Quase metade do Congresso Nacional votou contra os interesses dos trabalhadores

 

Foi dada a largada para a eleição geral de 2022! Nesta terça-feira, 16 agosto, começa oficialmente a propaganda eleitoral dos candidatos, incluindo divulgação na internet e por alto-falantes, caminhadas, carreatas ou passeatas. Os candidatos poderão pedir votos de forma explícita, divulgar o número usado nas urnas e distribuir panfletos aos eleitores. É bom ficar bem alerta! Muitos dos parlamentares que sempre votam contra o povo são candidatos este ano à Presidência da República ou aos governos dos estados, ao Senado, à Câmara dos Deputados ou Assembleias Legislativas.

Mais de 150 milhões podem votar

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) 156,4 milhões estão aptos a votar. O que coloca o país como a segunda maior democracia do hemisfério ocidental e uma das maiores do mundo. Além disso, o cadastro de novos eleitores bateu recorde. Mais de 2 milhões de jovens entre 16 e 18 anos tiraram seu título de eleitor até 5 de maio — um aumento de 47% em relação ao mesmo período das eleições anteriores em 2018.

Calendário

O período da propaganda termina em 1º de outubro, véspera do primeiro turno das eleições, que ocorre no dia 2 de outubro. Em 26 de agosto, tem início o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, que vai até 30 de setembro para os candidatos que concorrem ao primeiro turno. O segundo turno será realizado no dia 30 de outubro, caso nenhum candidato alcance maioria absoluta dos votos válidos na primeira votação.

Serão eleitos o Presidente, o vice-presidente e o Congresso Nacional. As eleições para governadores e vice-governadores, Assembleias Legislativas e Câmara Legislativa do Distrito Federal acontecerão simultaneamente.

Novas regras

Este ano houve mudanças nas regras para a propaganda de candidatos e partidos. Entre as novidades, está a proibição da divulgação ou compartilhamento de informações falsas sobre o processo eleitoral – que tem sido questionado pelo presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores. A legislação aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também prevê a possibilidade de realizar shows e eventos para arrecadar recursos para a campanha e o impulsionamento de conteúdo na internet.

No caso das “fake news”, a resolução proíbe a divulgação ou compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinja a integridade do processo eleitoral. Isso quer dizer que eventuais mentiras espalhadas intencionalmente para prejudicar os processos de votação, de apuração e totalização de votos poderão ser punidos com base em responsabilidade penal, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação.

A reforma eleitoral aprovada pelo Congresso no ano passado (Emenda Constitucional 111) adotou também novas regras para incentivar a eleição de mulheres e negros para a Câmara dos Deputados. A partir da próxima eleição, os votos dados a mulheres e pessoas negras contarão em dobro para a distribuição de recursos do Fundo Eleitoral entre os partidos políticos.

Quase metade do Congresso Nacional votou contra os interesses dos trabalhadores

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) mostra que 49,6% do Congresso, somando deputados e senadores, votaram contra pautas que beneficiavam a sociedade e os trabalhadores.

Muitos dos parlamentares que sempre votam contra o povo são candidatos este ano à Presidência da República ou aos governos dos estados, ao Senado, à Câmara dos Deputados ou Assembleias Legislativas.

Por isso, os eleitores devem pesquisar como seus candidatos se comportaram durante seus mandatos. A CUT sempre alerta: o trabalhador tem de ficar atento para não reeleger quem ataca direitos sociais e trabalhistas. E não basta apenas escolher um candidato a presidente comprometido com os interesses da classe trabalhadora.

É preciso também eleger um Congresso Nacional que vote a favor das pautas de interesse dos trabalhadores, um governador, senadores e deputados que votem projetos para melhorar as condições de trabalho e renda da população.

Foi para facilitar a análise do eleitor na hora de escolher em quem votar que o Diap lançou a plataforma digital “Quem foi Quem no Congresso Nacional”, onde é possível saber como cada deputado e senador votou nas propostas de interesse da sociedade, especialmente do trabalhador.

