O entroncamento do Itacará é cheio de surpresas e as esperas são longas, pois não é fácil encontrar pilotos práticos e exímios que enfrentem o rio encachoeirado cheio piranhas, jacarés

Publicado: 27 Julho, 2021 – 09h03 Escrito por: Cristina Ávila – Jornal Brasil Popular/DF

Um tiro retumba na Estação Ecológica do Jari, na margem do rio que divide o Amapá e o Pará, e poucos minutos se passam até se revelar a autoria. Dois homens liderados por um sujeito alto e magro saem da floresta portando um moderno fuzil de alta precisão. Ele tem nome e endereço fixo conhecidos pelos ribeirinhos extrativistas que circulam na região durante as safras de castanha e cacau. É um bandido que mata contratado por dinheiro, morador de Laranjal do Jari, município amapaense separado do paraense Almeirim pelas águas encachoeiradas perigosas por onde navegam voadeiras carregadas de combustível, equipamentos, víveres e trabalhadores que seguem para garimpos.

REPRODUÇÃO

A placa indicativa da unidade de conservação de uso integral, proibida a visitantes não autorizados, é como um desaforo impresso ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservacão da Biodiversidade), o órgão ambiental federal responsável por sua conservação.

Tem furos de outras balas que testemunham disparos anteriores. O local afetado por resíduos de motores e lixo plástico de acampamentos é importante entroncamento para várias direções de viagens, e foi transformado em mercado privado rentável. Exploradores desse comércio ilegal construíram casa e levaram escavadeiras para dentro da reserva. A impossibilidade de as embarcações ultrapassarem a cachoeira Itacará se apresenta como oportunidade de ganhar dinheiro. Cobra-se R$ 1,2 mil pelo transbordo das tralhas dos garimpeiros no trator que percorre 1 km de chão batido, para assim retomarem seus trajetos pelo rio. O pistoleiro alto e magro atravessa a pequena enseada a passos lentos para o embarque. Sem se incomodar com olhares. A arrogância e destemor se explicam pela camiseta branca bem arrumada dentro das calças, estampada com a foto em preto e branco do presidente Bolsonaro.

Ouro valorizado – A cotação internacional do ouro foi alavancada pelo coronavírus (covid-19) e pela crise econômica ao recorde histórico de US$ 2.073 por onça (1oz é igual a 28,35 gramas) em 6 de agosto de 2020, fazendo-a saltar de US$ 1.160 em 2018. A pandemia que se alastrou pelo planeta desde o início impôs medidas sanitárias e quarentena, evitando a circulação nas ruas, restringindo até mesmo o trabalho ao máximo possível sem sair de casa. Mas investidores ocidentais tornaram o metal precioso em um dos ativos mais interessantes como cobertura financeira contra a volatilidade nos mercados de valores que se apresentava, e empurraram para as viagens em canoas pessoas como Maria Obertina Sales, a Beka, que sem máscara ou medo se animou mais ainda para a luta pelo seu ganho de vida, de cozinheira para homens nos garimpos. Em 16 de julho de 2021 a onça esteve em US$ 1.811, com reversão da tendência. Em junho, esteve em US$ 1.770 na bolsa de Nova Iorque, a maior baixa desde 2016, devido a preocupações com a subida de juros do banco central americano (Federal Reserve) para conter a inflação.

Beka já permaneceu por oito meses no Mamão e está seguindo para o Querecuruzinho, onde chegará em algumas horas de navegação por igarapés que partem do Jari. Na bagagem leva saquinhos com sementes de tomate, pimentão, cebolinha, cenoura. É o que faz para melhorar a qualidade de vida nos acampamentos. Os rendimentos dela dependem das oscilações nos mercados internacionais, mas vive alheia às preocupações dos investidores que consideram que se a inflação norte-americana sobe, o preço do ouro aumenta porque terão que ser pagos pelas pepitas mais dólares inflacionais. Especialistas, porém, avaliam que a longo prazo não há correlação significativa entre esses números. Segundo eles, um dos motivos é que o metal não é matéria prima estratégica, como o petróleo. Beka tem ancestrais alemães e indianos e uma avó negra. “A bisa nasceu no dia da Lei Áurea, era escrava, morreu bem velhinha”, conta com um sorriso simpático enquanto espera com fome para comer um feijão com carne enlatada com uma dupla de companheiras que saiu e está demorando pra chegar. Ainda bem que dispensou o embutido que é muito comum nas tralhas dos garimpeiros. Chega a dupla trazendo um pacuaçu já assado e um cupuaçu maduro e cheiroso.

