Cerca de 1.300 pessoas, entre trabalhadores da educação de dezenas de países, estudantes e ativistas sociais, estão reunidas na Universidade do Estado do Rio (Uerj) para o III Congresso Mundial contra o Neoliberalismo na Educação.
A abertura foi no dia 11 ao som da Internacional Socialista no Teatro Odylo Costa Filho. No evento, que tem 40 delegações de vários países, e vai até o próximo domingo, 17, estará em debate a resistência aos projetos de mercantilização da educação em âmbito internacional.
As entidades organizadoras do congresso Andes, Fasubra, Sinasefe, Sepe/RJ, Asduerj, Apeoesp, e Outras Vozes da Educação, que organiza internacionalmente a atividade, têm o objetivo comum de definir estratégias e traçar luta conjunta para barrar as ameaças à educação pública que vem sendo bombardeada pelas políticas neoliberais e pelo capitalismo selvagem.
O representante da entidade Outras Vozes na Educação, Luis Bonilla, afirmou que essa terceira edição é um reforço singular na América Latina e no mundo para se pensar a qualidade da educação nessa conjuntura difícil.
O Congresso segue com debates, painéis, oficinas, exposição e apresentações culturais. E está dividido em eixos temáticos abordando os ataques do capital à educação, a mercantilização do ensino e a luta em defesa da educação como parte dos direitos humanos.
Fasubra
O coordenador de Comunicação da Fasubra. Francisco de Assis, que participou da mesa de abertura falou que o congresso é um ato de resistência de seus participantes.
“Já somos resistência porque estar num evento como esse de caráter mundial, com companheiros de outros países, já demonstra o interesse de continuar essa luta e resistindo a extrema direita aqui no Brasil particularmente. Nós trabalhadores da educação precisamos além da resistência precisamos fortalecer as nossas estratégias para combater não só o neoliberalismo mais também todas as suas formas e vertentes. Não estamos convencendo a sociedade e esse ato de resistência é vigoroso para avaliarmos e construir e fortalecer essa luta.
O ato de resistência de cada um que está aqui tem que ecoar nas nossas bases, nas nossas salas de aula, no nosso círculo de trabalho, na associação dos moradores. Tem que ser um movimento e uma onda que possa realmente trazer a população para o sonho e a esperança de que o socialismo é possível. Esse é o nosso desafio e falo isso em nome da Fasubra que é uma entidade que sempre fez luta para defender a educação pública, gratuita e de qualidade”, completou o dirigente.
“Nesse momento nós estamos completando 40 anos de uma mobilização forte que nós fizemos no país, em que a gente resgata a memória para valorizar as ações que foram feitas. Falo isso da UFRJ, sou trabalhador técnico-administrativo da UFRJ. E uma das bandeiras de luta que inclusive é parte do nosso movimento é fortalecer a nossa luta pela valorização do papel técnico-administrativo. Quando lutamos por autonomia universitária há 40 anos lembramos do único reitor que tivemos na história desse Brasil, um reitor comunista que trabalhava com a população e que participava das nossas assembleias. Lembramos isso para resgatar a memória de que é possível construir sim e ter nossos camaradas que possam assumir a universidade comum viés democrático, com um viés de que a participação dos trabalhadores e dos estudantes na ocupação do espaço de poder nas universidades são fundamentais e importante para nossa luta de resistência. É ocupar os lugares de fala e ocupar os espaços de poder para que a gente possa conduzir as universidades com autonomia e com democracia”, finalizou Francisco de Assis.
A coordenadora do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica (Sinasefe), Laryssa Braga, reafirmou que o congresso é um ato de resistência e defendeu a união contra o avanço da extrema-direita no mundo. “Teremos tempos ainda mais difíceis. Especialmente para a educação no Brasil, com nosso orçamento cortado para servir o capital e a lógica neoliberal”, alertou.
Professores e estudantes
“Nós do Andes temos a convicção de colocar o nosso sindicato a serviço dessa luta com técnicos, estudantes e todos aqueles que seguem no caminho da resistência”, afirmou a 1ª Tesoureira do Andes, Jennifer Webb.
A presidente da Asduerj, Amanda Moreira, falou da necessidade de organização de trabalhadores e estudantes. Na Uerj, a comunidade tem resistido aos projetos de privatização da instituição.
“Somos uma universidade popular. Temos um perfil composto por filhos da classe trabalhadora. Precisamos e fato nos organizar enquanto trabalhadores e estudantes para enfrentar essa lógica neoliberal perversa. Construir essa contra hegemonia é uma tarefa que está posta para todos que estamos aqui.”
Do campo estudantil, há mais de 600 estudantes participando do congresso, a presidente da Une, Thais Raquel, frisou: temos de apostar na luta organizada para barrar o avanço do projeto neoliberal para a educação.