Ato é mais um passo na jornada de lutas que prevê, no próximo período, jornada de assembleias na próxima semana (a da UFRJ ainda será marcada), paralisação nacional dias 21 e 22 de maio, com a organização de caravanas a Brasília.
No dia nacional de paralisação dos técnicos administrativos em educação, convocado pela Fasubra, esta segunda-feira, 5 de maio, coordenadores do Sintufrj, apoiadores da gestão, militantes de base realizaram um ato em frente ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) pelo cumprimento integral do acordo de greve.
Hoje acontece reunião da Federação com o ministro da Educação Camilo Santana.
A paralisação deste 5 de maio é nacional e é mais um passo na jornada de lutas para que o governo cumpra todo o acordo. O prazo final, segundo a Federação, para que o Executivo viabilize os instrumentos necessários à efetivação dos pontos pendentes do acordo é 31 de maio. Na pauta do ato, além dos pontos ainda não atendidos no acordo feito com o governo da história greve de 2024, como a regulamentação do incentivo RSC (Reconhecimento de Saberes e Competências) para todos, a aceleração da capacitação, o reposicionamento de aposentados, a jornada de 30 horas para todos, a racionalização de cargas, a escala de trabalho 12 x 60 e a inclusão dos médicos e veterinários no reajuste recebido pela categoria (embora sejam do PCCTAE, tiveram reajustes diferentes menores: 4,5%).
“Somos todos PCCTAE.”, anunciaram os coordenadores da entidade convocando os médicos do hospital para se agregarem a luta que é de todos. Pelos amplificadores do carro de som e panfletando o jornal da entidade eles explicaram à população que, além do acordo de greve, reivindicaram a recomposição orçamentária da UFRJ que hoje enfrenta problemas sérios de infraestrutura, mas também contra o assedio moral na universidade e os prejuízos que os hospitais e seus trabalhadores vêm enfrentando desde que a Empesa Brasileira de Serviços Hospitalares tomou três das maiores unidades de saúde da UFRJ.
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O que está em pauta no dia de luta
Francisco de Assis, coordenador da Fasubra, lembrou o porquê de ser hoje um dia de luta: “Entrou dinheiro na conta de todo mundo e estamos protestando? Sim, porque temos demandas ainda a serem cumpridas do termo de acordo; apenas uma parcela foi, falta ainda as 30 horas de jornada, o Reconhecimento de Saberes e Competências, a questão dos médicos e veterinários que ficaram com reajuste menor (que os demais técnicos-administrativos), e muitas outras demandas. Por isso chamamos a atenção de técnicos-administrativos, estudantes e professores para mostrar que esta não é só uma luta corporativa mas também para exigir o fim da disputa desleal que se desenrola no Congresso, de ataque a parlamentares como o deputado Glauber Braga, para silenciar a voz em defesa do serviço público e do orçamento público que o Centrão está se apossando e por isso nossa universidade está aos pedaços”, disse ele.
Francisco também apontou pautas locais, contado que na CPST há indícios de práticas de assédio moral por parte de uma gestora que, apesar disso, vem sendo apoiada pela pró-reitora de pessoal, mas que é importante seu afastamento do cargo para que os trabalhadores escolham um novo gestor. “Então é uma luta que a gente está querendo fortalecer nesse período de combate ao assédio moral. O papel da universidade é fazer valer o princípio do diálogo, a força do argumento e não o argumento da força como alguns gestores estão acostumados a fazer, tentando impor para os trabalhadores a sua política sem diálogo”.

