Diante do colapso do Sistema de Saúde brasileiro, Fiocruz reforça necessidade de isolamento social

A pandemia de covid-19 completa um ano na próxima quinta-feira (11). Nesta quarta (10), pela primeira vez, o Brasil superou as 2 mil mortes em um dia: foram 2.286 óbitos em 24 horas. Com isso, o país ultrapassou a marca dos 270 mil mortos, chegando a 270.656. Os números foram fornecidos pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Esta quarta (10) também foi marcada por um grande número de novos casos: 79.876. Desde o início do surto no país, 11.202.305 brasileiros já ficaram doentes pela covid-19. Este é, com folga, o pior momento da pandemia no país. A média de mortes diárias, calculada em sete dias, está em 1.626, e a de casos, em 69.096.

De acordo com boletim extraordinário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na noite da última terça (9), a situação está se agravando com velocidade no país.

São 15 capitais e 13 estados com ocupação de leitos de UTI acima de 90%. Muitos estados estão em colapso, como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Outros estão na iminência, como é o caso de São Paulo, que vive a maior crise pela covid-19 de todo o histórico.

Isolamento social urgente

Além de anunciar o colapso no país, a Fiocruz também reforçou no boletim a necessidade “imediata” da adoção em massa de isolamento social.

“Nos municípios e estados que já se encontram próximos ou em situação de colapso, a análise destaca a necessidade de adoção de medidas de supressão mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais”, afirma a Fiocruz.

“Além disso, é necessário o reforço da atenção primária e das ações de vigilância, que incluem a testagem oportuna de casos suspeitos e seus contatos”, completa a nota.

 

 

Taxa é maior em estados do Nordeste. E também para mulheres e negros

Matéria retirada do site da CUT. 

O desemprego no país, que atingiu sua maior taxa em 2020 (média de 13,5%), também foi recorde em 20 das 27 unidades da federação. Segundo o IBGE, que nesta quarta (10) divulgou detalhes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, as maiores taxas foram registradas em estados do Nordeste e as menores, na região Sul. Além disso, em 15 estados o nível de ocupação ficou abaixo de 50%.

A taxa de desemprego mais alta em 2020 foi registrada na Bahia: 19,8%. Depois vêm Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e, já no Sudeste, Rio de Janeiro (17,4%). Em São Paulo, foi de 13,9%, também recorde. Já as menores foram apuradas em Santa Catarina (6,1%), Rio Grande do Sul (9,1%) e Paraná (9,4%).

Ocupação recua

Como o IBGE havia informado, em um ano o número de ocupados diminuiu em 7,3 milhões, caindo para 86,1 milhões, o menor número da série histórica, iniciada em 2012. “Com isso, pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país”, diz o instituto. O nível de ocupação no ano passado foi de 49,4%.

E ficou abaixo da metade em 15 estados. Os nove do Nordeste, cinco da região Norte e o Rio de Janeiro (45,4%). “Em Alagoas, apenas 35,9% das pessoas em idade para trabalhar estavam ocupadas”, aponta o instituto. O maior nível de ocupação foi o de Mato Grosso (58,7%).

Variação regional

A queda da ocupação, que levou ao desemprego recorde, atingiu todos os setores, incluindo os informais. A taxa média de informalidade recuou para 38,7%, ante 41,1% no ano anterior. Nas regiões, essa média foi superada em 19 estados – de 39,1%, em Goiás, a 59,6% no Pará. Em sete desses estados, a taxa ultrapassou 50%. Abaixo de 30%, só São Paulo (29,6%), Distrito Federal (28,2%) e Santa Catarina (26,8%).

“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano”, diz a analista Adriana Beringuy, do IBGE. “Com menos trabalhadores informais na composição de ocupados, a taxa de informalidade diminui”, acrescenta.

No último trimestre de 2020, a taxa de desemprego foi de 13,9%. Cai para 11,9% entre os homens e sobe para 16,4% entre as mulheres. É ainda maior entre pessoas pretas (17,2%), atingindo 15,8% no caso dos pardos – classificações usadas pelo instituto. A taxa de desemprego dos brancos foi de 11,5%, abaixo da média.

 

 

 

 

Polícia Federal convocou vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco a depor em inquérito criminal que apura manifestação de protesto

Matéria retirada do site da CUT.

A vice-presidenta da Associação dos Docentes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (Aduferpe), professora Erika Suruagy, foi convocada a depor na Polícia Federal (PF) em inquérito criminal aberto para apurar manifestação de protesto, pacifica e democrática, realizada no fim do ano passado.

O inquérito aberto a pedido do presidente Jair Bolsonaro (ex-PLS) apura a colocação de outdoors com os dizeres “O senhor da morte chefiando o país. No Brasil, mais de 120 mil mortes por COVID-19″. #ForaBolsonaro, se referindo ao descaso do governo Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 268 mil brasileiros.

