A organização contabilizou mais de 2 milhões de mulheres em Santiago e quase 3 milhões em todo o país

Victor Farinelli / Brasil de Fato

Por volta das 12h deste domingo (8), a Praça da Dignidade, no centro de Santiago, no Chile, já estava completamente lotada, numa das maiores manifestações da história do país, mas com uma particularidade: quase todas as pessoas presentes eram mulheres. Era apenas o começo da marcha pelo 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres, e um mosaico formado pelas manifestantes já usava a palavra que melhor descreve aquelas que estavam ali presentes: “Históricas”.

A façanha das feministas chilenas foi impressionante. A expectativa da organização era superar as 500 mil participantes de 2019, mas o resultado foi maior. Somente na capital Santiago foram mais de 2 milhões de mulheres nas ruas, segundo estimativa da Coordenadora Feminista 8M, articulação que reúne coletivos feministas do Chile. A polícia chilena, por sua vez, indicou 300 mil participantes. A organização também aponta que, somando os atos pelo país, o total de mulheres mobilizadas chega a 3 milhões.

Durante a manifestação na capital, muitos pediram a renúncia do presidente Sebastián Piñera e da ministra da Mulher, Isabel Plá, que declarou durante esta semana que desconhecia casos de abusos sexuais cometidos pela polícia e pelo Exército do Chile desde o início da revolta social no país em outubro de 2019. O Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile registra ao menos 90 denúncias desse tipo.

As mulheres também gritaram contra as policiais que estavam nas ruas. O governo de Piñera quis usar policiamento majoritariamente feminino, achando que isso seria sinal de representatividade.

O grito das feministas, em resposta, foi “puta, vagaba, mas nunca paca” – termo pejorativo para se referir às mulheres policiais. Esse foi um dos gritos mais ouvidos durante a jornada, assim como um que lembrava das vítimas de feminicídio, criticando o presidente: “Morra Piñera, assim como minhas companheiras”.

Em uma manifestação cheia de performances artísticas, não faltou uma nova apresentação de “Um violador em teu caminho”, vídeo que viralizou nas redes sociais, criado pelo coletivo chileno Lastesis, com o famoso refrão “o Estado opressor é um macho estuprador”.

Nesta segunda-feira (9), haverá outra manifestação, a greve geral feminista, que deverá reunir tanto os coletivos quanto as centrais sindicais. Desta vez, o enfoque será a luta contra a precarização do trabalho das mulheres promovida pelo modelo econômico ultraneoliberal do país.

Início da marcha pelo 8 de março, em Santiago. – Francisca Yáñez / Brasil de Fato

Manifestações ocorrem em diversas cidades do país, ao longo de todo o domingo (08)

Por: Brasil de Fato

Milhares de mulheres, espalhadas por todo o Brasil, saíram às ruas durante todo o domingo (08) por igualdade de direitos e contra a violência. Os atos aconteceram em diversas cidades do país desde o início da manhã. Os principais temas foram o fim da violência contra a mulher, fora Bolsonaro e direitos iguais. O assassinato da vereadora Marielle Franco, que completa dois anos no dia 14 de março, também foi relembrado em diversas manifestações. 

Nota da redação: no Rio de Janeiro, no dia 8, no posto 4 da Praia de Copacabana, houve atividade de mobilização para o ato  desta segunda-feira, dia 9, com concentração às 17h, na Candelária que tem como mote: “Pela Vida de Todas as Mulheres, Por Democracia e Contra Retirada de Direitos! Um Rio de Coragem Feminista Contra Violência e os Governos Fascistas”.

Em São Paulo (SP), mesmo debaixo de chuva, 50 mil pessoas, de acordo com a organização, se reuniram na avenida Paulista e seguiram em marcha pela região central da cidade, para afirmar o movimento feminista como importante base de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Sob o mote “Mulheres contra Bolsonaro, por nossas vidas, democracia e direitos! Justiça para Marielles, Claudias e Dandaras”, a manifestação foi convocada por mais de 40 coletivos, movimentos sociais, partidos e sindicatos e juntou mulheres de todas as idades e diferentes histórias na mesma luta pelo direito à vida.