De acordo com o levantamento, dos 594 parlamentares – sendo 513 deputados e 81 senadores – analisados, 295 votaram contra todas as propostas de interesse da classe trabalhadora.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) votaram 100% contra os interesses do trabalhador.

Votaram a favor dos trabalhadores, 129 parlamentares (21,7%), principalmente, os de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Entre eles, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PR), que votou a favor em 100% das matérias de interesse da classe trabalhadora e o deputado Marcelo Freixo (PSB- RJ), candidato ao governo do Rio de Janeiro.

Para pesquisar a atuação dos senadores e deputados federais do seu estado consulte: https://www.quemfoiquem.org.br/

Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados terá mais candidatos à reeleição este ano do que em 2018, mas dentro da média dos últimos seis pleitos, segundo o Diap. Até o dia 11 de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrava 310 deputados, de um total de 513, que voltarão a disputar uma cadeira.

Senado

Um terço dos 81 membros do Senado Federal serão eleitos, tendo os outros dois terços sido eleitos em 2018.Em todo o país, mais de 200 candidatos estarão na disputa por 27 cadeiras do Senado nas eleições de 2022 (uma por unidade da Federação).

 

*Com informações do site da CUT Nacional, Agência Câmara de Notícias e Agência Senado

(Margarida Alves, líder sindical que inspirou a Marcha das Margaridas)

 

“Da luta eu não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome”, esta frase dita por Margarida Maria Alves na comemoração do 1º de maio de 1983, denota a luta coletiva das mulheres do campo. Margarida foi a primeira mulher camponesa e sindicalista rural, o que não era comum para a época, sobretudo no Nordeste, e defensora dos direitos humanos. Foi brutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983, por pistoleiros armados na porta de sua casa.

Margarida era uma ferrenha defensora dos direitos das trabalhadoras e trabalhadores agrários, e durante os 12 anos em que esteve à frente da presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, no interior da Paraíba, lutou contra a violência no campo, pelo fim da exploração dos camponeses e pela reforma agrária.

Durante o período em que esteve à frente do sindicato local de sua cidade, foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho regional, tendo sido a primeira mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar. Seu nome e sua história de luta inspiraram a Marcha das Margaridas, que foi criada em 2000.

A marcha integra a agenda permanente do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) que propõe visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena a essas profissionais do cenário rural. Organizada pela @contag_brasil , ocorre no dia 12 de agosto (ou em datas próximas) para lembrar a morte de Margarida.

No ato político realizado no dia 12 de agosto, para relembrar os 39 anos da morte de Margarida Alves, Mazé Morais, a secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores Agrários (Contag) e coordenadora geral da 7ª Marcha das Margaridas 2023, reafirmou a luta das trabalhadoras rurais e anunciou parte do projeto político pelo qual as margaridas desse país lutam.

“São 22 anos de muita luta de realização da Marcha das Margaridas e em 2023 vamos ocupar as ruas desse país e sempre em marcha! Em agosto de 2023 estaremos em Brasília, no Distrito Federal! Aproveito para chamar cada mulher, cada Margarida para a 7ª Marcha das Margaridas! Até lá, com a força de nossa luta, faremos ecoar as nossas vozes, as nossas existências e a resistência nesse ano tão importante, ano eleitoral que a gente está vivendo no nosso país. O Brasil e a democracia mais do que nunca precisa da luta das Margaridas!”, anunciou Mazé Morais.

Com site Alma Preta e @marchamargaridas

 

 

“Quem defenda a universidade luta pela democracia”. A frase da faixa resume o sentimento que une a comunidade universitária, neste momento de fragilidade da UFRJ frente aos ataques covardes do governo às instituições e ao povo brasileiro

Quinta-feira, 11 de agosto de 2020: mais uma data que entrará para a história de resistência e luta da UFRJ. Por iniciativa das entidades representativas dos trabalhadores e estudantes que compõem a comunidade universitária da UFRJ – Sintufrj, Adufrj, DCE Mário Prata, Associação dos Pós-Graduandos (APG) e Attufrj (associação dos terceirizados) – a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito” foi lida, em várias vozes, sob os pilotis do Centro de Tecnologia (CT), no campus do Fundão.

