Coordenadora-geral do Sintufrj e representante técnico-administrativa no colegiado, Marta Batista alerta observou: para construir uma gestão participativa, horizontalizada, democrática, é preciso ter dados de maneira mais clara”, alertou ao colegiado.

O Conselho Universitário, reunido nesta quinta-feira, 8, escutou a explanação do professor João Carlos Ferraz, integrante do Grupo de Trabalho para acompanhar o Projeto para Utilização e Valorização dos Ativos Imobiliários da UFRJ (autodenominado) sobre o andamento e metodologia para a negociação do edifício Ventura Corporate Towers, imóvel enormemente valorizado na Avenida Chile, Centro.

A exposição  não acarretaria, segundo a Reitoria, naquele momento, nenhuma deliberação. Mas é a largada desta etapa do projeto no Consuni e deve retornas nas próximas sessões.

Críticas

“Não pode ser a solução da universidade alienar patrimônio. Quais tem sido as movimentações da Reitoria (para lutar por recursos)?”, questionou a estudante Camile Paiva, criticando a lógica imposta ao serviço público de sempre viver no gargalo. E lembrando que no IFCS e em outros lugares, no verão os estudantes  estão dentro de “saunas de aula”. A ampliação do debate, segundo ela, vai além das reuniões nas decanias, fundamentais mais insuficientes para que de fato se ouça a comunidade acadêmica.

A estudante Isadora Camargo completou lembrando a importância da UFRJ como ponta de lança na luta pela recomposição orçamentária. Momento antes, ela havia citado como exemplo, a conquista pelo DCE Mário Prata – com mobilização, denúncia e até ocupação da unidade pelos estudantes – da emenda parlamentar do deputado Glauber Braga de R$1,5  milhão para recuperação do prédio do IFCS-IH, no Largo de São Francisco, apesar de alertar que o valor é inferior às necessidades de recuperação urgente.

Ponta de lança

A representantes dos técnicos-administrativos foi taxativa Marta Batista, coordenadora-geral do Sintufrj: “A Educação precisa ser de fato um projeto de Estado, o que nunca aconteceu. Sempre estivermos imersos num Estado colonizado, depois, um Estado capitalista e é até hoje um Estado com políticas profundamente neoliberais, inclusive na educação. E se é verdade que a gente lutou muito, inclusive para tirar o governo fascista, que odiava a ciência da institucionalidade, é verdade também que a gente tem uma grande luta ainda contra o centrão e a extrema-direita. Por isso a gente nunca tem prioridade no orçamento, que tudo é com muita luta, e é por isso que a gente, enquanto o movimento cobra, e vai continuar cobrando, que a Reitoria tenha uma postura de ponta de lança na luta e na cobrança pública, por mais orçamento público para as nossas universidades e para as nossas instituições”, disse, colocando que a categoria espera o aprofundamento do debate e que não seja como no caso do Equipamento Cultural de Multiuso e o da Ebserh.

“A gente não pode esquecer como foi a aprovação do Equipamento Cultural de Multiuso, que nem sequer os contrários puderam se manifestar, foi em meio ao protesto no Consuni, foi em meio a um debate completamente atropelado.  E a Ebserh também, no voto secreto, atropelando. O processo de diálogo fica facilitado quando a gente não está adiante de um trator passando o tempo inteiro por cima da gente e impondo prazos e fazendo manobras, não fazendo debate de maneira pública. Então, acho que essa metodologia de conduzir as coisas, a falta de transparência, a falta de democracia, ela também determina bastante das relações e de como que se dão os debates” criticou explicando que a categoria vai aprofundar o debate nos seus fóruns (o sindicato vai promover os debates) e que é preciso esclarecer aspectos como , a ordem dos valores envolvidos e o montante do investimento.

Por dados claros

“A gente precisa entender qual que é o plano de investimento da reitoria para não ficar trabalhando com expectativas. Todo mundo fica atraído por essa expectativa de um dinheiro, mas que, na verdade, a gente acaba sempre nessa lógica de um cheque branco e a gente, para construir uma gestão participativa, horizontalizada, democrática, precisa ter os dados de maneira mais clara”, ponderou a conselheira.

Debate

“Todas as outras contrapartidas, elas serão também discutidas entre nós. Nós vamos definir quais os lugares que temos para investir caso a alienação seja exitosa. Agora, para finalizar, realmente espero que os movimentos oposicionistas, naturais e democráticos, se manifestem, venham ao Consuni, batam bumbo, mas eu não posso aceitar, em nome da institucionalidade, em nome da democracia, que os conselheiros sejam impedidos de falar. Quando se impede que o outro fale, há, sim, a violência verbal. O debate vai se ampliar cada vez mais agora. Precisamos tomar esta decisão. Mas, no momento da decisão, este reitor assegurará a fala de todos os conselheiros. E, no limite, convocarei uma sessão remota”, anunciou.