Ganhos são resultado da luta
O coordenador-geral Esteban Crescente explicou: “Nós estamos em luta para recompor as perdas que nós tivemos ao longo dos anos, em especial os sete anos de governo Temer e de governo Bolsonaro que congelaram salários. Nós tivemos avanços importantes: nesse mês, já começou os ganhos salariais, os primeiros ganhos, e isso foi resultado da nossa luta. Porém o governo não está cumprindo tudo que foi escrito no acordo. Os companheiros, companheiras, médicos e veterinários estão com ajuste desigual, e nós estamos na luta a nível nacional, hoje tem mesa de negociação para poder pressionar sobre isso. Nós também estamos brigando pelas 30 horas (de jornada semanal) para todos, para que a gente tenha a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, que é uma bandeira que tem que ser extensiva a todas as trabalhadoras. Também estamos na luta pela questão do Reconhecimento de Saberes e Competências, pela questão da racionalização dos cargos contra as injustiças sofridas por trabalhadores na nossa carreira há 20 anos que cumprem funções que são de complexidade mais elevada do que o salário que estão recebendo”, disse ele, apontando também a questão do financiamento da universidade que hoje está com orçamento deficitário.
Segundo conta, a UFRJ hoje tem hoje orçamento que representa metade do que era em 2012: “E isso é fruto de uma política de cortes nas áreas sociais, principalmente ao longo dos sete anos dos governos Temer e Bolsonaro, que congelaram o orçamento da universidade e o salário dos servidores. Estamos na luta para poder ter uma universidade a serviço da população.
“Quando a gente luta, a gente conquista”. lembrou Esteban, explicando: “O nosso contracheque esse mês já teve os resultados. Mas nós não podemos aceitar que uma parte do que nós conquistamos seja escamoteada, que o governo enrole na mesa de negociação. Por isso estamos aqui nesse dia de paralisação e mobilizando para a assembleia que será semana que vem (nós vamos fechar o dia local e horário) e para nossa caravana, chamada pela federação dias 21 e 22, nos quais também teremos paralisação”.
Crise na CPST
A coordenadora de Políticas Sociais Anaí Estrela, lembrou da criação pela gestão, do Departamento que vai tratar de Assédios e Conflitos e, apontando que há companheiros hoje passando por humilhação e que merecem respeito, apresentou uma servidora da CPST que têm vivenciado situações de assédio moral. A assistente social Aline Silva, que vai atuar junto ao Departamento, reivindicou seu direito de trabalhar sendo respeitada, com acesso aos instrumentos de trabalho que estão sendo tirados. Ela relata a destinação de assistentes sociais para atividades externas fora da rotina, porque, segundo conta, a PR4 diz que não é necessário ter serviço social na atuação da CPST. “Estamos acionando nosso conselho regional de serviço social também para nos apoiar, mas, na verdade, é uma luta conjunta de todos os trabalhadores da CPST”.

Anaí, Aline e Laura
Desmonte também no HU
A coordenadora-geral Laura Gomes, relatou o desmonte que o trabalhador do HU está enfrentando: “Hoje, os funcionários do RJU que trabalham dentro do hospital, não têm o acolhimento que deveriam ter. Ficam largados aí ao léo. O Serviço de Saúde do Trabalhador do HU (Sesat) funcionou durante muitos anos dando à assistente de saúde às urgências dos trabalhadores. E hoje esses trabalhadores vão até a emergência, mas já está sobrecarregada e não tem como atender adequadamente esses funcionários”, explicou, reivindicando que seja restaurado o Serviço para que os acidentes de trabalho sejam atendidos a adequadamente dentro da nossa instituição.
Lenilva Cruz, futura diretora da entidade, contou que ao circular pelas dependências do hospital encontrou muitos trabalhadores insatisfeitos e muitas reclamações. “Mas não adianta ficar só insatisfeito, temos que chamar esse pessoal para a luta”.

Lenilva e Gambine
Roberto Gambine, superintendente do IDT, aponta uma série de problemas com a entrada da Ebserh na gestão dos hospitais, inclusive falta de insumos (ele relacionou mais de uma dúzia deles, itens importantes cuja ausência levam a dificuldades enfrentadas pelos profissionais para a assistência a população). Além disso, contou, pessoas estão sendo transferidas de local de trabalho sem qualquer consulta, denúncias de assédio moral e outros problemas cujos relatos são ouvidos nos corredores.

A servidora Marlene Novenas apontou que a entrada da Ebserh é fato mas questionou como conviver come essa nova realidade: “É preciso que a gente entenda o que é que está acontecendo nas outras unidades hospitalares, o que significa conviver com dois regimes de trabalho. Hoje nós temos o regime CLT, o regime RJU. E que conflitos são esses? Porque conflitos estão existindo! Eu já estou sabendo de colegas que existe umas perguntas muito interessantes que vêm sendo feitas, como: ‘quando é que você vai embora? quando é que você vai se aposentar?’ e que, na minha opinião, não deixa de ser uma questão humilhante, desrespeitosa, até porque os RJU que se encontram hoje ainda aqui, exercendo a sua atividade. Marisa Araújo explicou que são necessárias atitudes da gestão sobre as denúncias trazidas pelos companheiros do hospital a uma política que está dada por uma empresa que se acha no direito de controlar a vida das pessoas.
