Nesta terça, 13, ato em frente ao HUCFF em defesa do serviço público! COMPARTILHE: 

 

 

Há 16 meses os servidores da UFRJ trabalham remotamente devido à pandemia da Covid-19. Com a edição da Instrução Normativa nº 65, em 31 de julho de 2020, o governo regulou o teletrabalho na administração pública federal. As normas entraram em vigor em setembro. O tema da live do Festival do Conhecimento da UFRJ, nesta segunda-feira, 12, foi exatamente sobre isso. “O futuro do trabalho na universidade: desafios da IN 65”, que reuniu um time de especialistas. 

Pela UFRJ, Joana de Angelis, dirigente do Sintufrj; Madelon Moura, diretora da Divisão de Alocação; pró-reitoria de Pessoal (PR-4), Luizia Araújo, e o técnico-administrativo da Pró-Reitoria de Pessoa, Rogério Cruz. Além de Amparo Villa Cupolillo, ex-pró-reitora de Pessoal da Universidade Rural do Rio de Janeiro e Eblin Farage, professora da Faculdade de Serviço Social da UFF. O debate foi m3diado pela técnica-administrativa Adrielle Ribeiro.

Alerta do Sintufrj às armadilhas 

A IN 65 estabelece critérios de avaliação, metas e produtividade do trabalho remoto e impõe ao servidor os custos com a infraestrutura para o exercício de suas funções em casa. O objetivo real do governo foi o de reduzir custos na administração pública. Os debatedores discorreram sobre as implicações dessa modalidade de trabalho, avaliando cenários sobre o retorno do trabalho presencial e alertando que a discussão da IN 65 deve envolver toda a comunidade universitária.

A dirigente do Sintufrj, Joana de Angelis, coordena o Grupo de Trabalho do Conselho Universitário da UFRJ criado para estudar a IN 65 e propor as regulamentações necessárias à realidade da universidade. Esse GT, explicou ela, foi criado e atua a partir de uma proposta da bancada técnico-administrativa no colegiado superior. Porque a categoria já tinha um acúmulo de discussão sobre a IN 65, por ter constituído um GT próprio com essa finalidade. 

A coordenadora sindical faz um alerta: “É ingênuo pensar que o conteúdo da IN 65 se encerra nela mesmo. Se pensarmos a IN 65 num contexto desde o golpe (que destituiu a presidenta Dilma Rousseff), aliado às reformas (da Previdência Social, Trabalhista, imposição do Teto de Gastos, Flexibilização da Terceirização) , temos por trás a lógica privatista da educação”. 

“Portanto”, prosseguiu Joana, “não podemos analisar apenas tecnicamente a IN 65, pois ela faz parte de um projeto de universidade que pretende transformar a educação pública em mercadoria com o objetivo de lucro, desrespeitando o direito dos trabalhadores e a autonomia universitária. Isso vem acontecendo desde o golpe. Por isso, devemos dizer não à IN 65 por trazer a lógica de mercado para a universidade pública, jogando toda a responsabilidade dos custos e do laboral para o servidor. A IN 65 não traz nenhum benefício”.

Joana observou, ainda, que a IN 65 embute para a possibilidade do teletrabalho e a regulamentação do trabalho externo, que não existiam.

IN mina a autonomia

A pró-reitora de Pessoal, Luzia Araújo, chamou a atenção para a escolha a ser feita pelo trabalhador. “O trabalho remoto é opcional para as universidades e os servidores devem pensar bem sobre suas escolhas, pois essa nova forma de trabalho é para a vida toda.”, disse. 

Ela também fez um alerta para os servidores. “A IN 65 é um programa de gestão que vem minar nossa autonomia. E que fique bem claro que esse programa de gestão não é o trabalho remoto que temos construído no período de pandemia”.

Asfixia silenciosa 

Amparo Villa Cupolillo, que foi pró-reitora de Pessoal da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro tratou do tema pelo  viés da autonomia universitária e dos ataques do governo e seus impactos na comunidade universitária e na instituição. 

“Ataques à gestão de pessoas, pela via administrativa, são silenciosos e asfixiam a universidade. Geralmente pelas instruções normativas, pelas carreiras universitárias e pelas intervenções nas decisões institucionais”, observou. 

A IN é para todos  

A professora de serviço social da UFF, Eblin Farage, discorreu sobre os limites do trabalho remoto e falou da dimensão do debate. “A IN 65 não pode ser compreendida como uma norma só para os técnico-administrativos. É para todos. Por isso temos de envolver os professores nessa discussão”.

