Cerca de 500 servidores do Colégio Pedro II votaram, por ampla maioria, pela deflagração da greve a partir de 3 de abril. Segundo o Sindscope (Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II), essa foi a maior assembleia do sindicato do período pós-pandemia.

A decisão segue deliberação da plenária nacional do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), que decidiu greve a partir de 3 de abril.

Os servidores na assembleia lotada, que foi realizada no campus Tijuca II, avaliaram que não houve respostas do governo às reivindicações da categoria, assim como não houve avanços na mesa nacional de negociação.

E eles seguem sem perspectiva de reajuste salarial este ano como também não vêem perspectiva de recuperação dos orçamentos da educação federal.

A categoria do Pedro II, assim como os servidores técnico-administrativos em educação das universidades federais que já se encontram em greve, lutam também pela reestruturação da Carreira, isto é, o mesmo plano de cargos e salários dos servidores das universidades.

ASSEMBLEIA NO PEDRO II. Foi a maior depois da pandemia

 

 

O objetivo foi estimular o diálogo com pais e alunos explicando as razões da greve

Integrantes do Comando Local de Greve (CLG) realizaram ação de mobilização e esclarecimentos acerca da greve no Colégio de Aplicação da UFRJ, na Lagoa, nesta quinta-feira (21).

Além das bandeiras centrais da greve (reestruturação do plano de Carreira e reajuste salarial), a manifestação envolveu pontos relacionados à crise específica do CAp.

De acordo com Edmilson Pereira, que é dirigente sindical e lotado na unidade de ensino, a panfletagem teve o objetivo de estimular o diálogo também com pais e alunos sobre a greve.

O grupo do CLG fez questão de destacar que além da Carreira e dos salários, os trabalhadores lutam por recomposição orçamentária para a universidade.

Como sabe, a asfixia financeira da UFRJ tem impacto na estrutura da instituição e no caso do CAp, um colégio de excelência, orgulho da universidade, as consequências têm sido gravíssimas.

Luta abrangente

O panfleto distribuído no ato explica que, embora “a nossa luta tem caráter mais abrangente, incluindo pautas que tem afetado diretamente nosso dia a dia de trabalho nas unidades”;

O texto distribuído na ação da greve explicita que “a crise orçamentária enfrentada pela universidade afeta o Colégio de Aplicação em diversos aspectos, por isso a recomposição orçamentária da UFRJ é um dos pilares da luta”.

Mais adiante, o panfleto sustenta que “os técnicos dessa unidade tem exposto em assembleias e atos o quando no qual se encontra o CAp UFRJ, situação essa que é reflexo dos cortes orçamentários que a UFRJ vem sofrendo ao longo dos últimos anos”

FOTOS: ELISÂNGELA LEITE

A SITUAÇÃO DO CAp

  • Infraestrutura precária da sede Lagoa
  • Interdição da sede Fundão e alocação inadequada das crianças da educação infantil na sede Lagoa
  • Quadro docente incompleto – início do ano letivo de 2024 faltando 28 docentes de disciplinas regulares e 15 docentes de Educação Especial

Mobilização no CAP.
Rio,21/03/24
Foto de Elisângela Leite
Mobilização no CAP.
Rio,21/03/24
Foto de Elisângela Leite

 

 

 

Nova reunião está marcada para terça-feira, dia 2 de abril, às 10h, em local a ser confirmado.

 

Trabalhadores e trabalhadoras do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), em reunião com militantes do Comando Local de Greve (CLG), na manhã do dia 21 de março, debateram formas de adesão da unidade de saúde ao movimento nacional da categoria, iniciado dia 11.

Os representantes do CLG informaram os presentes sobre o crescimento da mobilização, com a adesão de mais de 50 universidades e da base nacional do sindicato dos servidores do ensino básico, técnico e tecnológico, a partir do dia 3.

