A greve da educação federal caminha para os 90 dias (na terça-feira, 11 de junho) e tem sido marcada por mobilização e pela união de forças entre Fasubra, Sinasefe e Andes. Sob pressão, o governo agendou uma nova rodada de negociações com os técnico-administrativos em educação para 11 de maio. A reunião com os docentes foi marcada para 14 de maio.

A atuação forte e constante dos Comandos de Greve destas entidades tem se mostrado fundamentais na pressão sobre o governo para que ele se mobilize internamente na busca de recursos para promover o avanço nas negociações. A expectativa em torno dessas negociações é grande.

 

Contraproposta

Na contraproposta oficializada ao governo em 29 de maio, a Fasubra afirma à ministra de Estado de Gestão e Inovação (MGI), Esther Dweck, que o aporte financeiro apresentado na mesa específica de negociação dia 21 de maio é insuficiente para a recomposição das perdas salariais e valorização da categoria.

Além disso, a federação ratifica a concordância com os cinco pontos acatados na sua totalidade pelo governo até esse estágio da negociação: diminuição do interstício de progressão de 18 para 12 meses; verticalização da malha salarial; utilização da classe E como referência remuneratória na tabela; fim da diferença da relação direta e indireta para concessão do Incentivo a Qualificação; e revisão dos fazeres dos cargos.

Assim, no contexto da continuidade da negociação, a Fasubra informou a continuidade da greve e apresentou contraproposta avalizada pelas bases:

– Aumento escalonado do step constante (diferença entre os níveis da carreira) partindo de 4% até alcançar 4,5% em 2026.

– Recomposição salarial no piso de referência com pelo menos 4% em 2024, 9% em 2025 e 9% em 2026.

– Correlações entre os níveis de classificação utilizando o piso do nível E como referência na matriz salarial nos seguintes parâmetros:

  1. a) Piso do Nível A passa a ter correlação de 39% com o piso do Nível E
  2. b) Piso do Nível B passa a ter correlação de 40% com o piso do Nível E
  3. c) Piso do Nível C passa a ter correlação de 60% com o piso do Nível E
  4. d) Piso do Nível D passa a ter correlação de 61% com o piso do Nível E

– Inclusão da aceleração por capacitação no desenvolvimento da carreira.

– Implementação do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) na negociação com regulamentação na Comissão Nacional de Supervisão da Carreira/MEC.

FOTOS: ELISÂNGELA LEITE

AÇÃO DOS COMANDOS DE GREVE tem dado consistência ao movimento e pressionado o governo nas negociações

 

Depois da manifestação vitoriosa, novos atos unificados virão, prometem as lideranças. O próximo já está marcado: será na terça-feira, 11, dia de negociação dos TAE com o governo, com concentração às 15h, na Candelária

Em um dos momentos mais expressivos da greve, técnicos-administrativos e docentes em greve e estudantes das instituições federais de ensino do Rio, realizaram, na manhã desta quarta-feira, dia 5, um grande ato unificado, reunindo algumas centenas de pessoas, que, em passeata, percorreram as vias do Fundão em torno do Hospital Universitário e, driblando o bloqueio da polícia, fecharam pistas da Linha Vermelha.

Gente de todo lugar

Estavam lá militantes e dirigentes das entidades de técnicos-administrativos, estudantes e docentes da UFRJ, de outros campi e de instituições como UniRio, Pedro II, Cefet.  UFF, Rural, UERJ, Andes, Frente Nacional contra Privatização da Saúde, entre outras. Eles chegavam em grupos, desde o início da manhã, e se concentravam em frente ao bloco A do CCS.

Assembleia dos TAE da UFRJ

Logo de início, militantes saudaram o Sintufrj e os técnicos-administrativos da UFRJ, que já estavam ali para uma rápida assembleia, antecedendo ao ato, e estudantes, representantes de Centros Acadêmicos e do DCE Mário Prata.

