nos hospitais da Ebserh
ESTEBAN CRESCENTE panfletou texto que sistematiza as razões da resistência à empresa na UFRJ

 

Atenção, aposentados!

Lembrando aos aniversariantes dos meses de OUTUBRO e NOVEMBRO para não deixarem de fazer a PROVA DE VIDA anual.

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