A nova onda da covid-19 assusta o mundo e traz incertezas. Não perca o debate organizado pelo Sintufrj nessa sexta, 14, às 14h:
Publicado: 13 Janeiro, 2022.Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, responsabilizou o “ano eleitoral” e o PT por travar o projeto de privatização dos Correios no Senado. Sem querer, o ministro de Jair Bolsonaro (PL) reconheceu a importância da luta da Federação Nacional dos Trabalhadores de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect-CUT), da CUT e demais centrais e dos trabalhadores dos Correios contra a privatização da estatal, que é ruim para povo e para o Brasil.
Segundo o ministro, embora o projeto de privatização tenha sido aprovado com folga na Câmara Federal, a influência do PT sobre a maioria dos senadores aliado às eleições de 2022 devem manter a proposta de venda da estatal na gaveta.
“Realmente, um ano eleitoral é difícil para aprovar a privatização. Estamos tentando convencer os senadores a entrar em um acordo para que possam votar. Não tenho como garantir. O PT é contra e muitos senadores apoiam o PT e são candidatos e não sei se aprovariam este projeto este ano”, disse o ministro em entrevista à rádio Difusora de Mossoró na terça-feira (11).
Na linha de frente da bancada que impediu a votação do projeto esteve o senador do PT pelo Rio Grande do Norte (RN) Jean Paul Prates, que classifica essa iniciativa como “um legado” dos petistas no Senado Federal.
“Foi luta, mas conseguimos impedir que os Correios fossem privatizados em 2021. O projeto foi retirado de pauta e deve seguir na gaveta em 2022. Foi mais um ataque do Governo Federal que a bancada do PT barrou!”, escreveu nas redes sociais o parlamentar ao lado de um banner com a foto dos sete senadores do PT e os dizeres “Legado: PT impediu a privatização dos Correios”.
A justificativa para a venda dos Correios é baseada num factoide sobre um suposto prejuízo gerado pela empresa divulgado por Fábio Faria e demais apoiadores do projeto de privatização, segundo a Agência Saiba Mais.
Nos últimos 20 anos, os Correios repassaram 73% dos resultados positivos acumulados ao governo federal, acionista único. Em 2020, a estatal apresentou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão – maior resultado nos últimos 10 anos.
É possível que Fábio Faria e Jean Paul “duelem” nas urnas em outubro de 2022 pela única vaga em disputa para o Senado nas eleições deste ano. Antes, porém, os dois precisam viabilizar suas respectivas candidaturas internamente.
Faria trava uma disputa com o colega Rogério Marinho para ser “o candidato de Bolsonaro” ao Senado no Rio Grande do Norte. Até o momento, no entanto, o ministro do Desenvolvimento Regional tem deixado claro que não pretende abrir mão de ser “o escolhido” pelo presidente da República que segundo as mais recentes pesquisas de opinião já acumula mais de 60% de rejeição no Estado potiguar.
Por outro lado, o petista Jean Paul Prates trava uma luta interna para que o PT não rife sua vaga numa eventual composição com outros partidos em nome do projeto maior, que é o da reeleição da governadora Fátima Bezerra. Há conversas locais sendo realizadas com o MDB e uma tentativa de reaproximação do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves.
À imprensa, em várias oportunidades, Prates já deixou claro que pretende concorrer à reeleição e que vai lutar por isso.
Nara Lacerda/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 13 de Janeiro de 2022
A redução da quarentena para contaminados e contaminadas pela covid-19 vai potencializar o crescimento de casos da doença e a pressão sobre o sistema de saúde.
Ouvido pelo Brasil de Fato, o médico infectologista Bernardino Albuquerque, da Universidade Federal do Amazonas considera a mudança “brusca” e com potencial para piorar um cenário que já é preocupante.
Nas últimas três semanas, a média móvel de infecções aumentou quase 17 vezes e a taxa de transmissão chegou ao maior patamar desde março do ano passado, quando o Brasil vivia o pior momento da pandemia.
Em 22 de dezembro, o cálculo da mediana (feito a partir dos dados dos últimos sete dias) chegou a um resultado de 3,1 mil novas contaminações a cada 24 horas.
Atualmente, essa conta ultrapassa 52 mil confirmações por dia. A diferença entre os números absolutos de cada data é ainda mais alarmante: uma escalada de 3,4 mil para mais de 87 mil casos nessa quarta-feira (12).