O técnico-administrativo da PR-4, Rogério Cruz, falou das legislações na esfera de pessoal. E a diretora da Divisão de Alocação da UFRJ, Madelon Moura, observou que é preciso discutir como será o retorno dos servidores. 

“Já não temos verbas agora. Como será nosso retorno sem a infraestrutura que necessitamos? Verbas são necessárias para recuperar nosso ambiente de trabalho”, apontou Modelon.

CONFIRA NA ÍNTEGRA:

 

 

 

 

Ato político em defesa da universidade pública e da autonomia universitária, e contra os ataques do governo negacionista à ciência e da cultura marcaram a abertura da segunda edição do Festival de Conhecimento da UFRJ, nesta segunda-feira, 12, com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube da Pró-Reitoria de Extensão: https://bit.ly/pr5ufrj e pelo da UFRJ: https://www.youtube.com/user/WebTVUFRJ

O evento reuniu dirigentes da UFRJ e de outras universidades do país e do exterior, Sintufrj, entre outras entidades representativas dos segmentos da comunidade universitária local e nacional, e a Secretaria de Cultura do Município Rio de Janeiro. As manifestações foram de desagravo à forma perversa como uma das mais importantes instituições de ensino do país está sendo tratada pelo governo de Jair Bolsonaro. 

“Com o próprio futuro das instituições públicas de ensino superior ameaçado por cortes orçamentários crescentes, o Festival do Conhecimento é também um ato de resistência e de defesa da UFRJ”, destacaram os organizadores do festival, cujo tema escolhido tem tudo a ver com o momento atual: “Futuros possíveis”.

Programação

O Festival do Conhecimento vai até o dia 16 com uma múltipla  programação virtual: 500 atividades ao vivo e 700 gravadas, com participações de cientistas, lideranças sindicais e dos movimentos populares e artistas, entre outros convidados, para pensar o presente e o futuro e discutir temas tais como, inteligência artificial, cidades sustentáveis, afrofuturismo, diversidade, vacinas e o mundo do trabalho pós a Covid-19. A expectativa é atrair 30 mil participantes..

Ato político

“Precisamos cada vez mais nos colocarmos em defesa da democracia nas nossas instituições e no país, pela liberdade de expressão, de pensamento e de ideias”, afirmou a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho. Segundo a dirigente, as universidades juntas ofereceram, na pandemia, mais de 2.200 leitos extras (na UFRJ foram 150, com o atendimento de 1.500 pacientes ou mais). “É possível que tenha chegado a 50 mil pessoas atendidas nas universidades, o que quer dizer que essas instituições  salvaram muitas vidas. Não existe país desenvolvido sem universidade”, complementou.

O festival é o maior evento virtual realizado pela UFRJ e a organização é da Pró-Reitoria de Extensão. “Não é um festival, mas um ato em defesa da universidade pública, da ciência, da cultura. Um ato político e acadêmico. O país está derretendo e as universidades públicas é um lugar de resistência do Estado. E espero que, neste momento de reconstrução, em possamos estar todos juntos”, disse a pró-reitora Ivana Bentes. 

A superintendente de Integração e Articulação da Pró-Reitoria de Extensão, Bárbara Tavela, falou do trabalho de toda a equipe. “Embora a Pró-Reitoria de Extensão já estivesse acostumada com os grandes eventos presenciais da UFRJ, se reinventou com a pandemia criando o Festival de 2020 e esta segunda edição, com a participação de toda a equipe formada essencialmente por  técnicos-administrativos, juntos e separados”.  

“Nada se conecta mais com a sociedade do que um grande evento como esse”, prosseguiu Bárbara, explicando que, também foi  importante as propostas enviadas pela categoria. “Vocês vão ter a possibilidade de conhecer o trabalho de inúmeros técnico-administrativos da UFRJ das diversas áreas durante o festival, e também de grandes nomes da ciência, da tecnologia e da pesquisa”, informou.

Futuros possíveis

Parta a coordenadora do Sintufrj, Damires França, “só a universidade pública pode promover a reflexão e o debate sobre alternativas para um futuro mais sólido e sustentável para todos, pautado nos direitos das diferenças. E o futuro passa por uma ação contra hegemônica, contra quem explora, oprime e promove  genocídio no país”.

