Devido a continuidade das operações policiais no Complexo da Maré, suspendemos a Assembleia de Greve do Sintufrj desta quarta 12 de junho.

Com objetivo de garantir a segurança da categoria frente a deslocamentos para Cidade Universitária.

Toda a agenda restante está mantida.

Att,

Sintufrj e CLG

Presidente da Andifes, Márcia Abrahão, disse ao Comando Nacional de Greve da Fasubra que fará mediação das reivindicações dos técnicos no encontro com o presidente da República

Em meio ao impasse nas negociações entre trabalhadores da educação federal em greve e governo, aliado a enorme pressão pela recomposição orçamentária das instituições de ensino, o presidente Lula irá se reunir com os reitores das universidades e institutos federais na segunda-feira, 10 de junho. Em pauta as dificuldades orçamentárias das instituições e a greve nas universidades e institutos federais

A reunião acontecerá um dia antes da negociação com os técnico-administrativos em educação, que completam 3 meses de greve no dia 11, e quatro dias antes da negociação com os professores que estão em greve desde o dia 15 de abril. Os trabalhadores têm expectativa que a Andifes – entidade que representa os dirigentes das universidades – possa auxiliar nas negociações com o governo, pois em reunião com o Comando Nacional de Greve da Fasubra no dia 4 de maio a presidente da Andifes, Márcia Abrahão, se dispôs a mediação.

“Estamos à disposição para ajudar a construir os consensos possíveis. Todos nós temos interesse que essa greve termine o mais rápido possível. É um momento difícil para o país e para o governo”, afirmou Márcia. Segundo ela, há a expectativa de que o governo trate do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das universidades e se possa dialogar sobre a greve.

“Não conhecemos a pauta da reunião. A nossa expectativa é que seja tratado sobre orçamento e sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das universidades, que ainda não temos nenhuma informação. Esperamos também que seja abordado o tema da greve, mas gostaríamos que até lá já estivesse estabelecido um acordo entre governo e sindicatos”, disse a presidente da Andifes.

Fasubra na expectativa

A coordenadora da Mulher Trabalhadora da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Rosângela Costa, destacou que a Andifes apoia a Fasubra desde o início da greve. “Sempre contamos com o apoio da Andifes e da maioria das reitorias. Precisamos destravar essa negociação. Nós temos compromisso com as nossas instituições, mas também com a nossa condição de sujeitos produtores dessa educação pública de qualidade e inclusiva.”

Segundo Rosângela, o movimento considera os desafios que o governo enfrenta e tem uma pauta enxuta do ponto de vista financeiro: reestruturação da carreira e recomposição salarial com início em 2024. “A proposta de reajustar benefícios em 2024 deixa muita gente de fora, especialmente aposentados e pensionistas. Precisamos buscar alternativas para 2025 e 2026 que supram essa ausência de reajuste em 2024, por exemplo”, sugeriu. “Precisamos achar saídas, mas tem uma inabilidade do governo em conduzir essa negociação que está nos deixando sem alternativa senão a continuidade do movimento”, concluiu Rosângela.

A integrante do Comando Nacional de Greve da Fasubra, Carla Simone Vizzotto, reforçou as dificuldades com a mesa de negociação. “Aquela visão antiga que tanto combatemos internamente nas nossas instituições com relação a desvalorização dos técnicos, que são considerados desqualificados, repercute na mesa. Muitas vezes, o governo se refere a greve dos docentes, pouco se fala em greve da educação”, declarou Simone.

Greve da educação alcançou o país inteiro

O movimento paredista é um dos maiores já feitos pela educação federal e reivindica recomposição salarial e orçamentária das instituições federais de ensino, reestruturação de carreira e revogação de normas aprovadas pelos governos Temer (2016-2018) e Bolsonaro (2019-2023) para o setor educacional.

O alcance da greve tomou a maioria dos sindicatos da base das entidades Fasubra, Sinasefe e Andes, repercutindo em todas as regiões do país. A Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil) foi a primeira a deflagrar greve, estando com 67 de seus sindicatos e associações de base em greve.

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) que deflagrou greve em 3 de abril, contabiliza que, dos 660 campi, 580 estão parados até o momento.