Albuquerque afirma que a diminuição da quarentena só é segura se houver testes em larga escala.
“As recomendações do Ministério da Saúde são preocupantes porque trabalham com o critério de sinais e sintomas, que devem ser avaliados por profissionais médicos. Da forma como vem acontecendo a evolução de casos no país, nós estamos com grandes lotações e isso dificulta essa avaliação.”
Segundo atualização do guia de vigilância epidemiológica para a covid-19 do Ministério da Saúde, o isolamento recomendado a infectados e infectadas caiu de dez para sete dias, se não houver mais sintomas.
“Quem vai avaliar esse parâmetro clínico? Vai ser o próprio indivíduo? Isso é um risco muito grande que nós estamos correndo”, alerta o professor Albuquerque.
A diretriz é ainda mais branda para quem deixa de apresentar sinais respiratórios no quinto dia da doença, se não houver febre em 24 horas, a quarentena pode acabar. A recomendação é de que seja feito um teste, que se der negativo endossa a liberação do isolamento.
Como parâmetro para atualizar a recomendação, o Ministério da Saúde usou as medidas que vigoram no Reino Unido e nos Estados Unidos, dois dos países que mais testam no mundo.
Gripe e ômicron: menos letais mas muito transmissíveis, surtos aumentam a ocupação hospitalar
O Brasil sempre esteve no lado oposto deste cenário, faz menos exames do que o necessário e, agora, está em risco de desabastecimento.
A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) divulgou uma nota técnica recomendando prioridade na testagem para pacientes em estado grave, pessoas que serão internadas ou passarão por cirurgias, quem é do grupo de risco, grávidas, profissionais da saúde e de serviços essenciais.
De acordo com o texto, haverá falta de exames se os estoques não forem recuperados logo. “Quando avaliamos as notícias que vêm de outros países, de que eles já estão sem insumos, é certo que o problema chegará ao Brasil.”
Para Albertino Albuquerque o atendimento a pacientes será afetado. “O que nos espera não é uma situação de tranquilidade. Apesar de a vacina nos dar o respaldo de não agravar, de não determinar óbitos, isso também tem limites. A medida que a pressão de casos começa a interferir no sistema de atendimento, nós vamos deixar passar casos com condições de risco, comorbidades, idosos”.
O professor avalia que o Brasil teve uma janela de oportunidade para estabelecer medidas quando os números no Brasil ainda estavam baixos, mas a pandemia já provocava uma nova onda em outras regiões do mundo.
“A diminuição da quarentena é um balde de água fria. Nós estamos com um vírus que já mostrou toda a sua capacidade de circulação, mas parece que realmente isso não está servindo de lição. A cultura é de acreditar que baixaram os números, a tendência é acabar, mas não é isso que está acontecendo”, finaliza Albuquerque.
Edição: Leandro Melito
Michele de Mello/Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 13 de Janeiro de 2022
Sindicatos da educação convocaram a uma paralisação nacional, nesta quinta-feira (13), contra a volta às aulas presenciais durante um novo surto de covid-19 na França. Cerca de 75% dos professores do ensino infantil, primário e fundamental aderiram à greve. Os trabalhadores denunciam que o governo não atende suas demandas e sequer respeita os protocolos sanitários que já havia estabelecido para o retorno presencial no dia 3 de janeiro.
“Manter as escolas abertas é um desejo compartilhado, mas proteger toda a comunidade educacional (funcionários, alunos e famílias) também deve ser”, afirma em comunicado o Sindicato Nacional Unitário de Instrutores, Professores de Escolas infantis e Primárias (Snuipp).
A França é um dos países mais afetados pela nova onda de contágios desencadeada pela variante ômicron. Nas últimas 24 horas foram contabilizados 338.858 infectados para um total de 12,2 milhões contágios e 123 mil mortos desde o início da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de ter imunizado 74% da população, cerca de 5 milhões de franceses recusam vacinar-se.
Segundo dados oficiais, em uma semana de aulas, 50 mil estudantes testaram positivo para covid-19. Diante do adoecimento de professores, o Ministério está convocando aposentados para dar aulas.
O primeiro-ministro Jean Castex havia declarado a meios de comunicação locais, na última segunda-feira (10), que o novo protocolo sanitário previa até três autotestes de covid-19 por aluno, quando fosse identificado um caso positivo em sala de aula. Caso contrário, seria necessário apenas uma certidão dos pais alegando que o aluno estaria saudável e apto para comparecer às aulas.