A presidente da Adufrj, Eleonora Ziller, apontou que pensar o futuro é a única forma de transformar o presente – “talvez essa seja a tarefa mais importante e um compromisso inarredável”. Ela lembrou momentos da história como quando professores e técnico-administrativos estiveram em Brasília, em 1988, “escrevendo com sua luta a Constituição Cidadã” e garantindo na Carta Magna a importância de uma universidade autônoma e comprometida socialmente.

O secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Marcos Faustini, avalia que há uma guerra instalada no Brasil contra o conhecimento, contra a vida, contra a cultura. “Um festival como esse tem a capacidade de articular nossos saberes. O conhecimento produzido nas universidades nos ajuda a deixar a cultura mais democrática”, afirmou.

Para Sandra Goulart, reitora da UFMG, o momento é de ataques e o festival é de fato um ato de resistência relevante pata todas as instituições; Ela citou uma frase de Darcy Ribeiro ilustrar a  realidade brasileira atual: “Nenhuma sociedade pode viver sem a universidade”, e concluiu que “a crise da educação não era crise, mas um projeto político”.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Siperior (Andifes), Edward Madureira, destacou que é inquestionável o protagonismo das universidades neste um ano e meio de pandemia, inclusive com o reconhecimento e o respeito da sociedade como sendo agentes decisivos no marco civilizatório. Apesar de apontadas como  lugar de balbúrdia e antro de drogas. “Mas isso não colou”, disse ele. “Talvez a gente não tenha a dimensão da força que é essa rede de 69 universidades federais, mais 38 institutos federais, dois Cefets e o Colégio Pedro II, que, sem dívida, têm obrigação de conceber m projeto de Nação”, acrescentou.

O reitor da UERJ, Ricardo Lodi, apontou os ataques à autonomia das instituições com as interferências do governo na escolha de reitores e com os contingenciamentos arbitrários. “Por isso esse evento é tão necessário”, frisou.

“Talvez nunca na história de nossas instituições a importância da Extensão ficou tão nítida como o principal caminho de nos aproximarmos, cada vez mais, da sociedade”, observou o professor Antônio José Meireles, da Universidade de Campinas.

Rodrigo Arim, reitor da Universidad de la República (Uruguay), abordou o cenário desafiador no Brasil e de outras regiões, e sustentou que as instituições devem ser autônomas, porque são imprescindíveis para um melhor futuro para todos, e de qualidade e gratuitas, pois são instrumentos democratização.

O pró-reitor de Patrimônio, Desenvolvimento e Fianças da UFRJ, Eduardo Raupp, lembrou das restrições impostas à universidade pelo governo federal, acrescentando, porém, que “há resiliência para resistir aos ataques e ousadia para desafiar quem quer calar a universidade”.

 

 

Em maio, eram 49% os pró-impedimento e 46% os contrários a destituição de Bolsonaro, que segundo a mesma pesquisa é reprovado por 51% dos brasileiros 

Publicado: 12 Julho, 2021 -Escrito por: Redação CUT

ROBERTO PARIZOTTI (SAPÃO)

Nos últimos dias, as notícias para o pior presidente da história do Brasil não foram nada boas. De acordo com o Datafolha, subiu para 54% o percentual dos brasileiros que apoiam o impeachment de Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Em de maio, eram 49% os pró-impedimento e 46% os contrários a destituição de Bolsonaro, que segundo a mesma pesquisa é reprovado por 51% dos brasileiros.

A pesquisa foi feita nos ia 7 e 8 de julho, depois do Brasil ultrapassar meio milhão de mortes em decorrência de complicações causadas pela Covid-19 e da Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, que investiga ações e omissões do governo no enfrentamento à pandemia,  começar a investigar denúncias de corrupção na compra de vacinas – superfaturamento de 1000% na compra da vacina indiana Covaxin e de US$ 1 de propina na compra da AstraZeneza.

Ao alto percentual dos que aprovam o impeachment e dos que reprovam o presidente, soma-se a péssima opinião que os brasileiros têm sobre Bolsonaro, a quem consideram desonesto, falso, incompetente, despreparado, indeciso, autoritário, favorece os ricos e mostra pouca inteligência.

Em 30 de junho, a CUT, movimentos sociais e representantes de partidos protocolaram na Câmara dos deputados um superpedido de impeachment, mas até agora o presidente da Casa, Arhur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro mantém a decisão de engavetar todos os pedidos que chegam pedindo a destituição do presidente da República, diz que não tem ambiente político para isso.

