Empresa Van Rosa Serviços – que atua na limpeza do CT- é acusada de assédio moral e várias irregularidades
Dezenas de trabalhadores terceirizados da empresa Van Rosa Serviços, que atua na limpeza do Centro de Tecnologia (CT), realizaram ato na manhã desta quinta-feira (19) no hall do bloco A, e, com cartazes em punho, denunciaram por meio de relatos dramáticos as condições de trabalho a que são submetidos.
Eles relatam atrasos em benefícios como o auxílio transporte e alimentação, falta de equipamentos de proteção individual (uma trabalhadora foi mordida por um rato) e de uniformes e, principalmente, uma sequência de casos de humilhação e assédio por parte de preposto da empresa, além da onda de demissões que dispensou 10 trabalhadores.
A pressão dos terceirizados resultou numa reunião na qual a Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR-6), da UFRJ, responsável pela contratação das empresas que prestam serviços, cobrou explicações da empresa.
De acordo com a presidente da Attufrj (Associação de Trabalhadores Terceirizados) Waldinea Nascimento, nessa reunião os representantes da empresa disseram que não fizeram ameaças. E que prometeram trocar uma espécie de capataz que cuida das operações da Van Rosa na UFRJ.
Ficou acertado que numa nova reunião com data ainda a ser definida a empresa vai responder aos questionamentos da pró-reitoria. Dependendo dessas respostas, a PR-6 irá decidir se mantém o contrato com a prestadora de serviços.
Antes dessa reunião, os terceirizados foram recebidos pelo pró-reitor (PR-6) André Esteves. Na conversa com Esteves, os trabalhadores reiteraram as denúncias contra a empresa.
O pró-reitor explicou que já há um processo em curso de inexecução (instrumento para punir a empresa, que agora aguarda a sua defesa), formado com base no relato dos fiscais do contrato (uma comissão de servidores do CT presidida por Agnaldo Fernandes) sobre estes problemas, mas que o grupo trouxe novos elementos que serão anexados ao processo.
Ameaças
“Nós somos trabalhadores e temos direitos de reivindicar condições de trabalho. Se a empresa não está cumprindo com suas obrigações, pode ameaçar, mandar áudio, fazer o que quiser, mas nós vamos à Pró-Reitoria de Gestão e Governanças, que é quem faz o contrato”, disse no protesto do CT a presidente da Associação de Trabalhadores Terceirizados, Waldinea Nascimento, acompanhada pela diretora da entidade, Luciana Calixto.
O áudio a que se referia, foi, segundo os trabalhadores, enviado pela diretora da empresa, e informa que as pessoas estão sendo demitidas porque não se enquadraram no sistema da empresa, que os trabalhadores são regidos pela CLT e que um “motim” é passível de justa causa. Por fim diz que a empresa tem reservas de pessoal, ou seja, para substituir demitidos.
Relatos dramáticos
Confira depoimentos dos terceirizados
“Quando param para falar com a gente, tratam com desrespeito”
“Estamos sem EPI, sem uniforme e disseram para os mais novos que (os antigos) estamos aqui por comodismo, não pelo trabalho”
“Fui reivindicar meu direito (o dinheiro da passagem e da alimentação). Na hora da saída, me chamaram num canteiro e disseram que eu ia ser demitida. Que era por causa da passagem que era muito cara”.
“Fui reivindicar meu direito direto e ele me mandou embora junto com ela. Trabalho desde a época da empresa Soluções e Focus, sempre no CT.
“Na reunião que fizeram com a gente quando entraram, William (o preposto) falou com a gente que quando tivesse alguém problema resolvia do lado de fora”.
“Falei que ia levar minha mãe ao médico. Disseram que tinha que mandar e-mail para resolver. Eu fui. Hoje falaram que eu ia ser mandada embora”.
“Eu botei 30 dias (de passagem e alimentação) do meu bolso, mas não me ressarciram. (Ele) não falou nada, me trocou de setor e diminuiu meu salário para botar um parente dele”.
“Ele disse que eu era muito grande assustava as pessoas. Estou há quase três anos aí dentro. Mas ele que não foi com a minha cara porque eu era muito grande”.
Entidades apoiam
Representantes das entidades que atuam na UFRJ manifestaram apoio à luta dos terceirizados. Estavam lá estudantes do Centro Acadêmico de Engenharia e da coordenação do DCE Mário Prata.
O coordenador-geral do Sintufrj, Esteban Crescente, disse que a entidade se solidariza e se coloca à disposição do grupo, inclusive para demandas jurídicas, se necessário, como uma possível denúncia ao Ministério Público do Trabalho.
“Isso demonstra mais uma vez a perversidade do sistema de terceirização, quando as empresas se utilizam do processo de troca contratual para chantagear o trabalhador para cederem aos abusos, sob o risco de perderem seus empregos”, avaliou o coordenador-geral do Sintufrj.