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que deflagrou greve em 15 de abril, até o dia 6 de junho encontrava-se com 62 instituições em greve.

Com informações da Andifes

LULA E ESTHER DUEK, ministra da Gestão e Inovação. Esther, que é professora da UFRJ, conduz o ministério responsável pelas negociações com a educação em greve

 

Marta Batista, coordenadora-geral do Sintufrj, e Francisco de Assis, da coordenação da Fasubra, apresentaram o diagnóstico da situação e defenderam a educação pública e a valorização dos técnicos-administrativos

Fotos: Renan Silva

A situação desesperadora em que se encontra a UFRJ por falta de verbas, com aulas suspensas ou ministradas em locais improvisados, como prevenção de uma possível tragédia envolvendo alunos, foi debatida em audiência pública nesta sexta-feira(7).

A reunião foi convocada pela Frente Parlamentar da Câmara Municipal em Defesa das Universidades, Institutos, Centros, Colégio Pedro II, Uerj, entre outras instituições de ensino públicas, presidida pela vereadora Luciana Boiteux (Psol). O debate foi transmitido pela TV Câmara.

Por cerca de mais de três horas, as precárias condições da maioria dos 18 imóveis que compõe a estrutura física das unidades acadêmicas da UFRJ (sendo nove tombados pelo patrimônio histórico nacional), foram expostas pelos servidores técnicos-administrativos e professores, e estudantes.

O reitor Roberto Medronho disse que desde janeiro a Light não é paga – a dívida com a concessionária é de R$ 70 milhões –, e parte do débito com a Cedae, que soma R$ 50 milhões, foi saudado recentemente.

Consequências

A falta de verba, segundo Luciana Boiteux, também traz outras consequências, como o aprofundamento das desigualdades sociais. A falta de bandejões e de bolsas auxílios para a sobrevivência de alunos carentes e a garantia de permanência deles na instituição até a conclusão do curso.

“É necessário que as verbas venham com mais recursos para a assistência estudantil. A privatização não pode ser alternativa à falta de dinheiro para a educação pública. Repudiamos qualquer ameaça de privatização na UFRJ”, afirmou a vereadora.

Manifestação

Estudantes de Pintura da Escola de Belas Artes (EBA), que entraram em greve há uma semana, junto com um dos cortes de luz – situação que ocorre com frequência na universidade –,  recriaram em tela o prédio da Reitoria (onde a unidade acadêmica funciona), sendo consumido pelas chamas do primeiro incêndio ocorrido nas instalações históricas, em 2016. “Uma joia a arquitetura moderna que foi abandonada. Estamos sem atelier, mas os pintores vivem e resistem. Está é uma aula de pintura e de luta”, disse a professora Martha Werneck.

O antigo prédio de oito andares da Reitoria, mesmo depois de passar por três incêndios e perder para as chamas documentos datados do século XIX, ainda abriga em meio a escombros, os cursos da EBA e um da Faculdade de Arquitetura (FAU). São 13 licenciaturas e bacharelados de graduação e vários de pós-graduação.

“Nossa categoria e a educação pública nunca conseguem nada sem luta. As dificuldades da UFRJ são enormes e não podemos depender de sorte para não termos uma tragédia com vítimas”, afirmou a coordenadora-geral do sintufrj Marta Batista. “A gente acredita muito na luta para vencer os desafios, mas não em  iniciativas que tragam a privatização para dentro da nossa universidade. Não celebramos a entrega de 15 mil m² na Praia Vermelha a um consórcio de empresários e nem a assinatura de contrato com a Ebserh para entrega de gestão dos hospitais à lógica privada”, acrescentou a dirigente.

“A valorização da categoria e o fortalecimento da universidade e da educação pública foi o que nos levou à greve. Infelizmente jogamos muita esperança no governo que elegemos e não fizemos o mesmo com o parlamento. Todos os dados apresentados sobre a UFRJ são produção dos técnicos-administrativos em educação. Produzimos e nos preocupamos com a qualidade do nosso trabalho”, disse o coordenador da Fasubra e servidor do Instituto de Biologia, Francisco de Assis.