O ato político de leitura do documento pela UFRJ, às 11h30, foi sincronizado com manifestações idênticas realizadas na USP, onde nasceu a Carta, e em mais de 20 universidades federais país afora. E foi seguido à sessão especial do Conselho Universitário que debateu a crise orçamentária nas instituições federais de ensino superior, em consequência dos cortes nos orçamentos dessas instituições pelo governo Bolsonaro, e que ameaça o funcionamento da UFRJ a partir de setembro.

“Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular” – este foi um dos trechos da Carta lido pelo coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente. A leitura do documento foi iniciada pelo presidente da Adufrj, João Torres. Também participaram desse momento solene a representante da APG, Natália Trindade, e do DCE Mário Prata, Dulce Adriele.

Manifestações

Servidores técnico-administrativos e professores, estudantes, militantes políticos e representantes de organizações da sociedade civil organizada se manifestaram no ato. Dirigentes de Centros Acadêmicos de vários cursos registraram repúdio aos cortes de verbas para a UFRJ, que afetam as políticas estudantis e se refletem nas péssimas condições dos ambientes das instalações e infraestrutura das unidades acadêmicas. E convocaram para o ato que se realizaria no fim da tarde no centro da cidade.

Na sua saudação ao ato político, Denise Pires de Carvalho afirmou que os reitores das 20 universidades nomeados pelo governo federal não têm legitimidade para dirigirem a instituição, lutar pela democracia e por um país menos desigual, e lembrou a intervenção sofrida pela UFRJ, em passado recente, quando também foi impedida de dar posse aos eleitos pela comunidade universitária, e homenageou Horácio Macedo, o primeiro reitor eleito pós ditadura militar. “Seguiremos, assim: sempre falando alto pela democracia”, concluiu.

“Nosso país tem uma tradição de opressão que não é fácil. No século XIX havia excesso de terras e escassez de mão de obra. E o que as elites fizeram? Criaram uma lei (a Lei de Terras) e incentivaram a utilização de mão de obra assalariada dos imigrantes europeus. O que se faz nesse país no momento é combater as políticas sociais”, comparou o vice-reitor, Carlos Frederico Rocha.

O presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e professor do Instituto de Física da UFRJ, Ildeu Moreira repetiu o manifesto da instituição em defesa das eleições “… Repudiamos qualquer tentativa no sentido de violar ou de tumultuar o processo eleitoral”, e concluiu: “Sem democracia e sem a participação de todos e todas, a vida social se empobrece”.

“Este ato em unidade de ação mostra que não vamos nos intimidar pelos que querem sufocar as vozes das universidades”, disse o deputado federal do PSol, Glauber Rocha. A candidata da UP ao governo do Rio, Juliete Pantoja, apontou que “Bolsonaro que lidera mais de 19 bilhões de orçamento secreto para se manter no governo com o apoio do Centrão e dos generais golpistas”.

O diretor da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, Carlos Bolonha leu trecho da moção aprovada na Congregação da FND na defesa das eleições: “…Com a criação da Justiça Eleitoral e com a implementação do processo eleitoral eletrônico, o sistema eleitoral brasileiro superou a ocorrência de fraudes, garantindo o sigilo do voto e expandindo o exercício da cidadania”.

O representante técnico-administrativo na Congregação do Instituto de Biologia, Francisco de Assis, lembrou os 2.021companheiros mortos de 2019 a 2021, segundo informações colhidas na PR-4, e se referiu ao ex-reitor Horácio Macedo como “pai da educação e dos técnico-administrativos, que defendeu e fortaleceu a universidade em plena ditadura”, e acrescentou: “Aqui produzimos pela sociedade e esse deve ser o princípio da nossa luta”. Ele defendeu que haja mais democracia interna na UFRJ para que a categoria amplie sua participação nos espaços institucionais.

