O ato unificado organizado pelo Fórum dos Segmentos da Educação Pública do Rio de Janeiro – que reúne entidades de todas as esferas da educação, de profissionais, estudantes e pesquisadores – realizado nesta quinta-feira, 29, exigiu o “Revogaço” – Revogação do Aeda na Uerj; Revogação do Nem (Novo Ensino Médio); Revogação das Escolas Cívico-Militares –  recomposição salarial dos trabalhadores da educação e recomposição orçamentárias das instituições de ensino públicas.

Da Secretaria Municipal de Educação (Seeduc), na Cidade Nova, onde se concentraram às 14h, eles fizeram uma caminhada até o Campus Maracanã da Uerj. A universidade estadual passa por uma série crise decorrente de corte de verbas e bolsas que vem atingindo toda a sua comunidade, inclusive os terceirizados.

Os três segmentos da Uerj (estudantes, técnico-administrativos e docentes) que estão juntos na luta para superar a crise engrossaram a manifestação. Eles lutam por mais verbas, buscam valorização dos profissionais que nela trabalham e condições de permanência estudantil.

Pressão arranca suplementação

No dia 26 de agosto completou um mês da ocupação da Reitoria da Uerj pelos estudantes que exigem a revogação da Aeda, ato administrativo que cortou bolsas e auxílios estudantis. Os técnico-administrativos e os professores da Uerj, por sua vez, fizeram paralisação de 48 horas dias 28 e 29 para participação ativa nos atos – realizado dia 28 no Palácio Guanabara, e o desta quinta-feira na Secretaria Municipal de Educação. Na sexta-feira, 30, haverá Festival da Ocupação da Uerj com artistas convidados com apoio do Sintuperj, Asduerj e DCE.

A pressão e os protestos da comunidade da Uerj resultaram na liberação pelo governador Cláudio Castro de R$ 150 milhões para a UERJ para que a universidade possa honrar os compromissos assumidos até o fim de 2024. A decisão foi tomada após uma reunião entre as secretarias de Governo, Planejamento e Gestão e Ciência e Tecnologia com a reitoria da UERJ, na manhã de 27 de agosto. Os estudantes da Uerj consideraram essa liberação como uma importante vitória do movimento.

O valor será dividido em duas parcelas, a serem disponibilizadas nos meses de agosto e setembro. A verba vai ajudar a universidade, até o fim do ano, a realizar a manutenção das bolsas estudantis e dos serviços, finalizar obras estruturais e conseguir efetuar o pagamento dos terceirizados, entre outras atividades.

Já a Reitoria da Uerj propôs aos estudantes algumas medidas de transição: os alunos que perderam o direito à Bolsa de Apoio à Vulnerabilidade Social (BAVS), receberão R$ 400 mensais até dezembro de 2024; a ampliação da gratuidade no Restaurante Universitário também para alunos que se enquadram nos novos critérios de BAVS até dezembro; e, a criação de um grupo de trabalho para rever casos de pessoas não contempladas com bolsa permanência e cuja documentação estava incompleta ou não cumpria condições à época de sua entrada na universidade. As propostas estão sendo analisadas pelos estudantes.

Violência policial

Durante a passeata foi denunciada a política genocida do governador Cláudio Castro que vem promovendo sistematicamente operações policiais nas favelas tendo como saldo vítimas inocentes e impedindo aos moradores de ir e vir. Há mais de 25 dias as crianças no Complexo da Maré, zona norte do Rio, seguem sem aula devido as operações policiais.

De janeiro a agosto desse ano, foram contabilizadas mais de 31 dias de operações policiais no Complexo da Maré. Além do medo, crianças e adolescentes sofrem na aprendizagem. Ao todo, as aulas nas escolas e creches foram suspensas 28 vezes neste ano.

Segundo dados do 8º Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, o número de dias sem aulas é o maior em seis anos. De 2016 a 2023, foram 146 dias de aulas suspensas e escolas fechadas por conta de operações policiais, o que equivale a 73% de um ano letivo inteiro perdido.

“Uma das nossas pautas centrais e que viemos denunciando é a política genocida que permanece no estado do Rio de Janeiro. Vários estudantes não conseguiram ir para a universidade porque estavam acontecendo operações policiais, operações estas que estavam matando nossos familiares e nossos amigos. Essa denúncia não é de hoje. E a gente vem aqui novamente denunciar que várias escolas não estão tendo aula graças a essa política genocida de insegurança”, anunciou no microfone um dos organizadores do ato.

