A plenária nacional da Fasubra, realizada nos dias 14 e 15 de setembro, concluiu, acertadamente, que, diante de um governo que elege a educação como seu principal inimigo – desde o ensino fundamental, básico ao último grau na escala acadêmica –, que retira dos trabalhadores direitos para uma sobrevivência digna, que anuncia a venda indiscriminada de empresas estatais e o fim dos serviços públicos, só nos resta reagir com muita firmeza e unidade.
O momento que se vive hoje é tão grave que, com certeza, entrará para a história do país. Por essa razão, o Sintufrj defende que a Fasubra assuma o protagonismo da construção de um movimento unificado da educação para a deflagração de uma greve do setor coesa e imbatível.
Olhar nacional
Por isso, consideramos um equívoco a orientação da Fasubra para que em cada universidade os técnicos-administrativos em educação decidam se querem greve, e que tipo de greve.
Nesta conjuntura seriíssima, é necessário que nossa direção nacional tenha uma posição firme que oriente a categoria a construir um movimento forte, coeso e unificado, capaz de enfrentar as possíveis retaliações do governo contra a luta deflagrada.
2 e 3 de outubro: a categoria vai parar
A direção do Sintufrj vai se articular com os outros movimentos da educação na UFRJ para construir, conjuntamente, esses dois dias de lutas.
Por causa da greve, Sintufrj solicita adiamento da escolha dos representantes para os conselhos superiores
Tomamos conhecimento do edital do Regimento Eleitoral para a escolha dos representantes titulares e suplentes dos técnicos-administrativos para os conselhos superiores da UFRJ, publicado pela Reitoria. Mas não o publicamos porque uma das datas (o dia 2) indicadas para a inscrição das chapas coincide com o início da greve nacional da educação de 48 horas (cuja adesão foi aprovada na plenária da Fasubra).
Neste sentido, estamos solicitando à Reitoria o adiamento no cronograma do pleito.
A greve é um protesto vigoroso contra o governo que transformou a educação pública em inimiga. E esta luta é PRIORITÁRIA para o Sintufrj.
Aproveitamos para reforçar a convocação para a manifestação do setor da educação nos dias 2 e 3 de outubro.
Professora e especialista em Segurança Pública da UFF, Jacqueline Muniz faz críticas ao governador
Jacqueline Muniz*
Para o jornal Brasil de Fato
A morte de uma menina de oito anos, atingida nas costas durante uma operação policial, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, na sexta-feira (20), revoltou moradores e gerou comoção e indignação nas redes sociais contra o governador do estado, Wilson Witzel (PSC). Na tarde deste sábado (21), o caso ocupou o topo dos assuntos mais comentados do Twitter. A hashtag #ACulpaEDoWitzel esteve em primeiro lugar da rede social.
A menina Ágatha Vitória Sales Félix levou o tiro quando estava dentro de uma kombi com o avô. Ela chegou a ser levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão e depois transferida para o hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu. Moradores afirmam que agentes da Polícia Militar atiraram contra uma moto que passava próxima da kombi onde Ágatha estava.
Eleito com uma plataforma de segurança pública polêmica e bastante questionável, o governador Wilson Witzel vem colhendo muitas críticas de especialistas, pesquisadores e de organizações ligadas aos direitos humanos. Como comandante das polícias Civil e Militar do estado, Witzel levará em seu currículo o título de governador responsável por mais mortes de civis com autoria do Estado. Desde 1998, a polícia fluminense não matava tanto em operações. Até junho deste ano, quase 30% das mortes violentas no estado foram causadas pela polícia.
Uma das maiores especialistas em segurança pública no Rio de Janeiro, a professora Jacqueline Muniz escreveu um breve relato com críticas a Witzel. Segundo ela, o governador “perdeu o mando da segurança pública”. Abaixo, o artigo da especialista e professora do Departamento de Segurança Pública – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Veja o artigo da professora Jacqueline Muniz:
Cada frase nova do governante do Rio, Wilson Witzel (PSC), reforça a novidade já velha de que ele já perdeu o mando da segurança pública. Todos os governadores que acreditaram no canto da sereia da repressão como um fim em si mesma e do boto policialesco da polícia que não policia e só dá tiro ostentação sem alvo e mira, tornaram-se reféns e rifados pela economia política do crime, que tem as milícias como expressão eleitoral e econômica de governo faz tempo.
