Chamada da CUT para plenária e Marcha dos Trabalhadores da CUT, em Brasília, entram na pauta da assembleia

Na tarde de quinta-feira(24), o Sintufrj realizou assembleia extraordinária, às 14h, no Espaço Cultural da entidade, para que a categoria indicasse os delegados (sete companheiros(as) da base e um dirigente) que os representarão na plenária virtual da Fasubra, nesta sexta-feira, 25, e no sábado, 26. A agenda de lutas do 1º de maio, no Rio de Janeiro e em Brasília, também estava na pauta.
O coordenador-geral do sindicato, Esteban Crescente, reafirmou a continuidade do estado de greve aprovado em assembleia, quando ainda não havia confirmação do pagamento dos ganhos econômicos conquistados com a reestrutura da carreira, mas como o governo ainda não cumpriu integralmente o acordado, uma nova greve não está descartada.
Ele também informou que o Sintufrj irá acionar a Pró-Reitoria de Pessoal (PR4) sobre os itens que deixarem de constar do contracheque no dia 2 de maio, e que deveriam estar lá, para que o problema seja resolvido.
#Glauberfica — Assim que a assembleia foi encerrada, trabalhadores e dirigentes do sindicato saíram com comitiva para o ato em defesa do mandato do deputado Glauber Braga, no centro do Rio.
Delegação aprovada
Os técnicos-administrativos acataram a proposta da direção sindical e aprovaram a mesma delegação que foi eleita para a última plenária física da federação, uma vez que a pauta é a continuidade dos debates iniciados na reunião anterior, que tratou dos pontos do acordo de greve em discussão com o governo e a Comissão Nacional de Supervisão da Carreira (CNSC). Além de informes gerais e análise de conjuntura.

Ato no Rio e plenária e Marcha dos Trabalhadores em Brasília

Esteban Crescente chamou os técnicos-administrativos para o Dia do Trabalhador. “Toda a categoria está convidada a se juntar ao Sintufrj, na quinta-feira, 1º de Maio, às 14h, na Cinelândia, para manifestação organizada pelas centrais sindicais CUT, CTB, Intersindical e Conlutas, sindicatos, movimentos sociais e os partidos políticos PT, Psol, PCB, PCdoB e UP, cujas bandeiras de lutas são: fim da escala 6×1, redução da jornada de trabalho, aumento dos salários e aumento da faixa de isenção do imposto de renda”.
O dirigente, que durante o feriado participou de uma ação pelo fim da jornada 6 X 1, acrescentou: “Nós temos a chance concreta histórica de, a partir da adesão da população, ter uma vitória pelo fim da escala 6×1. Eu tive a oportunidade de estar na ocupação do shopping Nova América e foi emocionante. Os trabalhadores e trabalhadoras das lojas, inclusive gerentes, concordavam com o fim da escala 6×1”.
Sobre a luta pelo cumprimento integral do acordo, defendeu: “Nós temos que manter, fortalecer e aprofundar o debate sobre o estado de greve. E a partir dos debates que vão vir da plenária e da agenda de mobilização, nós temos que ir para a mesa de negociação, porque já teve mesa desmarcada pelo governo, e nós temos que exigir nova mesa, inclusive com a Comissão Nacional de Supervisão de Carreira, para que possamos ter o cumprimento integral do nosso acordo de greve. Por essa avaliação que a nossa delegação precisa ir e fortalecer a mobilização para fazermos um grande 1º de Maio, ocupando as ruas do centro do Rio, dialogando com a população pelo fim da escala 6 X 1 e pelos nossos direitos enquanto classe trabalhadora”.