Publicado: 13 Janeiro, 2022 – Escrito por: Redação RBA
Há um ano, a Ford anunciou a saída definitiva de suas fábricas no Brasil. Mas, para trabalhadores e sindicalistas, a saída poderia ter sido evitada. Com o fechamento das três principais unidades da montadora, foram demitidos quase 8 mil trabalhadores diretos e pelo menos 100 mil indiretos. Em setembro, a Ford fechou também a fábrica da Troller, no Ceará, e mais 500 empregos foram extintos. Faltou responsabilidade social da empresa, consideram os representantes dos empregados da Ford.
“Se ela decidiu ir embora do Brasil, fechar uma planta é um direito da empresa: essa é a visão neoliberal grotesca que eles têm”, critica Rafael Marques, presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil). “No mundo inteiro não é assim. A Ford também tentou fechar a unidade de motores na França. Levou 10 anos para fechar a fábrica. Porque o governo se envolveu fortemente”, afirma Marques, em reportagem do Seu Jornal, da TVT.
Para encerrar as atividades industriais no Brasil a Ford gastou R$ 24 bilhões entre indenizações de trabalhadores, concessionárias, devolver empréstimos, multas por rescindir contratos de incentivos fiscais. Para os empregados da montadora no Brasil, o governo Bolsonaro se omitiu, e outras indústrias devem deixar o país.
“Quando se analisa a irresponsabilidade da Ford não dá para deixar de fora a irresponsabilidade do governo federal e também do estadual”, afirma o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres. “O estado de São Paulo vem perdendo empresas: a Ford em São Bernardo do Campo, a Ford e a LG em Taubaté. Então tem uma mescla aí. Não há ação em prol da indústria. O problema é maior do que simplesmente o fechamento da Ford”, observa Cayres.
Isso fica ainda mais claro quando se vê que, apesar de ter abandonado a fabricação no país, a Ford continua importando carros para vender no Brasil. Diante disso, os metalúrgicos denunciam o fechamento de fábricas, a desindustrialização, situação agravada após o golpe de 2016, que resultou no impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
“Várias cadeias industriais estão acompanhando a Ford. Estão desinvestindo: indústria farmacêutica, de bens de capital. Um cenário muito ruim”, relata Rafael Marques. “Estamos vivendo uma queda dos investimentos abrupta no país. E além dessa queda, o desinvestimento privado, público e de estatais.”
A fábrica da Ford em São Bernardo foi comprada por uma empresa do setor imobiliário e está sendo demolida. Em Camaçari, na Bahia, existe a possibilidade de que outra montadora assuma as instalações, relata o repórter Jô Miyagui.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade baiana, Júlio Bonfim, afirma que seguem as negociações com o governo estadual, com a federação das indústrias (Fieb) e o Sindipeças para viabilizar essa nova empresa. “Que possa assumir esse complexo automotivo aqui em Camaçari e com essa vinda a gente possa minimizar o impacto do desemprego na região metropolitana.”
A Última Folia é o curta metragem dirigido por Cláudio Salles, com produção executiva de Alan Motaque, que conta a história da última Folia de Reis ainda em atividade no município de Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro, Bandeira Estrela do Oriente II. Disponível no canal:
O lançamento foi nesta quinta-feira, 13, na Casa de Cultura Heloisa Alberto Torres, junto com a abertura da exposição “Essa Folia é de Reis”, composta por máscaras de palhaços de Folias de Reis e a apresentação da Bandeira Estrela do Oriente II.
A exposição já rodou cidades como Nápoles, Capri, Roma e São Paulo e conta com o apoio da PR3 UERJ e curadoria do professor Ricardo Gomes Lima. Endereço: Praça Marechal Floriano Peixoto, 303 – Centro de Itaboraí.
O curta metragem é resultado da parceria entre a Casa de Cultura Heloisa Alberto Torres com o INCT/Ineac (Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos da Uerg). É o 4º vídeo dessa dobradinha com vistas a identificar, fomentar e resgatar a cultura popular de Itaboraí e o seu patrimônio imaterial.
O primeiro vídeo foi sobre a própria Casa de Cultura Heloisa Alberto Torres, o segundo, Oleiros de Itaboraí: identidade, arte, pão e barro, e o terceiro A voz que clama no deserto, protagonizado por atores da cidade. Essa última produção resgata a tradição do último Grupo de Folia de Reis ainda em atividade na cidade.