Nesta quarta-feira, 28, o GT Carreira Sintufrj realizou mais uma reunião de base para esclarecer dúvidas sobre as conquistas da greve de 113 dias e informar o andamento das negociações em curso em Brasília das pendências do acordo. A tarefa de ir conversar com a categoria no seu local de trabalho está sendo cumprida pelo coordenador da Fasubra, Francisco de Assis, junto com dirigentes do sindicato e colaboradores da gestão sindical.

Cerca de 20 trabalhadores do Arquivo Central/Siarq participaram da reunião, que foi organizada pelo delegado sindical de base José Carlos Xavier. Na quinta-feira, 22, foram os técnicos-administrativos da Superintendência-Geral de Comunicação Social que solicitaram a presença do GT Carreira Sintufrj. As mudanças nas progressões e o Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) têm sido os itens mais debatidos.

 

Esclarecimentos

Entre as conquistas da greve que começam a valer a partir de janeiro de 2025, com a aplicação do reajuste que na nova tabela varia de 14,5%  a 34,4%, dependendo do nível de classificação, tempo de carreira e grau de qualificação formal do servidor técnico-administrativo, constam também as mudanças nas progressões por mérito, que passou de 18 para 12 meses, e capacitação, que aumentou para cinco anos, o RSC, que somente os docentes tinham direito são clausulas do acordo que exigem desdobramentos.

Francisco explicou nas reuniões locais que uma Comissão Paritária formada por oito representantes do governo e oito das entidades sindicais estão discutindo os regramentos dos pontos em questão. O projeto de lei que garante a aplicação em janeiro das mudanças estruturais significativas nas progressões já está pronto. Agora está sendo preparada a regra de transição. “A Fasubra quer garantir o patrimônio que a gente já tem, o acúmulo. Essa é a nossa proposta”, informou.

Sobre o RSC, o dirigente esclareceu que é uma equivalência ao incentivo à capacitação com remuneração. “O técnico-administrativo vai receber a diferença remuneratória de acordo com o seu fazer, mesmo não tendo o título. Se ele produz saberes e competência para a universidade por que não ser remunerado? O RSC tem que ser um direito para todos. Por isso também achamos que quem tem doutorado não poder ficar estagnado, deve ter direito ao RSC. Uma proposta é que receba o equivalente entre mestrado e doutorado”. Agora, como será concedido? Qual será a pontuação? Essas são discussões que fazemos às segundas-feiras, no Sintufrj, na reunião do GT Carreira”, disse.

O RSC, segundo Francisco, tem que ter projeto de lei e as regras podem ser decididas depois. A Fasubra defende que seja uma rubrica a mais no contracheque, mas sua incorporação está garantida. A orientação é para que cada um comece a preparar seu memorial e as ações não publicadas em boletim devem ser documentadas de alguma forma. Participação em congregações, conselhos, pesquisas, comissões, projetos de extensão, encontros, trabalhos de campo, publicações tudo vale. O RSC entra em vigor em abril de 2026.

O coordenador da Fasubra fez questão de frisar que o RSC não veio para desvalorizar a educação formal. “É importante que a nossa categoria continue estudando, faça sua graduação, sua pós, mestrado, doutorado”, incentivou Francisco.

 

Seminário

Francisco informou que no dia 18 de setembro, o Sintufrj realizará um seminário com toda a categoria para reunir propostas e sugestões sobre esses pontos do acordo para levar ao seminário nacional da Fasubra, também no próximo mês. Porque o prazo de 180 dias para encerrar as negociações com o governo está sendo contado.  “Mas queremos fazer tudo com segurança para que os órgãos de controle não questionem. O conceito básico é o direito de todos e que ninguém fique de fora”, afirmou.

 

REUNIÃO COM TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS do Arquivo Central da UFRJ: Carreira é o debate

Essa indagação foi o centro do debate entre os participantes da mesa especial da tarde de terça-feira, 28 de agosto, no Festival do Conhecimento da UFRJ (presencial, no Salão Nobre do prédio da Avenida Rui Barbosa, transmitido pelo canal Extensão UFRJ no Youtube), com mediação da professora da Escola de Comunicação, Cristiane Costa.

