“O Projeto Memória pode ser uma ponte entre gerações”
Danielle São Bento
“Ninguém invade aquilo que é seu”
Marcelo Cantizano, rebatendo a mídia da época, que chamada a “ocupação” de “invasão”
“Sou cada vez mais apaixonada por nós mesmos”
Neuza Luzia, louvando a história de luta da categoria
O episódio da ocupação da Reitoria em 1998, momento marcante da trajetória de lutas na UFRJ, foi revisitado nessa quarta-feira, 4 de junho, no evento que deu a largada no Projeto Memória Sintufrj – da Coordenação de Educação, Cultura e Formação Sindical da entidade.
Há 20 anos, a insurgência, que durou 45 dias, foi provocada pela nomeação de um reitor (José Henrique Vilhena), repudiado pela comunidade universitária. O governo FHC decidiu não reconhecer a consulta que indicou Aloísio Teixeira para o cargo e golpeou a democracia.
Naquele momento histórico, não havia precedente de ação tão ousada nas universidades nos anos que se seguiram à redemocratização.
O movimento dos técnicos-administrativos assumiu o protagonismo da resistência e liderou os eventos que sensibilizaram forças progressistas além dos muros da universidade.
A roda de conversa, organizada pelo Projeto Memória Sintufrj, reuniu alguns protagonistas do episódio. Mas foi só o início de uma série de iniciativas que vai se cristalizar nas próximas semanas em torno do evento histórico.
Entre os presentes que participaram das ações na Reitoria, estavam os diretores do Sintufrj Jessé Mendes de Moura e Neuza Luzia, que à época da ocupação também eram dirigentes sindicais.
Sebastião de Oliveira, Marcelo Cantizano, Vera Valente, presentes no episódio, também se encontraram com a memória, assim como Massaimi Saito.
Um testemunho teve tom especial. O de Daniele São Bento, hoje técnica da UFRJ e coordenadora pedagógica de cursos do Sintufrj, que, na época, era estudante da Letras. “Descobri o movimento estudantil e a política naquele momento”, confessou.
O gesto autoritário que mergulhou a UFRJ na crise e sustentou no cargo a figura de um usurpador se deu no auge de um governo que patrocinou o maior programa de privatizações. Tudo que era público era atacado. E as universidades eram alvo preferencial.
Os organizadores do Projeto Memória explicaram que o objetivo, ao recuperar a história das lutas, é fortalecer a identidade da categoria. E o caminho de construir esta memória por meio de fatos, como a ocupação da Reitoria e a mobilização que obrigou o governo a adiar o vestibular, é um método eficiente.