Deram detalhes das reivindicações, perspectivas, definições da assembleia sobre serviços essenciais e ainda como pode ser dar a participação dos trabalhadores da saúde no movimento. Os coordenadores do Sintufrj Nivaldo Holmes e Esteban Crescente explicaram as propostas de reestruturação da Carreira. Esteban apresentou o cenário atual, comentando sobre o desenho da tabela na proposta atual e os recursos necessários. Nivaldo informou a proposta do governo (reajuste de 0% este ano e 4,5% em 2025 e 2026, embora o acene com reajuste de alguns benefícios). Ele lembrou que a categoria precisa estar mobilizada para pressionar o governo por resposta e para se posicionar no momento necessário.

Depois do debate, o grupo aprovou a sugestão da mesa coordenadora da reunião (composta por Crescente e pelos trabalhadores da unidade Gerly Miceli, Jorge Brasil, Luciana Bordes e Maria de Lurdes Carvalho.

Esteban destacou a importância de todos integrarem o movimento, apresentando algumas das propostas, inclusive algumas mencionadas ali, de participação, destacando, no entanto, a necessidade de aprofundamento do debate nos setores e proposição por parte dos trabalhadores locais.
Luciana apontou que aquela reunião foi mais um passo de processo em construção, reiterando que é preciso provocar a discussão nos setores para que estes se organizem e apresentem sugestões.
Jorge Brasil lembrou que o reitor Roberto Medronho já manifestou apoio público à greve e que não é preciso temer retaliação ao movimento na UFRJ e Gerly propôs a distribuição de panfleto dirigido aos companheiros do IPPMG, abordando questões relativas à atuação na greve dos trabalhadores de saúde, a necessidade de os setores debaterem e sugerirem propostas na reunião do dia 2, que terá pauta única: formas de adesão do IPPMG na greve nacional.  As propostas serão levadas à assembleia da categoria.

   
Fotos: Regina Rocha

CLG aborda a população

Desde às seis da manhã (até a hora da reunião no IPPMG) desta quinta-feira, dia 21, um grupo de trabalhadores da unidade, do HU, da Prefeitura, Odontologia e aposentados (entre outros, como seu Fernando Alves, José Mauro Pinto, Almiro Santos Luiz Antônio de Souza e Carlos Alberto, na foto acima à direita), distribuiu panfletos à população que buscou o setor de Triagem, explicando as razões da greve: além da necessária reestruturação da Carreira dos técnicos-administrativos (cuja tabela apresenta o mais baixo piso no Executivo), os trabalhadores reivindicam a recomposição orçamentária das universidades para eficiência do atendimento da população, condições de estudo e de trabalho.

Fotos: Elisângela Leite

 

Documentário produzido pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ, exibido na reunião, mostra a violência contra negros na ditadura civil-militar

O Grupo de Trabalho Antirracista do Sintufrj – aproveitando a campanha 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo – promoveu na quarta-feira (20) como atividade de greve, uma apresentação cultural com debate no Espaço Cultural do sindicato.

“Ditadura e Racismo, violência ontem e hoje” foi o tema escolhido que reuniu como debatedores a presidente da Attufrj, Valdinéia Nascimento, a integrante da Comissão de Memória e Verdade da UFRJ, a historiadora Luciana Lombardo, a aposentada da UFRJ, Helena Alves e o poeta Toni BXD.

A mediação coube ao militante da UFRJ e integrante do GT, Hilem de Souza. “Temos de conhecer e mostrar a verdadeira história, principalmente para não a repetir”, refletiu Hilem.

A apresentação cultural ficou por conta de Toni que realiza poesia de protesto. Ele abriu e fechou o evento. O debate foi precedido pela exibição do vídeo “Incontáveis”. Episódio 5: “Populações Negras e Favelas na Ditadura”, produzido pela Comissão da Memória e Verdade da UFRJ. Este episódio aborda a temática da violência do regime militar contra a população negra e contra os moradores de favelas.