O tema “Inteligência artificial e eleições”reuniu Cristiano Ferri, professor e pesquisador no Centro de Formação da Câmara dos Deputados e autor do livro “O parlamento aberto na era da internet”; Fabro Steibel, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, que estuda o impacto e o futuro da tecnologia no Brasil e no mundo; Cristina Tardáguila, fundadora e sócia da Agência Lupa (agência que atua contra a desinformação com verificações, notícias, análises e reportagens) e Guilherme Amado, diretor de conteúdo do Redes Cordiais (que tem a missão de construir redes mais saudáveis e confiáveis).

Neste super ano eleitoral em todo mundo, segundo os debatedores, no Brasil eleitores de mais de 5,5 mil cidades também vão às urnas nas eleições municipais de outubro. E no dia 16 de agosto foram liberadas as propagandas dos candidatos sob o temor que a inteligência artificial seja usada como arma eleitoral.

De acordo com a Agência Brasil, diante da falta de leis sobre a tecnologia no país, o Tribunal Superior Eleitoral (STF) aprovou regras para a utilização dessa tecnologia nas propagandas eleitorais. O uso de conteúdo gerado por inteligência artificial deve sempre vir acompanhado de um alerta.

Nas peças de rádio, por exemplo, o ouvinte deve ser alertado se houver sons criados por essa tecnologia. O mesmo para imagens e vídeos. Há ainda a proibição da chamada deep fake (uso de conteúdos produzidos artificialmente para prejudicar ou favorecer candidaturas, como vídeos que alteram ou substituem voz ou imagem de outras pessoas). Caso incorram neste crime, as candidaturas podem ser cassadas.

Cristiano Ferri (no alto), Guilherme Amado e Cristiane Costa
Cristina Tardáguila
Fabro Steibel

 

Este ainda não é o ano da IA

Para os debatedores, não será este (ainda) o ano eleitoral da IA. E não será a IA que fará a política ficar pior. Ela chega para reduzir o trabalho humano e o custo administrativo das eleições. Fabro, por exemplo, conjectura se talvez daqui a quatro anos, seja uma eleição “da IA”. “O mais eficaz”, disse, “é fomentar políticas de Estado para investigar as redes de desinformação profissionais e de discursos de ódio”.

Portanto, a IA viria como um aspecto positivo, embora haja riscos, mas a forma de lidar com a tecnologia em questão seria com a mão do Estado e a responsabilização elas consequências. E o uso da IA para criar desinformação não é ainda um problema real. Até porque custaria caro para se chegar ao infrator; como nos filmes, pode-se seguir o rastro do dinheiro.

E isso não diria respeito a toda técnica de IA, mas a da chamada IA generativa, que trabalha com textos, imagens e sons para produzir “coisas parecidas”, como explicou Fabro, ponderando que a IA não é “inteligente”, é uma tecnologia que encontra coincidências num grande volume de dados e por isso conseguiria “sugerir alguma coisa” a partir disso.

Como ao imaginar um fundo que complemente a paisagem do quadro da Monalisa, naturalmente se baseando em outras obras europeias. Só que, ele lembra, o quadro foi pintado na sala de Leonardo da Vinci. “Já era um deep fake esse fundo”, brincou.

 

Cristina, da agência Lula, também trouxe alguns indicadores e exemplos de que a IA não influi tanto nas eleições quanto se presume, inclusive em outros países. Como informa a matéria sob o título: “As eleições indianas foram inundadas de deepfakes – mas a IA foi um resultado positivo para a democracia”.

 

Novas tragédias políticas

Na opinião da pró-reitora de Extensão, Ivana Bentes, coordenadora do evento, “ao atravessarmos a primeira transição da tecnologia digital, com o aparecimento da internet e toda a ideia de inovação democratizante, vimos as redes produzirem discurso de ódio e polarização. Chegamos em 2018, no Brasil, com um cenário terrível. E nossa utopia em relação a internet entrou pelo cano (entre aspas, disse ela, ponderando que tem milhares de usos positivos)”.

Ivana lembrou que foi uma eleição digital com a impotência da justiça de confrontar fake news. “Para mim, foi um dos momentos mais terríveis, e eu acho que nós vamos passar por isso novamente. A minha questão é quando vocês todos falam que não precisa regular agora e que não estamos na eleição da IA, nós vamos esperar que as novas tragédias políticas  aconteçam para poder regular? Será que nós não aprendemos nada com a primeira transição digital para ficarmos esperando a autorregulação do mercado, das big techs, o comportamento do consumidor? Será que nós não estamos sendo ingênuos? não vamos pensar para frente?”, questionou a pró-reitora.