Há trabalho para mulheres nos garimpos. E para jovenzinhos que deveriam estar na escola. Beka faz parte de uma rede de confiança que permite que durma tranquila em uma balsa rodeada por outras balsas cheias de homens. Um código de respeito é obedecido, pois de outro modo inviabilizaria o serviço que eles precisam delas. Em torno desses locais também se formam bordéis, onde os trabalhadores geralmente gastam tudo o que ganham. A inflação nessas beiras de rios também costuma ser medida pelos pulos nas bolsas de valores de Nova Iorque. Tudo segue pelas voadeiras, pilhas, alimentos, lonas para cobertura de abrigos, os galões azuis de combustíveis e também álcool, drogas, armas. As doenças estão no caminho. Já se tem constatado que a depender do tamanho dos garimpos a contaminação por mercúrio não atinge somente a cadeia alimentar por meio de peixes que podem transporta-la até 3mil km, mas que entre 30% a 72% dos garimpeiros podem desenvolver problemas neuropsicológicos pela inspiração pelo ar e crianças de mães que consomem a fauna aquática podem ter reduzida a capacidade intelectual.

O entroncamento do Itacará é cheio de surpresas. E as esperas são longas, pois não é fácil encontrar pilotos práticos e exímios que enfrentem o rio encachoeirado cheio piranhas, jacarés e uma bicharada sempre ávida por carnes de viajantes descuidados. Um desses pilotos é Samuel Pereira, índio Apalai, um dos povos da Terra Indígena Parque do Tumucumaque. Ele viaja com um cachorro branco chamado Menino e anda pelo rio porque constrói canoas e faz fretes para garimpeiros com suas mercadorias. Ganha mais do que um salário mínimo em poucas horas. Pelo menos R$ 1.200 por um frete. Também negocia barricas de castanhas. Longe de casa, aporta na margem do barranco onde está acampado um grupo de castanheiros. Procura um remédio para dor de dente. Tempos difíceis. Os especialistas garantem que nos momentos de incertezas, como nas guerras, o ouro permanece como investimento seguro. Os dólares movimentam a Amazônia ribeirinha. No isolamento das matas, o câmbio se paga com dores e com vidas.

Em meio ao contexto mundial e à crise política, o Brasil se destrói. Com valores monetários dos prejuízos dos garimpos muito maiores do que possam alcançar os lucros da atividade. “A extração de 1kg de ouro de aluvião gera em média 7 hectares de desmatamento e erosão de 15 mil m³ de solo. Uma área demora 30 anos para recuperação de 80% dos serviços ecossistêmicos”, afirma o economista Pedro Gasparinetti, diretor da Conservação Estratégica (CSF-Brasil), que com o Ministério Público Federal lançou em junho estudos sobre impactos do garimpo ilegal realizados por peritos de economia, da saúde e de outras áreas profissionais. Segundo levantamentos, somente na bacia do rio Tapajós (PA) os prejuízos somam mais de R$ 5,4 bilhões, com 4.547 hectares desmatados e 6,1 milhões de toneladas de sedimentos despejados nas águas da região e cerca de 369 mil pessoas dos 2,4 milhões de habitantes de 76 municípios sujeitas a risco de contaminação pelo mercúrio utilizado para amalgamar o metal. Os cálculos da CSF e MPF foram feitos para reduzir os erros na aplicação de multas por danos ambientais e valoração de processos judiciais mais próximas da realidade.

Pedro Gasparinetti ressalta que em um quilo de ouro vendido 30% é o lucro do dono do garimpo e o valor dos impactos será duas vezes maior do que a receita total bruta. Ou seja, muito superior ao lucro. “Se tiver um lucro de R$ 200 mil, o impacto pela extração pode chegar a R$ 2 milhões. Isso mostra que é importante que o valor da multa seja elevado como também é necessário investir em prevenção. O custo social e ambiental é o valor aproximado de quanto a gente deve utilizar para prevenção”, observa.

Serra Pelada não existe mais – Nos últimos anos, deixaram de existir garimpos artesanais, como ocorria em Serra Pelada, com uso de pás, picaretas ou de bateias. Hoje são utilizados maquinários pesados como retroescavadeiras, independentemente se estiver arrogante e criminosamente em uma unidade de conservação ou terra indígena. A atividade garimpeira tem três tipos: Aluvião, que ocorre com abertura de valas ou cavas abertas em geral na beira de rios, conhecido como garimpos de baixão ou de barranco, que são os mais comuns na Amazônia e causam mais desflorestamento. Outro é de balsa, realizado com dragagem de leitos dos rios, com mais graves contaminações por mercúrio. E ainda há o garimpo de poço, com extração do ouro em túneis subterrâneos. A valoração dos prejuízos é feita medindo-se, por exemplo, quantidade de ouro retirada, extensão de desmatamento em hectares, profundidade de escavações, comparados com benefícios naturais perdidos, como pesca, água potável, oportunidades de geração de renda, bioprospecção (exploração pela farmacêutica) perdidas por extinção de espécies, além de custos sociais e custos de recuperação das áreas afetadas.