Em entrevista à CNN Brasil neste sábado (10), Lira voltou a indicar que não pretende, por ora, dar sequência a algum dos mais de 100 pedidos de impeachment de Bolsonaro.

Nas ruas, são cada vez maiores os atos contra Bolsonaro, pela vida, vacina no braço e comida no prato. O próximo ato está marcado para o dia 24 de julho.

IMPEACHMENT – Quem defende mais o impeachment

. 77% dos homossexuais ou bissexuais,

. 65% dos que se declaram pretos,

. 64% dos moradores do Nordeste,

. 61% dos jovens,

. 60% dos mais pobres, e

. 59% das mulheres.

Quem é contra o impeachment

. 49% dos mais velhos

. 56% dos evangélicos (56%),

. 62% dos que quem ganha de 5 a 10 salários mínimos,

. 59% dos mais ricos (59%), e,

. 68% dos empresários (68%, mas um grupo com apenas 2% da amostra, ou seja, poucos empresarios foram entrevistados pelo Datafolha).

 

 

 

 

Marilane Teixeira, da Unicamp, afirma que a redução de jornada traria impactos positivos para toda a sociedade, como mais qualidade de vida para os trabalhadores, além ampliar o acesso ao emprego e à renda

Publicado: 12 Julho,; Escrito por: Andre Accarini/Site CUT Nacional

ARTE: ANDRÉ ACCARINI/CUT

A luta histórica da classe trabalhadora pela redução das jornadas de trabalho sem redução de salários vem ganhado adeptos de peso e provando que é viável e lucrativa.

Empresas multinacionais decidiram humanizar o ambiente de trabalho diminuindo cargas horárias sem mexer nos salários para melhorar a qualidade de vida de seus funcionários e o resultado foi aumento da produtividade e dos lucros.

Exemplo mais recente foi uma rede de produtos para pets que adotou a semana de quatro dias de trabalho, inclusive nas filiais brasileiras. De acordo com a empresa – a Zee.Dog – a redução de jornada foi implantada para aumentar a qualidade de vida, diminuição do stress e, claro, melhorar a produtividade dos trabalhadores. 

Outras empresas também adotaram medidas semelhantes como a Microsoft. De acordo reportagem da revista Exame, em 2019, a filial da gigante da informática no Japão testou um modelo de quatro dias úteis por semana e verificou um aumento de 40% no faturamento.

É a prova de que a medida, ao contrário do que pensa grande parte do empresariado brasileiro, não representa prejuízos e sim investimentos que, a médio e longo prazos, podem trazer ainda mais lucratividade.

“As experiências internacionais mostram que reduzir a jornada, ao invés de aumentar custos, aumenta a produtividade. As pessoas trabalham mais felizes, mais satisfeitas e o que se faz em 44 horas, se faz em 40 horas. O que se faz em cinco dias, se faz em quatro”. A afirmação é da economista do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, Marilane Teixeira.

E ela explica ainda que os resultados positivos beneficiam a sociedade como um todo, já que além de ser uma forma de reorganizar para melhor a vida social, haverá também um impacto no mercado de trabalho.

“Com jornadas menores, quem trabalha vai ter mais tempo para lazer, para os estudos, para a vida pessoal, vão aproveitar melhor o tempo, inclusive consumindo mais. A atividade econômica também melhora”, afirma a economista.

“Com mais consumo, haverá maior demanda de produção e de serviços. Com jornadas reduzidas, empresas deverão contratar mais trabalhadores. Claro que não resolve o problema do desemprego, hoje em 14,7%, já que há uma competição muito forte do mercado de trabalho com o avanço da tecnologia, mas é um caminho a ser trilhado para diminuir os níveis que temos hoje”, diz Marilane. 

Porém, no Brasil, país que, de acordo com a economista, vive sob a ótica de um capitalismo arcaico, onde a retirada de direitos é o primeiro item da lista de corte de custos (que na maioria das vezes se confunde com o aumento do lucro), a redução da jornada ainda é um debate que pouco avança no mundo do trabalho.

Aqui, como regra geral da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a jornada de trabalho é de 44 horas semanais, oito horas por dia mais um dia de repouso remunerado. É certo que ao longo da história, várias conquistas aconteceram, mas a grande maioria se deu pela ação sindical em negociações coletivas de categorias.

Assim, alguns setores como bancário, saúde, categorias da indústria química, entre outros, conseguiram jornadas menores.

