Presidente da CUT volta da Venezuela, onde esteve com dirigentes sindicais, ministros e o presidente Maduro e firmou acordo de cooperação em defesa dos trabalhadores dos 2 países
O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, concluiu a visita à Venezuela na casa do Nicolás Maduro, onde o presidente venezuelano fez questão de receber a comitiva de sindicalistas brasileiros, no sábado (6). Sérgio Nobre e o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, cumpriram a tarefa que os levaram ao país vizinho: doar peças à Usina Sidor, em Guayana, em retribuição à doação de oxigênio hospitalar à população de Manaus, em janeiro deste ano. Na usina, a 300 quilômetros de Caracas, foram recebidos pelo ministro das Relações Exteriores da Venezuela, o chanceler Jorge Arreaza, e pelos trabalhadores e trabalhadoras da planta.
“É uma grande alegria, emocionante, estar aqui com vocês. Eu e o Miguel Torres, presidente da Força Sindical, as duas maiores centrais do Brasil, que representam 60% da classe trabalhadora brasileira, em nome das 11 centrais sindicais do Brasil, agradecemos o gesto histórico de solidariedade que esse país e vocês trabalhadores e trabalhadoras tiveram com a população brasileira, no momento mais crítico da pandemia na capital amazonense, onde vítimas de Covid-19 morreram asfixiados, por incompetência e negacionismo do governo brasileiro”, disse Sérgio Nobre.
Além dos presidentes das duas centrais, o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, e o presidente da CUT-RJ, Sandro Cezar, integraram a comitiva de sindicalistas brasileiros que visitou a Venezuela durante quatro dias, de 2 a 6 de novembro.
Durante a estada, o grupo reuniu-se e participou de atividades com ministros, vice-ministros e lideranças sindicais. Para o presidente nacional da CUT, a viagem foi produtiva e cumpriu seu objetivo principal de retribuir a solidariedade dos trabalhadores e trabalhadoras venezuelanos e mostrar a unidade do movimento sindical brasileiro. “A doação foi resultado da campanha exitosa que fizemos durante quatro meses para arrecadar fundos e comprar uma tonelada de equipamentos que serão usados na manutenção da usina de oxigênio hospitalar Sidor”, disse Sérgio Nobre, ao reiterar o agradecimento a todos os sindicatos, entes, estaduais, dirigentes da CUT e outras centrais que contribuíram a campanha”.
Como resultado dessas reuniões, foi firmada uma cooperação entre centrais dos dois países e pré-agendada para março de 2022, um encontro latino-americano e caribenho de sindicalistas, na Venezuela. A atividade vai discutir as transformações no mundo do trabalho e os desafios do pós-pandemia para os trabalhadores, numa perspectiva de proteção e estabelecimento de um protocolo permanente, segundo Sérgio Nobre.
Para o presidente da CUT nacional, “o gesto da doação mútua também foi oportunidade de denunciar à América Latina o irresponsável bloqueio econômico internacional imposto aos venezuelanos, principalmente pelos Estados Unidos,”.
A Venezuela importa 70% do que consome, enfrenta 150 sanções internacionais. Mais de 60 delas por parte dos EUA; nove da União Europeia; cinco do Canadá e outras cinco do Reino Unido. Desde 2015.
“Comprar uma máscara para Venezuela sai três vezes mais caro do que para o Brasil, e o mesmo vale para compra de ventiladores, medicamentos e outros itens”, disse o chanceler Arreaza, ao apontar que os embargos reduziram a renda do seu país em 90%.
Em 29 de junho de 2021, a CUT lançou a campanha de arrecadação de fundos. A Venezuela enviou 130 mil litros de oxigênio ao Brasil, transportados por oito caminhões do país, cuja frota também sofre com a falta de peças de reposição e manutenção por força do embargo. Além de doar oxigênio, o país vizinho reuniu 107 médicos venezuelanos e brasileiros, formados pela Escola Latino-Americana de Medicina Salvador Allende, em Caracas, para auxiliar na linha de frente do combate à pandemia na Região Amazônica, que viveu seu pior momento em janeiro deste ano.
Governo genocida
Em todas as agendas que cumpriu na Venezuela, Sérgio Nobre e demais sindicalistas brasileiros falaram sobre a trágica situação do Brasil, mergulhado em uma crise econômica, sanitária e social e do desemprego recorde que fizeram milhões de brasileiros e brasileiras voltar a linha da pobreza e da miséria, ao mapa da fome. O presidente nacional da CUT descreveu aos venezuelanos a catástrofe que é o governo Bolsonaro, “o principal responsável pelas mais de 600 mil mortes por Covid-19, por conta do seu negacionismo, incompetência e estupidez”.
A CUT, as centrais, contou Sérgio Nobre, que no Brasil atuam de forma unitária, têm tomado iniciativas para ampliar a aproximação com o movimento sindical da América Latina, diante do distanciamento que o governo brasileiro tem imposto à maioria dos países da Região. “A luta sindical e popular, cada vez mais globalizada, exige ainda mais unidade e solidariedade, porque temos pautas e desafios semelhantes em defesa dos direitos da classe trabalhadora, da democracia e da soberania de cada país”, afirmou o presidente nacional da CUT”.
Central Obrera
Além da Usina Sidor, Sérgio Nobre e comitiva visitaram CVG Venalum, indústria Venezuelana de Alumínio, onde foram recebidos pelos trabalhadores e pelo presidente Arquimedes Hidalgo, que puxou um viva à classe trabalhadora, a Maduro e a Lula, após elogiar a unidade e solidariedade do movimento sindical brasileiro.