 O coordenador do Sintufrj Fábio Marinho reiterou “a importância de retirar Bolsonaro da presidência”, mas alertou que “o fascismo não se derrota nas urnas”, clamando pela organização e mobilização com “agenda de luta nas ruas”. O servidor do CT Jessé Moura, parabenizou as entidades pela organização do ato e conclamou a Reitoria a liderar caravanas da comunidade universitária para manifestações no MEC, em Brasília.

“Essa universidade é fonte de democracia e centro de debate, mas esse governo é contra a inteligência. Por isso, a Lei de Diretrizes Orçamentária para 2023 não será calculada com base na inflação, porque Bolsonaro quer engessar o orçamento. Democracia sempre, ditadura nunca mais”, falou o ex-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich,

NA DEFESA DA UNIVERSIDADE E DA DEMOCRACIA todos os segmentos da comunidade universitária da UFRJ participaram do ato político no pilotis do Centro de Tecnologia (CT).
UMA DAS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES da rede federal de ensino, trabalhadores e estudantes que fazem a UFRJ sabem da importância da democracia para a prosperidade da educação e da ciência
DIRIGENTES do movimento organizado de técnicos, docentes e estudantes que atua na universidade leram a Carta

Ato na Faculdade de Direito da USP reuniu movimentos populares, intelectuais, trabalhadores e mercado

Nara Lacerda
Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

 

Com quase um milhão de assinaturas, a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito foi lançada oficialmente nesta quinta-feira (11). No ato estiveram presentes milhares de pessoas e diversas instituições ligadas a diferentes vertentes políticas e sociais.

No prédio da SanFran, como é apelidada a construção, estiveram trabalhadores e trabalhadoras, empresariado, estudantes, intelectuais, juristas, políticos e políticas e representantes das principais lutas populares do Brasil.

O evento de leitura da carta – que aconteceu na Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco, em São Paulo – foi marcado pela unidade de movimentos e personalidades. Na primeira parte do ato, no Salão Nobre da faculdade, foi realizada a leitura do manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que teve apoio de cerca de cem instituições.

Em seguida, os participantes se deslocaram para o Pátio das Arcadas, onde se juntaram a um público maior para a leitura da carta em Defesa do Estado Democrático de Direito.

Sem citar nomes, a carta alerta a sociedade sobre os riscos de ataques ao sistema eleitoral do Brasil que vêm sendo protagonizados pelo presidente Jair Bolsonaro e por sua base de apoio. Em menos de um mês de divulgação, o documento alcançou mais de 970 mil de assinaturas, número que segue crescendo.

::Atos pela democracia e por eleições livres ocorrem em todo o Brasil; acompanhe minuto a minuto::

No texto, a ideia de diversidade que permeou o evento de leitura estava antecipada e prevista. “Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática”, diz um trecho da carta.

Nesta quinta-feira, enquanto centenas de pessoas se manifestavam do lado de fora da SanFran contra Bolsonaro, o aumento das desigualdades, a fome, o desemprego e a crise no Brasil, o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlloti, abriu a cerimônia endossando o caráter democrático da ocasião.

“Somos partidários da democracia e da liberdade. Após 200 anos de independência do Brasil, deveríamos estar pensando no nosso futuro, em como resolver problemas graves na educação, na saúde, na economia, mas estamos voltados a impedir retrocessos. Espero que essa mobilização nos coloque novamente no caminho correto.”

Na sequência o professor e advogado Oscar Vilhena Vieira, que representa a Comissão Arns, ressaltou em seu discurso que 60 milhões de trabalhadoras e trabalhadores estavam representados no evento por meio dos sindicatos, assim como setores da economia e movimentos sociais.

Nas palavras dele, o grupo foi capaz de transcender diferenças de “maneira sublime e generosa” para enfrentar a gravidade do momento que o país vive.

