Com bolo e balões pretos, estudantes da Escola de Educação Física protestaram, na manhã desta quinta-feira, 26, no Conselho Universitário (Consuni), pela passagem de um ano da queda de trechos da marquise do prédio (foi no dia 6 de setembro de 2023) da unidade. O incidente se repetiu uma segunda vez, em 2 de maio deste ano, reforçando a gravidade da situação.

A estudante Alessandra Pessoa de Vasconcelos, que falou em nome do grupo, destacou que não era um dia de felicitar a UFRJ, mas de “comemorar o desaniversário” de um ano do desabamento. Ela leu carta aberta do corpo social da escola.

Aprovada em reunião dos coletivos dos estudantes, professores e técnicos-administrativos, a carta aponta inconformismo da comunidade diante de um ano de penúria predial que se soma às condições precárias da UFRJ.

Reivindicações

Os estudantes reivindicam a aceleração no processo de recuperação das instalações dos blocos C, D e E, os ginásios para as aulas práticas, e o aluguel de contêiners-vestiários, de modo que possam ocupar os ginásios da escola a partir de 14 de outubro.

Pedem também celeridade nas alternativas de espaços fundamentais para o funcionamento a partir de fevereiro de 2025, das atividades acadêmicas e administrativas; providências para a conclusão dos reparos no prédio, notadamente os blocos A e B, que envolvem salas de aulas teóricas, vestiários, laboratórios e setores administrativos.

“A gente está vivendo um momento muito difícil. E precisamos reverberar o verbo esperançar, como disse Paulo Freire. E para os jovens que sonham em cursar o nível superior na UFRJ, e ser o primeiro da sua família na Federal, como eu sou, eu deixo um recado. Estamos lutando pelos nossos sonhos”, concluiu a estudante.

Precisamos que os processos saiam

A Pró-Reitora de Graduação (PR1) Maria Fernanda Quintela, comentou que a situação vem sendo acompanhada pela Reitoria, por ela e pela equipe da PR-1, explicando que tem realizado diversas reuniões com o corpo social, coordenadores, direção, estudantes.

Segundo conta, há vários processos em andamento para que se possa fazer obras ou reparos, “porque nós combinamos que a partir e outubro começariam as práticas. Precisamos que isso ocorra, que os processos saiam e que as obras e os reparos iniciem, até porque nós já recebemos algum recurso, não é o total, para poder iniciar aquilo que precisa no primeiro ginásio, que a gente precisa ocupar para as aulas práticas”, disse ela, explicando ainda que  a Reitoria vem tomando todas as medidas para diminuir o impacto do acidente.

A pró-reitora agradeceu as unidades e centros que vem contribuindo para solução do problema ou no apoio com a disponibilização de salas de aula e concluiu:

“Eu gostaria que hoje as bolas fossem coloridas, o bolo tivesse uma cor também um pouco mais colorida (…) adoraria comer e festejar junto (…) e que a gente já tivesse tudo resolvido. Mas estamos no caminho certo. Nós vamos avançar”, garantiu.

 

PM na UERJ

Vários conselheiros se posicionaram criticamente contra a ação da Polícia Militar que invadiu a UERJ para cumprir mandato de reintegração de posse, no dia 20, com o uso da força, bombas de efeito moral contra estudantes que reivindicavam a revogação de medida que prejudica as políticas de permanência, com prisão de militantes e do deputado Glauber Braga (do Psol).

A reitoria estava ocupada desde 26 de julho. O principal motivo era a luta pela revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) 038/2024 que mudou os requisitos para obtenção das bolsas estudantis da Uerj, apelidada “Aeda da Fome” pelos estudantes que afirmam que 5 mil universitários foram prejudicados. Eles reivindicam a revogação do Aeda.

No Consuni, o representante do DCE, Henderson Ramon manifestou repúdio: “Todo mundo acompanhou, é inaceitável que a gente tenha uma reitoria de uma universidade pública deixando a polícia militar entrar para agredir estudantes. Isso é algo inaceitável, não podemos deixar que normalizar no nosso país. Algo como isso só aconteceu na ditadura militar e nós temos que repudiar ações como essa daqui da frente também”, disse.

O professor Vantuil Pereira também se manifestou, colocando-se solidário aos que foram presos e sofreram repressão da ação policial: “A autoridade está na capacidade de liderar o processo de diálogo”.

“A direção do Sintufrj faz coro com a avaliação dos estudantes e conselheiros. Repudiamos a intervenção da polícia dentro da universidade Não há justificativa, Em nenhum momento os ocupantes agrediram alguém ou agiram de forma que justificasse sofrerem esta repressão”, comentou o coordenador-geral da entidade Esteban Crescente.

PROTESTO NO CONSELHO UNIVERSITÁRIO. Estudantes “celebram” com bolo e tudo um ano de queda de marquise na Escola de Educação Física FOTO: RENAN SILVA

 

 

Com Fasubra Sindical

O primeiro dia do Seminário de Carreira da Fasubra foi destinado para apresentação dos Grupos da Comissão Nacional de Supervisão da Carreira (CNSC), explicações da Consultoria Jurídica da Fasubra, elucidação de dúvidas e organização dos grupos de trabalho.

Os GTs com as bases estão reunidos na manhã desta sexta-feira, 27, e à tarde haverá a apresentação das propostas de consenso. A delegação do Sintufrj foi com a incumbência de levar as propostas construídas no Seminário do GT Carreira da entidade.

 

O seminário foi aberto pelos dirigentes da Fasubra Cláudia Lossio, Loiva Isabel, Cristina Del Papa, Ivanilda Reis e Marcelo Rosa.  Fátima Reis, integrante da CNSC, apresentou as informações elaboradas pelo Grupo de Trabalho de Desenvolvimento formado por Cristina Del Papa, Daniel Farias e Marcelo Rosa.

“Nós temos que trazer para dentro do decreto que regulamenta a nossa legislação o uso da autonomia institucional”, afirmou Fátima. “Temos que ter autonomia e diretrizes nacionais de desenvolvimento do servidor técnico-administrativo”, reiterou.

Um dos principais destaques de sua apresentação foi referente ao artigo 10 que versa que o desenvolvimento do servidor na carreira dar-se-á pela mudança de padrão de vencimento mediante progressão por mérito e aceleração por capacitação.

A tarde o seminário seguiu a todo vapor com intenso debate. Consolidou-se os informes apresentados pela manhã e abriu-se espaço para a formulação de sugestões que serão levadas à Plenária Nacional neste fim de semana.

O ambiente foi de comprometimento e luta coletiva, com foco na defesa de uma carreira que valorize os trabalhadores e reconheça a importância estratégica dos técnico-administrativos em educação para o funcionamento da universidade.

Entre as propostas discutidas destacou-se a necessidade de revisar planos de carreira para garantir progressão justa, reconhecimento de competências e melhores condições de trabalho para todos. Também foi ressaltada a importância de fortalecer a mobilização frente aos desafios impostos pelas políticas neoliberais que ameaçam os direitos dos servidores e a qualidade da educação pública.

As propostas discutidas durante a tarde serão levadas à plenária nacional que terá a tarefa de transformar essas demandas em ações concretas na luta pela valorização da carreira e pela garantia dos direitos da categoria.

 

 

A FASUBRA Sindical promove, nesta sexta-feira (27), o segundo dia de seu Seminário de Carreira, com início às 8h e transmissão online. O evento reúne servidores técnico-administrativos de instituições de ensino superior para discutir temas como desenvolvimento profissional, valorização do trabalho e desafios enfrentados na carreira dos TAEs.