“O garimpo ilegal está espalhado por todos os estados da Amazônia. No Pará está muitíssimo intenso e violento. As situações mais críticas estão nas terras indígenas Yanomami (AM e RR) e Munduruku (PA)”, afirma o procurador da República em Santarém (PA) Gustavo Kenner Alcântara. “É uma estrutura imensa de maquinários e investimentos. E cada vez mais se percebe que ações in loco exigem muitos recursos e são inefetivas. Como retirar mais de 20 mil garimpeiros do território Yanomami? É uma cidade. São investidos enormes recursos financeiros e facilmente os garimpeiros retornam. Somente estão lá porque o ouro tem caminhos para as grandes redes de mercado, para as multinacionais e o exterior”. Ele ressalta que os próprios garimpeiros são vítimas nas mãos do crime, com situações comuns de trabalho escravo e condições degradantes. E cita entre outras operações a Dilema de Midas, realizada em 2018 pelo MPF e Polícia Federal que desbaratou esquema de imputação fraudulenta de ouro proveniente de terras indígenas. “Todas as compras realizadas entre 2015 e 2017 eram ilegais”, observa o procurador Gustavo Kenner Alcântara. Os investigadores concluíram que o posto da Ourominas em Santarém comprou mais de R$ 72 milhões ilegalmente, 100% da produção.

 

 

Italo garantiu a primeira medalha de ouro para o Brasil e também a primeira do surfe

O otimismo com a Brazilian Storm nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 era grande, tendo em vista que os últimos dois campeões mundiais de surfe estavam em ação. Mas era preciso mostrar na água que o favoritismo atribuído a eles também era justificado. E Italo Ferreira mostrou porque está entre os melhores surfistas da atualidade.

Italo conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil em Tóquio, por 15.14 x 6.60, a primeira do surfe, estreante no programa olímpico – COB

Em uma final de alto nível contra o japonês Kanoa Igarashi, Italo conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil em Tóquio, por 15.14 x 6.60, a primeira do surfe, estreante no programa olímpico. Já Gabriel Medina chegou até a semifinal, mas acabou derrotado pelo australiano Owen Wright (11.97 x 11.77).

“Muito feliz. Foi um dia incrível, especial, trabalhei muito para isso e acreditei. É incrível (ser o primeiro campeão olímpico do surfe)”, disse.

“Muito feliz. Foi um dia incrível, especial, trabalhei muito para isso e acreditei. É incrível (ser o primeiro campeão olímpico do surfe)”, disse.

 

Nas quartas de final, Italo Ferreira pegou uma onda quase perfeita (9.73) logo no início da bateria e, com uma vantagem confortável, eliminou o japonês Hiroto Ohhara (16.30 x 11.90). O adversário da semifinal foi o australiano Owen Wright, e aí o equilíbrio foi a tônica da bateria. Tanto é que eles ficaram empatados com 11.00 pontos durante parte do tempo. No fim, vitória do brasileiro: 13.17 x 12.47.

Na decisão, contra o japonês Igarashi, Italo dominou desde o início, conseguindo boas notas, enquanto o adversário não encontrou boas ondas.

Já Gabriel Medina passou pelo francês Michel Bourez nas quartas-de-final em uma série que estava tranquila até os minutos finais, mas que terminou mais apertada (15.33 x 13.66). Na semifinal, contra Igarashi, Medina conseguiu surfar duas ótimas ondas na primeira metade: 8.43 e 8.33. Mas o japonês fez 9.33 a pouco mais de três minutos do fim e superou o brasileiro.

Inicialmente, a competição de surfe não estava prevista para ser finalizada nesta terça-feira, 27. Mas os organizadores acabaram antecipando a programação devido ao tufão Nepartak, que chegou a Tóquio e aos arredores da capital japonesa.

Surfe feminino

Única representante brasileira nas quartas-de-final, Silvana Lima teve uma pedreira pela frente: Carissa Moore, tetracampeã mundial e atual líder da WSL, que seguiu para a final contra a sul-africana Bianca Buitendag . A surfista cearense perdeu por 14.26 x 8.30.