Unidade e solidariedade foram as palavras mais pronunciadas pelos sindicalistas brasileiros durante a visita à Venezuela. Em Caracas, Sérgio Nobre se reuniu com dirigentes da Central Bolivariana Socialista dos Trabalhadores (CBST), presidida pelo Wills Rangel, e também pelos dirigentes da ASI (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras Aliança Sindical Independente) e o tema foi a luta dos trabalhadores latino-americanos.
Também teve encontro com o ministro do Trabalho da Venezuela, José Ramon Rivero, que vestiu a camiseta da CUT Brasil.
Ao vice-chanceler Carlos Ron, presidente do Instituto Simon Bolívar, Sérgio Nobre e Miguel Torres concederam entrevista de uma hora, em formato live, na qual o presidente nacional da CUT afirmou aos venezuelanos que “a grande batalha do movimento sindical brasileiro é garantir proteção social aos trabalhadores e vencer a eleição de 2022”.
“O presidente Lula lidera as pesquisas e tem o apoio da maior parte do movimento sindical; nossa esperança é que, vitorioso, Lula comece a reconstruir o Brasil em tudo, na economia e no papel que o país sempre teve perante o mundo”, disse o presidente nacional da CUT na live venezuelana.
Os sindicalistas brasileiros também foram recebidos pelo chanceler Rander Peña, vice-ministro das Relações Exteriores e pelo embaixador venezuelano no Brasil, Alberto Castellar.
Apesar de um embargo que faz uma máscara custar cinco vezes mais caro na Venezuela que no Brasil e gera prejuízo anual de US$ 30 bilhões e desabastecimento à população, os venezuelanos foram solidários com um Brasil muito mais rico que, hoje, tem um presidente pária mundial que deixou amazonenses morrerem por falta de oxigênio.
Com as peças doadas, a Usina Sidor poderá fazer manutenção nos equipamentos e elevar a sua capacidade de produção, prejudicada pelo embargo internacional.
Como forma também de combater os bloqueios e sanções econômicas, Sérgio Nobre disse que a CUT e a Força firmaram um compromisso de cooperação permanente com as centrais sindicais venezuelanas, com o objetivo de contribuir com a recuperação da economia daquele país e ampliar as relações de trabalho entre as duas nações.
“Inclusive está no radar uma reunião entre o Ministério da indústria da Venezuela e a Industriall Brasil, composta pelos dirigentes das duas centrais, para discutir cooperação na política com o objetivo prioritário de defender os direitos da classe trabalhadora dos dois países, afirmou Sérgio Nobre.
Dois anos após ser libertado de uma prisão política, Lula está pronto para botar o país em ordem, diz Eugênio Aragão. Nesta segunda-feira, às 19h, vai ao ar o documentário “Lava Jato: um cupim contra o Brasil”
Há exatos dois anos, a democracia finalmente voltava a respirar após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser libertado de uma prisão injusta e política. Encarcerado por 580 dias após uma encenação jurídica que o condenou sem crimes e sem provas, retirando-o da disputa pela presidência em 2018 para dar espaço à escalada do autoritarismo no país, Lula saía pela porta de frente da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba onde passara os últimos meses.
O processo que transformou o maior líder popular do país – e melhor presidente de todos os tempos – em um preso político foi baseado em farsas que, após sua liberdade, começaram a ser desmascaradas. Provar a inocência de Lula na Justiça foi o próximo passo. E assim tem sido desde então.
A expressão utilizada pelo ex-ministro da Justiça durante o governo de Dilma Rousseff, Eugênio Aragão, para descrever os fatos, é de que a mentira tem perna curta. “Hoje está claro que foi uma enorme farsa montada com objetivos políticos”, ele diz.
Aragão lembra que, além de não haver provas em relação às acusações no caso do tríplex do Guarujá, que não pertencia nem nunca pertenceu a Lula, a jurisprudência de decisões dos tribunais foi alterada para permitir a condenação – e execução da pena – em segunda instância, como aconteceu com o ex-presidente.
“Isso foi parar no Supremo Tribunal Federal por atacar diretamente a Constituição. Uma decisão do STF reconheceu o direito de réus condenados responderem em liberdade até julgamento do último recurso. Lula foi solto e a partir daí, foi derrota atrás de derrota para essa quadrilha da Lava Jato”, diz o jurista.
Num revés para as forças conservadoras, em junho deste ano, o plenário do STF reconheceu a parcialidade do ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro (ex-PSL), Sérgio Moro, no julgamento de Lula e a condenação pela 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), foi anulada.
“A consequência foi a anulação de todas as iniciativas de perseguição, que foram claramente lastreadas num objetivo político. Em outros casos houve absolvição sumária, o que é mais significativo ainda”, ele diz. Lula já foi inocentado em 21 outros processos até agora. Veja todos os processos ao final da matéria.
O capitulo posterior: a ascensão do fascismo
Após a prisão de Lula e seu impedimento de ser candidato em 2018, quando todas as pesquisas mostravam seu favoritismo nas eleições presidenciais, a ascensão do conservadorismo e do fascismo permitiu que Bolsonaro chegasse ao poder. Hoje temos um país mergulhado no caos econômico e social, resultado direto da estratégia de destruição do país, comandada pelo atual presidente.