Educação Física

O debate foi iniciado com a exposição pela diretora da Escola de Educação Física Desporto e Dança, Katy Gualter, “sobre o gravíssimo cenário atual” da unidade. Em menos de oito meses, ocorreram dois desabamentos de uma mesma marquise, e não houve vítimas porque os desmoronamentos ocorreram em dias de feriado. “A UFRJ foi a universidade que mais atendeu ao programa Reune, mas a expansão de cursos foi desproporcional a expansão física da escola, resultando na precarização da infraestrutura. São 3.410 estudantes sem espaço para estudar e de 5 a 10 mil pessoas sem acesso aos nossos projetos”, pontuou.

Sob risco constante de incêndio, as instalações do Instituto de Filosofia Ciências Sociais (IFCS) foram também dissecadas pelos estudantes. Um deles contou que certo dia um ventilador caiu do teto em uma sala de aula. “Por sorte, não tinha aluno sentado na cadeira”. Desde o dia 24 de maio, os estudantes do IFCS suspenderam as aulas por falta de condições seguras do prédio.

Colégio de Aplicação

Há dois anos o Colégio de aplicação da UFRJ (CAp) não abre novas vagas e funciona em prédio cedido pela Prefeitura do Rio, na Lagoa, porque não tem espaço adequado em um dos campi da UFRJ. “O ideal seria o Cap estar junto da Faculdade de Educação, na Praia Vermelha. Mas, a questão não é só social de acolher crianças, embora seja muito triste saber que uma criança está fora da escola, porque não tem orçamento para ela. É também de formação de novos profissionais da UFRJ para a educação”, lamentou o coordenador do Sintufrj e servidor da unidade.

Matérias completas com todas as entidades e parlamentares na próxima edição do Jornal do Sintufrj.

AUDIÊNCIA PÚBLICA na manhã desta sexta-feira (7) lotou o Salão Nobre da Câmara Municipal
A VEREADORA LUCIANA BOITEUX (Psol) , que também é professora da UFRJ, presidiu a mesa que discutiu a situação da universidade

 

 

Na manifestação unificada de servidores federais em greve e estudantes foi convocada para próxima terça-feira, 11 de junho

A assembleia-ato da quarta-feira (5) que antecedeu a manifestação unificada dos servidores da educação federal do Rio (5) na entrada do Centro de Ciências da Saúde (CCS), – em frente da entrada principal do Hospital Universitário –, deliberou, por unanimidade, pela continuidade da greve na UFRJ, aprovou o calendário de lutas elaborado pelo CLG, e a participação na manifestação unificada dos servidores e estudantes em greve no Rio de Janeiro, no dia 11 (terça-feira), às 16h, no centro do Rio de Janeiro. Nesse dia, em Brasília, as entidades (Fasubra e Sinasefe) estarão reunidas com os representantes do governo (MGI) para mais uma rodada de negociação – que pode ser a última.

Esta assembleia, iniciada às 10h, foi o ponto de encontro dos técnicos-administrativos e professores em greve nas universidades e institutos federais, e Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, para a realização da mais importante ação de mobilização conjunta do movimento grevista atual até agora e que resultou no fechamento ao tráfego da Linha Vermelha (pista em direção ao Aeroporto Tom Jobim).

O ato foi convocado pelos seguintes sindicatos: Sintufrj, Sintuff, Assunirio, Sintur, Sindiscope, Sintifrj e pelos DCEs Mario Prata, da UFRJ,  e DCE da Unirio.

“O Comando Local de Greve da UFRJ reafirma a importância desta atividade para chamar a atenção da sociedade e reafirmar ao presidente Lula que ele precisa ouvir os servidores e estudantes”, resumiram no carro de som os dirigentes do Sintufrj, Esteban Crescente, e da Fasubra, Francisco de Assis.

Representatividade

Representantes das entidades e lideranças estudantis se manifestaram durante a assembleia-ato do Sintufrj. A aprovação pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) do projeto de lei que entrega a gestão administração de pelo menos 200 escolas públicas à iniciativa privada foi criticada diversas vezes por dirigentes sindicais.