“Comecei bem o evento, mas infelizmente hoje não deu. Gostaria muito de ter chegado na final ou até a uma medalha de bronze, mas não foi dessa vez. Estou feliz e orgulhosa por ter chegado aos Jogos Olímpicos, e o pensamento agora é continuar treinando, pois estou na minha melhor fase, mesmo aos 36 anos.”

Com informações do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

 

 

Nesta terça-feira, 27, acontecerá a plenária unificada do funcionalismo do Rio de Janeiro

A campanha do funcionalismo público contra a proposta de reforma administrativa de Guedes/Bolsonaro – a PEC 32/2020 –, que está em tramitação no Congresso Nacional, ganha fôlego com o Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Público nesta quinta e sexta-feira, dias 29 e 30 de julho. 

O objetivo é mobilizar e traçar estratégias, aliadas a uma agenda de lutas, para derrotar a PEC 32 que o governo pretende aprovar até o fim de agosto. Centrais sindicais, suas entidades, movimentos e fóruns de servidores juntaram-se nessa empreitada aproveitando o período de recesso parlamentar para enfrentar a PEC 32 intensificando todas as ações do funcionalismo. 

O encontro, organizado pelo Fórum de Servidores Públicos das Centrais Sindicais de forma on line, reunirá a representação de servidores municipais, estaduais e federais.

A agenda de lutas contra a reforma administrativa também inclui uma manifestação presencial na Câmara dos Deputados, no dia 3 de agosto, data do fim do recesso parlamentar, e um Ato Nacional a ser agendado na primeira quinzena do mês.

O governo pretende, com a sua reforma, eliminar as obrigações sociais do Estado, acabar com a estabilidade dos servidores, com os concursos como critério de seleção, reduzir o número de servidores, aumentar cargos comissionados e fechar serviços públicos com o objetivo de entregá-los à iniciativa privada. A proposta abre também espaço para a redução de salários e da jornada de trabalho dos servidores. O impacto será altamente negativo para a vida da população.

Calendário

O Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Público Municipal, Estadual e Federal será aberto às 19h do dia 29. A atividade prossegue às 9h do dia 30 com a realização da Plenária de organização do Plano Nacional de Mobilização contra a PEC 32. O lançamento do Plano está marcado para às 17h.

O evento será transmitido publicamente através do Facebook e do YouTube “Contra a PEC 32”. No dia seguinte, 30, a partir das 9h, pela plataforma ZOOM. 

O link de acesso será enviado por e-mail e pelo WhatsApp, caso as informações do participante sejam fornecidas no ato da inscrição. Acesse www.contrapec32.com.br, inscreva-se no encontro para fortalecer a defesa do serviço público.

3ªfeira, 27/7 – Plenária Unificada do Funcionalismo do Rio de Janeiro

19h – Encontro on line. Para participar da plenária para organização das mobilizações no Rio de Janeiro, se inscreva pelo link: https://forms.gle/HavenJwCDyJEqKo37 .
O link da reunião será enviado no e-mail cadastrado na inscrição. Só serão aceitos quem estiver na lista de inscritos.

5ª feira, 29/7

19h: Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Público – Mobilização Geral para derrotar a Reforma Administrativa. Evento político (Live). Link: https://bit.ly/2UNowuJ

6ª feira, 30/7

9h: Encontro Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Público – Mobilização Geral para derrotar a Reforma Administrativa. Inscrições: https://bit.ly/3i3Vi3y

9h: Seminário Gestão de Desempenho no Setor Público. Link: https://bit.ly/3ffNcmP

17h – Live de Lançamento do Plano Nacional de Mobilização.

3 de agosto, terça-feira 

Manifestação unitária em Brasília –

Ato Nacional – Agosto (ainda sem data)

 

 

 

Mais uma vez, o Rio de Janeiro mostrou a sua força na luta em defesa da democracia, da educação pública de qualidade, das conquistas dos trabalhadores, da cultura, da ciência, do SUS, da dignidade humana, dos serviços públicos e, em alto e bom som, com suas bandeiras e faixas e no ritmo da batucada da juventude FORA BOLSONARO! GENOCIDA!

Fotos de Renan Silva e Bernardo Cotrim

Foram realizados mais de 500 atos em todas as capitais do Brasil e no Distrito Federal e também no exterior

 Publicado: 26 Julho, 2021 / Escrito por: Redação CUT

Cerca de 600 mil pessoas foram às ruas nas 26 capitais, no Distrito Federal e em centenas de cidades do Brasil e do exterior no quarto dia nacional de mobilização “fora, Bolsonaro”, realizado no sábado (24).

