A nova gestão da prefeitura de Macaé quer despejar a UFRJ e a UFF das salas ocupadas pelas duas instituições no prédio da Funemac (Fundação Educacional de Macaé), localizado ao lado do polo universitário Aloísio Teixeira. Um ofício da Secretaria municipal de Educação comunicando a decisão foi encaminhado no dia 30 de dezembro.
Uma reunião para contornar o impasse entre as direções da UFF e da UFRJ com representantes da prefeitura está prevista para sexta-freira, 15 de janeiro. Nas instalações que a secretaria quer desalojar funcionam salas de professores, laboratórios, almoxarifados e outras atividades relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão. Há grande inquietação na comunidade universitária.
Nas instalações do polo universitário ao lado não há gabinete para professores nem espaço para os laboratórios que hoje funcionam no prédio da Funemac. Os blocos A, B, C e D do polo já estão no limite da sua capacidade. Atendem mais de cinco mil alunos dos 15 cursos de graduação e três de pós-graduação, além de Pré-Vestibular Comunitário e Colégio de Aplicação da Prefeitura.
A nota assinada pela comunidade universitária destaca que a Cidade Universitária é fruto de um acordo entre a prefeitura de Macaé e as universidades: a prefeitura se comprometeu com a infraestrutura predial e as universidades com os recursos humanos e a manutenção. A universidade fornece formação gratuita e de qualidade para a população e impulsiona a economia local.
Um exemplo é o GT Covid-19 UFRJ-Macaé, que reúne diversos professores e alunos, e o Centro de Assistência Jurídica da UFF, que prestou auxílio gratuito à população em questões relativas ao auxílio emergencial.
As direções da UFRJ e da UFF em Macaé também lançaram uma nota conjunta em que informam à comunidade universitária e à sociedade macaense que no dia 6 de janeiro se reuniram com o prefeito e se posicionaram sobre a necessidade de manutenção desses espaços para a integral continuidade de suas atividades acadêmicas. Mas os argumentos apresentados pelas universidades não reverteram a decisão.
A diretora do campus UFRJ Macaé, Roberta Coutinho, conta que a intenção da prefeitura é que toda Secretaria de Educação fique reunida num só prédio. Mas causou estranhamento, a falta de diálogo com a UFRJ. “Foi um simples ofício (do dia 30) solicitando a saída (até o dia 4). A forma como foi feita é que está deixando em xeque esta parceria. É impossível uma mudança neste tempo. A gente compreende a necessidade deles. Mas na forma como foi feito, faltou um pouco de entendimento da importância das universidades federais no município”, disse ela.
“Minha expectativa é que, na reunião (na sexta-feira, dia 15) a reitora (Denise Pires) consiga chegar a um acordo com a prefeitura”, afirmou.
Kathleen Tereza da Cruz, docente do Curso de Medicina da UFRJ Macaé, pesquisadora e coordenadora do Observatório de Saúde de Macaé e coordenadora técnica do GT-Covid UFRJ-Macaé, foi homenageada com o título de Cidadã Macaense, entregue pela Câmara de Vereadores local em 2020,
Ela conta que até o momento, o que a prefeitura fez foi lançar notas tentando minimizar a situação. “Fizemos uma mobilização, uma petição pública, uma nota de esclarecimento pedindo diálogo, já que isso (a solicitação de desocupação) foi feito sem negociação. Houve só uma comunicação, conforme esclarecem as notas públicas das direções da UFF e da UFRJ publicadas em seus sites”, disse.
Prefeitura diz que vai dialogar
Por meio de nota, a prefeitura de Macaé disse que reafirma os compromissos assumidos com a UFF e a UFRJ e disse que vai criar um grupo de trabalho para tratar do assunto.
“Será instituído um grupo de trabalho para pensar a gestão dos espaços com objetivo de beneficiar o sistema educacional presente na Cidade Universitária, que engloba a Secretaria de Educação, as universidades federais UFF e UFRJ, a Faculdade Municipal de Macaé (Femass) e as outras instituições presentes no campus com o objetivo de que possam continuar atuando em prol do investimento na ciência, tecnologia e desenvolvimento”, diz o documento.