Publicado: 12 Janeiro, 2022. Escrito por: Redação CUT
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e os presidentes das outras sete maiores centrais sindicais do país – veja lista abaixo – rebateram com fortes argumentos e fatos texto publicado pelo ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) defendendo a reforma trabalhista que acabou com mais de 100 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), legalizou o bico e condenou ao trabalho precário milhões de trabalhadores.
Confira a íntegra do artigo:
Reforma trabalhista retirou direitos e gerou desemprego
No artigo “Reforma trabalhista é injustamente atacada” (9/1), publicado nesta Folha, Michel Temer afirma que “a campanha eleitoral não pode pautar-se pelo desapego à verdade”. Parece-nos contraditória essa preocupação com a verdade em um artigo recheado de mentiras.
Em primeiro lugar, não é verdade que o projeto da reforma trabalhista resultou de um “intenso diálogo entre as forças produtivas da nação: empregados e empregadores”. As centrais sindicais propuseram ao então ministro do Trabalho que fosse criada uma mesa de diálogo social tripartite para tratar da meia dúzia de propostas sobre negociação coletiva que o governo nos apresentava, o que, evidentemente, o governo não criou. Conversa não é diálogo social tripartite. Assim mesmo, fizemos propostas para o projeto que o Executivo encaminharia ao Congresso. Propostas que não foram incorporadas.
O relator do projeto na Câmara, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), usou a iniciativa do governo para produzir o projeto da mais ampla mudança trabalhista e sindical da legislação laboral. Mais de três centenas de mudanças, desconhecidas, foram aprovadas em poucos dias sem nenhum debate. A nova legislação traduziu na íntegra as propostas patronais.
Por isso, em segundo lugar, é uma grande mentira que nenhum direito trabalhista foi atingido. A reforma autorizou estender as jornadas e criou até contrato com jornada de zero hora sem salário (o intermitente); facilitou e incentivou a contratação com menos direitos; liberou o trabalho de mulheres grávidas em ambientes considerados insalubres; desobrigou o pagamento do piso ou salário mínimo na remuneração por produção; autorizou a homologação sem a assistência sindical, sendo que a maior parte das ações na Justiça são justamente questionando as verbas trabalhistas; eliminou a gratuidade da Justiça do Trabalho e obrigou o trabalhador, no caso de perda da ação, arcar com as custas do processo; determinou que acordos coletivos podem prevalecer sobre a legislação, determinou o fim da ultratividade das cláusulas de negociações coletivas; e alijou os sindicatos da proteção dos trabalhadores, entre outras medidas nefastas.
Nada disso foi apresentado ou tratado com os representantes sindicais. Pelo contrário: desde o advento da reforma, fazemos reiteradas denúncias contra ela. E não fomos apenas nós, sindicalistas, que nos indignamos com as descaradas distorções da reforma. Ela também foi, e continua sendo, muito criticada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e por entidades de classe.
Em terceiro lugar, diferentemente do que afirma Michel Temer, desde o advento da reforma o Brasil vive em uma progressiva escalada de desemprego, de trabalhos precários e de falta de fiscalização, além de um assombroso rebaixamento da proteção laboral e social e aumento da miséria.
Durante os governos de Michel Temer (2016 a 2018) e de Jair Bolsonaro (desde 2019), as taxas de desemprego bateram recordes, atingindo 12,7% em 2017, 12,2% em 2018, 11,9% em 2019, 13,5% em 2020 e 12,6% em 2021, segundo o IBGE (em 2014, o índice era de 4,8%). No período, o número de trabalhadores sem emprego formal (informais, desempregados e desalentados), ou seja, desamparados do artigo 7° da Constituição Federal, saltou de 52,3 milhões de pessoas para 61,3 milhões de brasileiros. Culminando com o desequilíbrio da Previdência, o que mais tarde foi utilizado para a aprovação da reforma previdenciária.
Em quarto lugar é mentira que “promulgada a reforma trabalhista não houve nenhuma greve de trabalhadores”. Logo após a reforma, em 2018 o Dieese registrou 1.453 greves, sendo que 82% delas eram pela manutenção e contra o descumprimento de direitos.