Algumas das bandeiras que as manifestantes levantavam diziam respeito ao combate à violência, à legalização do aborto e ao direito aos seus corpos. As mulheres que participaram do ato também criticaram a violência machista contida nas falas do presidente Bolsonaro.

Manifestantes apontam violência machista nas falas de Bolsonaro / Elineudo Meira

“Não é possível que, em pleno século XXI, a gente volte a ter governos autoritários na América Latina. Então, as mulheres estão dando uma aula de luta pela democracia, por aquelas que vieram antes e pelas que virão”, disse Simone nascimento, jornalista e integrante do Movimento Negro Unificado.

A atividade começou com um piquenique agroecológico e apresentações culturais pelo lançamento da 5ª Ação Internacional da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), no fim da manhã. Em seguida, a quantidade de pessoas começou a aumentar na concentração no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para o ato unificado.

O protesto teve como seu principal alvo o governo de Jair Bolsonaro, com críticas à retirada de direitos, exemplificada pelo desmonte das legislações trabalhista e previdenciária, e ao autoritarismo. “Esse ano a gente resolveu expressar que esse governo é quem dirige toda a agenda neoliberal, antidemocrática e conservadora, além de trazer temas caros para a luta das mulheres, como o combate à violência e a legalização do aborto”, disse Nalu Faria, da coordenação nacional da MMM.

Agenda conservadora do governo é alvo de protestos em São Paulo / Gui Frodu

Com participação das mulheres do MST, ato combate o desmonte em Brasília

Em Brasília, cerca de 5 mil mulheres estiveram na marcha do 8 de março, levando para as ruas palavras de ordem contra a violência de gênero e o machismo do governo Bolsonaro e em defesa da descriminalização do aborto. Com o mote “Pela vida das mulheres, em defesa da democracia, contra o racismo e por direitos”, o ato percorreu as ruas da capital, fazendo parada em frente ao Palácio do Buriti, e depois seguiu em direção à Praça da Torre.

Acompanhada da filha, a estudante de doutorado Fernanda de Oliveira disse que sempre participa de manifestações de rua quando a pauta é o direito das mulheres. Para ela, nesse contexto político, a mobilização é mais importante do que nunca.

“Todos os avanços de políticas públicas que tiveram nas últimas décadas estão sendo desmontados. Então, não podemos ficar dentro de casa, é importante demonstrar nossa insatisfação. Enquanto a gente se mantiver calada, vai ter impunidade e vai estar perdendo direito. Então, quanto mais sairmos na rua, melhor”, disse.

Em Salvador (BA), centenas de mulheres ocuparam as ruas da capital baiana em luta por direitos e em defesa da democracia. / Gabrielle Sodré

O ato contou com a participação de mais de 3,5 mil mulheres sem-terra, que estão participando do I Encontro de Mulheres Sem Terra na capital federal, com pautas sobre a reforma agrária popular e a violência de gênero no campo. Para Kelly Mafort, da direção nacional do MST, a participação da marcha em Brasília é uma oportunidade de integrar as pautas das mulheres do campo e da cidade.

“Essa marcha de hoje ocorre justamente em um período de morte para as mulheres. No campo, as mulheres sofrem os impactos dessa política, que é machista, misógina, que violenta e assassina as mulheres. E são principalmente as mulheres que sofrem na ponta essas contradições das reintegrações de posse e dos despejos e dessa força do latifúndio. Nós estamos aqui denunciando isso”, afirmou a militante.

O ato em Brasília foi finalizado por volta das 14h com falas políticas de representantes de partidos e movimentos sociais no gramado da Praça da Torre.

Ato em Belém tem protesto contra ataques às mulheres indígenas

A concentração também começou por volta das 9h em Belém (PA). Mais de 4 mil mulheres se reuniram na Praça Waldemar Henrique, para participar do ato político-cultural organizado pela Frente Feminista do Pará. Para Mãe de Nangetu, liderança afro religiosa, a manifestação foi necessária para pontuar que as mulheres estão contra os desmontes do governo.