E aqui se fala sobre o enfrentamento à pandemia, a ausência de políticas sociais efetivas para salvar a população da miséria que, por sua vez, é causada pela condução da economia que não prioriza geração de empregos com direitos e renda digna e não promove o desenvolvimento do país.
Além disso, o conservadorismo que assolou o país trouxe de volta à superfície condutas que há muito vinham sendo combatidas por meio de ações afirmativas do governo federal como o combate à discriminação de raça, gênero, cor, credo e orientação sexual. Uma pretensa supremacia branca e machista, características do atual governo, foi colocada como palavra de ordem pela horda que acompanha Bolsonaro e que amplifica sua ideologia violenta pelas redes sociais.
“Tempos bem diferentes de quando Lula comandava o país”, lembra Eugênio Aragão, citando que naqueles tempos, o povo brasileiro fazia parte do projeto de desenvolvimento do país – era o objetivo principal do governo do ex-presidente. Justiça social e igualdade eram os fios condutores.
Na sucessão de fatos na história recente, Aragão lembra que aquele projeto de país, que colocou o Brasil em posição e destaque no mundo, ainda é possível. Mesmo com toda a perseguição sofrida, Lula continua de pé, firme e na luta por esses ideais. Hoje ele é inocente e, por sua história, sua luta, sua dignidade e obstinação em provar sua condição, é o mais forte candidato a devolver essa esperança para o Brasil.
Eugênio Aragão reforça que o obscuro episódio da prisão de Lula foi uma investida insana da elite brasileira de calar a voz do povo, seus direitos e conquistas, representadas pela figura de Lula.
Temos um candidato fortíssimo para botar esse pais em ordem diante do desmonte que foi o governo golpista de Michel Temer [MDB] e do desmonte que continuou de forma atabalhoada e antinacional por Bolsonaro
– Eugênio Aragão
E, na avaliação do jurista, a situação atual é melhor do que há dois anos. “Há uma luz no fim do túnel e vamos lutar para que Lula seja vitorioso no ano que vem”, ele reforça.
Lula presidente é o povo no poder
“Lula é uma dessas figuras que aparecem raramente na história. Nelson Mandela, Gandhi, entre outros, estão nesse patamar”, descreve o amigo e ex-ministro de Lula. Aragão afirma que assim como o século XX foi moldado pela estadista Getúlio Vargas, o século XXI será moldado por Lula.
Ele é a grande figura que faz diferença, que é capaz de transformar esse país, tirar da condição de um país atrasado e escravocrata para uma nação progressista, de desenvolvimento e que leva seu lugar no mundo a sério
– Eugênio Aragão
É certo que não se pode cantar vitória antes dos votos nas urnas, diz Aragão, mas todas as pesquisas apontam para um futuro mais promissor. A mais recente, por exemplo, feita pela XP/IPESP, mostra que Lula venceria o atual presidente por 50% a 32% dos votos em um eventual segundo turno. Lula também venceria todos os demais pré-candidatos.
Apesar dos números, o ex-ministro afirma que o que existe, de fato é uma longa luta. Bolsonaro ainda é presidente e tentará de todas as maneiras a sua reeleição. “Quem tem a caneta da presidência e é mal-intencionado faz disso o que quer”, ele diz.
Mas, por outro lado, ele diz, o STF já está atento a essas investidas, assim como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aragão elogiou a decisão da ministra do Supremo, Rosa Weber, de suspender a liberação de emendas parlamentares pelo chamado orçamento paralelo e secreto para aliciar parlamentares a votar a favor da PEC dos Precatórios e de pedir explicações ao Congresso sobre suposta manobra para aprovar a proposta em primeiro turno
O parcelamento das dívidas decorrentes de ações na Justiça que o governo federal já perdeu e que, portanto, tem que pagar, é a uma cartada de Bolsonaro para financiar o programa substituto do Bolsa Família. Assim, ele pretende por em prática uma política social que teve três anos para fazer, não fez, e agora tenta emplacar para melhorar seus péssimos índices de popularidade. Ainda segunda a XP/Ipesp, 64% dos brasileiros reprovam sua atuação.
“Não temos dúvida que esse era um grande trunfo de Bolsonaro para conseguir adequar a legislação – terminar de fazer suas maldades e mudar a legislação para estabelecer alianças para sua reeleição ano que vem”, diz Aragão.
A decisão do STF representa uma dura derrota para o Boslonarismo, mas é necessário manter a guarda, ele diz. “Sabemos que outras inciativas virão e teremos que combater uma a uma. Não vai ser um caminho fácil até o as eleições. Vai ser uma luta pesada”, ele pontua.
Documentário
Nesta seguda-feira (8), foi lançado o documentário “Lava Jato: um cupim contra o Brasil”, que relata os danos causados pela Operação Lava Jato, comandada pelo ex-juiz Sérgio Moro, que já diz por aí que vai se candidatar a presidente no ano que vem, comprovando mais uma vez a tese de juiz parcial, à economia brasileira, com o desmonte de setores importantes que eram grandes geradores de empregos. O filme revela como a operação foi decisiva para a formação da crise que vivida hoje no país.
O documentário foi ao ar às 19h, por meio de uma ampla rede de veículos e canais de movimentos populares, articulada pelo Comitê Nacional Lula Livre Brasil Livre. Além de entrevistas com especialistas no assunto, o documentário tem depoimento de famílias que tiveram suas vidas alteradas economicamente nos últimos anos.