Em quinto lugar, soa até estranha a insistência de Temer em relacionar a reforma, que foi na verdade um golpe de destruição de direitos laborais, sociais e sindicais, à ideia de modernização. Isso é um grande desapego à verdade. Se a ideia fosse modernizar o país, primeiro deveria ser resultado do diálogo social tripartite que tratasse de uma agenda transparente e pública; segundo, fortalecer a negociação e suas instituições e instrumentos; terceiro, valorizar os sindicatos como sujeitos coletivos de representação; e, quarto, ser uma mudança correlacionada com um projeto de desenvolvimento produtivo para gerar empregos de qualidade, crescimento dos salários, fortalecimento da demanda que sustenta o crescimento econômico.
Por fim o ex-presidente deixa claro que não entende o papel das entidades sindicais, quando ao final do seu artigo insinua que o trabalhador é contra o empregador. Uma grande falácia. A chamada “reforma trabalhista”, além de tudo o que já foi dito pretendeu, por meio de um “jabuti”, enfraquecer a negociação coletiva através da asfixia financeira das entidades sindicais, já que, ao criar a cortina de fumaça da extinção da contribuição sindical, aprovou dezenas de prejuízos nas relações de trabalho.
Em 2022 queremos que o processo eleitoral debata projetos para o país, para uma nação soberana e que é capaz de enfrentar seus problemas e de superar desafios. Como centrais sindicais, apostamos na mobilização social, no diálogo social e na negociação tripartite para pactuar compromissos entre todos. Lutamos para que a construção do nosso futuro não se paute em golpes e mentiras.
Sérgio Nobre – Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres – Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah – Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo – Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Osvaldo Augusto de Barros – Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto – Presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Edson Carneiro Índio – Secretário-geral da Intersindical (Central da Classe Trabalhadora)
José Gozze – Presidente da Pública, Central do Servidor
Publicado: 12 Janeiro, 2022. Escrito por: Gabriela Moncau, do Brasil de Fato
Pelo terceiro ano seguido, o governo de Jair Bolsonaro (PL) reajustou o valor do salário mínimo sem aumento real, apenas repôs o índice da inflação anual acumulada, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor.
O valor, que passou de R$ 1.100 para R$ 1.212, ficou, na verdade ainda mais baixo do que a inflação. O cálculo do governo, feito a partir de estimativas traçadas em dezembro, foi em cima de um índice menor do que o resultado oficial do INPC divulgado nesta terça-feira (11). Por causa disso, o reajuste do salário mínimo está, na verdade, 0,14 ponto percentual abaixo da inflação.
Isso porque, embora o reajuste nominal do mínimo tenha sido de 10,19%, contra uma inflação de 10,16%, conforme nota técnica do IBGE publicada quando o novo salário foi anunciado, este índice de reajuste incluía um valor residual que não havia sido reposto quando o mínimo tinha sido reajustado, no início de 2021. Para efetivamente repor a inflação, o valor para 2022 deveria ser de R$ 1.213,54.
Questionado sobre essa defasagem, o Ministério da Economia afirmou ao Brasil de Fato que “há incerteza inerente às estimações” e que essa correção virá apenas no reajuste do ano que vem. É a segunda vez consecutiva que isto ocorre.
Antes desses dois anos em que o aumento real foi exatamente 0%, em fevereiro de 2020 o governo reajustou a remuneração mínima com pífios 0,3% acima da inflação.
E assim, em comparação com os 35 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil figura como o segundo país com o menor salário mínimo.
O estudo divulgado pela plataforma CupomValido a partir de dados do OCDE e do World Bank sobre a remuneração de trabalhadores no mundo mostra que a Austrália é a que oferece o melhor salário mínimo e o México, o pior, com o Brasil vindo logo em seguida.
Desde que assumiu, Bolsonaro vem seguindo à risca o abandono da política de valorização real do salário mínimo, criada nos governos de Lula e Dilma Rousseff.
Em setembro de 2020, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja política econômica fez engordar suas contas em paraíso fiscal nas Ilhas Virgens – chegou a afirmar que é preciso ter “cuidado” ao fazer esse tipo de ajuste, já que o aumento do salário mínimo poderia condenar pessoas ao desemprego.
Conforme explica a economista e doutora em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp, Juliane Furno, a ideia vocalizada por Guedes é a de uma perspectiva liberal econômica.
“Por exemplo, em períodos de crise como o que a gente está vivendo, a existência de um salário mínimo seria um impeditivo para que mais pessoas adentrassem no mercado de trabalho, porque existem pessoas dispostas a trabalhar e a contratar, mas essas dispostas a contratar não poderiam pagar o mínimo, e as que estão dispostas a trabalhar se disporiam a trabalhar por menos que o mínimo”, ilustra Furno.