“Nossa solidariedade aos estudantes do Paraná e ao técnico-administrativo, Pedro Lanna, que ainda se encontra detido pela polícia paranaense por participar da manifestação na Alep. Existe política de desmonte do serviço público. A falta de reajuste salarial faz parte da precarização da educação e da saúde. Essa greve é responsabilidade do governo Lula”, afirmou o representante do Sintuff.

“Vamos construir um grande dia de luta em 11 de junho, e essa greve só acaba quando a educação pública for respeitada”, garantiu uma docente do Cefet-RJ.

“Até o momento, 61 instituições federais, entre universidades, centros e instituto estão em greve. O Paraná é uma comprova que o processo de privatização da educação pública está em curso”, alertou o Andes-RJ. “Estamos juntos na luta pela educação pública de qualidade. Não vamos aceitar zero de reajuste em 2024”, acrescentou uma das lideranças, da categoria na Universidade Rural.

Do dirigente da Asunirio: “A cada resposta de reajuste zero em 2024 a greve cresce com a adesão de muitos colegas. Essa pode ser a greve mais longa da história dos técnicos-administrativos em educação”.

DCE Mário Prata: “Estamos juntos na luta pela recomposição orçamentárias das universidades, institutos, colégios e centros. Quando chove, não dá para ter aula na UFRJ. Tetos de unidades estão caindo, falta luz e corremos risco físico. Lula tem que cumprir o que prometeu para a educação e a saúde públicas. A luta unificou, é estudante junto com trabalhador!”

“É muito importante construir a luta conjunta. Ontem foi o Paraná, amanhã seremos nós. O desmonte da educação pública é uma realidade no estado do Rio de Janeiro com o governador  Claudio Castro”, denunciou uma docente da Uerj.

CALENDÁRIO DE LUTA

Sexta 07/06 às 10h na Câmara Municipal do Rio: “UFRJ pede socorro” – atividade da frente parlamentar em defesa das instituições de educação sobre orçamento e os problemas estruturais na UFRJ.

Terça-feira 11/06  das 8 h às 16h Dia Olímpico do Trabalhador / Ás 17h, na CANDELÁRIA,ATO UNIFICADO DA GREVE DA EDUCAÇÃO

Quarta-feira 12/06 Assembleia

Quinta-feira, às 9h30, reunião do Conselho Universitário

 

FOTOS ELISÂNGELA LEITE

ASSEMBLEIA ANTECEDEU a grande marcha que teve objetivo de fortalecer a visibilidade da greve que já caminha para 90 dias Foto Elisângela Leite
ASSEMBLEIA teve como parte da moldura o Hospital Universitários Clementino Fraga Filho (HUCFF)

 

Fernando Pimentel, representante técnico-administrativo no Consuni e membro do Comando Loca de Greve , informou ao  colegiado, na sessão desta quinta-feira( 6), sobre o desenrolar da greve nacional iniciada em 11 de março, como o aumento do auxilio alimentação e o aprofundamento do debate sobre o orçamento  da UFRJ. Os movimentos reivindicam, além da recomposição salarial e reestruturação da Carreira, a recomposição dos recursos necessários ao funcionamento da universidade.

O conselheiro abordou também a importância da realização da mesa interna de negociação permanente entre entidades, CLG e Reitoria, e pediu a antecipação da próxima mesa, prevista para dia 18, pela importância dos pontos apresentados na pauta interna.

A reitora em exercício, Cassia Turci, propôs falar com o reitor (Medronho está em Brasília para assinatura do contrato com a Ebserh) para antecipar a reunião, em particular pela discussão das essencialidades na greve.

INTEGRANTES DO COMANDO LOCAL DE GREVE (CLG) e conselheiros após a última sessão do Conselho Universitário

 

A greve da educação federal caminha para os 90 dias (na terça-feira, 11 de junho) e tem sido marcada por mobilização e pela união de forças entre Fasubra, Sinasefe e Andes. Sob pressão, o governo agendou uma nova rodada de negociações com os técnico-administrativos em educação para 11 de maio. A reunião com os docentes foi marcada para 14 de maio.