Os outdoors fora colocados pela Aduferpe e outras entidades da sociedade civil em algumas cidades do Estado de Pernambuco.

Por meio de nota, a direção da Aduferpe reagiu à intimidação: “Trata-se de um brutal ataque à mais elementar liberdade de expressão garantida constitucionalmente”.

“É uma tentativa de calar opiniões e intimidar o legítimo e livre exercício da atividade associativa”, diz trecho da nota.

A direção da entidade reforça a crítica feita no fim de 2020 e afirma que a cobrança por ações para conter a pandemia pode ser estendida a outras esferas de governo neste momento de agravamento da pandemia, onde faltam leitos, medicamentos e a vacina chega em pequenos lotes.

Para a direção da Aduferpe, as afirmações que constam nos outdoors revelaram-se “desgraçadamente justas: à época eram 120 mil mortes a lamentar, hoje já são quase 300 mil”.

A assessoria Jurídica da Aduferpe ressalta que está segura de que não há nenhuma base legal para que um processo como esse seja instaurado. “O fato de a professora Erika Suruagy ter sido convocada e de ter que prestar depoimento na Polícia Federal é de inteira responsabilidade de Jair Bolsonaro”.

Bolsonaro, diz a direção da entidade, “está claramente tentando intimidar sindicalistas, cientistas, professores, servidores públicos, artistas, intelectuais e cidadãos que discordam da política do governo. Não conseguirá!”

“A unidade do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, com suas organizações sindicais e populares, vai barrar essas intimidações e ameaças de Bolsonaro. A democracia e o livre direito de opinião serão defendidos por todos e todas”, conclui a nota da direção da Aduferpe.

Com informações da assessoria da Aduferpe e da CUT-PE. 

 

 

 

 

O debate virtual sobre a destinação pela UFRJ do terreno onde funcionava a casa de shows Canecão, realizado no dia 8 de março, movimentou a comunidade do campus da Praia Vermelha e moradores do entorno.  A iniciativa partiu do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur).

O interesse do Ippur em debater o tema com a Reitoria foi o de esclarecer as dúvidas que ainda existem a respeito do projeto VivaUFRJ: as articulações interinstitucionais, os impactos para a comunidade universitária e as implicações urbanísticas e sociais para a região da Praia Vermelha.

Discussão acalorada

A posição da UFRJ e a proposta contida no projeto VivaUFRJ sofreram severas críticas dos participantes do evento on line –  “Praia Vermelha: um debate necessário” – , os professores Pedro Gabriel Delgado (Ipub), Carlos Vainer (Ippur), Regina Chiaradia (presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo) e Sônia Rabello (diretora de Urbanismo e Patrimônio Histórico da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro). 

Eles alegam que não houve a participação da comunidade da Praia Vermelha e de seu entorno sobre a destinação do terreno, como também na elaboração do projeto VivaUFRJ. Também disseram que foram surpreendidos, no mês de fevereiro, com a notícia sobre a possível ajuda da Prefeitura do Rio para reabertura do Canecão. 

“A população tem o direito de discutir o projeto”, reivindicou Regina Chiaradia. Já Pedro Gabriel fez um apelo à reitora Denise Pires para que suspendesse o projeto: 

“Me surpreendeu a aceleração desse processo em plena pandemia e veiculado pelo RJTV. Na verdade, é uma invasão do espaço público e quero fazer um apelo à reitora Denise Pires para que suspenda o projeto. Falo como membro da comunidade da UFRJ para rediscutirmos os aspectos tanto do Canecão como o da Assistência Estudantil”, disse. 

 Carlos Vainer fez vários questionamentos sobre o projeto e cobrou respostas da Reitoria e também apresentou propostas, como a atualização do site do VivaUFRJ, mais transparência no tocante ao processo, divulgação dos contatos com as autoridades e que as entidades e especialistas na área de urbanismo da universidade e da sociedade civil sejam ouvidas. Por fim, ele endossou a proposta de suspensão do projeto e realização de amplo debate a respeito.

O representante da Reitoria, professor Vicente Ferreira, que integra o Grupo de Trabalho VivaUFRJ, respondeu aos questionamentos feito pelos debatedores reafirmando a posição que o grupo de trabalho  já vem expondo para a comunidade da UFRJ: 

“Não há privatização! Não há venda. (o que há) São estudos que ainda serão entregues à Reitoria que apresentará uma proposta final para debate com a comunidade”.

O projeto

O projeto VivaUFRJ consiste na parceria firmada pela UFRJ com o BNDES, na gestão do ex-reitor Roberto Leher, com o objetivo de utilizar os ativos imobiliários da universidade para negociar contrapartidas em obras de infraestrutura com empresas privadas.

Com isso, o terreno do antigo Canecão, na Praia Vermelha, é objeto de estudo encomendado pela UFRJ ao BNDES desde 2018, cujo resultado está para ser entregue a à universidade. 