“Nós não concordamos com este governo que está nos massacrando. Nós não concordamos com os maus tratos, com os assassinatos de mulheres, da educação perversa como está, nós não concordamos. Por isso que nós estamos na rua nos manifestando e dizendo #ForaBolsonaro”, afirmou.

Em Belém (PA), mulheres encerraram o ato com o manifesto “O estuprador és tu”, inspirado na manifestação de mulheres contra a violência no Chile e que se espalhou pelo mundo. / Catarina Barbosa

 

Para a professora da Universidade Federal do Pará (Ufpa) Rosa Acevedo o momento pelo qual passa o país pede que as mulheres se mobilizem e partam para a luta. “Neste 8 de março de 2020, as mulheres brasileiras precisam estar na rua. É necessário darmos a cara para contestar contra todos os ataques que se têm lançado contra as mulheres, as mulheres das comunidades tradicionais, as mulheres indígenas. As decisões do governo que têm atacado direitos fundamentais, direitos ao território, direito à vida, à saúde, à saúde, direito à educação, que têm desconhecido a participação política das mulheres”, diz.

Militantes pedem fim da violência e saída de Bolsonaro e Zema

Ainda durante a manhã, o ato de 8 de Março em Curitiba (PR) ocorreu no bairro Parolin, periferia da cidade, e pediu por paz na favela. Maria Aparecida mora no local há 27 anos e relembrou das mães que choram por seus filhos devido à violência na região.

Já em Belo Horizonte (MG), o Ato do Dia Internacional de Luta das Mulheres saiu da Ocupação Pátria Livre colorindo as ruas de lilás contra o machismo, contra a violência e contra a retirada de direitos. Elas pediram pela saída do presidente Jair Bolsonaro e do governador Romeu Zema (Partido Novo).

Mulheres de diversas organizações, movimentos sociais e partidos também saíram em luta por direitos, democracia e justiça por Marielle Franco, em Palmas (TO).

Mulheres reforçam a luta para ocupar espaços de liderança

Em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, as atividades ocorreram no Parque Tom Jobim. Diferentes grupos e coletivos montaram uma programação que colocou em foco a luta feminina pela ocupação dos espaços de liderança e pelo fim da violência de gênero. Atividades como yoga, aula de defesa pessoal, dança circular, contação de histórias para mulheres, intervenção poética e oficina de cartazes e de bordado foram oferecidas ao público.

Além disso, durante todo o evento os coletivos ofereceram tendas de apoio jurídico, médico e psicológico às mulheres. O ato contou, também com uma exposição fotográfica sobre diversidade e a tenda da campanha “Não quero veneno no meu prato”, sobre o elevado uso de agrotóxicos nos alimentos.

Em Maceió o 8 de março está sendo marcado pelo Festival Cultural Mulheres em Luta, que começou às 14h conta com apresentações de artistas e grupos locais e avançou pela noite com arte, cultura e resistência feitas por mulheres.

Com o tema “Pela Vida das Mulheres contra o Fascismo, Machismo, Racismo e LGBTfobia, os atos do 8M reuniram cerca de 10 mil mulheres em Fortaleza (CE), no entorno do Centro Dragão do Mar. As atividades incluem rodas de conversa e oficinas, seguidas de um cortejo pela orla da capital cearense.

Em João Pessoa a concentração começou às 15 horas com um ato político-cultural no Busto de Tamandaré, com o lema “Mulheres na Luta por Direitos!”.

Trabalhadoras do campo e da cidade tomaram as principais ruas de Cametá (PA), em denúncia a violência e em defesa da vida e direitos das mulheres. / Weslley Marques | Levante Popular da Juventude

Entidades e personalidades também publicaram ao longo do dia notas em apoio à luta das mulheres. Confira:

Nota do Movimento dos Atingidos por Barragens

Neste 8 de março, dia de luta das mulheres, as atingidas por barragens se colocam firmes contra a violência de gênero e na defesa da democracia e dos direitos. 

Sabemos que a data, carregada de significado histórico para a organização das mulheres no mundo, não é motivo algum de comemoração, mas, sim, um momento de denúncia das injustiças.

O Brasil, infelizmente, ainda é um país extremamente machista onde há muitas questões a serem pautadas, desde a grave desigualdade salarial até o feminicídio – nosso país amarga o quinto lugar no ranking dos que mais matam mulheres.