Para a economista, no entanto, essa correlação “é um mito”: “No período em que vigorou a política de valorização do salário mínimo o desemprego chegou em sua menor marca histórica. E a informalidade cedeu também”.
O atual cenário brasileiro, em que o salário mínimo tem o poder de comprar apenas 1,73 cesta básica, é resultado de escolhas políticas e econômicas que se arrastam há anos.
Antes de Bolsonaro, o governo de Michel Temer (MDB) – se somarmos os reajustes de janeiro de 2017, 2018 e também de 2019 (já que este foi definido ainda na gestão do emedebista) – aumentou o salário mínimo em 0,79% acima da inflação.
Durante as gestões petistas que o antecederam, somando os governos de Dilma Rousseff e de Lula (entre abril de 2003 e janeiro de 2016), o índice teve um aumento real de 59,21%.
Essa política foi fruto de acordo firmado entre o Executivo e centrais sindicais, que realizaram uma campanha reivindicando aumento real do índice, com três marchas até Brasília em 2004.
Como resultado se estabeleceu que, para além da correção de acordo com a inflação, o reajuste da remuneração mínima no país teria anualmente um crescimento real. O seu cálculo levava em conta o PIB (Produto Interno Bruto) do país e a antecipação da data-base (revisão salarial e das condições de trabalho fixadas em acordos, convenções ou dissídios coletivos).
O modelo para calcular o reajuste do salário mínimo com essa valorização foi transformado em lei pela gestão de Rousseff, com vigência entre 2015 e 2018. Em seguida, foi abandonado.
“Foi muito importante essa política de valorização do salário”, avalia Furno, ao argumentar que entre 2003 e 2014 o ganho real na remuneração mínima foi de 74%. “Se levava em consideração que, para além de não terem perda pelo processo inflacionário, os trabalhadores – como são quem produz a riqueza social – deveriam se beneficiar do ganho econômico”, descreve.
Na visão de Furno, essa foi “a principal política social dos governos Lula e Dilma”, pois em sua opinião “reduziu não só a desigualdade funcional da renda, mas também as desigualdades de raça e gênero, já que a maioria dos trabalhadores que recebem salário mínimo são os mais pobres. E a pobreza no Brasil é essencialmente negra e feminina”.
“O salário mínimo é também o piso de referência dos benefícios da seguridade social, além de ser um instrumento importante de regulação macro-econômica”, elenca Juliane Furno, ao destacar que o cenário atual estaria ainda pior caso a política de valorização do salário mínimo não tivesse existido. “Infelizmente está sendo desmontada”, aponta.
Atualmente, conforme mostra o Dieese, esse poder de compra que permite a um trabalhador que recebe R$1.212 por mês adquirir menos que duas cestas básicas é o menor da média entre 2008 e 2020.
* Com colaboração de Lucas Pará.
Publicado: 12 Janeiro, 2022 – Escrito por: Redação CUT
Para 55% dos brasileiros, o governo de Jair Bolsonaro (PL) está pior do que esperavam, revela a primeira pesquisa de 2022 realizada pela Quaest Consultoria e Pesquisa e paga pela Genial Investimentos, divulgada nesta quarta-feira (12).
A pesquisa também mostra que 50% reprovam o governo Bolsonaro, mesmo percentual registrado em dezembro do ano passado, mas cinco pontos maior que o apontado em julho do ano passado.
Os que consideram a atual gestão como regular somam 25% em janeiro deste ano, contra 26% do levantamento realizado em dezembro, ficando dentro da margem de erro de dois pontos para mais ou para menos. Em julho de 2021, este índice era de 27%.
Em julho passado, os que consideravam o desempenho do governo como bom somavam 26%. Este índice caiu para 21% em dezembro e oscilou um ponto no levantamento atual.
Também em julho do ano passado, o índice dos que consideravam que o governo estava “pior que o esperado” chegava a 48%. Outros 28% avaliam que a gestão “não está melhor nem pior”, contra 31% do levantamento anterior. Apenas 15% afirmaram que a situação “está melhor”, ante 19% da pesquisa de julho de 2021. Outros 2% não souberam ou não quiseram responder ao questionamento.
O levantamento foi realizado entre 6 e 9 de janeiro e ouviu 2.000 pessoas presencialmente. A pesquisa foi registrada nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode ser encontrada pelo número de identificação: BR-00075/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
Com informações do Brasil247