Multidão ocupou a Avenida Presidente Vargas no centro da capital fluminense – STEFANO FIGALO/BRASIL DE FATO

 

No Minuto a Minuto da CUT é possível ver informações e imagens de centenas de atos realizados em todo o mundo e no Mapa dos Atos a lista de cidades onde o povo foi às ruas.  

O presidente Nacional da CUT, Sérgio Nobre, disse na Avenida Paulista, em São Paulo, onde milhares de pessoas foram pedir o impeacment de Jair Bolsonaro (ex-PSL) que os protestos continuarão até que Bolsonaro caia.

Além do impeachment do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) por crimes contra a democracia e contra a vida, a pauta dos 509 atos realizados também abordou em faixas, cartazes e discursos temas como as denúncias de pedido de propina nas negociações para compra de vacinas, que atrasaram a entrada do imunizante no Brasil, contribuindo com a morte de milhões de brasileiros. A pauta teve ainda pedido de pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, foi contra a reforma Administrativa e as privatizações.

Em várias capitais, os manifestantes homenagearam os quase 550 mil mortos em decorrência da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e várias pessoas levaram cartazes lamentando a morte de parentes e côngujes que não tiveram tempo de esperar a vacina ou afirmando que o tratamento precoce com remédios ineficazes recomentado por Bolsonaro matou um parente, como no cartaz desta esposa quu vive um luto doloroso, sem despedida, sem velório, como os parentes dos 550 mil mortos em decorrência da Covid-19 no país.

REPRODUÇÃO

As lideranças da Campanha Nacional Fora Bolsonaro, formada pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, centrais sindicais como a CUT, movimentos sociais como o MST e partidos políticos avaliam que os atos de sábado  ganharam capilaridade em relação aos atos anteriores.

Em 29 de maio, foram realizados atos em ao menos 227 cidades do Brasil e 14 do exterior, com cerca de 420 mil pessoas. No segundo protesto, em 19 de junho, foram  427 atos em 366 cidades do Brasil e em 42 cidades do exterior em 17 países, com um público total de 750 mil pessoas.

Já no ato do 3 de julho, antecipado por causa das denúncias de corrupção feitas na CPI da Covid do Senado,  800 mil pessoas foram às ruas em 352 atos em 312 cidades do Brasil, em todos os estados e no Distrito Federal, e 35 no exterior em 16 países.

 

 

Data é parte de atividades do Julho das Pretas, mês em que se dá visibilidade especial na luta contra o racismo, o machismo e a discriminação de classe que vitimizam de maneira mais cruel as mulheres negras

Publicado: 26 Julho. Escrito por: Andre Accarini / Edição: Marize Muniz

O Dia da Mulher Negra, celebrado em 25 de julho, este ano, tem um peso especial para a luta das mulheres negras por dignidade e melhores condições de vida. A pandemia do novo coronavírus acentuou as desigualdades na sociedade e no que se refere a essas mulheres o impacto foi ainda maior do que para o restante da população.

A data, chamada oficialmente de Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha faz parte das atividades do Julho das Pretas, mês em que a luta ganha visibilidade. No Brasil, pela Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, a data também passou a ser o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola do século 18

GIBRAN MENDES

E este julho, de 2021, é um mês de denúncia ainda maior sobre uma situação que já existia antes da pandemia e que a crise sanitária escancar. A afirmação é de Juneia Batista, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT.

“Com a pandemia ficaram escancaradas a desigualdade e a condição da mulher, em especial das mulheres negras, periféricas que são as que estão morrendo e lutando para dar o que comer para seus filhos. E, mais que nunca, estamos levantando a voz para dizermos que essa situação não pode continuar”, diz a dirigente.

Os governos não podem estar acima da vida das pessoas. A pandemia trouxe a dificuldade pela questão econômica, mas ainda faltam políticas públicas de proteção às mulheres negras

– Junéia Batista

Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-Contínua), mostra que o desemprego foi um dos fatores que mais as afetaram as mulheres negras (28,1% ), apesar delas representarem apenas 17,3% dos ocupados em 2020 – maior número por camada de desempregados no país.

Na pandemia esse quadro piorou. A taxa de desocupação subiu para 21,4% em 2021. Cerca de 700 mil mulheres negras ficaram desempregadas. Grande parte das que conseguiram se manter no emprego ainda amargam a condição de estar em trabalhos precarizados e com os menores níveis de renda.