A atuação forte e constante dos Comandos de Greve destas entidades tem se mostrado fundamentais na pressão sobre o governo para que ele se mobilize internamente na busca de recursos para promover o avanço nas negociações. A expectativa em torno dessas negociações é grande.

 

Contraproposta

Na contraproposta oficializada ao governo em 29 de maio, a Fasubra afirma à ministra de Estado de Gestão e Inovação (MGI), Esther Dweck, que o aporte financeiro apresentado na mesa específica de negociação dia 21 de maio é insuficiente para a recomposição das perdas salariais e valorização da categoria.

Além disso, a federação ratifica a concordância com os cinco pontos acatados na sua totalidade pelo governo até esse estágio da negociação: diminuição do interstício de progressão de 18 para 12 meses; verticalização da malha salarial; utilização da classe E como referência remuneratória na tabela; fim da diferença da relação direta e indireta para concessão do Incentivo a Qualificação; e revisão dos fazeres dos cargos.

Assim, no contexto da continuidade da negociação, a Fasubra informou a continuidade da greve e apresentou contraproposta avalizada pelas bases:

– Aumento escalonado do step constante (diferença entre os níveis da carreira) partindo de 4% até alcançar 4,5% em 2026.

– Recomposição salarial no piso de referência com pelo menos 4% em 2024, 9% em 2025 e 9% em 2026.

– Correlações entre os níveis de classificação utilizando o piso do nível E como referência na matriz salarial nos seguintes parâmetros:

  1. a) Piso do Nível A passa a ter correlação de 39% com o piso do Nível E
  2. b) Piso do Nível B passa a ter correlação de 40% com o piso do Nível E
  3. c) Piso do Nível C passa a ter correlação de 60% com o piso do Nível E
  4. d) Piso do Nível D passa a ter correlação de 61% com o piso do Nível E

– Inclusão da aceleração por capacitação no desenvolvimento da carreira.

– Implementação do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) na negociação com regulamentação na Comissão Nacional de Supervisão da Carreira/MEC.

FOTOS: ELISÂNGELA LEITE

AÇÃO DOS COMANDOS DE GREVE tem dado consistência ao movimento e pressionado o governo nas negociações

 

Depois da manifestação vitoriosa, novos atos unificados virão, prometem as lideranças. O próximo já está marcado: será na terça-feira, 11, dia de negociação dos TAE com o governo, com concentração às 15h, na Candelária

Em um dos momentos mais expressivos da greve, técnicos-administrativos e docentes em greve e estudantes das instituições federais de ensino do Rio, realizaram, na manhã desta quarta-feira, dia 5, um grande ato unificado, reunindo algumas centenas de pessoas, que, em passeata, percorreram as vias do Fundão em torno do Hospital Universitário e, driblando o bloqueio da polícia, fecharam pistas da Linha Vermelha.

Gente de todo lugar

Estavam lá militantes e dirigentes das entidades de técnicos-administrativos, estudantes e docentes da UFRJ, de outros campi e de instituições como UniRio, Pedro II, Cefet.  UFF, Rural, UERJ, Andes, Frente Nacional contra Privatização da Saúde, entre outras. Eles chegavam em grupos, desde o início da manhã, e se concentravam em frente ao bloco A do CCS.

Assembleia dos TAE da UFRJ

Logo de início, militantes saudaram o Sintufrj e os técnicos-administrativos da UFRJ, que já estavam ali para uma rápida assembleia, antecedendo ao ato, e estudantes, representantes de Centros Acadêmicos e do DCE Mário Prata.

Seguindo o carro de som, com suas enormes faixas e bandeiras, acompanhados da percussão de surdos, caixa de guerra e repique, saíram em passeata com as tradicionais palavras de ordem, como: “A nossa luta, unificou. É estudante junto com trabalhador”, “Não tem dinheiro para a Educação, mas tem dinheiro pra banqueiro e pro Centrão” e “O povo unido é povo forte, não teme a luta, nem teme a morte. Unidos venceremos e a luta continua.” Seguiram acompanhados por duas viaturas e policiais a pé do 17º BPM que lutaram para impedir o fechamento total da via.