Neste sentido, no contexto de violação de direitos das populações atingidas, as mulheres também são afetadas de forma mais profunda, com a falta de reconhecimento na interlocução com as empresas, o fim dos laços familiares e comunitários, além do aumento da violência doméstica e exploração sexual. 

Nós, mulheres, queremos ficar vivas. Em defesa da vida, lembramos de nossas companheiras lutadoras que se foram: Dilma Ferreira, Nicinha, Berta Cárceres, Marielle Franco e tantas outras mortas de forma violenta na luta por um mundo mais justo. 

Com o atual governo, a vida das mulheres se torna, cada dia, mais difícil com aumento do desemprego, cortes em saúde e educação, além dos claros ataques e demonstrações de ódio pela existência feminina.  

Sinal claro do amplo retrocesso que estamos vivendo é a latente necessidade em pautar a democracia, cotidianamente ameaçada pelo próprio presidente. 

Não descansaremos até que todas sejamos livres. Somos mulheres, somos atingidas, somos resistência, estamos em luta. E que este 8 de março inspire nossas próximas batalhas.

Mulheres, água e energia não são mercadoria! 

 

Nota Oficial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Hoje, milhões de mulheres vão às ruas em todo o mundo lutar por bandeiras de igualdade. Elas estão nas ruas por igualdade de direitos, de salário, de oportunidades e, sobretudo, pelo direito à própria existência. Uma coisa tão cara como a vida é negada a uma mulher a cada 7 horas no Brasil. Uma mulher a cada 7 horas. Esse é o número de feminicídios em nosso país, onde, apenas em 2019, o machismo assassinou 1.314 mulheres, incentivado por um governo que naturaliza a violência.

Neste dia que nos convoca à reflexão e à luta, quero lembrar de uma mulher que há 725 dias teve a vida encerrada justamente por encarnar a luta e os ideais das mulheres que sonham com um mundo mais igual: Marielle Franco.

Buscar justiça para Marielle e por todas as Marielles que incomodam por sua força, que incomodam por saber seu lugar e fazer questão de ocupa-lo, é um dever de todos nós.

Eu me somo, ao lado de nosso partido que já levou uma mulher ao mais alto posto da República e é presidido por uma, na luta por um mundo onde as pessoas não sejam subjugadas por seu gênero. Em nossa busca permanente e inegociável por igualdade e justiça social.

Lula

Edição: Aline Carrijo e Cris Rodrigues

#8M – RESISTIMOS PARA VIVER, MARCHAMOS PARA TRANSFORMAR

Pela vida de todas as mulheres, por democracia e contra a retirada de direitos! Um Rio de coragem feminista contra a violência e os governos fascistas!

Nós, mulheres, marcharemos em mais um Dia Internacional de Luta das Mulheres! Esse ano, marcharemos nessa segunda-feira, 09/03, no Centro do Rio de Janeiro, com concentração às 17 horas na Candelária.

Venha com a gente!

 

Nesta edição do AGENDA SINTUFRJ, dirigente do Sindicato convoca para a intensa programação de eventos da semana. Confira.

Bolsonaro corta concursos públicos e quer contratar aposentado com salário 70% menor

MP enviada ao Congresso dispensa realização de concurso público e prevê contratação de aposentados com salários 70% menores de servidores nas mesmas funções. Para sindicalista, MP é mais um desmonte do Estado

Matéria retirada do site da CUT

 

Para dar continuidade ao desmonte do papel social do Estado, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) ataca mais uma vez enviando ao Congresso Nacional a Medida Provisória (MP) nº 922/20, que prevê a contratação de trabalhadores temporários para atender no serviço público, sem a obrigação da realização de concursos. Os contratos terão a duração de quatro anos, com prorrogação de mais um ano.

Além da dispensa de concursos, o governo quer contratar servidores aposentados, que podem trabalhar em outros setores além do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas com salários irrisórios, 70% menores do que os salários dos servidores da ativa, ou ainda receber por produtividade (o governo não detalhou como será este tipo de remuneração). No caso dos aposentados, os contratos temporários terão a validade de no máximo dois anos.