Este é o problema de servir de animador de auditório de forças que desconhece, quando deveria governar as polícias. Governar polícias não é ser garoto propaganda de situações táticas. É comandar a política de polícia que delimita as estratégias de policiamento, as alternativas táticas superiores diante das possibilidades logísticas disponibilizadas.
Mas ele, o governante, que não sabe nada disso, e que ainda mistifica que conhecer de perto o código penal e de processo penal o gabarita a entender a economia política do crime, ilusão de principiante crente do dever-ser jurídico, foi rendido, desarmado e nu como se encontra, vítima de alisadores de maçaneta que o iludem dizendo que o tiozão do “tiro, porrada e bomba” é gostosão.
Ele parece não ver que se tornou algemado pelo que desconhece, restando-lhe obedecer o funcionário subalterno que cedeu o colete balístico para a foto ou ao servidor de nível abaixo do governador que serviu de tutor para que o eleito comandante em chefe das polícias, ao brincar de menino power rangers, virasse objeto de chacota policial.
Ainda dá tempo de tentar governar a segurança, governador e, com isso, se distanciar do governo miliciano!
*Jacqueline Muniz é professora do Departamento de Segurança Pública – Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).
“Não pode ser normal, uma criança de 8 anos morrer executada pelo estado”, diz militante do coletivo Enegrecer, um dos responsáveis pela convocação do ato
Depois de uma grande mobilização nas redes sociais, a revolta contra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, promete ganhar as ruas e cobrar ações da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) contra a política de extermínio empreendida pelo governador. Witzel é apontado como principal responsável pelo assassinato da menina Agatha Félix, de 8 anos, que morreu após ser atingida por tiro de fuzil enquanto voltava para casa com sua família.
“No Rio de Janeiro se acirra a implementação de um modelo de Segurança Pública baseado no confronto. Desde de 1 de Janeiro, quando Wilson Witzel tomou posse, estamos presenciando operações policiais diárias nas favelas e que até início de agosto matou 1075 pessoas pelas mãos do Estado”, diz evento puxado pelo movimento Enegrecer na próxima segunda-feira às 17h. “VIDAS NEGRAS IMPORTAM! Witzel a culpa é sua, tem sangue de crianças na sua mão”, completa.
Segundo Vitória Rosa, integrante do Enegrecer e diretora de combate ao racismo da União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro (UEE-RJ), o objetivo do ato é denunciar para a população a insatisfação da juventude enquanto juventude negra sobre a política de segurança pública do estado. “Não pode ser normal, uma criança de 8 anos morrer executada pelo estado”, disse a estudante de Engenharia da UERJ à Fórum.
Vitória conta que o Enegrecer avalia o governo Witzel como racista. “Dizemos isso baseado no que apresentou na campanha e no que está apresentando até agora. Foram 1075 mortos pelo estado em 8 meses de governo. Foi pedreiro sendo assasinado, casa sendo derrubada, escola sendo alvejada e famílias sendo destruídas. Segurança para quem? Para quem serve essa política?”, denuncia.
A convocatória do evento, que também conta com a participação de entidades estudantis e outros coletivos, ainda aponta que “não é de hoje que os governantes do Rio de Janeiro tem declarado guerra às drogas, promovendo massacres, tirando a vida da população pobre e negra. Todavia, o facínora que ocupa o Palácio das Laranjeiras, não mede esforços em aprofundar a matança”.
O evento e o Enegrecer não pautam o impeachment do governador Wilson Witzel, que foi defendido pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. “O processo do golpe de 2016 nos ensinou o quanto é caro o voto. Precisamos denunciar o que essa política representa para que não elejamos de novo um representante de punho autoritário e genocida”, disse a diretora da UEE.