Guilherme Amado afirmou ser a favor da regulação, mas que o ideal pela ordem das coisas, era se conseguir regular as redes sociais antes de regular a IA. “Hoje isso é irreal, porque o PL 2630, chamado PL das fake News, voltou para a estaca zero na Câmara e o PL da IA, que está no Senado, pode ser votado nesse semestre. Certamente está com mais chances do que o PL das fake news. Mas acho que às vezes se está priorizando mais a discussão da regulação do que a discussão do incentivo a termos tecnologias, a partir da IA no país, do que incentivo à pesquisa, incentivo à criação, tanto na iniciativa privad quanto nas instituições públicas”, concluiu.

Segundo Cristiano Ferri, o projeto que está no Senado é muito insipiente e não está madura a discussão para avançar no Congresso Nacional. “Mas a impressão que eu tenho é que os deputados e senadores ainda estão estudando, conhecendo o assunto. Existem basicamente duas forças que estão aí gravitando em torno da questão: o pessoal que quer regular seguindo o modelo europeu, e o pessoal dizendo vamos regular pouco,  vamos deixar as startups desenvolverem a IA, não vamos sufocar o desenvolvimento dessas inovações. Há uma tensão entre essas duas forças e há um impasse, na verdade. Eu acho que quando acontece isso, isso significa que a matéria não está madura para avançar”.

Para Fabio é preciso cuidado na regulação para não retirar o acesso das pessoas a direitos. E pergunta: “A gente está pensando em rede social ou está pensando em eleição?”. E chega a conclusão que “a gente precisa de mais discussão. Não é porque é a autorregulação que funciona. A gente precisa de mais discussão porque os impactos são muito grandes. E tem uma coisa que ninguém fala, mas que é muito necessário, como é que você regula um candidato que ganha uma eleição e faz desinformação? Porque o problema não está fora da política, o problema está na política. Qual é a regra que você faz para responsabilizar quem ganha uma eleição, quem promove uma eleição com ódio e desinformação? Isso daí não é o PL de IA que vai fazer. Esse daí é o PL fake news que a gente precisa, urgentemente, voltar a discutir”.

Cristina não acha que se possa pensar ainda em regulação. “A gente não sabe nem a dimensão do problema direito. A gente quer escrever um texto e fazer uma lei e resolver um problema através de uma legislação sobre algo que a gente não entende de todo e que a gente sequer consegue definir por escrito. E isso dá um certo pânico. Esse Congresso ultra mega polarizado que vai decidir o que pode e o que não pode guiar (a IA)? A gente realmente acredita que aqueles que estão lá não querem usar as leis que eles mesmos estão fazendo para os próprios proveitos ou para as próprias defesas?”, perguntou.

 

 

“Inteligência Artificial na educação e no mundo do trabalho” foi o tema da Mesa Especial 2 do Festival do Conhecimento da UFRJ, na terça-feira, 27 de agosto. O ex-reitor e diretor do Instituto de Economia, Carlos Frederico Leão Rocha, mediador do debate, expôs sua preocupação em relação ao impacto que a tecnologia pode ter nos empregos e salários. Ele comparou o momento atual ao movimento dos operários que quebraram as máquinas que o substituíram, no século XVIII/XIX (o movimento ludista), ao surgimento da IA no século XXI.

Segundo Leão Rocha, o momento atual apresenta uma característica que se assemelha ao surgimento do movimento ludista. “Você tem elevados ganhos de produtividade e salários estagnados. Ou seja, você está aumentando a produtividade mundial, mas essa produtividade não está sendo repassada aos salários. O que aumente a desigualdade de renda. Isso pode criar muita revolta. Mas o que marca o movimento ludista e o que marca agora é a destruição de muitos postos de trabalho. E também temos um rebote na educação”.

O mediador provocou os debatedores Gil Santos, Lucas Maia e Pedro Burgos com perguntas diretas em relação ao tema.

Educação

“Será que a maneira como organizamos a universidade hoje é adequada para dar resposta às novas tecnologias?”. Pergunta voltada para a educadora Gil Santos.