Convocação da Fasubra

O coordenador da federação e técnico-administrativo do Instituto de Biologia, Francisco de Assis, afirmou que é a luta conjunta que garantirá o cumprimento do acordo de greve. O dirigente informou sobre a caravana da CUT a Brasília, cujas inscrições foram feitas pela internet, e lamentou que outras centrais sindicais não tenham se incorporado nessa mobilização feita, segundo ele, no momento certo:
“A gente precisa fazer o enfrentamento ao Congresso Nacional e a CUT chamou uma plenária e a Marcha dos Trabalhadores, em Brasília. É uma plenária que vai tratar da conjuntura junto com a classe trabalhadora, mas central precisa de fato incorporar a luta para derrubar a escala 6 X1, como também os companheiros precisam incorporar a luta que a central está chamando em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Eu espero que mais centrais participem dessa jornada de lutas e mobilizações e que com ações políticas como essas a gente possa fazer um grande ato no dia 1º de Maio, colocando como eixos justamente essas questões que são importantes para a classe trabalhadora”.
Ponto de reflexão — “Nós, como servidores públicos”, prosseguiu Assis, “devemos incluir também o cumprimento do acordo e também precisamos estar nessa marcha porque, se os companheiros não sabem, o RJU está em risco de uma decisão do STF de acabar com esse regime. Se isso ocorrer, será desastre para o serviço público. Portanto, a gente precisa repor em pauta, também, essa bandeira de defesa do RJU, que coloca em risco toda prestação pública de serviços à população. É importante que a gente cobre o cumprimento do acordo e defenda o RJU”.
Fora assediadora da CPST!
Na UFRJ, segundo Francisco de Assis, a bandeira importante é derrubar a coordenadora assediadora dos trabalhadores da Coordenação de Políticas de Saúde do Trabalhador (CPST). “A CPST só vai ter tranquilidade quando a gente derrubar a assediadora, que agora está cumprindo a função de forma escondida lá no colo da pró-reitora ou do superintendente da PR4, despachando os processos de lá como se nada tivesse acontecido. Nós não vamos nos cansar até derrubar ela, porque a gente não admite essa política de assédio contra os trabalhadores”, prometeu.

Agradecimentos pelos votos recebidos
“No dia mesmo do resultado da eleição, nós fizemos um vídeo, uma fala minha, da companheira Charon e do companheiro Chiquinho, representando o conjunto da chapa 20, no qual destacamos a responsabilidade que recai sobre os nossos ombros pelo fato de termos ampliado uma votação que foi de 1.680 votos em 2022 para 2.013 votos nesta eleição. Isso significa que a categoria aumentou sua referência e sua confiança no conjunto das organizações e dos companheiros e companheiras também, independente de quem compõe a atual gestão”, pontuou Esteban Crescente.
Segundo ele, a transparência também foi uma marca da gestão. “Além da publicação dos balancetes, o sindicato fez uma assembleia com ampla convocação e apresentação do Conselho Fiscal, e a maioria dos presentes aprovou as contas da entidade. Foram apenas dois votos contrários e seis abstenções”, relembrou o coordenador-geral da entidade reeleito.
“O processo eleitoral é todo mundo junto na luta pelos direitos da classe trabalhadora. E acreditamos que a gente vai estar junto com os companheiros da oposição para estar fazendo os diversos enfrentamentos que teremos, tanto na UFRJ como na conjuntura”, disse Francisco de Assis ao agradecer os votos da categoria na chapa 20, que o elegeu como um dos três coordenadores-gerais do Sintufrj para o triênio 2025-2028.

Fim da escala 6 x1 sem redução salarial vai gerar mais emprego e renda

TEXTO DA CUT NACIONAL

Chamou atenção esta semana um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Femig), de que o fim da escala 6 X1 vai fazer o país perder cerca de 16% do seu Produto Interno Bruto (PIB) e o equivalente a R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos.

Esse estudo, no entanto, não levou em consideração que a proposta defendida pela CUT e as demais centrais, que está na pauta da classe trabalhadora, a ser levada na Marcha a Brasília no próximo dia 29, consta a manutenção dos salários mesmo com a jornada reduzida. A Marcha faz parte da jornada do 1º de Maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora.

Para a CUT a redução das jornadas de trabalho contribui sobretudo no sentido de apresentar uma saída para o problema estrutural de falta de trabalho e postos de trabalhos decentes a toda força de trabalho disponível. 

A diretora-técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Adriana Marcolino também defende a redução de jornada sem redução salarial como uma forma de gerar emprego e renda. De acordo com ela a análise da Femig não leva em consideração a não redução do salário.

“O pressuposto deles é a de que essas horas de redução não serão pagas, o que reduzirá a massa salarial com um impacto na economia, com redução de empregos, mas do nosso ponto de vista, ao pagar essas horas a massa salarial, no mínimo, vai se manter”, analisa

“Se a gente mantém os salários, o consumo também se mantém. Então, será preciso contratar mais trabalhadores e, consequentemente, os empregos serão ampliados por conta da redução da jornada de trabalho”

– Adriana Marcolino

Já em 2009 o Dieese apontava que a redução da jornada pode abrir vagas de emprego para cerca de 3 milhões de trabalhadores.

Adriana Marcolino entende ainda que uma parte dessas horas acaba sendo absorvida pelo próprio trabalhador com um aumento de produtividade. Estudos mostram que a redução de jornada leva a um aumento de produtividade, beneficiando também as empresas.

