Depois da pandemia, evento que apresenta a universidade a estudantes de ensino médio volta a acontecer. São mais de 40 técnicos-administrativos envolvidos na organização

O tradicional evento da maior universidade federal do país, o “Conhecendo a UFRJ”, retorna ao seu formato presencial nesse mês de maio, depois  da interrupção pela pandemia. Cerca de 6 mil estudantes de escolas públicas e privadas do ensino médio e de cursos pré-vestibulares voltam a visitar o campus da Cidade Universitária da UFRJ para conhecer seus mais de 170 cursos de graduação durante três dias. A atividade começou nesta terça-feira, 9, e termina na quinta-feira, 11.

Voltado especialmente para estudantes do Ensino Médio de escolas públicas, o evento já chegou a reunir um público presencial de 15 mil pessoas e mais de 900 técnicos, docentes e discentes de diferentes cursos de graduação, envolvidos na sua realização. O projeto Conhecendo a UFRJ é uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão (PR-5), organizada pela equipe de técnico-administrativos, e que mobiliza toda a Universidade.

“Além dos estudantes e professores que participam do evento, são mais de 40 técnico-administrativos só da PR-5 e técnico-administrativos das unidades que coordenam os estandes e técnico-administrativos que fazem palestras. É um evento que envolve toda a comunidade universitária, seus centros e decanias”, diz Bárbara Tavela, superintendente de Integração e Articulação da PR-6.

O Conhecendo a UFRJ dá trabalho organizar, segundo Bárbara, mas é gratificante e importante para orientar os jovens ainda em formação.

“É muito trabalhoso. Envolve muita gente. Mas ao mesmo tempo é prazeroso, trabalhar com os sonhos desses jovens que se concretizam a partir do ensino superior. Na palestra de abertura foi perguntado quem queria fazer um curso superior, a maioria levantou a mão”, declara a superintendente.

A Extensão é a área da UFRJ responsável por conectar a universidade aos demais setores da sociedade. Com 3 mil projetos de diferentes áreas, as ações de extensão atingem um público de mais de 2 milhões de pessoas por ano, no Rio e em todo o Brasil, com pesquisas, eventos, cursos, oficinas e capacitações.

Seis mil sonhos

A estudantada chega em dezenas de ônibus pela manhã numa ansiedade danada. Passeiam pelo campus, visitam os estandes dos cursos, ouvem palestras e conhecem os laboratórios da UFRJ. Muitos nunca entraram numa universidade. O burburinho na universidade é intenso. As atividades acontecem no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Centro de Letras e Artes (CLA), Centro de Ciências da Saúde (CCS) e Centro de Tecnologia (CT).

Nos estandes, estudantes, professores e técnico-administrativos atendem a curiosidade e a fome de conhecimento dos jovens alunos:

O curso de Biologia é bem concorrido. Cobras, sapos e bichos empalhados chamam a atenção. A bióloga do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia, Margaret Corrêa, conta que estreia no Conhecendo a UFRJ e fala da alegria em receber os jovens:

“É a primeira vez que participo do Conhecendo a UFRJ. Os estudantes têm fome de conhecimento. Querem saber tudo. Ficam deslumbrados com tantos cursos. E muitos já vêm perguntando sobre quais são as áreas da Biologia. É gratificante ver o brilho nos seus olhos!”

As estudantes do Centro Educacional Santa Mônica, Jullia Almeida, Sthefany Costa e Amanda Almeida, que estavam a namorar o estande do curso de Odontologia, estavam radiantes.

“É como viver um dia como universitárias. Conhecemos áreas que não sabíamos que existiam”, revelaram.

No estande do Restaurante Universitário até guia vegano do próprio RU foi apresentado. As receitas são da equipe de nutricionistas e foi elaborado para coincidir com a comemoração dos 15 anos do RU, realizada no início de maio.

“O guia traz também a história do RU, discorre sobre políticas públicas e traz os conceitos do Guia Alimentar da População Brasileira”, explica a nutricionista Marília França. Sobre os estudantes revela: aqui eles perguntam de tudo! O preço da comida, o cardápio, querem um verdadeiro Raio X.