A narração fica a cargo do ator Antônio Grassi, ex-presidente da Funarte e ex-secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro.
As vitórias de Lula
(do portal pt.org.br)
Entenda cada vitória judicial de Lula, que em seu conjunto comprovam o intenso lawfare que o presidente foi vítima, com vistas a retirá-lo da disputa política de 2018.
1.Caso Tríplex do Guarujá – A defesa provou que Lula nunca foi dono, nunca recebeu nem foi beneficiado pelo apartamento no Guarujá, que pertencia à OAS e foi dado em garantia por um empréstimo na Caixa. Vitória: caso anulado pelo STF em duas decisões, restabelecendo a inocência de Lula.
2.Caso Sítio de Atibaia – A defesa provou que Lula nunca recebeu dinheiro da Odebrecht para pagar reformas no sítio, que também nunca foi dele. A transferência de R$ 700 mil da Odebrecht, alegada na denúncia, foi na realidade feita para um diretor da empresa, não para obras no sítio. Vitória: caso anulado pelo STF, restabelecendo a inocência de Lula;
3.Tentativa de reabrir o Caso Sítio de Atibaia –Tentativa de reabrir o Caso Sítio de Atibaia – A defesa provou que não é possível reabrir a ação penal contra Lula pelas reformas no sítio, que jamais pertenceu a ele. A juíza da 12ª. Vara Federal de Brasília acolheu os argumentos da defesa e rejeitou o pedido do procurador da República Frederico Paiva de abrir uma nova ação penal em relação ao caso perante a Justiça Federal de Brasília, para onde os autos foram remetidos após decisão do STF que anulou o processo originado na Vara de Sérgio Moro em Curitiba. Vitória: decisão mantida, Lula inocentado.
4.Caso do Terreno do Instituto Lula – A defesa provou que o Instituto nunca recebeu doação de terreno, ao contrário do que diz a denúncia da Lava Jato, e sempre funcionou em sede própria. Vitória: caso anulado pelo STF.
5.Caso das Doações para o Instituto Lula – A defesa provou que as doações de pessoas físicas de mais de 40 empresas brasileiras e de outros países para o Instituto, entre 2011 e 2015, foram todas legais, declaradas à Receita Federal, e jamais constituíram qualquer tipo de propina ou caixa 2. Vitória: caso anulado pelo STF.
6.Caso do Quadrilhão do PT – Esta é mais grave e a mais irresponsável de todas as acusações falsas feitas contra Lula; a de que ele seria o chefe de uma organização criminosa constituída para drenar recursos da Petrobras e de outras empresas públicas. A 12ª. Vara da Justiça Federal de Brasília arquivou a denúncia por verificar que o MPF fez a gravíssima acusação sem ter apontado nenhum crime, nenhum ato ilegal ou de corrupção que tivesse sido praticado por Lula, seus ex-ministros ou por dirigentes do PT acusados junto com ele. O juiz afirmou que a denúncia simplesmente tentava criminalizar a atividade política. Vitória: caso encerrado, Lula absolvido.
7.Caso Quadrilhão do PT II – Uma segunda denúncia no mesmo sentido da anterior foi simplesmente rejeitada pela 12ª. Vara da Justiça Federal de Brasília. Caso encerrado e arquivado, Lula inocentado.
8.Caso Delcídio (obstrução de Justiça) – A defesa provou que era falsa a delação do ex-senador Delcídio do Amaral. A denúncia era tão frágil que sequer houve recurso da acusação contra a decisão da 10ª. Vara da Justiça Federal de Brasília que absolveu Lula. Caso encerrado, Lula absolvido.
9.Caso das Palestras do Lula – Inquérito aberto em na Vara Federal de Sergio Moro em dezembro de 2015, com objetivo de acusar Lula de ter simulado a realização de palestras, em outra farsa da Lava Jato. A defesa provou por meio de vídeos, gravações, fotografias e notícias a realização de todas as 72 palestras de Lula organizadas pela empresa LILS, entre 2011 e 2015. A Polícia Federal e o Ministério Público (Força Tarefa) tiveram de reconhecer que as palestram foram realizadas sem qualquer ilicitude ou simulação. A legalidade das palestras teve de ser reconhecida em decisão da juíza substituta de Moro, Gabriela Hardt. Caso encerrado, reconhecendo a inocência de Lula.
10.Caso da Lei de Segurança Nacional – Já na condição de ministro da Justiça, Sergio Moro requisitou à Polícia Federal a abertura de inquérito contra Lula, com base na Lei de Segurança Nacional do tempo da ditadura. Lula foi intimado e prestou depoimento à PF. O inquérito foi sumariamente arquivado pela 15ª. Vara Federal Criminal de Brasília. Caso arquivado, Lula inocentado.
11.Caso do filho de Lula (Touchdown) – A defesa demonstrou que eram falsas as acusações do Ministério Público contra Luiz Cláudio Lula da Silva, pela atuação de sua empresa de eventos esportivos Touchdown. A denúncia foi rejeitada pela 6ª. Vara Federal Criminal de São Paulo. Caso encerrado, Lula inocentado.
12.Caso do irmão de Lula – A defesa demonstrou que não havia ilegalidade, fraude ou favorecimento nos serviços que Frei Chico, um dos irmãos de Lula, prestou à Odebrecht em negociações sindicais desde antes do presidente ser eleito. A 7ª. Vara Federal Criminal de São Paulo rejeitou a denúncia falsa. Caso encerrado, Lula inocentado.
