O ministro da Educação, Abraham Weintraub, resolveu seguir a risca a fala de seu colega do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aproveitar o momento e passar a boiada. O seu projeto de privatização da educação superior, o Future-se, volta à pauta, em meio a crise sanitária, econômica e institucional do país.

Na surdina, o governo Jair Bolsonaro encaminhou, dia 27 de maio, ao Congresso Nacional, Projeto de Lei (PL) para instituir o “Programa Institutos e Universidades Empreendedoras e Inovadoras – Future-se”. O comunicado foi publicado neste dia no Diário Oficial, mas o despacho não dá mais detalhes sobre o texto. A iniciativa ainda cria o dia nacional do estudante empreendedor, que será comemorado no primeiro sábado após o Dia do Trabalhador.

“A participação no Programa Future-se fica condicionada à celebração de ‘contrato de resultado’, firmado entre a universidade e o instituto federal solicitante e a União, por meio do Ministério da Educação (MEC). No ‘contrato de resultado’ serão fixados indicadores de resultados para a universidade ou instituto contratado, como contrapartida pela concessão de benefícios por resultado”, informa o governo federal.

Reação
As reações das entidades estudantis, através das redes sociais, foi imediata:
“Inacreditável”, afirmou o presidente da UNE, Iago Montalvão, que disse ser uma absurda inversão de prioridade o encaminhamento ao Congresso do Future-se em plena pandemia e suspensão de aulas.
“Derrotamos o projeto nos Conselhos Universitários. Agora, derrotaremos no Parlamento”, tuitou a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Flávia Cali.
“Inadmissível”, avaliou a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).

Mercadoria

O Future-se foi lançado em agosto de 2019 por Weintraub e à época foi criticado por mais de 40 universidades federais com rejeição imediata dos conselhos universitários de cinco, entre elas a UFRJ, como também foi rechaçado em assembleias estudantis e de técnico-administrativos país afora. Isto porque o programa significa a transformação da educação pública em produto voltado para mercado.
O Future-se então proposto previa a criação de um fundo privado para financiamento das federais e a inserção de Organizações Sociais (OSs) nas gestões das instituições, atuando desde a administração financeira até o ensino.
Privatização
O Future-se lançado em agosto do ano passado acaba com o sentido público das universidades, institutos federais e CEFETs. Altera eixos históricos que sustentam o caráter público e socialmente referenciado das instituições. A produção do conhecimento estaria submetida aos interesses do mercado e não mais voltada à necessidade da sociedade.
O programa propunha garantir a “autonomia financeira” através da captação de recursos junto ao setor privado, através de fundos de investimento, parcerias público-privadas e privatização do patrimônio imobiliário das Instituições Federais de Ensino.
Ataque ao funcionalismo
O texto proposto desmontava também as carreiras do magistério superior, do ensino básico e tecnológico e dos técnico-administrativos. E apontava para a cessão de atuais servidores para as organizações sociais e, ainda, para a contratação via essas organizações e não mais através de concursos públicos vinculado a regime jurídico Único dos Servidores Públicos Federais

Surpresa
O Future-se, que sofreu algumas modificações em relação a proposta inicialmente colocada em agosto de 2019, foi aberto para a consulta pública, entre 3 de janeiro e 24 de janeiro de 2020. Em fevereiro, o MEC apresentou a Andifes – Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – uma nova minuta do anteprojeto de lei do programa Future-se. Agora, um Projeto de Lei para sua institucionalização foi enviado ao Congresso Nacional, sem qualquer diálogo com os atores envolvidos, e onde precisará ser aprovado para entrar em vigor.

 

 

Sob intervenção do MEC, essa seria mais uma arbitrariedade cometida pelo interventor

A mobilização dos estudantes e servidores do Cefet-RJ (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckouw) impediu que o interventor imposto pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, promovesse a exoneração em massa dos diretores da unidade. A escola federal está sob intervenção do MEC desde 15 de agosto de 2019.

No dia 18 de maio, o interventor publicou uma nota no site do Cefet comunicando que “os diretores dos campi não têm mais seus mandatos legalmente válidos, e futuras modificações poderão ser propostas em busca de segurança jurídica e que a instituição precisava recuperar sua identidade”.