Dezenas de milhares de famílias foram removidas de suas casas para abrir espaço para a especulação imobiliária e o enriquecimento das classes dominantes, favorecidas pelo regime; jovens negros foram executados por esquadrões da morte e grupos de extermínio; moradores de favelas foram presos arbitrariamente e torturados sob a alegação de “vadiagem”; houve censura e perseguição às manifestações culturais negras: essas foram algumas das principais formas de violência que o regime moveu contra esses setores da sociedade, ao mesmo tempo em que reforçava o mito da democracia racial e afirmava que no Brasil não existia racismo.

Impacto

O vídeo impactou a todos e serviu também de inspiração para as narrativas que se seguiram.

Helena Alves contou o que viveu na Praia Vermelha em 1970. “Foi um verdadeiro horror. O exército chamou a cavalaria para pegar os estudantes. E os meninos jogavam bolinhas de gude para atrapalhar o avanço dos cavalos. Presenciamos muitas coisas mostradas no vídeo.”

Waldinéa Nascimento falou da discriminação dos trabalhadores terceirizados e o sofrimento por que passam as mulheres, em sua maioria negras. “Os terceirizados são uma categoria não reconhecida, a maioria é negra, mulheres que sofrem cotidianamente assédio e desrespeito”.

Lucia Lombardo informou que a série “Incontáveis” narra histórias que ainda não foram contadas sobre a ditadura militar no Brasil. “Tem sim um componente racial que foi negligenciado quando falamos do golpe”, sustenta. Ela afirmou que historicamente os negros, alvos privilegiados da violência estatal em um país profundamente racista, também foram muito atingidos pelos atos arbitrários da ditadura. E deu como exemplo o narrador do Episódio 5, o Filó, organizador de festas de música soul que celebravam a beleza negra e questionavam o racismo. Filó foi preso e levado ao Doi-Codi. Para mostrar que também houve muita resistência da população negra e das favelas, a historiadora mostrou uma série de cartazes de mobilização e protesto.

Protagonismo

Francisco de Assis, ex-dirigente do Sintufrj e atual coordenador de Comunicação da Fasubra, chamou a atenção que nos levantamentos feitos pela Comissão da Verdade da UFRJ não há praticamente a participação dos técnico-administrativos. “Sabemos de colegas que esconderam estudantes em caixas d´água e que chegaram a esconder documentação do Doi-Codi para proteger a estudantada. Mas isso não foi documentado”, observou.

Arte marginal

Toni BXD que rasga o verbo em seus poemas e raps, é um morador de Belford Roxo, professor de matemática e ativista. Trabalha como voluntário em quatro cursos pré-vestibulares.  Foi aluno da UFRJ e vinha para o Fundão de bicicleta. Gastava duas horas em seu trajeto. “Faço uma poesia marginal de protesto. Além de dar aulas voluntariamente desenvolvo um projeto cultural.”

Além dos debatedores, alguns participantes também narraram suas experiências como Orlando Simões. Negro, técnico de laboratório do Instituto de Microbiologia, trabalhava durante o dia e estudava a noite em uma faculdade particular. Suou muito para se formar em ciências biológicas. “Cheguei a estudar no banheiro”.

Recentemente, já formado, foi apresentar uma aula prática para os estudantes e muitos ficaram do lado de fora esperando o “professor”. Só depois que ele iniciou a aula com os alunos que estavam na sala foi que os de fora começaram a entrar “envergonhados”.

A atividade de greve do GT Antirracista do Sintufrj foi prestigiada por integrantes da Administração da UFRJ como Noemi Andrade (Câmara de Políticas Raciais da UFRJ) e Mônica Gomes da diretoria de Relações Étnicas Raciais da Superintendência de Ações Afirmativas, Diversidade e Acessibilidade da UFRJ; e Andressa Oliveira, que integra o mandato do deputado federal pastor Henrique Vieira (PSOL).

EVENTO NO ESPAÇO CULTURAL promoveu interessante debate sobre o racismo no período em que o país estava mergulhado na noite sombria da ditadura
HILEM COM CONVIDADOS da mesa de debates organizada pela GT Antirracista
PLATEIA ATENTA acerca das reflexões promovidas pelo conteúdo do documentária e das intervenções