Eles contornaram em passeata o Hospital até o pórtico da UFRJ, próximo à Prefeitura. Dali seguiram pela Linha Vermelha, parando primeiro duas, depois todas as vias no sentido da Ilha do Governador e até mesmo, por alguns momentos, o acesso à Baixada,  obrigando os carros que pretendiam seguir para a Ilha a subir nos canteiros.

Não sem alguns episódios de confronto e empurra-empurra quando a polícia – que a esta altura tinha ganhado o reforço de mais duas viaturas – que tentava evitar o fechamento total da via, lançando spray de pimenta em grupos de manifestantes no fim da passeata. Motos da CET-Rio ajudavam a desviar o trânsito. Militantes do Pedro II e até coordenadores do Sintufrj sofreram com os efeitos do gás.

O ato terminou com um protesto em frente ao Hospital Universitário, o maior hospital universitário da América Latina, que enfrenta a tentativa de entrada da Ebserh, com a crítica de seus efeitos sobre trabalhadores extraquadro, nas relações de trabalho e tentativa de ataques ao RJU. “O HU é nosso, fora Ebserh!”, bradaram os manifestantes, contentes com a repercussão do ato.

Motivos

O objetivo foi para chamar atenção da população para a necessidade do governo negociar com as categorias a recomposição salarial das enormes perdas dos últimos anos, a reestruturação das carreiras e recomposição do orçamento das instituições em crise de infraestrutura e serviços, tudo isso fruto de anos de ataques do governo Bolsonaro. “Negocia, Lula”, pediam as enormes faixas.

Faz o “L”

Motoristas buzinavam ora em apoio aos manifestantes ora contrariados e alguns gritavam, irônicos, “Faz o L!”. Militantes respondiam: “Fiz e faço de novo”, comentando que alguns parecem esquecer o que o governo Bolsonaro fez com a universidade, a Educação, a ciência e tecnologia sistematicamente atacadas, inclusive com corte de recursos; que seus trabalhadores amargaram anos sem reajuste e que o ministro da economia queria botar uma bomba no bolso do servidor, além da ausência total de qualquer canal de negociação. Muito diferente dos dias de hoje.

Mas a reconstrução da Educação e valorização dos servidores proposta pelo governo Lula, vem sendo insuficientes. Embora a greve já tenha conquistado, na negociação iniciada ano passada, reajuste de benefícios e algum recurso para as universidades (em maio o governo enviou mais R$375 milhões), além da proposta de reajustes em 2025 e 2026, isso está longe do necessário: a categoria – com perdas que beiram 50%, não aceita reajuste zero em 2024.

Fotos: Elisângela Leite

 

Estudantes e trabalhadores da UFRJ e de outras ife se concentram em frente ao Bloco A do CCS

 

Assembleia dos técnicos-administrativos da UFRJ antecede o ato

 

O grande grupo sai em passeata pelas vias do Fundão, contornando o hospital até o pórtico da Linha Vermelha

 

 

 

 

 

 

Na Linha Vermelha, aos poucos as pistas foram sendo fechadas

 

 

 

 

 

 

Polícia acompanhou passeata tentando impedir o fechamento total da via

 

Ato terminou em frente ao HU, com a avaliação comum, entre os grupos de cada categoria, de que foi um grande momento e que novos atos assim virão nestas semanas decisivas.

O próximo ato unificado será no dia 11, dia de negociação dos TAE em Brasília. A concentração será às 15h, na Candelária.

Andifes se comprometeu a conversar com Lula sobre as demandas dos técnicos administrativos

O governo marcou a 6ª Reunião da Mesa Específica Temporária no Ministério de Gestão e Inovação (MGI) para discutir o PCCTAE para a próxima terça-feira, 11 de junho. A última rodada de negociação foi frustrante realizada em 27 de maio. De lá para cá a Fasubra protocolou uma contraproposta e espera avanço das negociações na mesa de terça. Os trabalhadores apostam no crescimento da mobilização para aumentar a pressão sobre o governo.

Nesta terça(4), coordenadores da Fasubra se reuniram com a presidenta da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Márcia Moura, quando solicitaram que a greve dos técnicos administrativos em educação seja incluída na conversa entre a direção da entidade e o presidente Lula, que inicialmente ocorreria na quinta-feira, 6, mas foi adiada para 10 de junho.