Além de ajudar a diminuir a fila do INSS, que tem quase dois mil trabalhadores aguardando análise do pedido de benefício, os contratados temporariamente poderão atuar também em outras situações, como trabalhar para reduzir volume de trabalho, desenvolver serviços e conter situações de risco de calamidade pública.

Diminuição do papel do Estado como protetor social

A MP, que a primeira vista pode parecer uma saída para a grave crise econômica que atravessa o país, é na verdade a diminuição do tamanho do Estado e o desmonte do tecido social, alerta o Coordenador-Geral do Sindicato dos Servidores Federais no Estado de Pernambuco (Sindsep-PE), José Carlos de Oliveira.

Segundo o dirigente, todas as medidas provisórias que o governo vem lançando no Congresso Nacional são na linha de diminuir o tamanho do Estado com o discurso falacioso de que o serviço público dá prejuízos aos cofres públicos.

“O que eles querem, na verdade, é utilizar o orçamento da União única e exclusivamente para pagar a dívida pública, proteger o rentismo e pagar o pessoal do Guedes [Paulo Guedes, ministro da Economia]. O Brasil é um grande negócio para eles”, denuncia.

José Carlos conta que a tática dos governos de direita para desmontar o Estado e acabar com os direitos é precarizar o atendimento à população com a diminuição no número de servidores e a redução de salários e de investimentos.

Quando a população vê que determinado serviço não atende a demanda, ela se coloca contra o servidor que é tão prejudicado quanto a sociedade brasileira.

– José Carlos de Oliveira

“Não houve uma única proposta desse governo na linha de construir. Tudo é para destruir o social”, diz o dirigente.

Para o Coordenador-geral do Sindsep-PE , o governo só consegue tomar  iniciativas como cancelar concursos públicos e reduzir o papel do Estado de protetor social porque tem como aliados apresentadores de TV como Ratinho, Silvio Santos, Luciana Gimenez, José Luiz Datena e o bispo Edir Macedo, dono da Rede Record, que diuturnamente fazem discursos chamando os servidores públicos de marajás.

“Eles insinuam que todos os servidores públicos recebem os altos salários de um ministro do Supremo ou de um procurador da República. Com isso, o governo joga a população contra nós, enfraquece entidades, sufoca o orçamento e ainda nos chama de parasitas”, critica o dirigente, ao lembrar o xingamento do ministro da Economia aos servidores federais. Oliveira complementa afirmando que “a finalidade do orçamento federal é remunerar os banqueiros com juros altos dos títulos da dívida pública. Isto sim é parasitar o governo”.

De acordo com o sindicalista, a economia do mercado é a lei do lucro para poucos e a miséria para muitos. Ele afirma ainda que o discurso de que o Estado está quebrado, e que por isso, é preciso reduzir o seu tamanho, retirando direitos dos servidores, é mentiroso.

“O Brasil tem US$ 1 trilhão em reservas. Guedes, mal intencionado, disse que o país gasta 90% do seu Orçamento com serviço público. O Brasil gasta apenas 20% do que arrecada com serviço público. É menos do que foi aplicado em 2002. Além disso, a Receita Corrente Líquida (RCL) prevê que podemos utilizar até 50% do orçamento”, diz.

Bolsonaro usa o desemprego para oferecer baixos salários

Com o alto índice de desemprego e os filhos voltando a morar com os netos nas casas dos pais será inevitável o aposentado aceitar ganhar apenas 30% do salário, como oferece Bolsonaro, acredita José Carlos.

“O aposentado vai se submeter a qualquer tipo de serviço para complementar a renda da família. E quando o governo oferece uma esmola, as pessoas passam a acreditar que a medida é boa”, lamenta.

A situação é tão grave que o governo e parte da mídia induzem a população a pensar que vender água , bolo e café no semáforo é coisa de empreendedor

– José Carlos Oliveira

Validade da MP

A Medida Provisória 922/20 tem força de lei e passa a valer por 60 dias, após a sua publicação, e pode ser prorrogada por igual período. No entanto, precisa ser analisada pelo Congresso para valer em definitivo.