De acordo com o levantamento, 48,4% das mulheres negras são assalariadas formais, 24,1% assalariadas informais e 22,1% trabalham por conta própria, ou seja, fazendo bicos. A renda média das trabalhadoras negras é menos da metade da média salarial de homens brancos. Enquanto elas ganham R$ 1.617, os brancos ganham R$ 3.540.

Esses números, aliados a outros fatores sociais, reforçam tanto o racismo estrutural na sociedade quanto o desafio do movimento sindical, movimentos de mulheres e movimentos negros no combate à desigualdade.

Para Anatalina Lourenço, secretaria de Combate ao Racismo da CUT, a mulher negra sofre com os piores índices possíveis, não só no desemprego, mas em relação à discriminação e a violência. Dados do Atlas da Violência 2020, feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Nacional de Segurança Pública, mostram que em 2018, 68% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras.

“Esses índices têm de servir de base para a construção de políticas públicas de proteção e combate à violência contra a mulher”, ela afirma a secretaria ressaltando que não se trata apenas de dados estatísticos e sim da vida das mulheres negras.

Rosana Fernandes, secretária Adjunta de Combate ao Racismo da CUT observa ainda que a causa dos piores índices é o racismo, o machismo a a questão classista – características que resultam, de fato, na violência contra a mulher negra

“A gente costuma falar sempre que não existe bala perdida e sim bala que é achada no corpo da mulher negra”, diz Rosana.

Descoberta pessoal

O processo de empoderamento e resistência da mulher negra não é uma tarefa fácil. Carmen Foro, Secretária-Geral da CUT, contou sua experiência em um programa especial transmitido pelas redes sociais da CUT e entidades filiadas, neste domingo (25).

Na Roda de Conversa Mulheres Negras em Defesa do Bem Viver, Carmen disse que as crianças nascem sem saber a cor da pele, chegam ao mundo sem noção das crueldades do ser humano.

“Todo dia me descubro uma mulher negra. Todos os dias vejo quanta diferença há em ser negra. E quando se é negra e pobre, isso dói muito mais”, disse.

Assim como para a maior parte das meninas e mulheres negras, o preconceito pela cor de pele, do cabelo, pela classe social torna a trajetória delas um tanto mais difícil – ainda mais quando se trata de mulheres e o machismo está envolvido.

“Me sentia objetificada e não tinha consciência disso”, disse Carmen, afirmando que hoje a luta é fazer com que as pessoas negras ser reconheçam e exijam o lugar na sociedade que lhes é de direito.

Todos os dias eu vivo e me reconheço como negra e isso vai reforçando a consciência de que esse mundo é racista e o mundo para as mulheres negras é mais cruel ainda

– Carmen Foro

Ainda na live, a primeira vereadora negra eleita em Curitiba, Ana Carolina Dartora (PT), afirmou que essa crueldade é comprovada pela própria colocação das mulheres negras na pirâmide social brasileira.

“Estar na base da pirâmide social demonstra a violência que a gente sofre, a sub-representação política, a falta de políticas públicas. Somos as desempregadas ou precarizadas, e no trabalho doméstico ainda como um resquício do período da escravidão”, disse a vereadora.

Quando a sociedade estiver boa pra uma mulher negra viver, estará bom para todos viverem

 – Ana Carolina Dartora

Jaqueline Santos, consultora do Geledés Instituto da Mulher Negra, explica que o Brasil, historicamente, ainda continua em um processo de colonização e o racismo permeia todas as ações da sociedade.

Anatalina Lourenço diz ainda que o racismo organiza a sociedade e opera em diferentes instâncias, e que “este é o momento de discutir políticas necessárias para destruir a pirâmide e romper com o histórico de manter a mulher negras nesses espaços”, se referindo às piores condições de trabalho e renda.

Empoderamento

Exemplos de negros em lugares de destaque não são muitos mas devem servir de referências para a luta por igualdade. As Olimpíadas de Tóquio trouxeram dois emblemas para essa luta. Um deles é a tenista Naomi Osaka, filha de mãe japonesa e pai haitiano, que foi convidada a abrir os jogos de 2021.

Naomi é personagem que carrega bagagem no ativismo contra a discriminação racial. Também protagoniza passagens importantes em sua própria história como ter abandonar o torneio de Roland Garros após ser punida por não querer participar de entrevistas coletivas, que segundo ela não faziam nem bem à sua saúde mental. Sim, a tenista sofre de depressão e fala abertamente sobre isso.

“Eu já estou me sentindo vulnerável e ansiosa então pensei ser melhor exercitar o autocuidado e abandonar as coletivas…quando for a hora, realmente quero discutir formas de fazermos o melhor para os jogadores, imprensa e fãs”, disse ela no Twitter

Outro exemplo e motivo de muito orgulho para os brasileiros é a ginasta Rebeca Andrade que garantiu, neste domingo – dia da Mulher Negra – vaga em três finais individuais – no solo, no salto e no individual geral.