O resultado da reunião foi informado ao Comando Nacional de Greve (CNG). A Fasubra considerou a reunião positiva, porque alcançou seu objetivo. “A presidenta Márcia Moura solicitou argumentos para uma interlocução positiva (com o presidente Lula) para construção de uma outra resposta (as nossas reivindicações) e que atendesse a maior parte das nossas demandas”, informou a direção da Federação.

Márcia Moura, segundo a Fasubra, “se comprometeu em levar nossas pautas ao presidente”. Os coordenadores da Federação disseram que explicaram a presidenta da Andifes o que já foi flexibilizado nas negociações com o governo. “Colocamos a nossa insatisfação com a proposta trazida até agora. A gente entra na greve para conquistar o máximo possível dentro do processo de greve. Temos companheiras e companheiros experientes em negociação”, avaliou a Fasubra.

 

Uma frase circula nos últimos meses na UFRJ e em universidades de todo país: se é grave, é greve. Pois bem, todo dia aparece um problema. Nesta manhã, teve falta de luz nos prédios da Reitoria e Letras; há dois dias, problemas numa subestação do CT e por aí vai. De um modo ou de outro, a asfixia financeira vai deixando seu rastro. A tal ponto que EBA e de alguns outros cursos já deram a largada na greve estudantil.

A Escola de Belas Artes,  assim como todos os cursos que ficam entre a Reitoria e Letras começaram o dia de hore, 4 de junho com um apagão de pelo menos uma hora. E isso já se repetiu nas semanas anteriores. Só que dessa vez, com um agravante: a falta de energia que durou mais ou menos uma hora, das 7h30 às 8h30, paralisou, claro os elevadores da Reitoria. Lá dentro, uma jovem terceirizada, presa, à espera de socorro, passou mal devido a claustrofobia e, segundo estudantes que presenciaram, os bombeiros acudiram mas a moça foi encontrada desmaiada.

No fim da manhã, um carro da Light foi visto em frente à Letras trabalhando num reparo. “Foi bem tenso e ficou todo mundo comovido”, comentou Henderson Ramon, diretor do Centro Acadêmico da EBA e do DCE Mário Prata, sobre a situação da moça. Ele explica que tem havido queda da energia com uma certa frequência. Ele conta que há um vídeo circulando essa semana que mostra , por irônica coincidência, falta de luz em meio a uma aula do curso de Gestão Pública sobre a situação orçamentária.

O comentário era de que a falta de recursos fez com que a conta de luz não fosse paga. Mas, segundo o prefeito Marcos Maldonado, não foi isso. É problema com fornecimento pela Light e a Prefeitura, conta ele, tem protocolado pedidos de solução de forma insistente.WhatsApp Unknown 2024-06-04 at 18.41.21

Estudantes já deram a largada para a greve

Mais um entre tantos motivos que têm levado os estudantes de alguns cursos a dar a largada na construção da greve  antes mesmo do dia 11, data aprovada para deflagração da greve na UFRJ pela assembleia estudantil realizada semana passada com centenas de jovens.

Não à toa, depois de tantos problemas ( como o fechamento do Ateliê Pamplonão por infiltrações graves no teto, janelas e ventiladores caindo)  um calendário anuncia, no perfil do Centro Acadêmico da EBA no Instagram, o início da greve de ocupação na Escola de Belas Artes no dia 3, pela recomposição orçamentária, com uma série de atividades.

”Ocuparemos nosso espaço com Luta e Arte. Por isso, todas nossas atividades acontecem no nosso prédio, ou no hall dos elevadores ou no mezanino”, diz a chamada, apontando a realização de oficinas, rodas de conversa, debates.

Porque no dia 3

“Por causa, justamente, da necessidade de crescimento da mobilização para fortalecer a deflagração (geral da greve estudantil) no dia 11. Queremos que toda universidade pare. A EBA inteira parou ontem e hoje estamos com atividades nas entradas. A maioria dos estudantes está aderindo. Na EBA são 3.550 estudantes, mas apareceram cerca de 30”, diz Henderson.