Veja o que muda com a MP nº 922/20 (informações da Câmara Federal)

A MP altera as regras para contratação temporária de pessoal, no serviço público federal, para atender situações de excepcional interesse público, previstas na Lei 8.745/93. Além dos pontos já citados, a norma traz as seguintes mudanças:

Novas situações

– Poderá haver contratação de pessoal temporária para atuar com pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços, no âmbito de projetos com prazo determinado, com contrato de até 4 anos, podendo ser prorrogado por até 8 anos;

– Também poderão ser contratados temporariamente profissionais para trabalhar em atividades que se tornarão obsoletas no curto ou médio prazo, que tornem desvantajoso o provimento efetivo de cargos. Este ponto será posteriormente regulamentado por decreto;

– O texto abre também a possibilidade de contratação de pessoal para prestar assistência a situações de emergência humanitária que ocasionem aumento súbito de ingresso de estrangeiros no País, como ocorreu recentemente com venezuelanos;

– Haverá dispensa de processo seletivo para a contratação de pessoal para atender às necessidades decorrentes de emergência humanitária e situações de iminente risco à sociedade;

– O recrutamento de pessoal será feito por processo seletivo simplificado. A MP desobriga a publicação do edital no Diário Oficial da União.

Readmissão

– Os temporários não poderão ser novamente admitidos antes de decorridos 24 meses após o fim do contrato, exceto nas hipóteses em que a contratação seja precedida de processo seletivo simplificado de provas ou de provas e títulos, como nas universidades federais e institutos de pesquisa.

Aposentados

– O recrutamento para a contratação será divulgado em edital de chamamento público. Não serão contratados aqueles com idade a partir de 75 anos, e nem aposentados por incapacidade permanente;

– O contrato de trabalho terá metas de desempenho e o pagamento terá uma parcela fixa e outra variável, esta conforme a produtividade. O valor não será incorporado à aposentadoria e não estará sujeito à contribuição previdenciária;

– O aposentado contratado terá direito aos auxílios transporte e alimentação, e diárias.

PPI

A MP 922/20 também altera a Lei 13.334/16, que criou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), para transferir ao governo o poder de definir, discricionariamente, a composição do Conselho do PPI, inclusive o seu presidente. Antes da mudança, o conselho era formado por sete ministros e três presidentes de bancos estatais. A presidência cabia ao ministro-chefe da Casa Civil.

Órgão máximo do PPI, o conselho avalia e recomenda ao presidente da República os projetos que integrarão o programa. Criado ainda no governo Michel Temer (2016-2018), o PPI coordena as privatizações e as políticas de investimentos em infraestrutura por meio de parcerias com o setor privado.

Empréstimo consignado

A medida provisória também altera a Lei do Empréstimo Consignado para permitir que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terceirize a prestação dos serviços de operacionalização das consignações. A contratação será por licitação. Se o INSS optar por uma estatal para o serviço, como a Caixa Econômica Federal, haverá dispensa de licitação.

Para o acompanhamento da crise do novo coronavírus, a UFRJ criou um grupo de trabalho multidisciplinar com pesquisadores da área da saúde.

Entre seus objetivos está a produção de material de orientação para a comunidade acadêmica, estruturar o fluxo para atendimento de possíveis casos e criar um grupo de pesquisa sobre o tema.

Segundo a Reitoria, o grupo pesquisa formas mais rápidas e acessíveis para diagnóstico e prevenção da doença e o Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia, coordenado pelo professor Amilcar Tanuri, já padronizou testes para detectar o coronavírus.

Por outro lado, a reitora, Denise Carvalho anunciou que o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho será referência para o atendimento de casos de coronavírus, com enfermarias de isolamento e, provavelmente, com leitos de CTI com isolamento.

Informativo

O epidemiologista Roberto Medronho, médico, professor titular de Epidemiologia, coordenador do Grupo de Trabalho e do Laboratório de Epidemiologia das Doenças Transmissíveis da Faculdade de Medicina explica que o grupo de trabalho criado para enfrentar o corona vírus reúne a expertise da UFRJ na área.