“Este não é um manifesto partidário, mas um momento solene no qual as principais entidades da sociedade civil brasileira vêm celebrar o seu compromisso maior com a democracia e com o estado de direito, mas sobretudo com a soberania popular, porque é essa que está sendo questionada de maneira vil neste momento”, afirmou Vieira.

::Ato na UnB marca leitura de carta em defesa da democracia e do sistema eleitoral::

Representando trabalhadoras e trabalhadores, a secretária de formação da CUT São Paulo, Telma Aparecida Andrade, foi a primeira mulher a falar no evento. Emocionada, ela celebrou a unificação do ato e foi firme ao destacar que o Brasil não aceitará ataques à democracia.

“Aqui tem a unidade, não só de trabalhadores e trabalhadoras, mas de todas as organizações sociais do nosso país. Essa carta reflete a realidade que vivemos, a atual conjuntura, a carestia, a perda dos postos de trabalho, as pessoas não terem condições de ter uma renda mínima para sustentar suas famílias. Pelo retorno da comida já nas mesas de trabalhadores, trabalhadoras e de todas as famílias desse país.”

Beatriz Lourenço Nascimento, advogada que atua na luta antirracista, leu o manifesto da Coalizão Negra por Direitos. O texto condiciona a defesa da democracia à erradicação do racismo e levou ao evento a necessidade de reverter um dos pontos estruturais mais perversos da história brasileira. “Sejam coerentes, pratiquem o que discursam, unam-se a nós” conclamou.

O texto da coalizão lembra que a luta do povo preto pela democracia é histórica e determinante para os rumos do país, “Em nosso passado, formamos quilombos, forjamos revoltas, lutamos por liberdade, construímos a cultura e a história deste país. Hoje, lutamos por uma verdadeira democracia, exercício de poder da maioria.”

::Diferentes manifestações levam a luta por democracia e eleições livres às ruas de Porto Alegre::

Francisco Canindé Pegado, representante da União Geral dos Trabalhadores lembrou a constituição brasileira e destacou que a caminhada brasileira rumo à democracia não será interrompida.

“Este documento, institucional e plural, não é um documento partidário, mas também não é um bilhete ou uma cartinha como alguém insinua. Haja vista que todas as assinaturas que apoiam esta carta, se colocadas em linha reta alcançam aproximadamente 70 mil metros. Para termos noção, a extensão da Esplanada dos Ministérios tem apenas 16 mil metros. Respeitem esta carta. Esta carta é um documento para nós que é uma verdadeira peça de artilharia de longo alcance.”

A constituição também foi citada por Miguel Torres, presidente da Força Sindical, que convidou quem estava no local a fazer uma votação nos moldes das consultas realizadas nos movimentos sindicais.

::Sindicatos, partidos e movimentos se reúnem em lançamento da Carta pela Democracia em Fortaleza::

Ele sugeriu que uma assembleia plena e continuada siga até as eleições, numa vigília pela democracia. Como resposta, participantes ergueram as mãos dadas, em um momento emocionante do evento.

“Não podemos imaginar o país continuar sofrendo ataques de hora em hora ao sistema eleitoral, à sociedade civil organizada, aos nossos direitos. Não podemos admitir que um presidente não respeite a constituição que ele jurou respeitar. Temos que manter essa unidade. Se respira aqui dentro a liberdade, a luta, a resistência e a democracia. Por isso, não é um ato simbólico, é um ato concreto em defesa da nossa democracia.”

Antes da leitura da carta, também falaram representantes da OAB São Paulo, da UNE, do Conselho Deliberativo da Indústria Brasileira de Árvores, da Frente Brasil Popular e de entidades filantrópicas.

::Em MG, manifestações em defesa da democracia e por eleições livres acontecem nesta quinta (11)::

A apresentação final do documento foi realizada após os discursos. Do lado de fora do evento, o texto foi lido para uma multidão de cidadãos e cidadãs que se manifestavam em favor do estado democrático de direito.