 Pedido emergencial a Lula

O decano do CCS Luiz Eurico, apresentou proposta de moção (já aprovada no Conselho do CCS) que aponta graves problemas estruturais no centro e em toda universidade. Agravados pelas últimas chuvas.

Na moção, aprovada pelo colegiado, reivindicam que o reitor, junto com os demais dirigentes da Ifes, se reúna com o presidente Lula para levar os graves problemas vividos pelas Instituições Federais de Ensino, solicitando recursos emergenciais

UFRJ recorre a parlamentares

O reitor Roberto Medronho reforçou o convite para a reunião com os parlamentares no dia 26 de fevereiro (sexta-feira) às 9h (o local ainda será anunciado). Segundo ele, já confirmaram a presença dois dos três senadores, e 25 dos 49 deputados federais da bancada do Rio, de todo espectro político e que a ideia é apresentar a dimensão da UFRJ e sua produção: “Vai ser um momento importante porque a bancada,  pode nos ajudar muito na luta em defesa de um orçamento mais adequado para a universidade”.

MARTA BATISTA. Defesa da integridade do patrimônio da UFRJ

Gil doutor da UFRJ

O Conselho Universitário aprovou, também na sessão do dia 8 de fevereiro,  a concessão, por aclamação, do título de Doutor Honoris Causa ao compositor, cantor e poeta e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

A proposta foi apresentada pela Escola de Música e aprovada por unanimidade no Conselho de Coordenação do Centro de Letras e Artes em outubro.

O parecer indicando a aprovação relaciona diversos momentos importantes da trajetória de Gil para confirmar a notoriedade “artística multifacetada nos cenários nacional e internacional” e sua grande influência na música popular brasileira.

O texto lembra que “Gilberto Gil é conhecido não apenas pelo seu talento musical, mas também por seu ativismo político e engajamento em questões sociais” e que a sua discografia é “uma crônica musical da sociedade, fornecendo uma análise crítica dos problemas e desafios enfrentados pelo Brasil e pelo mundo”.

Gil nasceu em 26 de junho de 1942 em Salvador. Foi ministro da Cultura entre 2003 e 2008 e foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 2021. Foi um dos ícones da Tropicália, movimento artístico surgido na década de 1960.

A UERJ também aprovou a concessão do mesmo título a Gil no dia 2 de fevereiro. O título da UFRJ deve ser entregue em abril.

Trajetória

Alguns dos momentos destacados o parecer apresentado por Clynton Lourenço Correa:

– No início dos anos 1960 mudou-se para São Paulo e vivenciou o movimento de bossa nova e participou ativamente do núcleo fundante da Tropicália (movimento brasileiro de ruptura cultural que, na música, tem como marco o lançamento do disco Tropicália ou Panis et Circensis).

– A participação de Gilberto Gil no festival de música promovido pela Rede Record, em 1967, foi fundamental para a consolidação do Tropicalismo. Com Os Mutantes cantou “Domingo no parque”, de sua autoria, que obteve o 2º lugar.

– Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, mostrou-se um músico versátil, sempre experimentando e se reinventando.

– Através de sua música, transmite mensagens sociais e políticas relevantes, tornando-o um verdadeiro ícone da música brasileira e um artista atemporal.

– Com mais de 50 álbuns lançados, sua obra abrange uma vasta gama de estilos, desde a bossa nova até o reggae, passando pelo samba, o rock e a música nordestina.

– Suas letras poéticas e engajadas dialogam com questões sociais, políticas e culturais, tornando sua discografia não apenas musicalmente rica, mas também reflexiva e relevante para seu tempo;

– Ao longo de sua carreira, Gilberto Gil abordou temas como desigualdade social, racismo, questões ambientais, política e identidade cultural.

– Durante a ditadura, foi um defensor dos direitos humanos e da liberdade de expressão, enfrentando censura e perseguição.

– Foi responsável pela implementação do Plano Nacional de Cultura, que estabeleceu diretrizes para o desenvolvimento cultural do país.

Prêmios nacionais e internacionais

– Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Nova de Lisboa e Instituto Federal da Bahia (2023) e pela Universidade de Aveiro (2006);

– Membro da Academia Brasileira de Letras (2022);

– Dois prêmios no Grammy Latino por ‘Melhor Álbum de Música Popular Brasile0ira’ com ‘BandaDois’ e ‘Melhor Álbum de Músicas de Raízes Brasileiras’, por ‘Fé na festa’ (2010);

Livros

“O poético e o político. E outros escritos” (1988) com Antonio Riserio; “Gilberto Bem perto” (2013) com Regina Zappa; “Cultura pela palavra” (2013) com Juca Ferreira e “Disposições amoráveis” (2016) com Ana de Oliveira.