Ao som de o “Baile da Favela”, música de MC João, Rebeca causou furor nas redes sociais, que não se renderam ao encanto e a atitude da atleta, de 22 anos de idade.

 

 Mas o Brasil ainda tem a prata no skate. Rayssa Leal tem apenas 13 anos de idade, um sorriso despretensioso, de aparelho nos dentes, que simboliza a esperança que toda criança negra deveria ter no país.

Natural de Imperatriz, no Maranhão, a jovem ganhou seu primeiro título em 2019. Incentivada pelos pais, ganhou uma prata no mundial de São Paulo, cidade em que durante muitos anos, o skate, esporte praticado, predominantemente por jovens de periferia, foi marginalizado.

TWITTER/RAYSSA LEAL

Janio Quadros, quando prefeito da capital paulista, em 1988, proibiu a circulação de skatistas na cidade, afirmando que se tratava de ‘coisa de vagabundo’.

Foi a prefeita Luiza Erundia, então do PT, que anos mais tarde não só revogou o decreto de Jânio como incentivou a prática do esporte. Tanto que recebeu, direto de Toquio, um agradecimento de outro skatista brasileiro – Kelvin Hoefler – um agradecimento especial.

“Obrigado por acreditar no skate”, disse Kelvin, que também ganhou prata no street skate no Japão.

É prova de que simples ações do poder público podem render um futuro para os jovens negros e de periferia. Mas é um caminho ainda longo a ser trilhado.

“Em casa, a gente ensina a todo momento que nossos filhos têm que se amar, do jeito que são e o que mais dói é que vai chegar um tempo em que a gente terá de dizer que ele deverá ter cuidado na rua, que não pode se expressar de forma brusca porque será alvo da PM. O poder público que deveria proteger, é quem mais tira a vida dos nossos filhos”, lamentou Rosana Fernandes.

 

 

 

 

Beatrix von Storch integra o partido Alternativa para a Alemanha, sigla neonazista alemã de ultradireita

26/07/21 – 12h24 – Atualizado em 26/07/21 – 12h53

Presidente Jair Bolsonaro encontra-se com a deputada alemã Beatrix von Storch e seu marido, Sven von Storch (Crédito: Reprodução/Instagram Beatix von Storch)

O presidente Jair Bolsonaro se encontrou com a deputada alemã Beatrix von Storch, no Palácio do Planalto. Neta de um ministro de Adolf Hitler, ela integra o partido Alternativa para a Alemanha, sigla neonazista alemã de ultradireita.

Uma foto do encontro, que não estava previsto na agenda oficial, foi publicada pela parlamentar em seu perfil no Instagram nesta segunda-feira. “Um encontro impressionante no Brasil: gostaria de agradecer ao Presidente brasileiro a amistosa recepção e estou impressionada com sua clara compreensão dos problemas da Europa e dos desafios políticos de nosso tempo”, escreveu Beatrix. ]

Ela é investigada pelo serviço de Inteligência alemão por propagar ideias neonazistas, xenofóbicas e extremistas. Na foto, além da parlamentar e de Bolsonaro, também está o marido de Beatrix, Sven von Storch.

Na semana passada, Beatrix já havia se reunido com os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-DF) e Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Tanto o Museu do Holocausto quanto a Confederação Israelita do Brasil criticaram o encontro, sem citar os nomes dos envolvidos. Beatrix é neta de Lutz Graf Schwer, que foi ministro das Finanças de Hitler.

“Alternativa para a Alemanha é um partido político alemão de extrema-direita, fundado em 2013, com tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e forte discurso anti-imigração”, disse o Museu do Holocausto em nota no dia do encontro de Beatriz com Bia Kicis. “É evidente a preocupação e a inquietude que esta aproximação entre tal figura parlamentar brasileira e Beatrix von Storch representam para os esforços de construção de uma memória coletiva do Holocausto no Brasil e para nossa própria democracia.”

“A Conib lamenta a recepção dada a representante do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) em Brasília. Trata-se de partido extremista, xenófobo, cujos líderes minimizam as atrocidades nazistas e o Holocausto. O Brasil é um país diverso, pluralista, que tem tradição de acolhimento a imigrantes. A Conib defende e busca representar a tolerância, a diversidade e a pluralidade que definem a nossa comunidade, valores estranhos a esse partido xenófobo e extremista”, afirma a Conib.