No estande do curso de Direção Teatral, o estudante do 7º período, Hugo Genuino, estava pronto para todas as explicações. Hugo é cria do Conhecendo a UFRJ. Participou das edições de 2018 e 2019 quando ainda estudante do Cefet/RJ.

“Realizamos muitas peças e fazemos pesquisa. Direção teatral é o 2º maior projeto de extensão da UFRJ”, conta entusiasmado.

No estande do curso de Astronomia a professora de física, Mirian Gandel, e a astrônoma Ana Beatriz de Mello, observaram haver muita indecisão por parte dos jovens.

Mas, os estudantes do Cefet Maria da Graça, 3º ano do curso de Manutenção Automotiva, estes sabiam o que queriam. Foram direto ao estande da equipe Icaros (grupo de estudantes da área de engenharias da UFRJ, que monta carros a combustão e participa de disputas universitárias).

TECNOLOGIA AUTOMOTIVA aproxima estudantes da UFRJ e do CEFET-RIO
NUTRICIONISTA MARÍLIA FRANÇA  e estagiária Jennifer Gomes no estande do Restaurante Universitário apresentando Guia Vegano

Bolsonaro e seu governo negacionista e genocida foi vencido pelo povo nas urnas, mas deixou profundos rastros. Uma nefasta herança que só vai se dirimir com muita informação e com o combate às mensagens de ódio, fascismo, racismo, homofobia e todo tipo de preconceito e desinformação nas redes sociais (por isso é essencial a aprovação do PL das Fake News no Congresso, para regulação de plataformas e redes sociais).

E por incrível que pareça, o bolsonarismo (e seus efeitos nefastos), segue bem representado no parlamento, a tal ponto que, na semana passada, chegamos ao cúmulo de ver mulheres votando contra o direito de mulheres. Bolsonaristas conhecidas votaram contra a garantia de salários iguais entre homens e mulheres que fazem o mesmíssimo trabalho.

Vergonha —No Brasil, segundo a Agência Brasil, uma mulher ganha, em média, 78% dos rendimentos de um homem. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e indicam que, no caso de mulheres pretas ou pardas, o percentual cai para menos da metade dos salários dos homens brancos (46%).

Mulheres sem respeito próprio

No dia 4 de maio, o Projeto de Lei da Igualdade Salarial (proposta enviada pelo governo Lula em março, que garante que homens e mulheres nas mesmas funções recebam os mesmos salários e que prevê multa para quem não cumprir a regra) foi aprovado por ampla maioria na Câmara dos Deputados. Foram 325 votos a favor e 36 votaram contra e, pasme, 10 destes são mulheres. O texto foi para o Senado.

Além de Zambelli (PL-SP), Kicis (PL-DF) e Rosângela Moro (União-SP) estão na lista das deputadas bolsonaristas contra as mulheres trabalhadoras as seguintes: Adriana Ventura (Novo-SP), Any Ortiz (Cidadania-RS), Caroline de Toni (PL-SC), Chris Tonietto (PL-RJ), Dani Cunha (União-RJ), Julia Zanatta (PL-SC) e Silvia Waiãpi (PL-AP).

De família — Isso não foi um acaso, mas a forma desse pessoal ver o mundo. Tanto que ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro defendeu, durante evento do PL Mulher no dia 6 de maio, o fim da cota de 30% para mulheres em cargos no Legislativo. Cotas que têm a finalidade de incentivar a participação política feminina.

“Queremos erradicar a cota dos 30%, queremos a mulher na política pelo seu potencial”, disse Michelle, conforme registrou a imprensa, ovacionada no tal evento. Pegou mal. Após a repercussão, ela publicou vídeo: “Retificando, eu sou a favor da cota, sim. Nós teremos mulheres na política pelo seu potencial, pelo seu protagonismo”, disse,agora.

Vivendo e aprendendo– Quando for eleger seu ou sua representantelembra-se bem de quem votou contra você.