Seguindo o carro de som, com suas enormes faixas e bandeiras, acompanhados da percussão de surdos, caixa de guerra e repique, saíram em passeata com as tradicionais palavras de ordem, como: “A nossa luta, unificou. É estudante junto com trabalhador”, “Não tem dinheiro para a Educação, mas tem dinheiro pra banqueiro e pro Centrão” e “O povo unido é povo forte, não teme a luta, nem teme a morte. Unidos venceremos e a luta continua.” Seguiram acompanhados por duas viaturas e policiais a pé do 17º BPM que lutaram para impedir o fechamento total da via.

Eles contornaram em passeata o Hospital até o pórtico da UFRJ, próximo à Prefeitura. Dali seguiram pela Linha Vermelha, parando primeiro duas, depois todas as vias no sentido da Ilha do Governador e até mesmo, por alguns momentos, o acesso à Baixada,  obrigando os carros que pretendiam seguir para a Ilha a subir nos canteiros.

Não sem alguns episódios de confronto e empurra-empurra quando a polícia – que a esta altura tinha ganhado o reforço de mais duas viaturas – que tentava evitar o fechamento total da via, lançando spray de pimenta em grupos de manifestantes no fim da passeata. Motos da CET-Rio ajudavam a desviar o trânsito. Militantes do Pedro II e até coordenadores do Sintufrj sofreram com os efeitos do gás.

O ato terminou com um protesto em frente ao Hospital Universitário, o maior hospital universitário da América Latina, que enfrenta a tentativa de entrada da Ebserh, com a crítica de seus efeitos sobre trabalhadores extraquadro, nas relações de trabalho e tentativa de ataques ao RJU. “O HU é nosso, fora Ebserh!”, bradaram os manifestantes, contentes com a repercussão do ato.

Motivos

O objetivo foi para chamar atenção da população para a necessidade do governo negociar com as categorias a recomposição salarial das enormes perdas dos últimos anos, a reestruturação das carreiras e recomposição do orçamento das instituições em crise de infraestrutura e serviços, tudo isso fruto de anos de ataques do governo Bolsonaro. “Negocia, Lula”, pediam as enormes faixas.

Faz o “L”

Motoristas buzinavam ora em apoio aos manifestantes ora contrariados e alguns gritavam, irônicos, “Faz o L!”. Militantes respondiam: “Fiz e faço de novo”, comentando que alguns parecem esquecer o que o governo Bolsonaro fez com a universidade, a Educação, a ciência e tecnologia sistematicamente atacadas, inclusive com corte de recursos; que seus trabalhadores amargaram anos sem reajuste e que o ministro da economia queria botar uma bomba no bolso do servidor, além da ausência total de qualquer canal de negociação. Muito diferente dos dias de hoje.

Mas a reconstrução da Educação e valorização dos servidores proposta pelo governo Lula, vem sendo insuficientes. Embora a greve já tenha conquistado, na negociação iniciada ano passada, reajuste de benefícios e algum recurso para as universidades (em maio o governo enviou mais R$375 milhões), além da proposta de reajustes em 2025 e 2026, isso está longe do necessário: a categoria – com perdas que beiram 50%, não aceita reajuste zero em 2024.

Fotos: Elisângela Leite

 

Estudantes e trabalhadores da UFRJ e de outras ife se concentram em frente ao Bloco A do CCS

 

Assembleia dos técnicos-administrativos da UFRJ antecede o ato

 

O grande grupo sai em passeata pelas vias do Fundão, contornando o hospital até o pórtico da Linha Vermelha

 

 

 

 

 

 

Na Linha Vermelha, aos poucos as pistas foram sendo fechadas

 

 

 

 

 

 

Polícia acompanhou passeata tentando impedir o fechamento total da via

 

Ato terminou em frente ao HU, com a avaliação comum, entre os grupos de cada categoria, de que foi um grande momento e que novos atos assim virão nestas semanas decisivas.

O próximo ato unificado será no dia 11, dia de negociação dos TAE em Brasília. A concentração será às 15h, na Candelária.