13.Caso do Sobrinho de Lula – A defesa provou que não houve irregularidade, ilegalidade nem favorecimento na subcontratação de uma empresa de um sobrinho do ex-presidente para uma obra da Odebrecht em Angola e que Lula não recebeu qualquer valor decorrente dessa relação contratual. O Tribunal Regional Federal da Primeira Região trancou o caso porque a denúncia era inepta (sem condições mínimas para ser processada). Caso encerrado e arquivado, Lula inocentado.
14.Caso Invasão do Tríplex – A 6ª. Vara Federal Criminal de Santos rejeitou a denúncia do Ministério Público referente ao protesto que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto fizeram contra a condenação injusta de Lula no tríplex do Guarujá, em abril de 2018. Vitória: caso encerrado, Lula inocentado.
15.Caso Carta Capital – Procedimento de Investigação encaminhado à Justiça Federal de São Paulo. Em mais uma farsa, a Lava Jato tentou caracterizar como ilegais contratos de patrocínio da Odebrecht com a revista Carta Capital. A própria Polícia Federal pediu o arquivamento. Caso encerrado, Lula inocentado.
16.Caso da MP 471 – Lula foi abusado de ter recebido contrapartida em virtude da edição da MP 471, que prorrogou incentivos à indústria automobilística. Depois de longa tramitação, o próprio MPF pediu a absolvição de Lula. O Juízo da 10ª. Vara Federal de Brasília absolveu Lula destacando que não havia justa causa para manter a ação. Caso encerrado, Lula inocentado.”
Caso da Guiné – Lula foi acusado da prática dos crimes de tráfico internacional de influência e de lavagem de dinheiro em virtude de o Instituto Lula ter recebido uma doação oficial de uma empresa brasileira que atua há muito tempo na Guiné Equatorial. Depois de longa tramitação, o Tribunal Regional Federal da 3ª. Região (TRF3) trancou a ação penal em habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, reconhecendo que não havia elementos mínimos a justificar sua tramitação.
Caso BNDES Angola – Denúncia baseada na ação penal conhecida pejorativamente como Quadrilhão do PT, em que Lula foi absolvido sumariamente a pedido do próprio Ministério Público Federal. Ação sem provas, também utilizava elementos provenientes de Curitiba, declarados nulos pela decisão do STF que reconhece a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro. Ação penal trancada e imediatamente encerrada.
Caso Costa Rica Leo Pinheiro – investigação instaurada a partir da delação premiada de Leo Pinheiro, que inicialmente acusava Lula de ter realizado tráfico internacional de influência na Costa Rica para favorecer a empresa OAS. Nenhuma pessoa ouvida pela Polícia Federal confirmou a absurda versão apresentada por Leo Pinheiro no momento de sua delação premiada. O próprio executivo negou qualquer pagamento de vantagem indevida ao ex-presidente Lula em novo depoimento e em declaração de próprio punho. Investigação trancada por falta de provas e de base.
20.Segunda tentativa de reabrir o Caso Sítio de Atibaia – A 12ª. Vara Federal de Brasília voltou a rejeitar o pedido do Ministério Público Federal para reabrir o caso do sítio de Atibaia por falta de provas. uma vez que as provas utilizadas pela acusação são as mesmas fabricadas pela Lava Jato e já consideradas nulas pelo Supremo Tribunal Federal. acolheu os argumentos da defesa e rejeitou o pedido do procurador da República Frederico Paiva de abrir uma nova ação penal em relação ao caso perante a Justiça Federal de Brasília, para onde os autos foram remetidos após decisão do STF que anulou o processo originado na Vara de Sérgio Moro em Curitiba. Vitória: decisão mantida, Lula inocentado.
21.Caso da sonegação de impostos sobre imóveis alheios – neste inquérito, Lula era acusado de não pagar impostos sobre reformas no triplex do Guarujá e no sítio de Atibaia, nenhum dos dois imóveis de propriedade do ex-presidente. O inquérito baseava-se nas provas forjadas pela Lava Jato, consideradas nulas por decisão do STF. O próprio Ministério Público Federal concordou com os argumentos da defesa, e a 1ª Vara Federal de São Bernardo do Campo arquivou o caso, por falta de provas.
A meteórica carreira da cantora sertaneja Marília Mendonça, interrompida bruscamente por um acidente aéreo na última sexta-feira (5), foi marcada não só por seus sucessos, mas também por trazer à tona, no palco e nas letras, questões relacionadas a protagonismo feminino, padrões de beleza e desigualdades nos relacionamentos afetivos. Tanto é assim que, passadas pouco mais de 24 horas de seu sepultamento, novas polêmicas em torno desses temas tomaram as redes sociais.
Um artigo na Folha de S. Paulo, publicado horas depois da queda do avião e assinado pelo historiador Gustavo Alonso, acendeu as discussões e, ao longo do final de semana, foi alvo de críticas e debates nas redes sociais.
No texto, Alonso analisou a carreira da jovem de 26 anos de forma majoritariamente elogiosa, ao destacar que Mendonça era “incontestamente a mais reconhecida” artista não só do chamado feminejo, como de toda a música sertaneja. O autor exemplificou como o machismo do showbusiness marcou a carreira de Marília Mendonça, citando que, de início, suas composições eram fornecidas a cantores homens.