 

 

 

 

Adepto do Candomblé, atacante fechou a vitória por 4 a 2 na estreia da seleção brasileira na competição

22/7/2021. Fonte: Por Vitor Seta, do O Globo

Paulinho comemora gol pelo Brasil atirando a flecha de Oxóssi (Foto: DANIEL LEAL-OLIVAS / AFP)

Autor do quarto gol da seleção brasileira na vitória por 4 a 2 sobre a Alemanha, pela estreia da seleção brasileira masculina de futebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o atacante Paulinho comemorou com um gesto simbolizando uma flecha sendo atirada. A celebração tem um significado profundo para o jogador: trata-se da flecha, ou ofá, de Oxóssi, orixá que o protege no Candomblé.

Autor do quarto gol da seleção brasileira na vitória por 4 a 2 sobre a Alemanha, pela estreia da seleção brasileira masculina de futebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o atacante Paulinho comemorou com um gesto simbolizando uma flecha sendo atirada. A celebração tem um significado profundo para o jogador: trata-se da flecha, ou ofá, de Oxóssi, orixá que o protege no Candomblé.

— O mito mais famoso diz que em certa ocasião, ele salvou um reino tendo uma só flecha. Matou um pássaro enviado pelas feiticeiras para trazer a fome para aquele reino — diz.

Muito conectado ao Candomblé e à Umbanda, Paulinho, filho de Oxóssi, chegou a sofrer ataques de intolerância religiosa em suas redes sociais após comemorar a volta à seleção olímpica com a frase “Nunca foi sorte, sempre foi Exu. Laroyé!”. Firme em suas posições, Paulinho ganhou apoio e foi convidado para desfilar pela Mocidade Independente no ano que vem, em desfile que homenageará seu orixá protetor.

— Sou muito agarrado à minha fé. Minha família sempre teve muita conexão com o candomblé e a umbanda. Quando comecei a entender, gostei muito dessa filosofia de vida. Evito focar nesses comentários, que vêm da ignorância, da falta de informação — disse o atacante a Aydano André Motta, na série do GLOBO #nuncaésóesporte.

Para Simas, o gesto de Paulinho é importante no combate ao preconceito às religiões afro-brasileiras, e que emana representatividade na posição de um ídolo do esporte, em especial às crianças.

— É importante pela representatividade. A gente teve um avanço muito forte de designações neopentecostais que demonizam as religiões afro-brasileiras, e isso repercutiu muito no futebol. Quando um jogador faz uma comemoração dessas, evocando uma entidade do Candomblé que o protege, é muito bonito. Imagino uma criança de terreiro de Candomblé, que sofre um preconceito cotidiano por causa da religião, vendo um ídolo do futebol numa Olimpíada marcando um gol e fazendo a flecha de Oxóssi. É muito bonito.Serviçlos & Agenda Cultural – 26 de julho

 

 

 

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O evento acontece no dia 27 de julho, terça-feira, às 15 horas, pelo link https://is.gd/ParangolepensasobreoBrasil 

Em 1968, foi realizada a I Feira Paulista de Opinião, que buscava dar respostas, em forma de posicionamento artístico/político, à conjuntura política do país na época e, ao mesmo tempo, observar as possibilidades de rumos para o Brasil. Nela, o dramaturgo Augusto Boal estabeleceu como mote a pergunta “O que pensa você do Brasil de hoje?”, provocando artistas das várias linguagens a se manifestarem. Hoje, mais de cinquenta anos depois, a pergunta ainda tem grande valor e não só para os artistas. Todos os brasileiros devem ser convidados a respondê-las.

O Parangolé da Cultura na Universidade, colóquio que debate ações de cultura nas universidades, entendendo a cultura por aspecto amplo da vida em sociedade, considera fundamental observar essa pergunta como uma das mais importantes para as ciências sociais aplicadas e por isso volta o colóquio para tentar respondê-la, repassando-a para os economistas, advogados, administradores, diplomatas, querendo saber como os pesquisadores e profissionais dessa área de pensamento consideram o seu fazer na conjuntura que ambienta nossas vidas neste importante país da América do Sul.

Nesse sentido, o colóquio se propõe a debater o tema: “O que pensam as Ciências Sociais Aplicadas sobre o Brasil de hoje?”, em forma de pergunta. O evento acontece no dia 27 de julho, terça-feira, às 15 horas, pelo link https://is.gd/ParangolepensasobreoBrasil 

Aqueles que tiverem interesse em receber certificação pelas horas devem se inscrever como perguntadores, colocando uma provocação no formulário: http://bit.ly/perguntadoresparangolé