O estudo inicial buscou identificar possíveis parcerias com empresas privadas para o uso do terreno do Canecão e de outros imóveis da instituição. Em contrapartida, os vencedores das licitações deverão assumir a reforma e a construção de restaurantes e moradias estudantis. A concessão está prevista para até 50 anos. 

Mas, parte da comunidade da Praia Vermelha desconfia da utilização dos espaços dos Institutos de Psiquiatria e Neurologia, Casa da Ciência e do antigo Canecão, assim como as associações de moradores. Já a UFRJ afirma que o projeto foi concebido para alçar alternativas ao orçamento da instituição, com prioridade para a assistência estudantil, e que o objetivo é viabilizar também um novo equipamento cultural em substituição a famosa casa de shows.  

O debate pode ser visto na íntegra no seguinte endereço:

 

 

Uma live cheia de firmeza e ternura – como bem traduziu uma das participantes – foi a atividade simultânea do Sintufrj e Sisejufe (Sindicato dos Servidores do Judiciário Federal do Rio de Janeiro), nesta quarta-feira, 10, transmitida pelas redes sociais das duas entidades, cujas direções são majoritariamente composta por mulheres. 

“Os direitos das mulheres – história e luta feminista no Brasil” foi o tema da roda de conversa, evento que fez parte da parceria firmada entre os dois sindicatos para celebrar o mês dedicado às trabalhadoras que lutam e lutaram por uma sociedade justa e igualitária para todos. 

Destaques  

A historiadora Glaucia Fraccaro, professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Catarina e autora de livros e artigos sobre o feminismo, trabalho e história do movimento sindical foi a debatedora convidada. A roda se completou com a participação da coordenadora do Sintufrj, Maria Angélica Silva, e a diretora do Sisejufe, Lucena Marins. 

Feminismo, política, trabalho doméstico, trabalho infantil, trabalhadoras e mulheres comuns, governo Bolsonaro, home office, exploração do trabalho feminino foram assuntos debatidos na roda de conversa on line. 

Glaucia enalteceu a luta cotidiana das mulheres comuns, as que não estão configuradas na história. “A consciência da ação não está nas universidades, está na nossa própria ação”, definiu ela.

Lucena Marins, do Sisejufe, acrescentou: “Nós estamos na luta ao longo da história, mas nossos nomes não estão lá. E são várias as formas de fazermos essa luta, mas fundamentalmente é preciso estarmos juntas para o enfrentamento”. 

“Nesse mês de março vamos falar das mulheres e das mulheres no mundo do trabalho que pouco se conhece e pouco se fala”, completou a dirigente. 

A historiadora destacou também a luta das trabalhadoras na história do feminismo:

 “Consideramos como expressiva a participação das mulheres trabalhadoras como parte da história feminista no Brasil”, afirmou.

Sobre o momento atual, ela alertou: “Temos um projeto de destruição em curso que envolve especialmente a exploração intensa das mulheres”.

A coordenadora do Sintufrj, Maria Angélica, lembrou da batalha das mulheres das periferias pela vida e por seus filhos, do prejuízo que o governo Bolsonaro tem causado às mulheres e o seu pouco apreço à vida humana:

“Na demissão, as mulheres são as primeiras a serem demitidas. Precisamos estar organizadas nos sindicatos, nos locais de trabalho, nas periferias. Temos hoje no governo um genocida que não se preocupa com a vida humana”. 

Maria Angélica ressaltou o vislumbre de esperança que se avizinha com a volta de Lula ao cenário político: “Desde ontem (dia em que o juiz do STF, Edson Fachin, anulou as condenações de Lula nos processos da Operação Lava-Jato) temos uma nova esperança aí surgindo”, afirmou.

A íntegra do debate está à disposição dos interessados no canal do Sintufrj no Youtube

 

 

Mais uma mulher que é exemplo de luta e inspiração: Tereza de Benguela. Ela foi uma líder quilombola que comandou a estrutura política, econômica e administrativa de uma comunidade de três mil pessoas. Unindo negros, brancos, ciganos e indígenas para defender o território onde viviam, resistindo bravamente à escravidão por mais de 20 anos.

Rainha Tereza, viveu no século XVIII e liderou o Quilombo de Quariterê, após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados.

O Quilombo de Quariterê, localizava-se no Vale do Guaporé, no Mato Grosso e existiu de 1730 à 1795, tendo Tereza de Benguela liderado até 1770 quando foi presa e morta pelo Estado.

No I Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas em Santo Domingos, na República Dominicana em 1992, definiu-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e criou-se uma rede para pressionar a Organização das Nações Unidas (ONU) a assumir a luta contra as opressões de raça e gênero.

No Brasil, o dia 25 de julho foi reconhecido, em 2014, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra pela Lei nº 12.987, em homenagem à líder quilombola. #21dias