Além da organização de um boletim com informações sobre origem do vírus, forma de transmissão, sintomas e precaução (já disponível no site da UFRJ), produzido pelo grupo de trabalho, será feita uma versão resumida para divulgação entre os estudantes que, em maioria, retomam as aulas no dia 9 de março.

Março será o mês da eclosão de atos por todo o país contra o governo Bolsonaro. Nos dias 8, 14 e 18, movimentos sociais, nove centrais sindicais – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSB, CGTB, CSP-Conlutas e Intersindical –, e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, promovem em conjunto diversas manifestações.

A defesa é a dos serviços públicos, empregos, direitos e democracia. A palavra-de-ordem principal é “Ditadura Nunca Mais”.  Essa união é uma resposta a Jair Bolsonaro que compartilhou vídeos de apoio a ato contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, instituições que formam a base da democracia no país.

O calendário foi fechado nesta segunda-feira, 2 de março, em reunião com as centrais, movimentos sociais e as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. E foi consenso que em todas as manifestações desta jornada de lutas contra o governo Bolsonaro a defesa da democracia estará destacada.

O dia 18 de março marca a Greve Geral da Educação. É o Dia do Basta. Uma resposta contundente do setor ao governo Bolsonaro. As adesões ao movimento ganham fôlego em todo o país. O objetivo é organizar com professores e estudantes, um movimento forte e de grande visibilidade.

Após o dia 18 a jornada prossegue em maio, culminando com o Dia Internacional dos Trabalhadores (as), celebrado dia 1º.

MANHÃ DESTA SEGUNDA-FEIRA, 2 DE MARÇO. Frente Brasil Popular se reúne em São Paulo para decidir sobre calendário das lutas de março

Mulheres

O Sintufrj fez uma programação especial (confirma abaixo) para celebrar o Dia Internacional da Mulher. “Se as mulheres sempre precisaram estar organizadas e mais fortalecidas, agora mais do que nunca. O presidente da República não tem nenhum constrangimento de banalizar a violência contra as mulheres. Não é à toa que em seu governo o número de feminicídios aumentou absurdamente”, afirma a coordenadora-geral do Sintufrj, Neuza Luzia.

 O calendário

 Março

 De 5 a 14

Início da jornada de lutas das mulheres

Dia 8 (No Rio o ato acontece dia 9 de março)

O Dia Internacional da Mulher, celebrado tradicionalmente dia 8 de março, e que seguirá por todo o mês, marca tradicionalmente a tenacidade das mulheres, sua resistência e a eterna luta contra preconceitos e os diversos tipos de violência.

Neste ano o brado das mulheres brasileiras será contra o presidente da República Jair Bolsonaro (defensor do machismo, do racismo e da violência), contra o feminicídio, pelo fim da violência contra a mulher, por democracia e por direitos. Em todas as capitais haverá atos.

No Rio, as mulheres farão ato no dia 9 com o mote “Pela Vida de Todas as Mulheres, Por Democracia e Contra Retirada de Direitos! Um Rio de Coragem Feminista Contra Violência e os Governos Fascistas”. A concentração está marcada para às 16h, na Candelária.

 

Dia 14

Este dia marcará dois anos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Gomes. Protestos exigindo justiça permearão as manifestações.

 

Dia 18 – Dia do Basta

É o dia da Greve Geral da Educação Pública. É um basta aos ataques às universidades públicas e aos seus trabalhadores. Antes deste dia a direção do Sintufrj realizará reuniões para organizar o 12º Congresso da entidade – previsto para início de abril -, tendo como centro das discussões os caminhos necessários para o enfrentamento a esse governo inimigo da educação e de tudo que é público.

 

Maio

1º – Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras

Atos unificados das centrais sindicais

 

Programação Sintufrj

 

11 de março – quarta-feira – Centro de Ciências da Saúde (CCS)

Roda de Conversa: Mulher no mundo do trabalho

Feira da mulher produtora

Batucada com a Marcha Mundial das Mulheres

19 de março – quinta-feira – Centro de Tecnologia (CT)

Roda de Conversa: As diversas formas de violência contra a mulher

25 de março – quarta-feira – Faculdade de Letras

Roda de Conversa: Mulher negra e seus desafios

26 de março – quinta-feira – Espaço Cultural do Sintufrj

Ato-show Samba com Democracia ao som de Mulheres de Chico

 

 

 

Com maior paralisação desde 1995, FUP indica suspensão temporária da greve

FUP e sindicatos indicam suspensão provisória da greve para acumular forças na negociação mediada pelo TST

Protagonistas de uma das mais importantes e simbólicas greves da história recente do país, os petroleiros garantiram a suspensão das demissões na Fafen-PR e conquistaram a abertura de um processo de negociação mediado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Fatos que refletem a importância da maior greve que a categoria já realizou desde maio de 1995.