Esta não é a primeira vez, e com certeza, não será a última, que alguns setores empresários se colocam contra melhorias na vida do trabalhador. Uma nota técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de 2006, já fazia um histórico de como parte do empresariado brasileiro se comporta em relação à ampliação dos direitos.

Diz trecho da nota: “os empresários colocaram-se contra a redução da jornada, entendendo as reivindicações dos trabalhadores e as leis discutidas no Congresso como uma limitação à sua autonomia para organizar a empresa segundo suas próprias determinações. Eram contrários também aos projetos de lei que dispunham sobre a jornada dos menores e as férias anuais de 15 dias (de 1926), argumentando que os custos da produção seriam altíssimos e que era necessária uma vida moralmente regrada, disciplinada e voltada para o trabalho.

Na nota, os técnicos do Dieese ponderam ainda que:

  1. a) a realização de hora extra atinge um longo período por semana;
  2. b) o tempo de deslocamento/transporte aumenta em função de mudanças como crescimento das cidades e a migração dos trabalhadores para as periferias;
  3. c) há necessidade de atividades de qualificação e são raros os casos em que este tempo é remunerado como tempo de trabalho;
  4. d) pode haver um segundo trabalho, seja emprego por tempo parcial ou como autônomo, devido à redução da remuneração;
  5. e) aumenta a execução de tarefas fora do local de trabalho, o que é facilitado pela utilização do fax, celular, notebooks e internet, possibilitando que os empregados sejam acionados a qualquer momento do dia e da noite e em qualquer local;
  6. f) há necessidade de soluções para o processo de trabalho, principalmente a partir da ênfase dada à participação dos trabalhadores, que os leva a permanecer “plugados” no trabalho mesmo estando distantes da empresa

E conclui que com todos estes elementos, o tempo gasto com atividades relacionadas ao trabalho é bem superior à jornada legal que, no caso do Brasil, é de 44 horas/semanais.

Muitas dessas necessidades extras ocorrem em função da reestruturação do trabalho e do baixo crescimento, que passa a exigir cada vez mais tempo e qualificação dos trabalhadores. O medo do desemprego tem feito com que estes se submetam a essas novas exigências. O contexto de crescente desemprego ameaça trabalhadores e seus representantes nas relações cotidianas e no processo de negociação, pressionando a favor da implementação de diversas mudanças, tais como o aumento da flexibilização, a redução dos salários, o aumento das horas extras, da jornada, o trabalho no final de semana, a redução do número de equipes, entre outros.

Um outro impacto negativo para a vida do trabalhador e de sua família tem sido a redução da incorporação da riqueza produzida socialmente, pois a relação entre produtividade, aumento salarial e redução da jornada, como ocorrida ao longo da história, passa por um grande retrocesso.

Assim, pode-se concluir que a luta pela redução da jornada de trabalho e pela limitação da realização de hora extra, no Brasil e no mundo, é de extrema importância neste momento, tanto pela necessidade das sociedades de aumento do tempo livre e de melhoria na renda como pela possibilidade de criação de novos postos de trabalho, o que contribuiria a conquista de uma reivindicação histórica dos trabalhadores, por melhores condições.

Outras pautas da Marcha a Brasília

Além da redução do fim da escala 6 x1 e a jornada reduzida sem redução salarial, a CUT e as demais centrais defendem ainda a isenção do imposto para quem tem renda até R$ 5 mil; as pautas dos trabalhadores e trabalhadoras no Serviço Público das esferas municipal, estadual e federal com a valorização do serviço público, fim do confisco, pela manutenção do RJU (Regime Jurídico Único), pela regulamentação da negociação coletiva (Convenção 151);  a valorização da Agricultura Familiar, o cumprimento da lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, transição energética justa, combate ao racismo e à LGBTQIA+fobia, entre outras reivindicações.

Programação 

A concentração em Brasília no dia 29 de abril será às 8h da manhã, no estacionamento do Teatro Nacional/Praça da Cidadania, próximo à rodoviária. Às 9h será realizada a Plenária da Classe Trabalhadora para atualizar a pauta de interesse dos trabalhadores e trabalhadoras. Às 10h30, está prevista a saída em Marcha/caminhada por Brasília.

A Jornada de Lutas da Classe Trabalhadora tem seu ápice no Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, que completa 100 anos de celebração no Brasil. Neste 1º maio, as Estaduais da CUT farão manifestações em suas regiões.