Clique aqui para assinar a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito.

Edição: Thalita Pires

Sob chuvas, o ato no Rio na defesa da democracia e de eleições livres revelou (assim como Brasil afora) esperança e disposição para neutralizar golpistas que querem mergulhar o país nas sombras da repressão, na fome e na pobreza.

# forabolsonaro!

Pró-Reitor de Finanças avisa que a UFRJ só tem cobertura orçamentária até meados do mês que vem. O funcionamento da instituição está ameaçado

No dia de mobilizações nacionais em defesa da democracia, da universidade pública e por eleições livres, em sessão nesta quinta-feira, dia 11, no auditório do bloco A do Centro de Tecnologia, o Conselho Universitário da UFRJ, que teve como pauta a crise orçamentária que tem ameaçado o futuro da universidade, aprovou por unanimidade carta ao Ministério da Educação em que reivindica a recomposição de recursos, expondo os feitos drásticos dos cortes.

No Consuni, autoridades universitárias, conselheiros, e entidades representativas de técnicos-administrativos, docentes e estudantes (cuja fala foi aprovada por unanimidade), também se manifestaram em defesa da recomposição do orçamento da universidade e do Estado Democrático de Direito.

A reação acontece um dia depois de mais um exemplo de desprezo de Bolsonaro pela educação e saúde públicas: o governo vetou dispositivos na Lei de Diretrizes Orçamentárias que impediam que setores como educação e saúde tivessem em 2023 dotações inferiores às deste ano. Foram vetados aumentos de recursos para universidades e institutos federais de ensino, e recursos para serviços públicos de saúde, por exemplo.

Funcionamento em risco

O pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças, Eduardo Raupp explicou que esta não tem comparação com as crises anteriores. Pela primeira vez, com cortes num orçamento já em aplicação, integralmente liberado em lei e já 90% empenhado, comprometendo contratos com fornecedores: “Temos cobertura orçamentária até meados do mês que vem, colocando em risco nosso funcionamento”.

Segundo ele, é importante discutir a gravidades da crise neste momento de resposta aos ataques a democracia, porque o corte no orçamento é a forma como se expressa o desprezo com a educação: de 2019 para cá, o orçamento foi reduzido em R$70 milhões, sem considerar a inflação.

EM REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA , conselheiros aprovam texto de carta ao Ministério da Educação exigindo recursos para manter a UFRJ

11 DE AGOSTO DE 2022: LEITURA DA CARTA EM DEFESA DA DEMOCRACIA FEITA POR REPRESENTANTES DAS ENTIDADES QUE ATUAM NA UFRJ . A MANIFESTAÇÃO PARA A HISTÓRIA POLÍTICA DO PAÍS

 

Entrevista ao Jornal A Verdade

A Verdade conversou com Esteban Crescente, 34 anos, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintufrj). Servidor da universidade desde 2014, Esteban já foi diretor da UNE e do DCE-UFRJ e hoje é uma das principais lideranças sindicais do Rio de Janeiro, além de presidente estadual da Unidade Popular (UP). Nesta entrevista, ele denuncia a política de precarização do serviço público aprofundada pelo governo Bolsonaro e aponta quais caminhos o movimento sindical deve seguir para reverter as reformas neoliberais e reconquistar os direitos trabalhistas retirados nos últimos anos.
Heron Barroso, Rio de Janeiro (RJ)

A Verdade – Os servidores públicos federais estão há vários anos sem reajuste salarial. Qual o tamanho exato desse arrocho e como isso se reflete no serviço prestado à população?
Esteban Crescente – Primeiramente, eu gostaria de saudar o trabalho exemplar do jornal A Verdade como elemento de conscientização social e organizador coletivo da classe trabalhadora. Digo isso, enquanto brigadista do jornal, condição da qual muito me orgulho. Em relação ao arrocho salarial, há 5 anos sofremos sem reajuste. O último foi em 2017, fruto da greve de 2015. Durante os 4 anos de Bolsonaro na Presidência, os
servidores federais acumularam 20% de perda inflacionária com salários congelados. As consequências dessa perversidade são sentidas na pele pelo conjunto da população, principalmente no que se refere ao atendimento precarizado ao cidadão e à redução da quantidade de servidores em vários órgãos. É comum colegas servidores acumulando vínculos de trabalho em mais de um local para dar conta da renda, o que leva à sobrecarga de trabalho e ao estresse. Importante lembrar que, ao contrário de setores da iniciativa privada, a lei não obriga o governo a conceder aumentos anuais para corrigir a inflação com dissídio.