Os trechos que geraram polêmica foram outros, porém. “Nunca foi uma excelente cantora. Seu visual também não era dos mais atraentes para o mercado da música sertaneja”, escreveu o articulista.
Ele seguiu: “Marília Mendonça era gordinha e brigava com a balança. Mais recentemente, durante a quarentena, vinha fazendo um regime radical que tinha surpreendido a muitos. Ela se tornava também bela para o mercado”.
Posts e textos em resposta ao artigo se multiplicaram pela internet, um deles na própria Folha, assinado pela roteirista Mariliz Pereira Jorge, sob o título “Mulheres são julgadas pela aparência até quando morrem”.
A cantora Teresa Cristina caracterizou, em manifestação no Twitter, o texto como “insensível, machista e gordofóbico”. Já Débora Diniz, antropóloga e atuante nas áreas de bioética e direitos reprodutivos, afirmou que a publicação era uma amostra “de como opera o patriarcado”.
Marília Mendonça e a defesa de que a mulher pode ser o que quiser
Com cerca de 40 milhões de seguidores só no Instagram e o prêmio de “Melhor Álbum de Música Sertaneja” do Grammy Latino, os temas cantados por Marília Mendonça atingem enorme público no Brasil.
Entoando em primeira pessoa a versão da mulher traída, da amante, da prostituta ou da amiga que dá conselho, seus curtos e pouco convencionais 14 anos de carreira foram suficientes para que se tornasse o expoente mais conhecido do feminejo.
A cantora deixa um filho de pouco menos de dois anos de idade. Após ter se tornado mãe, recebeu críticas por aparecer em público com um copo de cerveja na mão. Já na pandemia, fez uma live segurando uma caneca onde se estampava a frase “existe uma chance disto ser cerveja”.
Em entrevistas, nas suas composições ou na apresentação no palco, Mendonça trazia à tona questões como superação de relacionamentos abusivos, a autoestima e a crítica a imposições de padrões de beleza às mulheres.
Marília Mendonça tinha 26 anos, nasceu em Goiás e se tornou uma das principais compositoras e pop stars do mundo musical sertanejo nos últimos anos / Divulgação
Durante as eleições de 2018, foi uma das poucas da sua área a se posiconar contra o então candidato Jair Bolsonaro.
Atendendo a um convite da cantora Maria Gadú, na ocasião Marilia Mendonça postou um vídeo no Instagram dizendo: “A gente não precisa desse retrocesso, eu sou uma mulher que batalhei bastante junto com outras mulheres dentro do sertanejo para quebrar todo o tipo de preconceito dentro de um mercado completamente machista e com certeza Marília Mendonça é #EleNão”.
Depois, no entanto, Mendonça apagou a publicação e pediu desculpas. “Minha mãe tem recebido ataques tanto quanto o restante da minha família que nem compartilham da mesma opinião que a minha” justificou nas redes, afirmando que permaneceria em silêncio em questões políticas e pedindo paz.
Em uma entrevista à Folha em 2017, Marília Mendonça comentou como se alegrava por ter encorajado uma “leva de mulherada” a falar de “assuntos que a gente realmente vive”. Sobre ser ou não feminista, respondeu que defende, talvez, justamente o que está no centro das discussões de internet após sua morte: “A mulher pode ser o que ela quiser, é essa bandeira que eu levanto”.
A gasolina mais cara do século. Este é o legado que o ilegitimo Michel Temer (MDB-SP), que implantou a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) na Petrobras, e Jair Bolsonaro (ex-PSL), que manteve os preços abusivos dos combustíveis, vão deixar para os consumidores brasileiros.
A PPI segue a variação internacional do barril do petróleo e as cotações do dólar. Isso significa que toda vez que o dólar ou o barril de petroleo sobem lá fora, estatal sobe os preços no Brasil, que está batendo sucessivos recordes de aumentos.
Com esse reajuste, o preço médio do litro da gasolina nas distribuidoras passou de R$ 2,98 para R$ 3,19.
Já nos postos, de acordo com reportagem do Valor Econômico, publicada nesta sexta-feira (5), o litro da gasolina aumentou 3,15%, para em média R$ 6,562, a mais cara deste século para os consumidores.
Ainda segundo a reportagem, a gasolina para veículos flex fluel acumula alta de 45,3% no ano, atingiu em outubro um preço médio de R$ 6,341, também o mais alto deste século também, tanto em valores nominais quanto reais (ajustado à inflação), segundo o monitor de preços do Observatório Social da Petrobras (OSP), entidade de pesquisa ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), ao Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) e ao Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese).
O litro do diesel S-10, com menor teor de enxofre, subiu 4,8% em relação à semana anterior, para um valor médio, nos postos, de R$ 5,29, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
O etanol hidratado, principal alternativa ao combustível fóssil, acumula alta de 59,3%, mesmo sem estar atrelado aos preços internacionais.
O gás natural veicular (GNV), atrelado à dinâmica do mercado de petróleo, por sua vez, acumula um aumento de 33,1% nos postos brasileiros, em 2021.
Já o preço do diesel S-10, derivado com menor teor de enxofre, acumula, no ano, um aumento de 42,3% nas bombas. Em outubro, o valor médio do litro vendido nos postos foi de R$ 5,096, segundo a ANP, valor mais alto desde 2012, quando o produto começou a ser vendido no Brasil, aponta a OSP.
O gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, acumula uma alta, para o consumidor, de 35,5%. O botijão de 13 quilos (P-13), o mais popular, foi vendido, em outubro, em média, a R$ 100,79 – patamar recorde no século, segundo o OSP.