Sob pressão, segundo Valena Ramos, da Adcefet-rj SSind, o interventor foi obrigada a recuar de sua decisão de exonerar todos os diretores das unidades descentralizadas, mas manteve a exoneração da diretora da unidade de Nova Iguaçu. Mas a mobilização virtual continua com a realização de lives, reuniões, apitaços e manifestos, que contam com adesões de diversas entidades sindicais e estudantis, para reverter a situação no Cefet-RJ.

Mobilização
Em tempos de pandemia, a comunidade do Cefet utilizou as redes sociais para denunciar a arbitrariedade à população, conquistar adesões e impedir que o fato se consumasse. O tuitaço realizado no dia 25 de maio alcançou os trend topics (assuntos do momento).

Uma nota de repúdio assinada por diversas entidades sindicais de técnicos-administrativos e docentes, entre as quais o Sintufrj, do movimento social e estudantis, foi divulgando denunciando a atitude irresponsável e autoritária do interventor. “O ato de exonerar os diretores de unidade é uma escalada do autoritarismo e representa o total descompromisso com a transparência (…) Reiteramos que o atual interventor não tem legitimidade política para tomar mais essa atitude”, diz o texto.

Em carta aberta, diretores e gerentes dos campi denunciaram os desmandos, considerando a nova nomeação mais um golpe à democracia e com processos de exoneração feitos sem qualquer diálogo e com designação de servidores externos não capacitados para funções de direção.

Retorno à normalidade – Com o arquivamento da sindicância pelo MEC, a comunidade do Cefet-RJ reivindica o retorno do diretor eleito. Os dirigentes sindicais aguardam o prazo legal de resposta do ofício protocolado no dia 4 de maio pela Adcefet-RJ no MEC e na direção-geral da escola, solicitando resposta sobre o resultado da sindicância.

A intervenção
Em 15 de agosto de 2019, Cefet-RJ, o ministro Abraham Weintraub nomeou o seu assessor Maurício Aires Vieira, nome que sequer passou pelo crivo de uma eleição, para o cargo de diretor-geral.

No dia 15 de agosto de 2019, a comunidade do Cefet-RJ foi pega de surpresa pelo desrespeito do governo ao processo eleitoral, que definiu como diretor o professor Maurício Motta, nomeando para o cargo o seu assessor Maurício Aires Vieira, que sequer havia participado da eleição.

Toda a comunidade da escola se manifestou contra a intervenção e o MEC dizia que o processo eleitoral estava sob análise administrativa, uma sindicância e até que fosse concluída, o pro tempore ocuparia o cargo de diretor-geral da escola. As mobilizações foram aumentando e Aires foi substituído por Marcelo Nogueira, que é ligado à chapa perdedora.

 

 

Bolsonaro veta reajuste de servidores e garante socorro a estados

O Diário Oficial da União desta quinta-feira (28/05) traz a publicação, que congela os salários até o fim do ano que vem

Matéria retirada do site Metrópoles.

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sancionou, com vetos, o projeto que prevê ajuda financeira de R$ 60 bilhões a estados e municípios. O Diário Oficial da União desta quinta-feira (28/05) traz a publicação, que congela os salários do funcionalismo público.

Entre os vetos, está o trecho que abria exceção para reajuste dos servidores. Com isso, Bolsonaro acatou a sugestão da equipe econômica do governo e barrou aumento para o funcionalismo até o fim de 2021.

O presidente também vetou a parte que permitia a estados e municípios suspender o pagamento das dívidas com bancos e organismos internacionais.

No começo de maio, o Congresso Nacional aprovou a proposta de ajuda financeira a estados e municípios. Os recursos são para o enfrentamento dos efeitos causados pela perda de arrecadação durante a pandemia do coronavírus e visa reforçar ações de assistência social.

O texto enviado pelo Poder Legislativo prevê que a União transfira diretamente R$ 60 bilhões a estados e municípios. O valor pode ser dividido em quatro parcelas mensais.

Assim, R$ 50 bilhões serão destinados para compensar a queda de arrecadação e R$ 10 bilhões para as áreas de saúde e assistência social.

O projeto também suspende dívidas de estados e municípios com a União, o que inclui débitos previdenciários que tinham sido parcelados e venceriam neste ano.

O prazo para a sanção da proposta era quarta-feira (27/05). O Congresso agora pode manter ou derrubar os vetos.

Antes da sanção ao projeto que socorre estados e municípios, Bolsonaro assinou a Medida Provisória que reajusta os vencimentos dos policiais civis, militares e bombeiros do Distrito Federal. A correção virá no salário pago em 7 de julho.