As condições de trabalho também pioraram muito nos últimos anos. Quais as causas disso?
Fundamentalmente, essa piora tem a ver com os cortes orçamentários para manutenção e investimento dos órgãos. O volume de cortes em áreas sociais desde 2017 teve forte incremento fruto da Reforma do Teto de Gastos (EC-95), que congelou o investimento em áreas sociais por 20 anos. Somente na Educação, as perdas chegam a 30 bilhões. É verdade que antes já ocorriam cortes de verba, mas, desde o golpe de 2016, a burguesia vem acelerando o desmantelamento do Estado brasileiro e impondo várias reformas antipovo, o que impede a melhoria de infraestrutura de prédios, pagamento de serviços de manutenção e leva à piora do trabalho e do atendimento à população.

No caso das universidades federais, quais os maiores impactos dessa política de cortes?
Os cortes orçamentários nas universidades geram o quadro grave de paralisação de pesquisas, precarização de condições de ensino e até mesmo atendimentos de saúde nos hospitais universitários.
Mas, a situação mais dramática é do contingente de estudantes de baixa renda, hoje a maioria nas universidades públicas, que deixam de receber bolsas de assistência e permanência. É cada dia mais comum casos de estudantes vistos nos corredores com fraqueza por estarem com fome. A evasão dos cursos nas universidades também cresceu. Vale dizer que dinheiro não falta. Em 2022, o corte de verba do MEC foi de R$ 7 bilhões, enquanto a destinação de orçamento secreto para deputados do Centrão aliados de Bolsonaro foi de R$ 18 bilhões.

O aumento da terceirização no serviço público, incluindo os hospitais universitários, trouxe algum benefício para as universidades?
Ao contrário! O aumento da terceirização trouxe precarização e superexploração da força de trabalho, principalmente nos setores de limpeza, vigilância e manutenção, mas está avançado também para mais funções. O que vemos é o conflito entre vínculos, servidores e terceirizados com direitos, atribuições e ordens de chefias diferentes. Para piorar, as empresas terceirizados constantemente cortam ou atrasam salários, perseguem politicamente e demitem quem ousa questionar esta opressão.

Um dos objetivos do governo federal é fazer uma reforma administrativa no serviço público. Quais são os principais pontos dessa reforma e por que ela é uma ameaça ao funcionalismo?
O primeiro objetivo da Reforma Administrativa é abrir o setor público para a gestão privada, via empresas privadas ou OS (Organizações Sociais), que assumem a gestão como intermediários sem vínculo direto com os órgãos. No Rio de Janeiro, a experiência das OSs na Saúde é desastrosa. Na prática, o acesso do público aos serviços essenciais vai piorar, na medida em que haverá descontinuidade de serviços ou mesmo cobrança financeira. Em segundo lugar, a proposta do governo visa acabar com os concursos públicos e adotar a política da indicação e apadrinhamento de comissionados. Somado ao fim da estabilidade dos servidores públicos, essa medida rebaixará os salários e transformará os trabalhadores em “servidores de governo” e não de Estado. Sem a estabilidade, acaba a condição do servidor de denunciar ou negar-se a participar de ilegalidades, sejam de chefias diretas ou mesmo do alto escalão do governo. Por fim, o governo Bolsonaro quer eliminar órgãos ou instituições públicas sem consulta prévia
ao Congresso Nacional, entre elas universidades e institutos de pesquisa. No ano passado, o movimento unificado dos servidores públicos conseguiu impedir o andamento da Reforma Administrativa, mas, novamente, Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, querem aprovar a todo custo esse projeto de destruição do serviço público.