“Ainda prevalece a ideia no Brasil de que qualquer direito ou benefício que possa se entender para os trabalhadores é ‘perda’ para os patrões. Como a concepção é atrasada, evidentemente, eles enxergam isso [a redução] como um ataque aos seus lucros”, diz Marilane.

Ao contrário do que pensam os empresários, reduzir e beneficiar trabalhadores é uma forma de distribuição de renda e, por consequência, diminuição da desigualdade social, que tanto na opinião de Marilane como de inúmeros economistas, é entrave para o crescimento de um país.

Exemplo claro que de que a diminuição da desigualdade alavanca o crescimento é o conjunto de políticas adotadas durante os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma, que tiraram mais de 40 milhões de brasileiros da miséria, inserindo essas pessoas no contexto econômico do país.

A famosa frase “colocar o pobre no orçamento”, de Lula, traduz essa mecânica. Quanto mais pessoas com renda (e com trabalho), maior é o consumo. Quanto maior o consumo, maior deve ser a produção. Aumentando a produção, mais pessoas terão emprego, que vão consumir mais e assim, a roda da economia gira.

E é neste contexto que entra a redução da jornada, de acordo com Marilane.

Alguns setores do empresariado têm que sair da caixinha e pensar a sociedade como um todo e não somente nos próprios lucros. Têm que entender que certas posturas favorecem o conjunto da sociedade e da própria atividade econômica porque vai ter mais gente com renda e disposta a consumir

– Marilane Teixeira

Tem cacife para isso?

A economista afirma que “sim, há condições econômicas do capital para poder incorporar uma redução de jornada em seus custos, porque a rigor, os ganhos são elevados. No entanto, haverá sempre que argumentará o contrário – que não é possível. Por isso, vivemos um sistema arcaico”, pontua.

O contraponto se dá pela luta sindical, ou seja, a organização dos trabalhadores, que desde o início da história das relações de trabalho, lutaram por condições mais dignas. Também se dá pela necessária discussão política acerca do tema – pressão feita pelos próprios trabalhadores e seus representantes.

“Haverá êxito quando se tornar uma agenda política e com a sociedade tendo a consciência de que a redução não favorece só quem está trabalhando, mas amplia ao acesso ao emprego para quem não tem e movimenta a economia”, explica a economista, afirmando que o tema é central e deveria ser prioridade na agenda de lutas dos trabalhadores.

CUT na luta pela redução

“Tem trabalhadores que trabalham muitas horas, em jornadas estafantes e nós entendemos que reduzindo a jornada, conseguimos gerar mais trabalho. Há estudos feitos que apontam que reduzir, abre oportunidades para quem está desemprego conseguir um posto”, afirma o secretário de Relações do Trabalho da CUT, Ari Aloraldo do Nascimento.

O debate da redução da jornada é pauta permanente da CUT. Mesmo com a reforma Trabalhista que trouxe a flexibilização dos direitos e precarização de condições de trabalho, por meio de seus sindicatos, a Central pressiona patrões para poder proteger os trabalhadores em seus direitos.

Ari aponta, além da reforma, o avanço da tecnologia como fator de mudanças significativas no mundo do trabalho e aumento da lucratividade dos empresários.

“A gente tem dito que só quem ganha com as inovações tecnológicas é o grande capital – os banqueiros, rentistas, acionistas. O trabalhador deveria ter sua parte nesse bolo, já que a tecnologia só existe porque houve mão de obra para desenvolver, e não é isso que acontece”, diz.

Por isso, ele reforça que a redução da jornada de trabalho seria um dos meios de compensar os trabalhadores, beneficiá-los pela participação na “construção de resultados das empresas”.

Efeitos da redução, segundo o Dieese

De acordo com o estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com a redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários, sobrariam mais horas para o trabalhador frequentar cursos de qualificação, e à medida em que o mercado de trabalho demanda cada vez mais mão de obra qualificada, mais trabalhadores teriam oportunidades de inserção.

Para as mulheres, que ainda na grande maioria, além da jornada de trabalho na empresa, cumprem uma segunda jornada no lar, cuidando da casa e dos filhos, a redução também traria grandes benefícios, inclusive permitindo que elas dedicassem um tempo à qualificação, reduzindo assim o diferencial entre gênero.