O diretor explica que, além da EBA, já estão em greve estudantes de cursos como Dança, Educação Física,  História, Filosofia, Ciências Sociais e Serviço Social. Cursos de Macaé também estão em estado de greve para entrar a qualquer momento.

No dia 11, m haverá nova assembleia do DCE para deflagração da greve. Local e horário serão divulgados em breve.

Falta de luz e restrição de serviços

“De fato a falta de luz está sendo constante”, comenta o prefeito explicando que a Ilha do Governador também tem passado por situação similar. “Mandamos carta hoje para a Light cobrando. Porque a UFRJ faz parte das grandes contas. Mas todo dia tem problema. Uma equipe nossa fica direto avaliando as subestações. Mas é um problema externo, não tem nada a ver com a UFRJ ou com pagamento de conta”, diz Maldonado.

Ontem, 3, aconteceu outro, desta vez no CT: no subsolo do bloco H, a umidade afetou o funcionamento de uma subestação. A Prefeitura colocou refletores com lâmpadas fortes para retirar a umidade e ontem mesmo, por volta das 17h, já voltou a funcionar.

Pepinos e abacaxis

Maldonado, assim como fez quando assumiu o cargo, há quase cinco anos, no Consuni, comparou a atividade da Prefeitura a um hortifruti: tem muito pepino e abacaxi: “Não tem descanso”, conta ponderando que não é que a situação tenha piorado, é que o problema de hoje é originado no passado. Um exemplo: a tubulação de água, no Fundão, é antiga. Quando um morador na Ilha do Governador reclama da pouca quantidade junto a Águas do Rio, a empresa aumenta a vazão e isso acaba por estourar a tubulação antiga na UFRJ.

Mas o prefeito faz questão de relacionar aquilo que tem conseguido realizar, mesmo com as restrições orçamentárias. A iluminação da rua está toda pronta, com lâmpadas de LED, e a Prefeitura vem trabalhando na manutenção do entorno do prédio JMM (Reitoria).

A grandiloquente UFRJ

“Temos 80 mil alunos. Circulam diariamente aqui (no Fundão) 120 mil pessoas (trabalhadores, estudantes, usuários dos hospitais  etc.).  O perímetro da Cidade Universitária e de 5 milhões 236 mil metros quadrados. Temos a estrutura de uma cidade. Entre 6h e 11h, passam por aqui 2 mil 660 carros por minuto. Cerca de 1500 saem pela ponte do saber. Mil ficam aqui dentro nos estacionamentos. Temos uma reserva – o Parque do Catalão – que estamos buscando alternativas para reabrir ao público. Estamos trabalhando no projeto para construção do Parque da Orla. A universidade cresceu e a gente tem uma estrutura que requer investimento”, diz Maldonado.

Fora os outros campi, como Macaé, Duque de Caxias e Praia Vermelha e as unidades isoladas, como IFCS-IH, Valongo, Museu Nacional, Faculdade de Direito, de Enfermagem, Hesfa, Instituto de Ginecologia, Maternidade Escola, Escola de Música. O Hospital Clementino Fraga Filho e o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira ambos no Fundão, entre outros também compõem um enorme complexo que agrega nove unidades de saúde.

Maldonado tem expectativa de que na reunião que está prevista da Associação Nacional de Reitores com Lula, prevista para na próxima semana (para discutir a greve e orçamento), haja recursos para as universidades, em particular para a UFRJ e suas proporções grandiloquentes.

A maior universidade federal do país hoje vive no malabarismo de cortar aqui e ali para continuar funcionando. Por exemplo no transporte (menos ônibus significam horários mais esparsos), ou na limpeza urbana (a coleta tem sido menos frequente, inclusive no entorno do HU. “Não é como queríamos que fosse feito”, lamenta Maldonado), relacionando ainda outros serviços ligados ao cuidado com a área urbana, como capina e roçado, tudo vem sendo reduzidos.

O prefeito criou um grupo de WhatsApp que é acionado quando há problemas na infraestrutura. Não têm sido poucas as vezes. Mais um reflexo da asfixia financeira.