Nesse cenário, qual deve ser a atitude do movimento sindical?
O movimento sindical dos servidores públicos federais precisa convocar as bases para a luta e mobilização de rua. Devemos seguir o exemplo de categorias como a Enfermagem, que aprovou o Piso Salarial Nacional, ou os trabalhadores da limpeza urbana do Rio e da Paraíba, que conquistaram ganhos acima da inflação. Mesmo num momento tão difícil como o que vivemos, a mobilização unitária da categoria é a única que pode arrancar vitórias. Além disso, o movimento tem que dialogar com a população e ter aliança direta com diversos setores da nossa classe, em especial os estudantes e os companheiros terceirizados. A conquista de serviços públicos na forma de direitos sociais como saúde,
educação, previdência, assistência social, etc., é resultado de dois séculos de luta da classe trabalhadora.
Os trabalhadores do serviço público devem mostrar isso para a população e chamá-la a defender esse importante patrimônio. O tipo de Estado que Bolsonaro, os generais golpistas e os banqueiros querem é a ditadura, com máxima força de repressão e toda a estrutura do país na mão dos grandes empresários. Não podemos permitir isso!

O IV Encontro LGBTQIA+ da Fasubra neste último fim de semana, 5 e 6 de agosto, movimentou o debate sobre o que está posto para a comunidade LGBTQIA+ e as alternativas colocadas pelos movimentos.  O papel dos sindicatos da educação e seus trabalhadores de apoio e defesa desta parcela da população que vem sofrendo diariamente com a violência do Estado, e principalmente no governo Bolsonaro foi um dos centros da reflexão.

O encontro teve como tema “Cidadania LGBTQIA+ na Educação Pública e na Sociedade”. Foi uma reunião de formação com objetivo de identificar estratégias de interação entre trabalhadores das universidades públicas e a comunidade de LGBTQIA+ a partir de políticas de diversidade e inclusão. O Sintufrj foi representado por três companheiros.

Na abertura, o coordenador-geral da Fasubra, Antônio Alves Neto, falou da importância de a Fasubra se somar e fortalecer a luta das minorias em tempos de governo Bolsonaro:

“Esse IV Encontro se dá numa gestão da Fasubra muito difícil onde enfrentamos um governo que declarou guerra cultural contra as universidades públicas e a setores minoritários do país como negros, mulheres e LGBTQIA+”, disse.

CCMN – CID. UNIVERSITÁRIA – ILHA DO FUNDÃO

NOVEMBRO 7, 2022 – NOVEMBRO 10, 2022

 

A Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) da UFRJ, por meio da Superintendência Geral de Desenvolvimento de Carreiras (SUDESC), lança o edital para a X edição do SINTAE, consolidando esse espaço para a construção, reflexão e práticas das rotinas diárias e dos processos de trabalho que abarcam as múltiplas áreas, e como contribuição para o desenvolvimento e crescimento profissional dentro das universidades e dos institutos federais de ensino, público e gratuito.

O X SINTAE UFRJ receberá inscrições e submissão de trabalhos em nível nacional, com a finalidade de compartilhar o conhecimento técnico-científico e as experiências profissionais e sociais dos servidores técnicos das IFES e instituições públicas de ensino superior de todo o país. A edição desse ano será no formato híbrido, com apresentações presenciais e também virtuais.

Realização: 07/11/2022 a 10/11/2022

Submissões de trabalhos e inscrições de autores: até 18/09/2022

Link para formulário de inscrição de autores

Divulgação dos trabalhos aprovados e da programação final: divulgação em breve

Inscrições de ouvintes: até 28/10/2022

Link para formulário de inscrição de ouvintes

Contato: sintae@pr4.ufrj.br

 

INFORMAÇÕES SOBRE A CONFERÊNCIA