A redução da jornada de trabalho, também tornaria possível, ao trabalhador, dedicar mais tempo para o convívio familiar, o estudo, o lazer e o descanso. Esses fatores criariam um círculo virtuoso na economia, combinando a ampliação do emprego, o aumento do consumo, a elevação dos níveis da produtividade do trabalho, a redução dos acidentes e doenças do trabalho, além da elevação da arrecadação tributária, ou seja, maior crescimento econômico com melhoria da distribuição de renda.

Redução da jornada em outros países

Assim como nos exemplos citados (Microsoft e Zee.Dog), a Islândia também implantou a semana de quatro dias e pesquisadores afirmaram que os resultados foram positivos, com aumento da produtividade.

A Espanha, o partido de esquerda Más País, vem propondo testes de redução e jornada em alguns setores, com apoio do governo espanhol.

Na Nova Zelândia, a Unilever, multinacional que detém várias marcas de produtos alimentícios e de higiene e limpeza, é outro exemplo de mudanças na carga horária. A empresa reduziu em 20% as jornadas, também mantendo os salários.

 

 

 

Em sua 8º edição, o curso perpassa pelas principais teorias da semiótica para discutir o racismo na mídia brasileira.

12/7/2021. Fonte: Por Tricia Viviane Lima Calmon, enviado ao Portal Geledés

Com forte adesão de profissionais, estudantes e pesquisadorxs de Comunicação em todo o Brasil, o curso ‘Racismo e Mídia no Brasil: uma abordagem semiótica’ está com inscrições abertas para sua oitava edição. As aulas acontecerão nos dias 24 e 25 de julho, das 16h às 18h, em uma plataforma de reunião on-line. A inscrição compreende dois dias de atividade, com emissão de certificado de 4h.

A discussão sobre o racismo ganhou um novo fôlego no Brasil e no mundo, a partir da circulação discursiva nas redes sociais. Pauta historicamente reinvidicada pelo movimento negro, vem ganhando espaço nas preocupações institucionais de empresas, veículos de comunicação e nas disputas narrativas da contemporaneidade. 

O curso ‘Racismo e Mídia no Brasil: uma abordagem semiótica’ busca contribuir para o aprofundamento de uma visão crítica e coletiva sobre a relação entre violência racial e o sistema de produção simbólico. O objetivo é tensionar as práticas de produção e consumo de mídia no Brasil. 

A estratégia do curso é apresentar instrumental teórico-metodológico, a partir das principais teorias semióticas e antirracistas, para a análise de discursos midiáticos. A Plataforma Semiótica Antirracista é  uma iniciativa des jornalistes e doutorandes do PósCom/Ufba, Bruna Rocha e Cássio Santana.

SERVIÇO

O que é? Minicurso Racismo e Mídia no Brasil: uma abordagem semiótica

Quando? 24 e 25, das 16h às 18h.

Onde? Plataforma virtual de reunião on-line a ser divulgada para xs inscritxs

Informações: semioticantirracista@gmail.com 

Inscrições: https://forms.gle/WanFfkam4NP6WpDf9 

PROGRAMAÇÃO

Dia 24/07 – Aula expositiva: Apresentação dos conceitos fundamentais para a reflexão sobre o racismo midiático, desde uma perspectiva semiótica. 

Dia 25/07 – Aula metodológica: Apresentação de categorias, operadores teórico-metodológicos e estratégias de análise de conteúdos midiáticos.

QUEM SOMOS

Bruna Rocha é jornalista, escritora, ativista e pesquisadora. É Assessora de Comunicação do Corra pro Abraço, programa de Redução de Danos do Governo do Estado da Bahia. Doutoranda e mestra em Comunicação e Cultura Contemporâneas (PósCom/UFBA), pesquisa a relação entre discurso, mediatização e acontecimento, a partir da cobertura do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.  Foi diretora de Mulheres da UNE e secretária de Mulheres do Coletivo Enegrecer. Coordenou o 7° Encontro de Mulheres Estudantes da UNE, em 2016. É idealizadora e uma das coordenadoras do curso Racismo e Mídia no Brasil: uma abordagem semiótica.

Cássio Santana é jornalista, escritor, mestre e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (PósCom) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), membro da coordenação do Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania (CCDC/UFBA) e membro do Centro de Estudo e Pesquisa em Análise do Discurso (Cepad/UFBA). Pesquisa Análise do Discurso e Teorias da Comunicação, com interesse na discurso e mudança social. Jornalista da Editoria de Política do Jornal A Tarde. É um dos coordenadores do curso Racismo e Mídia no Brasil: uma abordagem semiótica.