Ela respondeu que em relação á formação “falta uma aproximação popular e uma descomplicação do que é educar, do que é falar sobre novas tecnologias”. Gil Santos afirmou que é preciso desglamourizar o IA, facilitar essa educação. “Até para dizer se não nos serve, a gente tem que saber o que está acontecendo. O primeiro passo ou maneia de chegar lá como academia, como escola, como centros de aprendizagem, como educação popular é trazer esse diálogo para a mesa. Mesas diferentes, de casa, do bar, e falarmos de forma direta e simples sobre os acontecimentos do mundo.”

Informação

“Qual o impacto que você vê sobre o mercado de trabalho do jornalista e a inteligência artificial?” A pergunta foi direcionada a Lucas Maia, diretor de Tecnologia da Agência Tatu de Jornalismo de Dados.

Na avaliação do jornalista o impacto que ele percebe no mercado de jornalismo não é o jornalista estar perdendo o emprego para a IA, mas a super exploração. “A IA tem forçado os jornalistas a trabalharem cada vez mais, afinal ele tem ali o ChatGPT que vai ajudá-lo a produzir muito mais rápido. Só que sem treinamento adequado, as pessoas acabam transformando o que pode ser uma ferramenta de auxílio em uma tecnologia que pode produzir uma história falsa, por desconhecimento do que esse tipo de tecnologia é capaz de apurar”.

Lucas disse que mais do que o impacto no mercado de trabalho jornalístico é como a sociedade tem acesso a informação de qualidade. “Se eu não tenho mais o profissional de jornalismo que é o que media a informação, apura, verifica sua veracidade, essa informação pode sofrer pelas próprias falhas concernentes a uma inteligência artificial”. O perigo para o jornalista é a IA fazer de uma mentira a mais pura verdade. “Uma mentira que parece muito verdade. A IA é boa em imitar o jeito que a gente escreve”, alertou.

Trabalho

“Será que o ritmo que nós vamos perder emprego vai ser maior ou menor do que o ritmo de criação de novos empregos pelas tecnologias emergentes?” O questionamento foi a Pedro Burgos, colunista de IA no Investnews.

O especialista, que levantou dúvidas sobre essa dualidade, fez uma comparação com o número de cavalos que tinha em Nova Iorque na virada do século XX e toda a indústria que girava em torno deles — carruagens, cuidadores, fábricas, ferragens, etc., que desapareceu com a chegada dos carros.

“Tinha 150 mil cavalos em Nova Iorque na virada do século XX e  tinha toda uma indústria: dos criadores, das pessoas que limpavam as ruas, cuidavam dos bichos, ferragens, etc., mas quando chegaram os carros essa indústria desapareceu. Essas  pessoas foram recolocadas na indústria dos carros, viraram taxistas, mecânicos. A nova tecnologia permitiu essa transição. Atualmente existem 80 cavalos m carruagens em Nova Iorque. A dúvida é se nessa analogia nós somos aqui os trabalhadores da indústria de cavalos que foi para a indústria de carros ou se nós somos os cavalos que deixaram de ter a utilidade”, propôs como reflexão.

“Vários dos empregos que foram criados pela internet já desapareceram. Eu tenho muitas dúvidas se essa revolução vai trazer muitos empregos para pessoas que são treinadas com o IA. Acho pouco provável que essas tecnologias tragam mais gente para trabalhar, porque vai ter um número pequeno de cientistas trabalhando em grandes empresas que vão fornecer tecnologia que todo mundo vai usar. Para mim, a IA dará na verdade valor a outros tipos de trabalho, como os ligados ao meio ambiente. São revoluções concomitantes”, acrescentou.

IA no mundo

O avanço da Inteligência Artificial prevê impactar 40% dos empregos em todo o mundo, conforme indicado por um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). A pesquisa revela que, nas economias avançadas, aproximadamente 60% dos empregos podem sofrer influência da IA. Em mercados emergentes e países de baixa renda, as proporções são de 40% e 26%, respectivamente.

Segundo a pesquisa, dos quase 40% dos empregos globais suscetíveis à IA, metade deverá se beneficiar com o uso dessa tecnologia resultando em aumento de produtividade. Já para a outra metade, as ferramentas de inteligência artificial assumirão tarefas atualmente desempenhadas por seres humanos, potencialmente reduzindo a demanda por trabalho e levando a salários mais baixos, além de menos contratações. Em situações mais extremas, alguns desses empregos podem até mesmo desaparecer.

 

 

EX-REITOR FREDERICO LEÃO (a esquerda, de casaco) mediando debate acerca da inteligência artificial no Festival do Conhecimento. (Foto: Elisângela Leite).