Quase um tique: economia da atenção, vigilância e espetáculo em uma rede social, de Anna Carolina Franco Bentes, será lançado pela Editora UFRJno dia 9 de novembro, às 17h, com transmissão pelo YouTube: https://www.youtube.com/c/EditoraUFRJ. O livro já está disponível para download gratuito no site www.editora.ufrj.br.
Quais os efeitos da inserção de tecnologias como o Instagram na experiência cotidiana dos indivíduos? Como os hábitos de uso da plataforma participam de modulações nas formas de ver e ser visto? Por meio de quais estratégias empresariais nosso tempo e nossa atenção são constantemente capturados por tecnologias como o Instagram? Como as formas de sociabilidade por meio desse dispositivo participam dessa economia que capitaliza a visibilidade? Que tipos de angústias, ansiedades, expectativas, prazeres e desejos estão sendo mobilizados, inibidos ou estimulados nesse contexto? Essas são algumas das inquietações que a autora busca responder ao longo de seu livro.
Anna Bentes reflete sobre como nosso tempo e nossa atenção estão sendo cada vez mais capturados por tecnologias que passam a fazer parte do nosso dia a dia. É a partir deste olhar que ela aborda o tema: a força irresistível de dispositivos como o Instagram torna nossos hábitos “quase um tique”.
No debate de lançamento a autora, pesquisadora no doutorado na Escola de Comunicação da UFRJ, debaterá sobre o tema com Paula Sibilia, professora da Universidade Federal Fluminense no Programa de Pós Graduação em Comunicação e no Departamento de Estudos Culturais e Mídia.
A nova rodada da pesquisa do Instituto Ipespe, divulgada nesta quarta-feira (3), mostrou que 64% dos brasileiros desaprovam a gestão pessoal de Jair Bolsonaro (ex-PSL) como presidente. Outros 30% aprovam Bolsonaro.
Um total de 54% dos entrevistados também avaliou a gestão do governo federal como ruim ou péssima – 24% aprovam.
Dentro do universo pesquisado, 67% consideram que os rumos da economia brasileira estão no caminho errado contra 24% que responderam que está no caminho certo, apesar das altas taxas de desemprego, de inflação e da taxa básica de juros (Selic).
A pesquisa mediu ainda a percepção das notícias em relação ao governo. Ao todo, 59% dos brasileiros consideram que as informações divulgadas foram desfavoráveis. Só 7% apontaram um cenário oposto.
Questionados sobre qual foi o assunto que mais leu ou ouviu sobre o atual governo recentemente, os entrevistados indicaram a informação falsa divulgada por Bolsonaro sobre a relação da vacina da Covid-19 com a contaminação pela Aids (25%). Em segundo lugar aparecem empatados (6%) a CPI da Covid, o descaso do governo com a pandemia e o novo Auxílio Brasil.
Metodologia da pesquisa
O levantamento foi feito entre os dias 25 e 28 de outubro, ouviu 1.000 entrevistados com 16 anos ou mais, em todas as regiões do país.
A margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais para mais ou menos e o intervalo de confiança é de 95,5%.
O Ipespe foi fundado por ex-executivos do Ibope (que fechou as portas em janeiro de 2021).
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Com inflação e taxa básica de juros (Selic) em alta e emprego e renda em baixa, endividamento no Brasil bate mais um recorde atingiu. Em outubro, cerca de 12,2 milhões de famílias brasileiras tinham dívidas a vencer. O percentural, de 74,6%, é o maior registrado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que realiza há 11 anos a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
A alta do endividamento em outubro deste ano foi de 0,6 ponto percentual contra os 8,1 pontos registrados em outubro do ano passado.
De acordo com o levantamento, divulgado nesta quinta-feira (4) pela CNC, o número de brasileiros endividados aumentou pelo 11º mês seguido.
84,9% das famílias têm dívidas com cartão de crédito
São dívidas no cheque pré-datado, cartão de crédito, crédito consignado, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal ou prestação de carro e de casa própria.
O vilão continua sendo o crédito rotativo do cartão de crédito. O percentual de famílias endividadas no cartão de crédito atingiu 84,9% do total de dívidas contratadas. A modalidade registrou 6,4 pontos percentuais, o maior incremento anual da série histórica do indicador.
Os carnês de lojas e o financiamento automotivo também seguem ganhando destaque no endividamento, diz a CNC.
Dívidas em atraso atingem 25,6% das famílias
A pesquisa mostra que a percentagem de famílias com dívidas ou contas em atraso atingiu 25,6%, ficando 0,1 ponto acima do registrado no mês anterior, e 0,5 ponto abaixo do apurado em outubro de 2020.
Dívidas em atraso por mais de um ano
A proporção de famílias endividadas por mais de um ano é crescente desde o fim do primeiro trimestre, atingindo a máxima histórica de 35,8%.
“É um indício de que os consumidores estão buscando alongar os prazos de pagamentos de suas dívidas para que a parcela caiba nos orçamentos e, assim, evitem a inadimplência”, explica a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.
Já o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso e que vão continuar inadimplentes diminuiu para 10,1%, contra 10,3% em setembro. Em outubro do ano passado, estava maior, em 11,9%.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o relativo controle da taxa de inadimplência diante do cenário econômico é impressionante.