Reunidas nesta quarta-feira, 19, no Conselho Deliberativo da FUP, as direções sindicais de todo o país avaliaram que o momento é de acumular forças para buscar o atendimento da pauta de reivindicações que a gestão da Petrobrás tem se recusado a negociar. O Conselho indicou a suspensão provisória da greve para que a Comissão Permanente de Negociação da FUP possa participar na sexta-feira, 21, da negociação no TST, junto com representantes do Ministério Público do Trabalho.  O indicativo destaca ainda que a greve será retomada, caso não haja avanços na mediação feita pelo Tribunal.

“Nossa greve foi construída e fortalecida, dia após dia, com organização, estratégia e respeito à categoria. Conseguimos um canal de negociação que só foi possível por conta da força da greve, da ocupação de 30 dias em Araucária, da nossa permanência aqui na sede da Petrobrás desde 31 de janeiro, da vigília em frente ao prédio, dos atos e manifestações de apoio e solidariedade que aconteceram em todo o país, como a marcha histórica de ontem, no centro do Rio”, reforça o diretor da FUP, Deyvid Bacelar.

“Essa unidade que está sendo demonstrada na greve trouxe esperança para os trabalhadores da Fafen e para as nossas famílias. Foi a greve que obrigou a Petrobrás a suspender as demissões em massa e a reverter as que já haviam sido aplicadas contra 144 companheiros”, afirma o petroquímico Ademir Jacinto, diretor do Sindiquímica-PR e um dos integrantes da Comissão Permanente de Negociação da FUP, que está há 20 dias ocupando uma sala na sede da Petrobrás.

Ele ressalta a importância da abertura de um processo de negociação para que seja garantido o cumprimento da Cláusula 26 do Acordo Coletivo de Trabalho, onde a Araucária Nitrogenados se compromete a não promover despedida coletiva ou plúrima sem prévia discussão com o sindicato.

A luta é contínua

Na tarde desta quinta-feira (20) será realizado em São Paulo um grande ato em solidariedade aos petroleiros, em defesa da Petrobrás e da soberania nacional. A manifestação está sendo convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com concentração no vão do Masp, às 16h30.

A categoria petroleira segue mobilizada em defesa dos empregos, contra o desmonte do Sistema Petrobrás e por preços justos para os derivados de petróleo.

A interrupção da greve está condicionada ao avanço da gestão da empresa na negociação com os trabalhadores.

A luta não cessa. A luta é contínua.

Nota de repúdio

Nós, da congregação, do conselho diretor e dos programas de Pós-graduação do IFCS (PPGF, PPGLM e PPGSA) repudiamos a nota do CNPq, na qual se anuncia o projeto de transformar a distribuição de bolsas em editais e chamadas públicas organizados pelo órgão, estipulando como critérios noções vagas como “inovação” e “projetos vinculados a modalidades e temáticas de áreas prioritárias e estratégicas para o MCTIC”. Nosso temor é que as humanidades acabem sendo profundamente prejudicadas, pois, o seu caráter de inovação não é facilmente mensurável. No entanto, não há inovação sem pensamento crítico, característica patente da produção acadêmica em ciências humanas. Além disso, preocupa-nos o futuro dos nossos cursos de pós-graduação: seja porque não terão autonomia na distribuição de bolsas, a partir das análises internas à área de mérito; seja porque, sem bolsa, nossos alunos dificilmente poderiam cursá-los. Conclamamos nossa comunidade universitária para rejeitar, terminantemente, os termos dessa proposta injusta, pouco inclusiva e sem uma visão global da consiliência entre saberes.