O Conselho de Administração do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) irá definir nas próximas horas as regras da consulta que indicará o novo diretor da unidade.
Ao dar a informação, o atual diretor, o médico Leôncio Feitosa, que não é candidato, espera que o processo eleitoral seja concluído em até 45 dias. “Quero dar posse em abril”, diz.
Numa reunião na segunda-feira 18 o Conselho de Administração do hospital, que é presidido pelo reitor Roberto Leher, constituiu a Comissão de Consulta que organizará o processo eleitoral. A comissão é formada por três docentes, um técnico-administrativo e um representante dos alunos. Calendário e regulamento serão definidos em próxima reunião ainda a ser marcada. A comissão define como será a consulta, quem pode se inscrever, quem pode votar, prazos e o calendário.
As últimas eleições para a direção do HUCFF têm sido feitas pelo critério da paridade. Mas Leôncio tem críticas às exigências feitas para a inscrição de candidatos. “O artigo primeiro (das regras válidas nas últimas eleições) é horrível, é retrógado”, definiu Leôncio. Esse artigo determina que, para disputar o cargo de diretor-geral do hospital, o candidato seja professor do magistério superior do quadro permanente da UFRJ ou portador do título de doutorado.
“Quer dizer que se existe um técnico-administrativo que tenha feito um curso de cinco anos de gestão na Fiocruz ele não poderá concorrer por causa daqueles critérios”, critica Leôncio, ao anunciar que vai questionar na reunião do conselho esse artigo.
O fato é que Leôncio Feitosa garante que o novo diretor irá encontrar um hospital bem diferente, se comparado com o cenário de dificuldades que ele encontrou.
Há pouco mais de um ano ele se licenciou da presidência do Sindicato dos Médicos para assumir a direção geral do principal hospital universitário da UFRJ e um dos mais importantes do país.
O HUCFF estava mergulhado numa crise e Leôncio aceitou a convocação para responder a três desafios: arrumar a casa, fazer correção de rumos e restaurar o funcionamento da instituição em bases estáveis. Ele assegura que deu conta do recado.
Publicado às 17h de 19/02/2019
Residência ameaçada
“Mesmo com as dificuldades presentes pela situação do hospital e pela situação geral do país, eu considero cumprida a missão”, disse Leôncio. E cita um dos episódios que ameaçaram a integridade do HUCFF: “Houve uma ameaça do fechamento da residência médica no hospital. Nós temos 350 residências médicas. Um hospital universitário não é hospital universitário sem residência médica. Houve uma movimentação grande do corpo acadêmico, professores, não professores”.
Isolamento acadêmico
O isolamento do HUCFF em relação às unidades acadêmicas que utilizam o hospital na sua parte de ensino foi um dos grandes problemas enfrentados. Ele explica: “Notadamente havia conflitos com a Faculdade de Medicina e Faculdade de Farmácia. Ora, um hospital universitário onde os alunos fazem o básico e parte do seu curso não pode sobreviver em confronto com as duas principais escolas da área de saúde. Hoje há uma integração muito sólida entre as faculdades e o hospital”.
Infraestrutura
Uma comissão de avaliação relacionou as obras necessárias nos 110 mil metros quadrados de um prédio que não sofria manutenção há 10, 15 anos. “É claro que não teríamos condições de corrigir tudo, pois isso exigiria 40 milhões de reais, dinheiro que não temos. Mas os problemas pontuais, os de maior abrangência e os obrigatórios, como 7 mil metros quadrados do telhado, tivemos que corrigir”.
Tecnologia
Leôncio fala com orgulho dos equipamentos de alta tecnologia que conseguiu adquirir para o hospital: “Fizemos um investimento grande no parque tecnológico, o que é necessário num hospital de altíssima complexidade. Adquirimos mais um tomógrafo, compramos carros de anestesia, implantamos a segunda ressonância magnética, e um aparelho de pet-scan”, um sofisticado aparelho para diagnóstico por imagem.
Saúde do hospital
“Houve redução do índice de infecção geral e houve redução do tempo de internação, o que atesta o funcionamento de um hospital mais dinâmico”, disse Leôncio.