Decisões da Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) sobre o plano de capacitação e eleição da Comissão Interna de Supervisão da Carreira (CIS) atropelam a construção coletiva dos técnicos-administrativos em educação

A maioria dos conselheiros (em particular docentes e da bancada da Reitoria), aprovaram, na sessão do conselho Universitário (Consuni) nesta quinta-feira, 22, o projeto original da PR-4 que institui e regulamenta a Política de Desenvolvimento, Capacitação e Formação Continuada na UFRJ.

Esses conselheiros ignoraram os argumentos de que foi decisão da assembleia da categoria, na terça-feira, 20, que fosse feita a defesa no Consuni desta quinta-feira, dia 22, da contraproposta elaborada pelo grupo de trabalho do Sintufrj ao projeto apresentado ao colegiado há algumas sessões.

Não consideraram nem mesmo os apelos para a retirada temporária do ponto da pauta do colegiado, para que as contribuições ao projeto fossem avaliadas.

Expectativa

“Uma disputa lamentável, que afeta nosso trabalho político amplo, feito com a categoria, e não reconhecido por essa Reitoria e pela pró-reitora de Pessoal, que é técnica-administrativa mas não foi sensível à decisão de assembleia da categoria”, apontou o coordenador da Fasubra, Francisco de Assis. “A nossa luta agora será garantir que a Reitoria cumpra o compromisso de que as nossas contribuições serão consideradas”, acrescentou, referindo-se a afirmação da vice-reitora, Cássia Turci, ao final da votação, que o projeto aprovado não poderia ser considerado um documento final, pois teriam que continuar trabalhando para que fosse aprimorado. “Essas considerações devem ser apreciadas para a gente ir melhorando nossa resolução”, falou Turci.

O conselheiro técnico-administrativo André Salviano, considerou que o fato demonstra um problema na composição do conselho (com 70% de docentes). “No final das contas, este é um assunto muito pertinente aos técnicos-administrativos. Fica, portanto, um recado para categoria de que a gente precisa batalhar para mudar esse entendimento votado hoje”, disse.

O conselheiro Fernando Pimentel também da bancada dos técnicos-administrativos, explicou que a resolução da PR-4 tinha pontos positivos, mas precisava ser reformulada, e que deveria ser elaborada coletivamente e não de cima pra baixo.

“A votação que a gente teve no Consuni reafirma que não há um debate coletivo, não importa se houve aprovação em assembleia ou se havia resolução alternativa. Importa a pressa ou a vontade de legislar. Talvez para marcar uma posição de que o que a categoria traz não tem valor, ou do que é debatido democraticamente não tem valor”, ressaltou Pimentel.

Lenilva da Cruz, aposentada que fez parte da comissão do Sintufrj, saiu da sessão desestimulada e desacreditando no Consuni. A conselheira técnica-administrativa Gilda Alvarenga fez uma avaliação negativa: “A proposta poderia ser amadurecida, inclusive com a colaboração de alguns docentes. Mais uma vez, a composição desequilibrada do Consuni evidencia a nossa desvantagem em todas as votações. Sempre prevalece as diretrizes da própria instituição, e no caso de um assunto tão relevante para a nossa categoria, a nossa visão fica em segundo plano, em detrimento da opinião daqueles que são sempre maioria”.

Outra deliberação sem discussão com a entidade

A PR-4 anunciou, no Consuni, que está publicando edital para eleição da Comissão Interna de Supervisão da Carrera Técnico Administrativa (CIS). É  uma eleição institucional, mas viabilizada pelo Sintufrj.

A notícia surpreendeu os representantes da categoria, porque,  segundo a direção da entidade, a PR-4 não notificou formalmente o sindicato sobre a questão de grande importância para a categoria. E também porque a discussão sobre encaminhamentos do acordo de greve (como as mudanças na Carreira e que deverá ser concluída até dezembro), está em curso no MEC.

“As lideranças organizadas na base do sindicato estão fazendo esse debate cotidianamente, inclusive no GT Carreira Sintufrj. A PR-4 pegou a todos de surpresa lançando a questão da CIS sem nenhuma discussão com a entidade. Começamos mal. Quem realiza a eleição é o sindicato junto com a PR-4. Não foi, portanto, a forma mais democrática”, disse o coordenador-geral  Esteban Crescente.

Em que pese esse quadro, informa o coordenador, o sindicato não se furtará de participar, e vai encaminhar seus entendimentos sobre o andamento do processo eleitoral, o regimento. “Ainda que haja essa dificuldade de diálogo, o sindicato se vê na obrigação de se colocar, de se posicionar, e vai fazer isso sobre o regimento eleitoral e o processo em si”, reiterou.

O mesmo se dá com relação à deliberação sobre a capacitação: “Lamentamos (a maneira como foi decidido) porque nossa proposta foi uma construção coletiva. Nós vamos continuar o processo de discussão, mas a direção do sindicato se sentiu extremamente excluída da oportunidade de fazer algo que gerasse acúmulo positivo para a comunidade acadêmica”, avaliou o dirigente.

Foto: Renan Silva

CONSUNI debate e delibera sobre plano de capacitação

 

REPRESENTANTE TAE, Fernando Pimentel apesenta proposta da categoria

 

Avaliações de conselheiros e militantes que acompanharam a deliberação

André Salviano, representante técnico-administrativo no Consuni

Fernando Pimentel, conselheiro e integrante da Comissão de Desenvolvimento do GT Carreira

Francisco de Assis, coordenador da Fasubra

Lenilva da Cruz, integrante da Comissão de Desenvolvimento do GT Carreira

Gilda Alvarenga, representante técnica administrativa no Consuni