“A inflação corrente elevada e disseminada tem deteriorado os orçamentos domésticos e diminuído o poder de compra das famílias, em especial as na faixa de menor renda. Os números demonstram os esforços em manter os compromissos financeiros em dia, com renegociação e melhor controle dos gastos”, avalia.
Dois dos três maiores bancos privados em atividade no país, Santander e Itaú Unibanco, divulgaram na última semana seus balanços do 3º trimestre. Enquanto a fome e a miséria crescem, eles permanecem imunes à crise e ampliam seus lucros em plena pandemia de covid-19.
Conforme dados apresentados na última terça-feira (3), o Itaú teve alta de 34,8% no lucro do 3º trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido recorrente, que exclui itens extraordinários, foi de R$ 6,779 bilhões.
As despesas operacionais do banco subiram apenas 1% em relação ao ano anterior, apesar da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,25% no acumulado de 12 meses até setembro.
Na semana passada, o espanhol Santander havia divulgado lucro de R$ 4,27 bilhões no trimestre, uma alta de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em comparação com o 2º trimestre, o crescimento foi de 4,1%.
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido alcançou 22,4%, a maior da história do banco, que aprovou a distribuição de R$ 3 bilhões aos acionistas.
O Bradesco deve apresentar seus números ao final do pregão da Bolsa de Valores, na tarde desta quinta-feira (4). A expectativa também é positiva em relação ao trimestre anterior.
Como eles lucram na crise?
Menos de uma semana após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a pandemia de covid-19, o governo brasileiro liberou R$ 3,2 trilhões para os bancos renegociarem prazos para os créditos já concedidos.
Mais de um ano depois do início da pandemia, os bancos só haviam usado 23,7% desse valor. A missão de atender à população e às pequenas empresas durante a crise sanitária ficou praticamente restrita aos bancos públicos, segundo dados do Banco Central.
“Não é justo socialmente, enquanto concessões públicas, eles estarem cada vez mais demitindo, fechando postos de trabalho, especialmente em um momento delicado como esse”, analisou Vivian Machado, técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na subseção da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF-CUT). em entrevista ao Brasil de Fato.
“Os bancos alegam que estão digitalizando tudo porque é interesse do cliente, mas, se não houvesse essa procura, as lotéricas e a Caixa Econômica não estariam sempre cheias. Eles economizaram R$ 750 milhões em três ou quatro itens das despesas administrativas do ano passado só por conta do home office. Enquanto isso, os trabalhadores têm mais despesa com energia, com alimentação”, completou.
O crescimento da lucratividade também se deve aos provisionamentos feitos em 2020, ou seja, reservas que os bancos criaram para cobrir perdas futuras estimadas.
“No ano passado, houve queda nos balanços, mas não necessariamente por problemas na atividade financeira. O que houve é que, diante de um cenário imprevisível, com a pandemia decretada, os bancos subiram o provisionamento, temendo uma explosão da inadimplência”, explicou Machado.
O cenário para as instituições financeiras foi menos desastroso do que se imaginava, justamente devido aos planos emergenciais de crédito lançados pelo Banco Central.
Os bancos perceberam essa tendência, no último ano, e o provisionamento excedente vem sendo revertido.
O aumento dos lucros também se deve à redução das despesas com pessoal. Em plena migração para o formato digital, os bancos privados fecharam 1.343 agências durante a pandemia.
Os bancos firmaram um compromisso com os sindicatos de não demitir durante a pandemia, mas quebraram esse acordo a partir de junho de 2020.
Bradesco e Santander fecharam 10.933 postos de trabalho entre julho de 2020 e março de 2021. O Itaú foi o único dos grandes bancos privados que aumentou o número de funcionários, com 1,8 mil postos de trabalho a mais – resultado da incorporação de uma empresa de tecnologia.
Em agosto de 2021, o juiz Jeronimo Azambuja Franco Neto, da 60ª Vara do Trabalho de São Paulo, condenou o Santander em R$ 50 milhões por danos morais, em ação aberta pelo Sindicato dos Empregados Estabelecimentos Bancários São Paulo, por descumprir a promessa de não demitir.
Além da demissão de 3.220 trabalhadores na pandemia, considerou-se que o Santander perseguiu dirigentes sindicais.
O banco espanhol recorreu, e a indenização está suspensa até o julgamento do recurso. Se a condenação for confirmada, os R$ 50 milhões irão para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, destinado a reparar danos à sociedade como um todo.
Apesar do acordo coletivo que garantiu aos bancários no Brasil um aumento de 10,97% em setembro, a elevação da taxa de juros pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) deve produzir efeitos positivos nos balanços do 4º trimestre, com perspectivas ainda melhores para as instituições financeiras privadas.
O Brasil de Fato questionou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre as demissões em plena pandemia. Confira a nota enviada à reportagem:
“A Federação Nacional dos Bancos não negociou ou assinou nenhum acordo setorial sindical para a não realização de desligamentos durante a pandemia. A rotatividade de trabalhadores do setor bancário é tradicionalmente cerca de 3 vezes menor do que a média nacional. Os bancos se valem dos desligamentos voluntários, como pedidos de demissão, PDVs e aposentadorias, para adequar sua estrutura à nova realidade do mercado.
E o crescimento das operações digitais não tem como consequência a redução do número de pessoas que atuam no setor, pelo contrário. O avanço dos serviços digitais tem levado as instituições financeiras a contratar um grande volume de profissionais, especialmente em áreas como TI e segurança contra fraudes digitais, por exemplo.”